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quinta-feira, 1 de maio de 2025

Cap. 1 - fichamento do livro SEGUNDA VIAGEM AO RIO, MINAS GERAIS E SÃO PAULO - Autor: SAINT HILARIE - Ano de 1822

 leitura em abril a maio de 2025

Autor: Pesquisador Botânico Saint Hilaire - 1822
Leitura em abril/maio de 2025 (Editora Biblioteca pedagógica Brasileira - 1938) 2a. edição
O livro foi editado primeiro na França e depois Affonso de E. Taunay traduziu para o português. Estou lendo uma tradução rara de 1938
Neste livro consta uma relação de livros editados com viagens do mesmo autor francês. Há edição que cita viagem a SC, ES, RS, GO, Bacia do Rio São Francisco.
Na viagem ao Rio Grande do Sul ele foi por terra e voltou em navio até o RJ que era a capital federal.
Na viagem do RJ a SP ele caminha com dois criados, dois índios montados em burros e um tropeiro para cuidar dos animais.
Caminhavam entre duas e quatro léguas por dia, cada légua em torno de 6 km.
O objetivo dele era coleta de materiais principalmente da nossa flora para estudos e também coletou material de animais.
Diário de viagem onde ele vai destacando detalhes das pessoas e das paisagens com olhar de cientista. Narrando viagem do RJ a Vila Rica (MG) e de Vila Rica a São Paulo.
O botânico trouxe para o RJ uma coleção de amostras de plantas coletadas por ele e equipe no interior. (herbário por ele coletado e catalogado)
Conta com grande desgosto que perdeu muito material coletado em jornadas longas. Perda por deterioração por temperatura e umidade elevadas, também por ataque de traças.
Coletou e preparou para conservação amostras de muitas plantas, animais incluindo entre estes, muitos pássaros e insetos. Cita uso de éter para conservação de alguns animais.
Página 18 - Ele desabafa sobre a extrema lerdeza dos operários do RJ que compunham sua equipe.
Página 20 - Sobre o clima tropical que tem mais exposição ao sol quase o ano todo e as florestas são mais exuberantes. Na Europa o clima tem temporada mais fria e é comum as florestas perderem folhas. Ele cita:
“Aqui a vegetação nunca repousa e em todos os meses do ano bosques e campos estão armados de flores”.
Destaca o grande movimento nas principais estradas de acesso à cidade do Rio de Janeiro.
...”varas de porcos, rebanhos de gado, sendo tangidos pelas estradas para serem abatidos no mercado da capital RJ seguem levantando poeira nas estradas.”
(inclusive porcos são tocados por terra, caminhando até de MG para o RJ)
Cita um lugarejo com nome de Inhuma, que é uma ave de porte grande e que na época da passagem dele pela região já eram raras. Ele ouviu do povo local que o esporão acima do bico da ave teria algum efeito na medicina popular, o que acarretou uma caça desenfreada da espécie.
No caminho o pesquisador consegue um lugar para pousar numa construção rústica com teto e sem três paredes laterais, anexa à moradia do que deu hospedagem. Eram comum isso e chamavam de “telheiro”. Ao menos tinha teto para se proteger de chuvas.
Página 26 - “A posse de um engenho de açúcar confere, entre os lavradores do RJ, como que uma espécie de nobreza”. Ser recebido por um desses donos de engenho “é algo de ambição geral”.
Ele faz breve citação sobre o modo de cultivar cana de açúcar na região. “Dá aqui três cortes, depois das quais é necessário deixar a terra descansar quatro anos seguidos...”
Alguns que tem áreas pequenas, estercam o canavial para a cana produzir por mais de três anos seguidos.
Ele e seu grupo na margem do Rio Paraiba. Constata que as tropas atravessam a nado o rio.
Falou do tipo magro dos tropeiros vindos de MG. Magros e de pés no chão.
Ele cita os almocreves (profissão que ouvi falar por um jornalista num livro chamado Lampião e Maria Bonita de Wagner Gutierrez Barreira). Estes tinham tropa e se especializavam em levar o dinheiro e encomendas dos comerciantes até a cidade onde se abasteciam e voltavam com as compras para os comerciantes colocarem no comércio local. Era risco por conter valores.
... “já no RS os homens só apreciam os exercícios físicos. Não buscam muito o conhecimento do viajante”.
Num trecho o autor fala do povoado de Valença no RJ. Cita o povo local construindo a igreja com uso de pedras. Diz que achou o lugar triste.
Segue no capítulo 2 de aproximadamente 6.
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segunda-feira, 21 de abril de 2025

