Capítulo 07/08
Voltando um pouco para o tempo dos balões em 1902. O deputado Augusto Severo, amigo de Santos
Dumont, após tentativas frustradas, tenta um voo em balão por ele projetado e
montado em Paris. Balão com hidrogênio. Dois motores. O balão explodiu no ar e matou Augusto
Severo e seu mecânico.
Santos Dumont retornou ao Brasil em 1903 e ao ser perguntado
sobre fazer balões aqui, ele disse que nós não tínhamos recursos técnicos para
a fabricação dos equipamentos.
“O quadro da nação ainda estava bastante contaminado pelas
enormes limitações que o Brasil sentiu, desde o Alvará de 05-01-1785 de Dona
Maria I, rainha de Portugal”. (o livro
cita o decreto completo). Na essência o
decreto proibia que no Brasil se montasse e operasse indústrias e manufaturas
que poderiam atrair mão de obra rural para a cidade. Cita o decreto que a desobediência
resultaria na perda do empreendimento em “tresdobro” do valor de cada uma das
manufaturas e afins.
Decretou com isso o
atraso do Brasil com reflexos de curto, médio e longo prazo. Esse alvará só foi revogado em 1808 quando a
família real veio se instalar no Brasil, fugindo do exército de Napoleão.
O alvará foi revogado, mas o estrago já estava feito.
“Seria impossível, de fato, pensar em um país
industrializado com uma população escrava sem qualquer poder aquisitivo”.
Nos primeiros anos dos aviões, os militares viam mais
potencial para uso em observações das posições de tropas inimigas. “Mas permaneciam céticos, pois essas máquinas
mais caiam do que voavam”.
Em 1910 o francês Lavand voou pela primeira vez no Brasil
com um avião que projetou e montou aqui.
O motor era de 45 cavalos e fabricado no Brasil. Depois o projeto foi esquecido.
Em 1914, o aeroplano projetado por J d`Alvear “realizou os primeiros voos com grande
sucesso”. (no Brasil). No avião em uso dele, o motor e hélice eram
de fabricação francesa.
Em 1912 o grande aviador francês Roland Garros se apresentou
no Rio de Janeiro.
Edu Chaves, brasileiro, era nosso piloto de aeronaves exímio
na época.
Em 1914, um tenente – Ricardo Kirk – morreu ao fazer voo de
observação pelo Exército durante os sangrentos combates na região do Contestado
(sul do Paraná e interior do oeste catarinense).
Eu, leitor, li um livro muito interessante sobre o absurdo
que foi a guerra do Contestado.
Iniciada na Europa a primeira guerra mundial em 1914, surgem
inclusive no Brasil, escolas para formar pilotos de aeronaves.
Santos Dumont deixou expresso em texto, sua reprovação ao
uso do avião para fins militares em combate.
Carta dele de 1917
Em 1911, usando um projeto francês, um militar alagoano
montou o “Aribu” (urubu), um pequeno avião.
Consta que os aviões foram aperfeiçoados de forma acelerada
para fins de guerra e após cessar a guerra, ficaram ociosos e pilotos que só
sabiam voar fez surgir o mercado de voos cargueiros comerciais. Numa terceira etapa, surgem os voos de
passageiros. Paralelamente às
diferentes fases, sempre houve os pilotos de acrobacias aéreas com suas
manobras de exibição e de risco.
Nosso primeiro engenheiro aeronáutico foi Guedes Muniz. Nos anos 30 foi à França desenvolver seus
projetos de aviões. Após a estabilidade
política do Brasil, ele voltou para cá.
Continua no capítulo final 8/8