Total de visualizações de página

sexta-feira, 6 de maio de 2022

CAP. 17/20 - fichamento - livro - LULA - BIOGRAFIA - Volume 1 - Autor: Jornalista FERNANDO MORAIS - Edição 2021

 

CAP.17/20

                  

         Lula era um entusiasta dos cursos profissionalizantes e ajudava a estimular os sindicalizados a estudarem.    O sindicato passou a  estimular cursos e palestras inclusive sobre formação política, noções básicas de economia e mesmo cursos supletivos para acelerar os estudos dos metalúrgicos.

         No começo Lula era mais articulador e negociador e não era forte em oratória.   Esta foi lapidada com o tempo.   Ele aos 23 de idade – “Eu era inibido que, quando citavam meu nome numa assembleia, eu já ficava vermelho”.

         Tudo andava correndo muito bem ao casal Lula.   O casal trabalhava e a gravidez dela transcorreu tranquila mesmo com ela trabalhando.   No parto, a esposa de Lula perdeu o bebê e ela também veio a falecer.

         Foi muito doloroso para ele essa verdadeira tragédia familiar.   Ficou à beira de uma depressão e voltou a morar na casa da mãe para reequilibrar emocionalmente a vida.

         Passado certo tempo, foi voltando às partidas de futebol, encontro com os amigos e a vida foi retornando ao eixo.   O time amador do qual fazia parte era o Nautico Capibaribe, um nome pernambucano.

         A viuvez acabou empurrando ele ainda mais para o dia a dia do sindicato.   Numa eleição sindical, pela participação ativa dele, se tornou candidato natural ao cargo de primeiro secretário, o cargo só abaixo do presidente.   Isso no curso de três anos.   Saiu de suplente e saltou para primeiro secretário.

         Ele no cargo efetivo no sindicato passou a ser liberado do emprego em tempo integral e dava expediente no sindicato representando sua base.

         Tinha dois bons advogados como assessores e um jornalista.   Como secretário, o cargo era como um prefeito na entidade e todos os processos passam pela sua mão.   Questões de demissão, acordos, questões previdenciárias e outras.

         Lula, inovando dentro do “novo sindicalismo”, começou a viajar pelo Brasil e tabular contatos com outros sindicatos.   A imprensa chamava essa nova postura de novo sindicalismo.

         Integrantes do PCB Partido Comunista Brasileiro (o Partidão) tocava o jornal Tribuna Metalúrgica com jornalista experiente.  Driblavam as amarras da ditadura e “colocaram trabalhadores cara a cara com os patrões”.  A cartunista Laerte ilustrava o citado jornal e o personagem “João Ferrador”, um boneco de boné e macacão.    Personagem criado por Felix Nunes e desenhado pela Laerte que então era um jovem de vinte anos, ligado ao PCB.  Bem mais adiante, Laerte assumiu nova identidade e é a Laerte que continua como destaque como cartunista até a atualidade.

         O bonequinho João Ferrador se tornou um símbolo das campanhas de mobilização dos metalúrgicos.

         Nos anos 70 o DIEESE, fundado por sindicalistas em 1955, já era bem estruturado.  Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos.    Tem equipe técnica especializada e levanta dados e produz índices vários sobre a economia e salários.     Fornece parâmetros para os sindicatos usarem como referência para as negociações.

         Consta que o PCB é o partido político mais antigo do Brasil.   No passado mais remoto, foi comandado por Luiz Carlos Prestes.

         “Lula não queria saber de conversa com o PCB nem com nenhuma outra organização clandestina”.  

         O foco de Lula era salário dos trabalhadores.   O foco dos sindicalistas  era manter ou melhorar o poder de compra dos operários.

         No passado, os índices de inflação e outros eram medidos só pelo governo.   Não eram dados confiáveis.    No começo do governo JK Juscelino (anos 50), os sindicatos se articularam e criaram em 1955 o DIEESE.   Buscavam ter dados confiáveis para medir perdas salariais e embasar suas reivindicações.