Cap. 2 (final) - Fichamento do livro de ficção - ANTONIO - Autora: BEATRIZ BRACHER

Cap.2   

         Xavier esteve internado no Sanatório quando era jovem lá pelos vinte de idade.     Antes disso, já tocou a vida a dois com a adolescente Elenir que era do interior e saiu de casa cedo e morava em São Paulo.   Eles tiveram um filho e nesse tempo ela estava pelos quinze de idade.

         O pai de Xavier era médico.  Dr Emmanuel.    Xavier foi destaque como aluno da renomada Faculdade de Direito da USP no Largo São Francisco em SP.

         “Foi brilhante, é certo, mas sem a disciplina, a inteligência não leva ninguém a lugar algum”.   Xavier é o mais velho dos irmãos.

         Página 87 – a autora cita os empregos relevantes dos netos de Xavier.   No caso.... “e mesmo a Renata, coitada, assessora de imprensa de uma editora”.

         “O problema não é ser empregado, longe disso, é deixar de ser você, deixar de construir um você que sirva de verdade no mundo”.  (fala da mãe)

         A mãe e palavras sobre o sentido da vida.   “Você não pode apenas fazer parte da máquina, tem que ter algum comando.  Essa é a responsabilidade.  Não  pelo poder do dinheiro, você tem a obrigação de acrescentar algo ao seu país.”

         “Não temos o direito de participar apenas como gado...”  (isto dito em 2007).    Página 89

         A avó falando com o neto Benjamim sobre o pai dele, filho dela.  E na época Benjamim tem um filho pequeno, Antonio.

         Raul   (o melhor amigo de Teodoro, pai de Benjamim)

         Haroldo  (o melhor amigo de Xavier, avô de Teodoro)

         São Paulo da época...  (anos 80)

         “Prédios enormes, recuados e fechados, carros e mais carros, entramos pelas garagens, subsolos, elevadores e portas de aço escovado, janelas de vidros duplos pretos, verdes e cinza.  Janelas soldadas protegem-nos do barulho, da fumaça e do suicídio.”

         “Abdicamos das ruas e nos isolamos...”

         ...   O amigo de Xavier, formado pela São Francisco, Advogado.   Convidava Xavier que foi colega de turma, para pegar alguma causa, tentando assim ajudar o amigo a ter algum ganho.  Xavier que buscava viver de arte, teatro.   Não teve êxito nessa vontade de ajudar o amigo.

         Xavier chegou a ter uma editora e foi à falência por falta de habilidade nos negócios.

         Uma frase do velho amigo sobre Xavier.  “Delicioso com os amigos e as amantes, devastador com os filhos, parasita com a mulher”.

         Além do mais, Xavier era mulherengo.

         Ambos os amigos passaram uma temporada em Paris.  O amigo fez Mestrado lá e Xavier curtia a noite na cidade e ia direto nos teatros.  Em um ano lá, fez um “mestrado” na noite parisiense.

         Sobre Xavier nas palavras do amigo Haroldo:

         “Quando Benjamim morreu bebê, durante todo o período do luto, em casa, no hospício e depois em Paris, Xavier nunca se referia para o amigo sobre o sumiço da jovem Elenir, mãe do bebê que morreu logo depois do nascimento.

         “Elenir dissolvia-se em um momento encantado, como se tivesse morrido junto com a filho deles.”

         Teodoro, filho de Xavier, foi na juventude se aventurar com amigos e amigas pelo interior de Minas Gerais.    Bebedeiras, farras, encrencas.   Pegou sífilis, doença venérea que teria levado ele mais adiante à loucura.

