Total de visualizações de página

domingo, 19 de dezembro de 2021

CAP. 32/35 - fichamento - livro - HUMANOS DE NEGÓCIOS - Histórias de homens e mulheres que estão (re) humanizando o capitalismo - Autor: RODRIGO V CUNHA - Editora Voo - ano 2020

 CAP. 32/35

          Outro Humano de Negócios -  PEDRO FRIEDRICH

         Sempre em marcha

 

         Ele é argentino.   O episódio dele há tempos, quando tinha 25 de idade, ao tentar escalar com um amigo o pico perto da divisa Argentina e Chile.   Já tinha anos e anos de experiência em escaladas.   Passou apuro no Pico Fitz Roy.    O desafio não é da altura (3.359 m) mas os paredões quase verticais e bem escorregadios.   Isto além de neve e muitos ventos.

         No caso do acidente na escalada desse pico ele já era pai de cinco filhos.

         Pedro tem graduação de Engenheiro Agrônomo   (como eu, leitor).   Ele comandou a  Metalúrgica Tonka.   A empresa tem 48 anos e a cultura de não demitir empregados por falta de trabalho.    Isso gera nos empregados uma motivação extra.   Isso na Argentina que, semelhante ao que ocorre no Brasil, enfrenta ao longo do tempo, altos e baixos na economia e na política.

         O foco da Tonka é gerar produtos para adequar a combustão a gás.  A Argentina tem em sua matriz energética, aproximadamente a metade representada por energia vinda da queima de gas de origem fóssil.

         Daí ele faz a pergunta:   Como fica o planeta?  

         Resolveram criar um setor voltado a produtos com base em energias renováveis.

         Em 2014 a Tonka foi uma das primeiras da Argentina a se certificar como empresa B, isto é, com um modelo de negócio que gera valor para todos os públicos de maneira intencional e não apenas para os acionistas.

         A empresa adotou para si a sustentabilidade profunda com cinco pilares:

1 – eliminar o desperdício (reduzir no que puder o lixo)

2 – aumentar o uso da energia limpa dentro de casa

3 – neutralizar a pegada ambiental.  (compensar o que tira do ambiente)

4 – contribuir para a felicidade dos empregados

5 – agir com propósito

         Pedro passou também a  investir numa plataforma (via internet) de turismo, a Pueblos Originales, experiências turísticas de cunho social.

         O autor cita o Banco de Bosques, onde ativistas ambientais arrecadam fundos, compram áreas de florestas particulares e transformam em Parques Nacionais.   Florestas para preservação do ecossistema.   Dessa forma que nasceu o Parque Nacional Impenetrable que conta com 128.000 hectares (cada 1 há tem 10.000 m2).

         Cita o IBERÁ, iniciativa de regenerar áreas e reintroduzir flora e fauna originais daquele ecossistema.   No caso inclui onças.  O IBERÁ tem atualmente mais de 1 milhão de hectares.

         Em relação aos problemas grandes...   “dar um passo”.   “Aprendemos que nunca devemos desistir”.

 

         Bate papo com Pedro Friedrich

         “... muito mais tem que ser feito.  E é por isso que nós ainda procuramos o que falta para sermos mais felizes com nós mesmos e criar um modelo de alto impacto positivo para o planeta”.

         Reduzir o lixo no que puder.  Reciclar o máximo que puder e ajudar as pessoas que são catadores de recicláveis, geralmente pessoas carentes.

         Sobre mensurar o grau de felicidade, eles trouxeram o sistema em uso no Butão (pequeno país asiático) e implantaram junto ao seu público.

         No diagnóstico constataram que algumas pessoas declararam que em algum apuro, não tinham a quem recorrer.   Articulando entre si, cada um escolheu seu par e por anotação do telefone entre si, ficaram em acordo para socorro mútuo em eventual necessidade.