         No período da ditadura militar (1964/1985), os generais presidentes vinham tocando a economia sem maiores sobressaltos até que em 1973, ocorreu a Guerra do Yom Kippur entre Israel e árabes e os USA entraram em apoio a Israel.   Numa marcante ação de represália, os países árabes (grandes produtores e exportadores de petróleo) formaram um cartel chamado OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo.   Nessa, reduziram a produção e elevaram os preços em até 400%.    Abalou a economia do mundo em graus relativos à dependência do insumo em cada país.   Foi um baque enorme para o Brasil.

         Em 1973, no Brasil, a inflação pela alta do combustível medida pelo governo foi de 15,7% ao ano.   Já a inflação no mesmo período medida pelo DIEESE, foi de 37,8% ao ano.   Os sindicatos lutam para repor essas perdas pelo índice do DIEESE.

        

         Continua no capítulo 18/20

quinta-feira, 5 de maio de 2022

CAP. 16/20 - fichamento - livro - LULA - BIOGRAFIA - Volume 1 - Autor: Jornalista FERNANDO MORAIS - edição 2021

 CAP. 16/20

 

         Imigrante nordestino em São Paulo era genericamente chamado de baiano naquela época.   O irmão de Lula, o frei Chico, entrou na Villares que não admitia irmãos na empresa porque ambos tinham o sobrenome diferente e não foi barrado.   Frei Chico desde 1964 já militava nas causas operárias e atuava em sindicato, sendo politizado.

         Chico convidava Lula para ir ao sindicato, ir às assembleias.   Lula dizia:   “- Não vou, ali só tem ladrão”.

         Sindicalistas eram tratados como terroristas e como tal, fora da lei e a imprensa passava essa ideia para a população.

         Página 235 – Frei Chico era super ligado a sindicato e os demais da família de Lula eram                                   contra sindicato.

         Na época, com boa dose de razão, pela forma que “vendiam” a ideia de sindicato, os sindicalistas eram associados à subversão, prisão e tortura.

         Lula tendo sido convidado pelo irmão para participar da diretoria do sindicato, consultou a noiva.   Esta conversou com o gerente da firma na qual trabalhava e veio com a opinião.   –“O gerente falou para você não se meter nisso.  O pessoal disse que ser diretor de sindicato, bicho, é virar comunista. Os caras vão te prender, você nunca mais vai ter emprego.   E se você encarar, não tem mais casamento ao menos no seu mandato.  Espero três anos do mandato.”

         Lula entrou na chapa como suplente.   A eleição do sindicato não foi notícia nem no jornal Diário do Grande ABC, o principal da região.   Era tempo do governo do General Costa e Silva e um ano antes foi decretado o AI 5 Ato Institucional número 5 que restringia todo tipo de reunião e aglomerados sob risco de prisão.

         Nesse tempo, 94 políticos já tinham sido cassados por não apoiarem a ditadura.  O STF tinha 16 ministros e a ditadura reduziu para 11 ministros.

         Desde 1964 a ditadura já havia decretado a intervenção em 483 sindicatos, 49 federações e 4 confederações sindicais.   Muitos líderes sindicais presos, exilados ou escondidos.

         Três semanas antes da eleição da chapa de Lula, o presidente Costa e Silva baixou mais um Ato Institucional determinando que os chamados “crimes contra a segurança nacional” não seriam mais julgados pelo STF, mas pela Justiça Militar.   Greves de longa duração entravam nos crimes previstos nesse novo Ato Institucional.

         Ao casar, Lula conseguiu de um amigo a carona em um carro Aero Willys, que era chique para a época, para levarem a noiva à igreja.

         A lua de mel foi em Poços de Caldas- MG.   Ele tinha 23 anos de idade.

         Eles começaram a vida a dois numa casinha que compraram financiada pelo BNH Banco Nacional de Habitação, casa de apenas 1 quarto.

         Capítulo 11 -  “Já sei, doutor, meu bebê nasceu morto.   – Seja forte, seu Luiz, porque a notícia é pior: a sua esposa Lourdes também faleceu”.

         Período duro para Lula que esteve à beira de uma depressão.

         Lula foi observando os colegas e se engajando cada vez mais na luta sindical.   O presidente do sindicato era Paulo Vital, um líder que não era de esquerda e nem pelego.  (pelego vem daquela pele de carneiro para colocar sobre o arreio do cavalo para o “patrão” sentar no macio).

         Conseguiram se desfiliar da central sindical dirigida por Argeu Egídio dos Santos, este, um pelegaço.  Era um que fazia o jogo dos patrões.