         O que Teodoro pensava da arte, ele que tocava violão e compunha.

         “Um artista só é artista quando ele é reconhecido.   O que o torna artista não é a sua arte, mas o reconhecimento da sua arte, pois somente o que ele criou gera movimento”.

         Raul  - amigo de Teodoro

         Jovens e na boa vida, descobrem inclusive a arte do escritor paranaense Dalton Trevisan  (o “Vampiro de Curitiba”)

         Teo de volta a São Paulo, doente mental e dando trabalho enorme para a família.   É internado duas vezes.  Foge as duas vezes do sanatório.

         Vive pelas ruas, mora em favela.   Ajuda os outros e vai tocando a vida inclusive dando algumas aulas só para ajudar os outros da favela.

         “O povo dos tempos de Teodoro já eram os miseráveis, favelados, sem terra, sem história e com raiva”.     “Não deixavam nunca de saber quem Teodoro era...”

         Na favela, numa das enchentes, ele ajudando outros favelados.   É contaminado com a água da enchente e fica doente e morre.

         Mais adiante a mãe dele, que enfrentou uma vida dura, cuidando do marido Xavier que não se ajustava em nada e só criava problemas.   Quatro filhos, a esposa achou meio de no caos geral, conseguir estudar e ser Professora na USP no contexto da obra de ficção.    Não cuidava muito da própria auto estima, da saúde.   Fumava bastante e bebia também.   Acabou tendo um câncer e faleceu.

 

OBS:  No livro fica meio implícito que de um lado, Xavier teve um filho chamado Benjamim que morreu logo que nasceu e ele abandonou a mãe desse filho. E que lá muito adiante, o filho dele, Teodoro (o Teo) nas andanças da vida, teria tido um filho em incesto e colocou no filho o nome de Benjamim também. Este que no tempo de nascer seu filho Antonio, busca com a familia e amigos recompor a história da familia e entender um pouco de como foi a vida do pai dele.

         FIM.                  21-04-2025     

sexta-feira, 18 de abril de 2025

Cap. 1 - fichamento do livro - ANTONIO - Autora: BEATRIZ BRACHER

 

Cap. 1                    abril de 2025

 

         Este livro é de 2007 e a autora que eu não conhecia é bem conceituada e tem vários prêmios no setor.    Descobri a obra por ter sido lida por uma das filhas antes da pandemia.   O livro ficou por aqui e resolvi ler apesar de ter sempre uma fila de livros para ler como costuma ocorrer com muitos leitores.

         O livro é uma ficção e tem como mote uma família paulistana de classe média alta decadente nos anos 80.   Tem um protagonista na família e a autora conta um pouco da trajetória deste narrada por várias pessoas.   Pela avó do protagonista, pelo amigo mais próximo dele na juventude.  

         Há também narrativa de outros membros da família e também por amigos próximos destes, como amigo do avô do protagonista.

         Neste caso, pelo que achei mais relevante em pensamentos expressos e que mostram um pouco da visão de mundo expressa na arte mas que conversam com nossas vivências e percalços também.

         Um narrador explicando para o protagonista Benjamim.

         “Tuas tias Flora e Leonor eram as meninas mais modernas que eu conhecia.  Acho que foi a primeira casa onde namorados e namoradas passavam a noite juntos e a gente podia fumar o que quisesse numa boa”.

         Isabel falando de Xavier, avô do protagonista:

         No passado Xavier partiu para longe e conheceu Elenir com quem teve Benjamim que morreu poucos dias após o parto a fórceps (a “ferro” como se diz no popular).

         Se encontraram e começaram a se relacionar em São Paulo depois que ela deixou os pais.  Ela teria uns quinze anos apenas e tiveram o caso e o filho.

         Xavier fez Direito na renomada faculdade do Largo São Francisco em São Paulo.    Leu na juventude muitos livros, filósofos.      ...”descobria a minha infinita ignorância, no lugar das nossas certezas de ignorância”.

...    “A alienação veio depois, porque alienação é quando o cara não consegue enxergar a realidade, começa a criar uma outra realidade que só ele vê”.