         As ameaças da ação humana afetarem o clima são reais e o IPCC vem mostrando isso.   Temos que fazer alguma coisa para proteger o planeta.    “Mas o bem cresce exponencialmente e o mal está desacelerando, dando-nos uma chance real”.

         Ele vê os jovens cada vez mais se engajando em Ongs e ações para proteger o planeta.   Também tem havido novas tecnologias que são mais ecológicas.    “... nós precisamos ter consciência disso e garantir que os nossos filhos saibam”.

 

         Final deste caso.    Há outros...

 

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

CAP. 31/35 - fichamento - livro - HUMANOS DE NEGÓCIOS - Histórias de homens e mulheres que estão (re) humanizando o capitalismo - Autor: RODRIGO V CUNHA - Editora Voo - ano 2020

CAP. 31/35 

 Nilima Bhat    - indiana   -       A força do shakti; 

Ela escreveu o livro Liderança Shakti – O Equilíbrio do poder feminino e masculino nos negócios”.    Escreveu em conjunto com Raj Sisodia, um dos fundadores do Movimento Capitalismo Consciente.

“O objetivo do seu trabalho é colaborar com a restauração e reconciliação, principalmente, da dimensão feminina em homens e mulheres, fazendo os lideres genuinamente mais cooperativos, criativos e inclusivos.   Essas são as características do shakti”.

“É um livro que não cria um vilão de gênero.   Está destinado a curar as relações”.    Ela tem feito retiros em muitas regiões dentro dessa missão.

 

Bate papo com Nilima Bhat

Yoga e liderança.    “Um líder consciente nada mais é que um yogi”   O livro dela foi lançado em 2016.   Em 2016 Trump foi eleito.   A Marcha das mulheres foi em janeiro de 2017 e o movimento do #MeToo começou.  “Então o livro tinha que chegar naquele momento, não só para ajudar as mulheres a encontrar sua voz e poder, mas também para serem ousadas e se curarem”.

As empresas também estão investindo mais em formação e inclusão. “Na Índia há um grande movimento contra o assédio sexual no trabalho”.

“... desenvolver inteligência espiritual e emocional”.   Ela finaliza sua fala:

“O momento é agora, pois precisamos de líderes conscientes para nos tirar da nossa crise planetária”.

 

 

Outro Humano de Negócios   -   Raj Sisodia  (indiano)

Uma ponte entre opostos

Residia nos USA em 2007.   Visita a empresa texana chamada Whole Foods Market e se propõe a vender alimentos saudáveis.   Tornou-se líder mundial em vendas de alimentos naturais e orgânicos.

Um dos fundadores da empresa – John Mackey.   Ele escreveu o livro Empresas Humanizadas.

Raj tem uma série de cursos de alto nível realizados na Índia e nos USA.   Se dedica à vida acadêmica desde a década de 1980.

Raj nasceu em família de posses e de elevada casta.   O pai de Raj conseguiu cursar Agronomia no ocidente.    No tempo da infância de Raj era comum os patrões baterem nos empregados na Índia.   Raj estranhava muito isso.

Adulto, formado, atuando em marketing e principalmente na vida acadêmica pesquisando e dando aulas.   Um dia seu mentor disse que ele deveria focar mais no que estava sendo bom no marketing de empresas e ele fez isso e se aceitou.

No tempo de jovem, foram morar nos USA, nos agitados anos 60.  Guerra do Vietnã, movimento de luta pela paz, assassinato de Martin Luther King, atentado contra o candidato Robert Kennedy, rebeliões, protestos e até o homem chegando à lua.

Raj já vinha de experiência com empresas que buscavam algo mais que o lucro apenas.    Encontra em John e seu empreendimento, alguém com visão similar.    John chamava de Capitalismo Consciente.   Esse termo foi criado anos antes por Muhammad Yunus, fundador do Gramenn Bank, ganhador de Premio Nobel com sua ação no mundo do microcrédito num país asiático pobre e populoso  - Bangladesh.