         O sindicato passou a negociar diretamente com as montadoras de automóveis e demais metalúrgicas da jurisdição.

         As CEBs Comunidades Eclesiais de Base, ligadas à Igreja Católica, davam uma mão para expandir as filiações ao sindicato.  CEBs nascidas no progressista encontro de Puebla no México em 1979, por ocasião do CELAM Conferência do Conselho Episcopal Latino Americano.   Teve inclusive a presença do Papa João Paulo II.    Nas gestões do sindicalista Vital, o número de metalúrgicos sindicalizados na sua base, passou de 20% para 50% dos metalúrgicos.   Aumentou o poder de pressão do sindicato.

 

 

Continua no capítulo 17/20

quarta-feira, 4 de maio de 2022

CAP. 15/20 - fichamento - livro - LULA - BIOGRAFIA - Volume 1 - Autor: Jornalista FERNANDO MORAIS - ED. 2021

CAP. 15/20

 

         SENAI - Escola excelente, inclusive com refeições e lanches diários.   A escola também proporcionava práticas de esportes.    “Então era uma coisa grã-fina pra mim”.        ...”passou a ser motivo de orgulho por toda a vida”.

          Depois de alguns anos como torneiro mecânico, pediu aumento para o patrão e este negou.   Pediu a conta e foi para outra metalúrgica.   Metalúrgica Independência.   O dono era um polonês e esta fabricava segredo para cofres de bancos.   Nesse emprego que Lula se acidentou e perdeu um dedo.   Turno noturno, fazendo horas extras direto.  Entrava as sete da noite e saia  às seis da manhã.   Um dia num pequeno cochilo entre as duas e três horas da manhã, ocorreu o acidente no torno e ele perdeu o dedo mindinho esquerdo.

          Cirurgia, quinze dias de recuperação e volta ao trabalho.

         O 13º salário foi instituído no Brasil em 1962 em decorrência das lutas operárias no governo João Goulart.   Começou a ser pago a partir de 1965, quando de fato foi implantado.    Quando Lula e seus amigos receberam o primeiro décimo terceiro, tomaram um porre de vinho Sangue de Boi.   Comprou uma bicicleta usada com parte do 13º.

         Capítulo 10 do livro -  “A noiva dá um ultimato a Lula:  - Você tem que escolher: O sindicato ou o casamento.  Os dois, não dá!”.

         O golpe militar de 1964 e os empregos diminuíram.   Até o jovem Lula de então,  acreditava que houve em 1964 uma “Revolução Democrática”.  Nesse tempo ele tinha 19 anos.       (Lendo parte do livro sobre a tortura: Brasil: Nunca Mais, fiquei sabendo que a imprensa de então dourou a pílula de tal forma que até Dom Paulo chegou a rezar uma missa a pedido de fieis da igreja saudando o novo regime.  Depois viu a ditadura torturar, matar, cassar políticos e ele se tornou um dos mais ferrenhos defensores dos oprimidos do regime).

         A imprensa e autoridades vendiam que a dita revolução “democrática” ..... “que livraria o país do comunismo e da corrupção”.     (1964...)

         Foram 21 anos de ditadura militar.    Generais como presidentes, nada de voto.   Nem para governador havia eleição.   Eram indicados pelo regime.

         Lula naquele tempo e todos os seus colegas de trabalho sentiam orgulho dos militares estarem na tarefa de consertar o Brasil...

         Nessa fase Lula só abria o jornal O Diário da Noite para ler notícias sobre o futebol.   Já era corinthiano.

         Confiava por um lado nos militares, mas já tinha admiração por Leonel Brizzola e por Miguel Arraes que foram exilados pela ditadura.    Período de  desemprego geral na ditadura.   Lula fumava e nada de emprego.   Andava em busca de emprego até inchar os pés e nada.    Nessa fase de desemprego, ficou sabendo de vaga na Aços Villares, grande indústria em São Caetano do Sul – SP.   Após oito meses procurando emprego, deu certo na Villares.   Naquela fábrica eram quase mil metalúrgicos.  Outra fábrica da Villares ficava no bairro Cambuci em SP e fabricava os elevadores Atlas.   Lula trabalhou por 18 anos na Aços Villares.    Ficou assustado com o que se fabricava lá.   Escavadeiras, pontes rolantes, vagões de metrô para exportação e gigantescos motores à diesel para transatlânticos.    Indústrias da família  Dumont Villares, descendentes de Santos Dumont.