         Nas falas da Isabel

         Isabel vinha de um colégio de freiras, onde só estudavam meninas.  Decidiu fazer Letras dos Clássicos na USP.   Mudança radical, inclusive por estudarem alunos de ambos os sexos juntos.   Para ela, um mundo novo.

         Um da família um tempo ficou surtado e foi parar num sanatório.  Andou lendo bastante a Biblia e no dia da visita da família começou criticar a religião com base numa passagem do velho testamento.  Sobre Abraão e a decisão de Deus sobre o destino de Sodoma e Gomorra.  A relação incestuosa deste com as filhas.  Segue nesse trecho um diálogo complexo em família.

         Agora é Raul, amigo de Teodoro, o Teo, pai do protagonista.

         Raul contando das andanças dele e Teo na juventude.  Passeio de barco pelo Rio São Francisco.  Eles e três amigas.  Bebedeiras, sexo e encrencas.

         A avó de Teo, Isabel, professora.   Fumou muito no passado e enfrenta um câncer.    Ela falando ao neto Benjamim.   “A velhice é uma merda.  Não teria feito diferente, mas que é uma merda, é.”

         Isabel é a esposa de Xavier .

         Na juventude, Teo deixou São Paulo – SP e foi morar na Serra do Cipó em MG e lá nasceu Benjamim.  Numa fazenda, numa condição tosca de vida e moradia.

         Teo não foi visitar o pai quando morreu.   Lá na fazenda Teo era Tito e o filho Benjamim era Beibi.

         A família de Isabel era da burguesia paulista e estranhava ver ou saber de filhos ou netos sendo empregados.    Isabel e Xavier tiveram quatro filhos em cinco anos. 

         Isabel recordando na fala com o neto Teo.    ... “nos anos que fiquei em casa cuidando dos filhos, foi uma coisa meio de bicho, ancestral.  Parir, amamentar, lavar, afastar os perigos”.

         Continua no capítulo 2   (de aproximadamente 4 capítulos)

quarta-feira, 2 de abril de 2025

Cap. final - fichamento do livro - TRILHOS, CAFÉ E TERRA VERMELHA - autor: Jornalista ROGÉRIO RECCO

 capítulo 9/9                        abril de 2025

         Os filhos de Amedeo.  O filho Hugo Francisco Boggio fez Engenharia Agronômica na ESALQ USP         Piracicaba  (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz).    (Local onde fiz o mesmo curso nos anos 70)

         Item:   O Cansaço começa a incomodar

         Amedeo já com mais de sessenta anos de idade já anda cansado.  Morar em São Paulo e viagens frequentes para administrar suas propriedades distantes no Norte e Noroeste do Paraná.

         Em 1963, uma nova geada forte afeta os cafezais.  Geada seguida de inverno seco e os incêndios devastaram a região, inclusive os cafezais com folhas secas pela geada.

         Mais adiante o autor cita que as estradas do Paraná começaram a ser asfaltadas em maior intensidade a partir do governo Ney Braga (1960-1964) e no governo seguinte de Paulo Pimentel (1964-1967).   Este último nos tempos em que o Governo Militar indicava os governadores.

         O asfalto deu mais um alento ao povo das regiões Norte e Noroeste do Paraná.

         Capítulo – A fatalidade

         A empresa aérea do Fontana, a Sadia, fazia voos regulares para a região.   Estava numa fase de ter aviões novos de fabricação inglesa.  Aviões Dart-Herald, modelo HPR-7 com capacidade para 58 passageiros.   A Sadia fazia voos diários entre RJ-SP-Curitiba-Londrina-Maringá-PR.    Avião turbo-hélice com velocidade média de 435 km/hora.

         Amedeu vinha ao Paraná nesse dia num avião da Sadia com apenas dois anos de uso e 3.200 h de voo.   Tempo ruim chegando perto de Curitiba, região de montanhas da Serra do Mar.  Faltava 25 km apenas para chegar ao aeroporto Afonso Pena e o avião acabou batendo numa montanha da Serra.

         Dos 20 passageiros, só duas pessoas sobreviveram.   Amedeo morreu nesse acidente em 1967.