“A lente apurada de Raj captou outro aprendizado, que se tornou uma fonte de estudo.   Com esses trabalhos eu observei a ascensão dos valores femininos na sociedade e no mundo.    As empresas conscientes refletem mais valores femininos porque tratam de compaixão, de carinho, de inclusão social”.

 

Bate papo com Raj Sisodia

Raj, o mais velho dos três irmãos.   Raj era mais sensível do que o pai esperava para a vida na aldeia.   O pai atirava e deu uma arma para ele aprender a usar.   Ele não gostava de atirar.   No tempo de casar, o pai queria escolher a noiva da região para ele e ele recusou.   Romperam relações por anos e ele buscou se reencontrar com suas ideias.   Se dedicou bastante aos estudos.

Sobre mudanças no mercado, ele avalia que o setor mais difícil de olhar para o lado mais humano é o setor financeiro.

“É um obstáculo para que as empresas se tornarem mais conscientes”.  Muitas empresas nos USA estão fechando o capital, tornando-se privadas.   “O número de empresas americanas listadas na bolsa caiu pela metade entre 1996 e 2012.   Ele avalia que isso não é bom, porque havendo mais empresas de capital aberto, há mais chance de se investir.   “Precisamos de um mercado vibrante”.

Ele critica os fundos e investidores que buscam resultado de curto prazo que ficam procurando galinha morta no mercado  para comprarem e “reestruturarem”, buscando ganhar dinheiro rápido a qualquer custo.

Contra esse comportamento, cogita-se de se criar uma Bolsa de valores para negócios de longo prazo.    As empresas que nela operassem, poderiam ter planejamentos de longo prazo.   Nessa potencial bolsa, as ações poderiam ter o voto proporcional ao tempo que o investidor mantem consigo as ações.

Ele vê no mercado surgirem mais empresas com propósito (olhando também o social), principalmente criadas por jovens empreendedores.

“Essa é a tendência”.    Ele escreveu o livro – “Empresas que curam...”   Cita 25 casos de empresas que foram se  desvencilhando de práticas do passado e seguindo rumo ao capitalismo consciente.   Podem servir de exemplo a outras empresas.      “Nosso movimento está ganhando força, já está em dezoito países e continua crescendo”.

Final do depoimento de Raj Sisodia

         Continua o fichamento em outro capítulo 

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

CAP. 30/35 - fichamento - livro - HUMANOS DE NEGÓCIOS - Histórias de homens e mulheres que estão (re) humanizando o capitalismo. Autor: RODRIGO V CUNHA - Editora Voo - ano 2020

 CAP. 30/35

 A missão da Guayaki: restaurar até 2020, duzentos mil acres de Mata Atlântica sulamericana e gerar 1.000 empregos. (dois acres se aproximam de 1 hectare e este é equivalente a 10.000 m2)

         Atualmente a empresa, com sede na Califórnia, tem enorme frota de carros elétricos para distribuir os variados produtos que contém erva mate e sabores diversos.    Na atualidade conta com 300 empregos diretos, dentre os quais, 57 ex detentos.   Usam erva mate oriunda do Paraguai, Argentina, Brasil e Uruguai.

         “500 famílias trabalham hoje na regeneração de 40.000 ha de floresta”.

         Criaram até uma empresa de publicidade para divulgar os produtos da Guayaki focado em 23.000 universidades no mundo e seus respectivos públicos.  É a Come To Life.     “Ao fomentar a cultura, a arte e a música, reforça a associação da erva mate a um estilo de vida alternativo e saudável”.

         Alex reside em Buenos Aires e supervisiona os trabalhos na América do Sul.   Nesta época ele tem cinco filhos e está aos 48 de idade.   Mora perto da natureza.

         O respeito dele com o meio ambiente.    ...”o leva a falar não em conservação e reflorestamento, mas em regeneração que inclui flora e fauna.  Um processo que não se limitaria ao cuidado com o planeta, mas à construção de uma nova relação do ser humano consigo mesmo, com os outros e com o sistema do qual faz parte”.