         Como a mãe de Lula administrava as finanças apertadas sempre.   Todos que tinham ganho na casa, traziam o ganho total para a mãe.   Ela distribuía nas contas a pagar, nas compras do necessário e distribuía o pouco que sobrava aos filhos segundo critério dela.   Ela nunca soube ler e escrever (como o pai dele), mas seu método funcionava. 

         Lula e seus irmãos não reclamavam da forma da mãe controlar as finanças da casa.   O sistema para ele não atrapalhava porque o lazer dele nada custava e era o costume de jogar futebol nas horas vagas.

         Era tímido nos bailinhos.   Um conhaque ajudava a criar coragem para tirar as moças para dançar.   Nos tempos dos namoros de Lula e sua geração,  chegaram os anticoncepcionais.   Antes disso, o tabu da virgindade delas e os rapazes apelavam para as prostitutas.  Com a pílula, isso mudou.

         Lula perdeu a virgindade na boca do lixo em São Paulo na Rua dos Andradas em SP.

         Paixão mesmo veio pela mineira Maria de Lourdes.   Esta e família migraram para São Paulo em 1952, mesmo ano que Lula e família.

         Eram vizinhos e o irmão da moça era amigão de Lula.   Ele noivou por dois anos com Maria de Lourdes e nesse tempo, virou sindicalista.

         Lula foi demitido da Villares dia 06-05-1981   (data exata que eu, leitor, iniciei carreira no Banco do Brasil, por coincidência).   Ele sendo dirigente sindical, por lei, não poderia ser demitido, mas foi.

        

         Continua no capítulo 16/20       (haverá, agora constato, mais de 20 capítulos...) 

terça-feira, 3 de maio de 2022

CAP. 14/20 - fichamento - livro - LULA - BIOGRAFIA - Volume 1 - Escritor - Jornalista FERNANDO MORAIS - 2021

 capítulo 14/20

 

         O irmão dele chamado de frei Chico é pelo tipo da careca dele que ganhou o apelido.

         Lula praticamente não conviveu com os avós e ao contrário de muitos nordestinos de sua época, dois dos avós dele chegaram aos oitenta de idade.

         O pai de Lula era trabalhador, mas arranjou outra família quando dona Lindu estava grávida de Lula.   Ele pegou um pau de arara (caminhão com teto de lona na carroceria)   e partiu para São Paulo com a nova companheira, que era prima da esposa dele, uma moça de 16 anos, com quem veio a ter três filhos.

         Dona Lindu teve que lutar muito para criar os filhos.   O pai dele, depois de dar no pé com a outra companheira, ainda voltou para casa e teve mais um filho com a mãe de Lula.

         Dona Lindu ficou com o sítio de dez alqueires da família no Pernambuco.   Quando decidiu vir para o sul, vendeu o sítio (em moeda corrigida para 2021, por 18,6 mil reais).  Viagem de pau de arara (nos bancos de tábua na carroceria do caminhão coberta com lona) por 13 dias e 13 noites para chegar em Santos-SP.     Lula morou em Vicente de Carvalho-SP no litoral paulista.    O pai dele foi estivador no Porto de Santos.    Geralmente carregar e descarregar sacaria de café no porto.   Ele era vaidoso e ia e voltava do trabalho de terno e gravata.   Era analfabeto.  Para disfarçar, andava sempre com um pedaço de jornal debaixo do braço para impressionar os outros.

         Ele conseguia a proeza de carregar numa só vez 3 sacas de 60 kg de café, uma em cada ombro e uma na cabeça.    Era violento e ao menos era trabalhador e não deixava faltar alimentos aos filhos nas duas famílias.

         Regras ditatoriais dele aos filhos.  Filha não podia estudar, namorar, nem dançar.   Ninguém podia fumar.

         Na página 209 tem foto de Lula menino com quatro anos.

         Moraram em São Paulo, no Ipiranga, num cortiço no fundo de um bar com um só banheiro para os clientes do bar e para os moradores do cortiço.