         “É preciso romper os estereótipos, entender de onde viemos, honrar os ancestrais e cuidar do nosso destino”.

         Na Argentina entre 2015 e 2019 foram criados nove Parques Florestais Nacionais.    “Nossa espécie está em perigo...   nós partilhamos a mesma mãe.   Eu acredito nisso”.     “Insisto que temos que prestar mais atenção ao comportamento e aos sinais da natureza”.    

 

         Bate papo com Alex Pryor

         Falou que apesar da boa intenção, mesmo o  Banco Mundial apoia projetos duvidosos.    Citou o caso desse banco apoiar plantio de kiri na Costa Rica.   Árvore oriunda da Índia.   Vira uma monocultura que não confere com o ambiente natural da planta.

         Há projetos menores, de regeneração da identidade da comunidade.  Cultura, arte, línguas antigas, músicas.

         São diferentes paradigmas, visões e abordagens.

        

 

         Outra Humana de Negócios   -   Nilima Bhat   

         A força do shakti;

         Em 1998, Nilima morava em Singapura e era chefe de comunicação corporativa da ESPN Star Sports, ligada à Disney, um dos maiores conglomerados de mídia do mundo.

         Passando por Delhi, vê tankas, quadros de pinturas tradicionais do Tibete.  Compra uma tela.  Se impressiona com a obra.

         Mudou para Mumbai na Índia e lá passou a atuar no Conselho da holandesa Philips.   Tempos do governo Rajiv Gandhi, filho de Indira Gandhi.   Ambos tem esse sobrenome mas não são parentes do Mahatma Gandhi.

         Ela, para consolidar a força da Philips na Índia, buscou o poder de Shakti, divindade feminina, consorte à divindade masculina Shiva.

         Ela nasceu e se criou na Índia, mas sendo filha de militar e recebeu estudo em escolas de militares e a educação era secular e não entrava muito na espiritualidade do pais.

         Ela mudava de emprego acompanhando a carreira do marido.   Percebeu ao longo da carreira de jornalismo...   “era realmente massagear a verdade conforme o necessário”.    ...”meu chamado era mais profundo:   Viver na verdade e expressar o que é importante, bom e verdadeiro”.

         Ela e o marido publicitário, vinham de famílias de classe média indiana.   Muitos dos seus amigos partiram para um pHD ou MBA para se aventurarem nos USA.

         “Ninguém pensava em significado ou propósito, mas sim em ganhar a vida”.

         Quando o marido dela conseguiu um emprego em Londres, eles tinham dois filhos e ela estava com 32 de idade.   Já com a economia estável na família, ela resolveu buscar outro patamar na vida, o das necessidades emocionais e espirituais.   Passou a estudar yoga e vedanta, ambas práticas muito fortes na cultura indiana.

         O marido dela teve câncer aos 40 de idade.

         Ela sempre foi boa aluna e a tendência seria ser cientista, médica ou engenheira.   Mas ela gostava de lidar com pessoas.

         Doenças e acidentes na família.   Ela buscou ser resiliente e apelou para Ganesha, divindade Indu que lida com a remoção de obstáculos.

         Após a cura do câncer, o marido dela deixou o mundo corporativo.  Passou a atuar em atividade mais holística.

         Ela, pela história de vida e pelos estudos, sentiu que seu propósito estava ligado a trabalhar pelo empoderamento das mulheres e para divulgar a sabedoria da Índia para o mundo.

 

                            Continua...

CAP. 29/35 - fichamento - livro - HUMANOS DE NEGÓCIOS - Histórias de homens e mulheres que estão (re) humanizando o capitalismo - Autor: RODRIGO V CUNHA - Ed. Voo - ano 2020

 CAP. 29/35 

         Bate papo com Joan Melé

         ...”também queremos causar mudança em outros bancos”.    Criamos uma aliança com mais de 50 bancos e mais de 40 milhões de clientes em todo o mundo.   Chamam o conjunto de “Bancos com Valores”

         Pagar um pouco mais, no caso, o  cliente pagar...   “por trás de um preço barato, há um oculto que alguém paga caro – seja com a própria vida ou poluindo o ambiente”.    Ele diz que comumente o povo não consome alimentos orgânicos alegando que são mais caros, mas gastam em supérfluos que são dispêndios e não são úteis à pessoa nem ao meio ambiente.

         ...” promover a consciência no uso do dinheiro”.      (O Pepe Mujica, ex presidente do Uruguai pratica isso e bate muito nessa tecla combatendo o consumismo) 

... e agora parece que estamos doentes, obsessivos por dinheiro e crescimento”.   Mudar é possível.  Nós fizemos isso com um banco.

         Citou as últimas palavras do bilionário Steve Jobs.   “ele disse que tinha fama, dinheiro, sucesso, mas jogou a vida fora, foi um miserável, se equivocou, porque o mais importante é a amizade, o amor, a arte”.

         Joan completa sobre seu modo de ser e de viver:    “Essa é a minha maneira de ver a vida e o mundo”.       Fim desta etapa

        

         Outro Humano de Negócios abordado:   Alex Pryor

         A serviço da planta    

         Argentino, nasceu e cresceu em Buenos Aires, dividindo o tempo entre viver no campo e na cidade.   Os pais dele tomavam chimarrão direto.   Ele também sempre tomou e toma.

         O pai de Alex apresentou a rede McDonald’s aos argentinos no passado.   Alex optou pela vida rural e preservacionista.

         Alex e família se mudaram para o pantanal do Paraguai na década de 1990.   Aos 20 anos de idade, Alex foi para a Califórnia estudar e ouviu algo numa universidade sobre alimentos.    Um professor nigeriano discorreu sobre política alimentar e ele achou o tema relevante.

         O tal professor provocava debates entre os alunos com a pergunta:  Por que há fome no mundo?     A ONU já vinha alertando para os danos causados pelas mudanças climáticas.  Isto nos anos 1990...

         Um dos objetivos do Desenvolvimento Sustentável  (os ODS) lançados pela ONU envolve a erradicação da fome, a segurança alimentar, a desnutrição.... a agricultura sustentável.     Sustentabilidade envolve os três pilares: economicamente viável, socialmente juto e ecologicamente correto.

         Os estudantes do curso começaram a praticar agricultura orgânica.   Só que a universidade em si não apoiava na época esta “aventura” dos produtos orgânicos.

         Alex era adepto do cultivo orgânico e também chamava atenção pelo seu chimarrão (com sua cuia de tomar erva mate).   Costume que vem dos índios guaranis.      Na universidade diziam que ele “fumava” em sala de aula ao verem que ele tomava a erva com a bomba e cuia cujo conjunto parece um cachimbo.    Proibiram ele de tomar chimarrão  durante a aula.

         “Comprovado cientificamente que a erva mate contém 24 vitaminas e sais minerais, além de 15 aminoácidos e polifenóis abundantes”.

         “O mate também representa  o encontro e o diálogo”.

         Todos colegas da universidade quiseram provar o mate.

         Ao retornar ao Paraguai, Alex parte em busca de mais informações sobre a erva mate que é nativa da região.   Visitando os índios da região, descobriu que seu caminho era “integrar o elemento social ao negócio”.

         Isto em 1995, depois de formado na universidade americana.   Entendeu que o papel dele era procurar mercado para a erva mate a preço justo.

         Volta aos USA já levando um pequeno estoque de erva mate e começou a empreender.   Logo um colega de universidade se encantou pela proposta e se associou a ele.

         Em 2011, conseguiram que a empresa deles obtivesse a Certificação que reconhece empresas comprometidas com a geração de valor para outros públicos além dos acionistas.  O nome da empresa deles é Guayaki Sustentable Rainforest Products.   