         Lula nascido em 1945, passou todo o ano de 1959 (aos 14) com três peças de roupa:  as calças marrons, uma camisa branca e um calção como cueca.

         Estudava, trabalhava e nas poucas horas de folga, jogava futebol com os colegas operários.

         Ele era uma liderança no futebol pela redondeza e encarava as rixas e tretas do futebol.   Socos e pontapés não eram raros.

         Nos fins de semana, engraxava sapatos para reforçar o orçamento.   TV era coisa rara na juventude de Lula.   Ele só comprou uma TV nos anos 70, já casado.    Os sonhos de consumo mais simples: maçã argentina naquela embalagem de papel azul e os chicletes de bola Ping Pong.

         Aos 15 anos ele conseguiu o primeiro emprego com carteira assinada no Armazém Colúmbia na função de office boy.   Entrou depois na metalúrgica Parafusos Marte.   Já registrado e ganhando salário como aprendiz de torneiro mecânico.

         O macacão de trabalho já dava a ele algum status na redondeza.   No intervalo de almoço no emprego, uma hora, comiam e depois batiam bola no pátio da empresa até a hora do retorno ao trabalho.

         Os aprendizes de destaque da empresa tinham a chance de uma vaga para curso na Escola do SENAI Serviço Nacional de Aprendizado Industrial.  No caso dele, havia três opções de curso e ele optou por Torneiro Mecânico. Curso de três anos em meio expediente e outro meio expediente era na fábrica onde trabalhava.   Dos três anos de SENAI, dois foram numa unidade bem perto de onde atualmente há o Instituto Lula.   O terceiro ano foi em outra unidade da mesma instituição.

         Quando Lula estava próximo de assumir a presidência da república, recorda dos tempos de SENAI.   “Foi o paraíso!  O SENAI foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida.  Por quê?   Porque aí, eu fui o primeiro filho da minha mãe a ter uma profissão, o primeiro a ganhar mais que um salário mínimo, o primeiro a ter uma casa, o primeiro a ter carro, o primeiro a ter uma TV, o primeiro a ter uma geladeira”.

         Escola excelente, inclusive com refeições e lanches diários.   A escola também proporcionava práticas de esportes.    “Então era uma coisa grã-fina pra mim”.        ...”passou a ser motivo de orgulho por toda a vida”.

 

                   Continua no capítulo 15/20

segunda-feira, 2 de maio de 2022

CAP. 13/20 - fichamento - livro - LULA - BIOGRAFIA - Volume 1 - Escritor - Jornalista FERNANDO MORAIS - 2021

Cap. 13/20

 

         Nem o Ministro da Justiça ficou sabendo que ocorreriam essas prisões decididas por um grupinho de Generais.  O da justiça de então era Ibraim Abi-Ackel.

         Nesse tempo o general “caveirinha” Milton Tavares de Sousa era o comandante do II Exército com sede em São Paulo.

     “Segundo memorando da CIA Central de Inteligência dos USA, Tavares, em relatos aos generais Geisel e Figueiredo, assumiu o assassinato, em apenas um ano, de cento e quatro pessoas consideradas inimigas do governo”.   (citado na página 186 do livro em pauta)

         Foto mostra as impressões digitais do Bolsonaro no DOPS.

         Levantamento da entidade Anfavea (Assoc. Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) alega que as greves teriam causado prejuízos aos fabricantes e à arrecadação de impostos, em valores corrigidos para 2021, de 4,3 bilhões de reais aos fabricantes e deste valor, 1,3 bilhão em tributos.

          Vinham do exterior mensagens do primeiro mundo protestando contra o governo militar por reprimir com violência as greves.    Era uma dor de cabeça a mais para os militares no poder.

         O governo militar ficou com uma birra enorme contra a Igreja Católica, esta que apoiava os operários.

         Dom Paulo Evaristo Arns, Arcebispo de São Paulo, enviou carta a entidade alemã pedindo para ela interceder junto à Mercedes e Volkswagen para amenizar a tensão.   O setor não negociava, não dialogava com os trabalhadores em greve e os sindicatos em intervenção pelo governo militar.

     Na ocasião que Lula foi preso, o plano do Exército era prender ao redor de 120 lideranças, incluindo operários, deputados e onze vigários de paróquias católicas.      A prisão de Dallari da USP e o jurista José Carlos Dias deu repercussão que “atrapalhou” os planos dos militares.   Ambos os presos eram advogados de destaque na nação. 

     O Exército violou a correspondência de Dom Paulo no telegrama onde ele pediu apoio à entidade alemã.   Foi cometido pelo governo militar um crime por violação de correspondência previsto na Constituição vigente.

         Logo em seguida, dado ao mal estar que causou a prisão dos advogados, soltaram estes e outros, mantendo presos os dirigentes do sindicato dos metalúrgicos do ABC, o que incluía Lula.

         Foram os presos dessa leva enquadrados na LSN Lei de Segurança Nacional.   Prenderam na ocasião inclusive o presidente do Sindicato dos Bancários, o Luiz Gushiken.

         A intelectualidade e artistas em peso enviaram mensagens de protesto ao governo e de apoio aos operários e suas lideranças presas.

         Em uma lista enorme (citada na página 198)  que protestaram como Fernanda Montenegro, Fernando Henrique Cardoso, Hélio Bicudo, Juca de Oliveira, Paulo Autran, Raymundo Faoro, Rogerio Cezar Cerqueira Leite.

         A Marinha emitiu nota mostrando que a ação foi inadequada (as prisões em massa) e o próprio ministro da Justiça acusou “erro na execução das ações”.

         Diz o autor:   “Entregaram os presos nas portas do DOPS sem seus responsáveis saberem do que se tratava”.   Tudo foi feito por entidade do Exército, em sigilo.

         As prisões foram feitas pelo DOI CODI, órgão subordinado ao comandante do II Exército, general “caveirinha”.     O DOPS ficava na Rua Tutoia – sede do DOI CODI.

 

         Capítulo 9 -   “Depois de uma infância cruel, morando em lugares degradantes, Lula recebe a chave do paraiso: o diploma do SENAI Serviço Nacional de Aprendizado Industrial”.   (onde cursa para torneiro mecânico)

         Fez curso de Torneiro Mecânico.    Natural do distrito de Caetés, distante 18 km da sede do município de Garanhuns-PE.     Migraram para São Paulo com a mãe, dona Lindu, quando Lula tinha sete anos.   Lula tinha mais sete irmãos e vieram do Nordeste a São Paulo como tantos, de “pau de arara”, ou seja, na carroceria de caminhão coberta com lona e com bancos de madeira improvisada.    Lula estava entre os mais novos dos irmãos.

 

         Continua no capítulo 14/20 

domingo, 1 de maio de 2022

CAP. 12/20 - fichamento - livro - LULA - BIOGRAFIA - Volume 1 - Autor: Jornalista FERNANDO MORAIS - 2021

 Cap. 12/20 

         Muitos artistas e intelectuais apoiando o movimento grevista. Iriam promover um mega show beneficente no então famoso Estádio de Vila Euclides (em Santo André), local que era muito usado para assembleias do sindicato. Em assembleias dos metalúrgicos naquele estádio, chegaram a ter ao redor de cem mil operários presentes.

         Dezenas de artistas famosos (todos citados nominalmente no livro, dentre eles Chico Buarque, Gal Costa, Martinho da Vila e muitos outros).   Os Mestres de Cerimônia no show seriam o Cartunista Ziraldo e a Atriz Bete Mendes.    A Polícia Federal vetou o show e por isso foi cancelado.

         Quatro dias depois de frustrado o show beneficente, morreu em acidente em Ilha Bela-SP o delegado Sergio Fleury, criador e chefe do esquadrão da morte em São Paulo.   Ele era acusado de torturar até a morte dezenas de operários e políticos presos políticos pela ditadura.

         O SNI Serviço Nacional de Informações suspeitou que uma forte entidade sindical da Alemanha teria enviado doação em dinheiro para ajudar os grevistas.   O centenário sindicato alemão IG Metall teria colaborado com a causa dos grevistas do ABC.   Este sindicato alemão tem dois milhões de filiados.

         Dois jovens operários brasileiros tinham sido enviados à Europa pela Pastoral Operária da Igreja Católica em busca de ajuda.    Trouxeram em dólar, vinte mil de doação de um sindicato da França.  Entregaram a doação ao Dom Claudio, bispo de Santo André.    Os dois jovens operários sofreram forte repressão no Brasil de então e depois foram Ministros do governo Lula.  Um deles é o gaúcho Miguel Rossetto e o outro é o londrinense Gilberto Carvalho.