         A missão da Guayaki: restaurar até 2020, duzentos mil acres de Mata Atlântica sulamericana e gerar 1.000 empregos. (dois acres se aproximam de 1 hectare e este é equivalente a 10.000 m2)

         Atualmente a empresa, com sede na Califórnia, tem enorme frota de carros elétricos para distribuir os variados produtos que contém erva mate e sabores diversos.    Na atualidade conta com 300 empregos diretos, dentre os quais, 57 ex detentos.   Usam erva mate oriunda do Paraguai, Argentina, Brasil e Uruguai.

         “500 famílias trabalham hoje na regeneração de 40.000 ha de floresta”.

                            Continua no capítulo seguinte...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

CAP. 28/35 - fichamento - livro - HUMANOS DE NEGÓCIOS - Histórias de homens e mulheres que estão (re) humanizando o capitalismo - Autor: RICARDO V CUNHA - Ed. Voo - ano 2020

28/35 

         Bate papo com John Fullerton

        

         Um momento de reflexão – John voando de primeira classe para uma importante reunião de executivos do Banco JP Morgan na Ásia.    Os filhos pequenos em casa.    Ele lê a notícia de que um grande empresário americano doou boa parte da sua fortuna feita em muitas décadas de trabalho incansável.  Doou para entidades filantrópicas.

         Na reflexão, John achou que não queria trabalhar a vida toda para ficar rico.   E se pergunta:  E o propósito dessa vida, como fica?

          Ele então percebeu que seu próximo passo era mudar seus planos e deixar o mercado financeiro.

         Atuando em bancos, gerenciando, era medido pelas metas de ganho para a empresa.   “Seu senso de identidade própria e autoestima torna-se muito associado a um balanço de lucros e perdas”.   O que ele não quer mais.

         A fusão do Morgan com o banco Chase Manhattan foi o momento dele deixar o emprego.

         Sobre os termos holístico e holismo.      Termo criado em 1926 pelo general sul africano Jan Smits.    Lutou contra colonizadores.   Escreveu o livro Holism and Evolution.   Ele trocava correspondência com Einstein.

         Smuts “definiu o holismo como o princípio universal que explica a matéria, a vida e o espírito”.     Os especialistas, inclusive na medicina, são reducionistas “e deixam de enxergar o todo”.    Como resposta a isso, hoje temos a Medicina Integrativa e o crescimento da medicina oriental no ocidente.

         No campo do Ensino, tem a transversalidade, sendo ela transdisciplinar.

         É um processo que enfrenta resistências pois são 400 anos de Idade Moderna praticando o reducionismo.  Difícil mudar essa lógica.    Mais difícil ainda é mudar essa logica no mundo das finanças.

         “Porque definimos valor e sucesso com base na otimização da taxa de retorno sobre o capital”.  (o ter em detrimento do ser).

         “Minha esperança vem da experiência e dos projetos em que estou envolvido”.    “Se pensarmos filosoficamente, tudo está em uma relação simbiótica.   É assim que os sistemas vivos funcionam”.

         O obstáculo:  “Precisamos ir contra uma inércia institucional muito arraigada da economia global, que está bloqueada em um caminho insustentável”.

         Minha esperança...   em uma mudança de consciência...     Cita Sally Goerner, conselheira de Ciências do Capital Institute.   “Me disse que a única maneira de os sistemas mudarem é quando está sob pressão”.     Hoje em dia estamos com desequilíbrio inclusive do clima do planeta e há de um lado o risco e de outro a oportunidade de mudarmos de rota para o rumo da sustentabilidade.

        

 

         Outro Humano de Negócios -  Joan Melé

         A batalha contra a escravidão moderna

 

         Joan é da Catalunha na Espanha.   Em 2005, chamado para liderar a criação de operação de varejo na jurisdição espanhola, do Banco Triodos Bank de origem holandesa.   Este é um dos chamados bancos éticos.