         Lula e os outros dirigentes sindicais cassados continuavam se reunindo em igreja da diocese de Santo André e comandando os operários na luta por melhorias e irritando a ditadura militar vigente.

         As assembleias dos metalúrgicos continuavam a ocorrer no Estádio de Vila Euclides.     Cassados os dirigentes, prenderam Lula num sábado que teria mais uma assembleia no local.

         A líder estudantil Beá – Beatriz Tibiriçá, assistente de gabinete do deputado Geraldinho que pousava na casa de Lula junto com a família de Lula e Frei Betto, que já esperavam que a prisão estava para ocorrer.   Estavam de prontidão para, havendo a prisão, comunicar a imprensa em geral daqui e de fora do país para denunciar a prisão política e a repressão.

         Lula foi preso por militares à paisana.  Deu medo porque o irmão dele, Frei Chico (apelido de frei), foi preso antes no DOI CODI cinco anos atrás e foi torturado por ser do Partido Comunista e lutava pela causa operária e pelo restabelecimento da democracia.

         Numa perua Caravan Lula foi levado preso, escoltado por seis pessoas armadas.    Ficou com medo de ser levado à tortura.

         Ouviram pelo rádio do carro a notícia da prisão de Lula e ao menos já era público o fato e diminuiu um pouco a insegurança dele.     O estado prende um cidadão e nessa condição, tem que responder pela integridade do mesmo.

         Já que Lula foi levado preso, informaram Dom Paulo Evaristo Arns (Cardeal Arcebispo de São Paulo) e ele divulgou o fato à imprensa.   Ao ouvir a notícia, o motorista da Caravan disse:    -“Esse bispo filho da p... tinha que se foder”.

         Se mostrou importante ter os apoiadores pousado na casa de Lula para saberem que ele foi preso e avisarem a imprensa, como de fato ocorreu.

         Capítulo 8 -  A Marinha viola a correspondência da Cúria de SP e revela que o Cardeal Arns pediu à igreja alemã apoio aos operários em greve.  Lula foi preso no prédio do DOPS perto da estação da Luz na capital.   Prédio da estação da antiga Estrada de Ferro Sorocabana.  Prédio projetado pelo arquiteto Ramos de Azevedo.

         Em outra ocasião o Frei Betto, da ordem dos Dominicanos, também foi preso político pela ditadura militar.

         Ao chegar à prisão, Lula constatou que não foi só ele.   Os demais diretores do Sindicato dos metalúrgicos do ABC também estavam presos, entre eles, o irmão de Lula, o frei Chico.

         Lula ficou assustado quando viu entre os presos, dois destacados advogados – José Carlos Dias – Jurista e Presidente da Comissão de Justiça e Paz da Diocese de São Paulo.   Também preso, Dalmo Dallari, Professor Titular da USP e um dos fundadores da Comissão de Justiça e Paz da Diocese.    Notou que até o semblante do Diretor do DOPS, o delegado Romeu Tuma, estava fechado.   Tuma era sempre visto sorridente e bem humorado.  Neste dia, não. 

         O governador Paulo Maluf só ficou sabendo das prisões desse dia pela notícia de rádio.    Nessa ocasião o presidente da república era o General João Batista Figueiredo.

         As greves tomaram envergadura que as autoridades passaram a tratar como assunto de âmbito federal.   Nem o Ministro da Justiça ficou sabendo que ocorreriam essas prisões decididas por um grupinho de Generais.  O da justiça de então era Ibraim Abi-Ackel.

         Nesse tempo o general “caveirinha” Milton Tavares de Sousa era o comandante do II Exército com sede em São Paulo.

 

        

 

Continua no capítulo 13/20

sábado, 30 de abril de 2022

CAP. 11/20 - fichamento - livro - LULA - BIOGRAFIA - Volume 1 - Autor: Jornalista FERNANDO MORAIS - 2021

 Cap. 11/20 –

 

 fichamento do livro - LULA - BIOGRAFIA - volume 1 - Autor Jornalista FERNANDO MORAIS

Cap 7 - Jardim Lavínia, abril de 1980. Com a polícia na porta para prende-lo, Lula ruge: - Estou dormindo, porra! Eles que se fodam!

Na noite anterior, o casal Lula e Marisa jogaram baralho com dois amigos, um deles, o Frei Betto. Jogando e tomando vinho popular.

Dois dias antes, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC que então era presidido por Lula, sofreu intervenção federal e todos os diretores foram destituidos. Antes houve greves de até 140.000 trabalhadores do ABC. Área que inclui São Bernardo e Diadema.

Nesse tempo Lula e família moravam numa casa de 33 m2 em São Bernardo do Campo-SP. Na defesa dos dirigentes metalúrgicos, o Jurista José Carlos Dias, presidente da Comissão de Justiça e Paz. Lula era conhecido de José Calos Dias desde 1975.

Pouco antes da intervenção no sindicato, Lula percebeu que era seguido por policiais à paisana. Depois descobriu que os policiais eram da inteligência militar do Exército e da Marinha. Era tempo da Ditadura Militar.

Frei Betto na época era o responsável pela Pastoral Operária na Diocese de Santo André. O PT tinha sido criado dois anos antes e Lula presidia além do Sindicato, também o PT que ajudou a criar.

"Fosse a serviço dos patrões ou do governo, a polícia tinha motivos de sobra para querer tirar Lula de circulação". Três semanas de greve dos metalúrgicos, dentre estes, multinacionais atingidas como Volkswagen, Ford, General Motors, Mercedes, Scania e da nacional Aços Villares.

Eram tempos do General Newton Cruz no SNI Serviço Nacional de Informações. Produzir relatórios ultra secretos que nem o temido DOPS, que fazia prisões por motivos políticos, tinha conhecimento.

As greves do ABC começam a desencadear greves em municípios como Campinas, Taubaté, Sorocaba, Piracicaba etc. Acendeu a luz vermelha da Ditadura Militar e era tempo de governo de SP por Paulo Salim Maluf. Este que era do partido que apoiava a ditadura.

O TST Tribunal Superior do Trabalho declarou a greve ilegal e liberou na prática a repressão pesada. Ao invés de afrouxar a greve, ela se espalhou mais ainda e ficou mais forte.

"Pelas contas do governo, quase meio milhão de trabalhadores paulistas estavam de braços cruzados. Metade dos operários com carteira assinada do Brasil de então".

Grevistas enfrentando cavalaria, tropas de choque da PM. Muitos feridos dando entrada em hospitais. Um dos líderes grevistas era o pequeno "Ratinho", o pernambucano José Dilermando, empregado da Ford.

O Bispo da Diocese de Santo André nos tempos das greves era Dom Cláudio Hummes que apoiava a luta dos trabalhadores.

Em 2021 Dom Cláudio passou a servir no Vaticano onde preside o Conselho Internacional da Catequese.

Greves longas, salário cortado e começava a faltar alimentos para as famílias dos grevistas. Dom Cláudio Hummes articulou um fundo para socorrer os grevistas nas necessidades mais prementes. Ele é da Ordem dos Franciscanos. A Diocese de Santo André de um lado fazia limite com o Bairro paulista do Ipiranga e se estendia até a Serra do Mar, abrangendo Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. (eu, leitor, na época era jovem e residia em Mauá-SP e tinha parentes metalúrgicos).

Na época, região com 1,6 milhão de habitantes e cem paróquias.

Dom Cláudio, um gaucho com 45 anos na época. Comandava um a diocese de Santo André que abrangia vários municípios que tinham o PIB (Produto Interno Bruto) equivalente a 10% do PIB do Brasil.

Os operários estavam num nível de organização mais adiantado, comparativamente ao período pós 1964 quando começou a Ditadura.

Houve uma campanha de solidariedade aos grevistas que movimentou gente no Brasil afora. Caminhões e caminhões chegavam carregados de doações de alimentos até os postos de coleta. Muitos artistas e intelectuais apoiando o movimento grevista. Iriam promover um mega show beneficente no então famoso Estádio de Vila Euclides (em Santo André), local que era muito usado para assembléias do sindicato. Em assembleias dos metalúrgicos naquele estádio, chegaram a ter ao redor de cem mil operários presentes.

 

 

continua no capítulo 12/20