         Joan aos 55 anos ...  “os bancos são sempre apontados como um dos poucos negócios a se beneficiar de períodos de crise econômica”.     O pai dele era professor.   O sonho dele na juventude era também ser professor.

         Começou em banco ao 18 de idade e foi pegando gosto pelo ramo e pelo contato com o público.

         Bancos e parte dos empréstimos ajudando o consumismo.   “Um banco precisa financiar projetos que criem empregos, não que gerem apenas mais consumo”.

         O Triodos Bank foi fundado na Holanda na década de 80 e é um dos que tem foco na Sustentabilidade (econômica, social e ambiental)

         No Triodos, Joan dava palestras na comunidade sobre negócios éticos.

         A crise de 2008 dos USA que se espalhou pelo mundo, afetou forte a economia da Espanha e durou até 2017.    Os bancos de lá reduziram o crédito e aumentaram a taxa de juros.  (como fazem os bancos no Brasil).

         O banco Triodos fez o contrário nesse período:  aumentou o crédito e cortou a taxa de juros.   Foi uma avalanche de novos clientes vindos para este banco.

         O Triodos tem o pilar de ser ético e ter um critério muito claro de investimento e não investimento.   Na agricultura, só apoiam o que não usa agrotóxicos.     Ele questiona.   “Por que você permite que um banco faça coisas com seu dinheiro que você não faria?”

         Ele, ao invés de se aposentar, levou o conceito para a América Latina, “região com a maior desigualdade do mundo”.   Segundo a ONG Oxfam:  “A fortuna dos bilionários desta parte do mundo cresceu em média 21% ao ano no período de crise financeira do mundo  (2002 a 2015).    Isto é seis vezes maior que o crescimento do PIB da região (América Latina).

         Joan lançou três livros.   Um deles se chama Dinheiro e Consciência e há dois outros na mesma linha.    Criou também uma fundação com o nome Dinheiro e Consciência.

         Fim deste capítulo .    segue no próximo capítulo com o bate papo com Joan.

  

sábado, 11 de dezembro de 2021

CAP. 27/35 - fichamento - livro - HUMANOS DE NEGÓCIOS - Histórias de homens e mulheres que estão (re) humanizando o capitalismo - Autor: RODRIGO V CUNHA - Editora Voo - Ano 2020

 27/35

 Outro dos Humanos de Negócios:    JOHN FULLERTON

         Muito além de Wall Street

        

         Americano, atuava em Nova York há 18 anos no coração financeiro da cidade – em Wall Street.

         Estava transitando em NY na hora que houve os ataques de 11 de setembro de 2001 às Torres Gêmeas.     Ele viu o acontecido no momento exato.

         Na década de 1990 atuou no projeto de escolas charter nos USA.  Escolas públicas menos dependentes da burocracia e que conseguiam avanços em novas soluções mais acessíveis e criativas.

         Sobre o onze de setembro:   “Na época, eu não sabia nada sobre a crise ambiental ou sobre sistemas complexos.   Afinal, nada disso se ensina em Wall Street”.

         Após o ataque ele começou a ler livros de pensadores para entender melhor o mundo.  Leu mais de cem livros em oito anos.    A busca de entender o eu e o propósito da sua vida.

         Logo no começo da carreira, trabalhou no renomado Banco JP Morgan (1982).   Nesse tempo o presidente do referido banco foi dirigir o Banco Mundial.   John sonhou fazer uma carreira no JP Morgan e um dia atuar no Banco Mundial para ajudar o povo.

         Depois de doze anos no mercado financeiro conheceu as escolas charter, estas que chegaram a se espalhar por três continentes e ter mais de 450.000 alunos.      “O contato foi suficiente para despertar em John o interesse por alinhar capital com propósito social e ambiental”.

         A energia alternativa também chamava a atenção dele.   Por outro lado, a expansão do mundo da internet fez surgir a oportunidade para ele atuar numa fintech,  tipo de empresa de tecnologia no ramo financeiro.

         Nos anos 2000, o Banco JP Morgan foi fundido com o Banco Chase Manhattan Bank e este era o terceiro maior banco dos USA.     John se reuniu com os executivos do Chase e percebeu que para ele, era hora de deixar o emprego.

         John nasceu perto de Manhattan, filho de uma dona de casa e um publicitário.   A família teve tempos de finanças apertadas.

         Ele pediu demissão quase duas décadas depois de entrar no Banco JP Morgan.  Saiu em abril de 2001 (ano do atentado de 11 de setembro)

         Após o atentado, ele entrou com mais afinco nas leituras para tentar entender o mundo.   Dentre os livros, um de Herman Daly com todo o conceito de economia ecológica.    “Ficou marcada na memória de John a leitura de Daly...   leu a distinção idealizada pelo filósofo Aristóteles entre economia real e economia especulativa.     Especulativa, no caso, usar o dinheiro para fazer mais dinheiro.    (o que se faz no mercado financeiro).

         “O filósofo grego entendeu que havia uma diferença fundamental e considerava a segunda (o especulativo) uma atividade antinatural, ou não alinhada com a natureza”.

         Nisso ele estava com 40 anos de idade.   Para ele isso foi de grande impacto.    O que ele fez por duas décadas era o especulativo.

         Não gostava mais do que fazia (especulação financeira).   “E não sabia o que queria fazer”.

         (sabia o que não queria e não sabia o que queria)

         Recebeu convite para atuar na Schumacher Center for a New Economics...  dedicada, desde 1980, a visualizar os elementos de uma economia global justa e sustentável.  Nesta foi pedido a ele um relato de 20 páginas sobre a importância da Schumacher para o século 21.

         No texto, John pela primeira vez falou sobre a economia e as finanças “a partir do sistema econômico global estar falido”.    “Eu digo isso não como ambientalista ou ativista de direitos humanos, mas como ex-diretor administrativo de quase vinte anos de experiência no Banco JP Morgan e, posteriormente, como líder em fundos de hedge”.

         Eram oito anos de leitura para chegar a essa análise.   A visão holística também entra em cena.   John criou o Capital Institute – “Organização que defende a aplicação de princípios de sistemas vivos para representar a economia e as finanças”.    Economia e Finanças Regenerativas.

         “John acredita que a economia e as finanças regenerativas, apoiadas nos princípios e padrões dos sistemas vivos, e definitivamente alinhados com sabedorias tradicionais resistentes ao teste do tempo, particularmente a sabedoria indígena, guardam a chave para um futuro compartilhado próspero e ecologicamente correto”.

         Daí tentar colocar em prática um empreendimento que leva em conta   “fomentar uma ideia que não era discutida nas universidades  e escolas de negócios...”

         “Passou a documentar projetos regenerativos que se desenvolviam ao redor do mundo”.   Em 2015 John lançou o paper  (tipo de artigo científico) chamado:  “Capitalismo Regenerativo: como os princípios e padrões universais moldarão a Nova Economia”.

         John tornou-se um dos principais pensadores econômicos contemporâneos.  Ele cunhou o termo Regenerative Humans que logo o setor rebatizou como (Re) Humans, os Humanos de Negócios.

         Em 2018 o Capital Institute lançou a Iniciativa Global Regenerative Communities Network para estimular a emergência de comunidades regenerativas ao redor do mundo.

         Vários destacados financistas de Wall Street começaram a acreditar nessa ideia mesmo não concordando com tudo.    “Eles não concordam com tudo o que eu digo, mas já não pensam mais que eu sou louco”.

         John escreve artigos, tem um blog e uma Newsletter.      www.capitalinstitute.org 

         O autor deste livro pergunta a John como anda a finança pessoal dele depois desta guinada na carreira.    John responde.    “Eu não continuei a ganhar dinheiro, mas eu sou muito mais rico do que quando sai de Wall Street, em termos de senso de propósito”.

         Em seguida, no próximo capítulo, um bate papo com John.