         Final – A fazenda de Amedeo em Maringá – PR é uma relíquia

         Dos anos 50, resta em Maringá na Avenida Guaiapó a Capela de Nossa Senhora Aparecida, da qual Amedeo ajudou com projeto e parte do material.

         Ele tinha perto da zona urbana a fazenda Kaetê com a sede preservada, construída em 1952.    Tem reserva de mata que ele deixou intocável.

         O cuidado dele com a história sempre foi presente e ficou material produzido por ele em anotações, filmes e fotos.

         Quando o pai morreu (1967), o filho Hugo, Engenheiro Agrônomo prestava serviço na Casa da Lavoura de Presidente Epitácio – SP.   Deixou o emprego e veio cuidar da fazenda da família.

         Nessa fase a serraria da Familia Boggio em Umuarama PR já estava em decadência inclusive por conta da pouca oferta de toras na região.  Em 1971 encerrou as atividades da Serraria Aratimbó e o terreno foi loteado por ficar em lugar valorizado dentro da cidade.

         O acidente que levou Hugo aos 39 de idade.  Ele voava com o primo piloto num voo entre Mogi Mirim e São Paulo.   Era um voo de retorno para casa em São Paulo e já era à noite, tempo chuvoso.   O pequeno avião se choca em um edifício perto do aeroporto no bairro Moema.

         Já a Fazenda Kaetê em Maringá PR que tinha café, teve a lavoura arrasada pela geada negra de 1975 e foi erradicada.

         Tereza e Amedeo

         Tereza, rodeada dos netos, veio a falecer aos 80 de idade em 1998.   Relembrando, que Amedeo chegou como imigrante no Norte do Paraná e foi um dos pioneiros em Londrina, quando esta tinha apenas 18 moradias. Isto em 1930.

         Tem atualmente rua em Maringá em homenagem a Amedeo Boggio, assim como há em Umuarama PR também.

         Finalmente destaco que o livro contém vários (9) QRCode que permite com celular captar as imagens de fotos e filmes curtos do acervo coletado por Amedeo e que mantém originais no acervo da família.

         O autor deste livro, o experiente jornalista Rogério Recco cita 43 bibliografias consultadas, algumas das quais andei lendo anteriormente.

         Agradeço aos que tem acompanhado esta e outras resenhas ou fichamentos que tenho feito.        resenhaorlando@gmail.com    Curitiba PR  

segunda-feira, 31 de março de 2025

cap. 8/9 - fichamento do livro - TRILHOS, CAFÉ E TERRA VERMELHA - Autor: Jornalista ROGÉRIO RECCO

 Capitulo 8/9  

         Capítulo – São quatro cidades-polo.  Amedeo se torna fazendeiro

          Londrina, Maringá, Cianorte e Umuarama PR.

         Aliás, Cianorte leva no nome referência à Cia Melhoramentos do Norte do Paraná.

         Os corretores a serviço da CMNP eram chamados de picaretas e os que chegavam interessados em comprar terras eram os “jacus”.

         As derrubadas das matas sempre tinham acidentes com os operários.  Derrubar no machado e picadas com foice.  Depois da derrubada, retirar a madeira nobre e queimar o que sobrava.  Deixar a área livre para plantios.

         Plantio de café principalmente.  No meio dos cafezais, costumavam plantar o que chamavam de “lavoura branca” de ciclo curto para manutenção das famílias.  Lavouras como arroz, feijão e milho.

         Anos de boas safras, preços do café oscilando para baixo, safras ruins, preço subindo.   E tinha sempre o fantasma das geadas fortes.

         Muitos cafeicultores se davam bem no negócio e sempre havia uns outros que não acertavam e poderiam sair mais pobres do que chegaram.

         O avião torna o trem obsoleto

         Já na década de 1940 o trem, por ser lento e ter muitas paradas, já passa a sofrer a concorrência com os aviões.

         Paranavai – PR foi fundada em 1961.

         Amedeo comprou mais uma fazenda, desta vez em Paranavai.  Só que o local é de terra arenosa e bem menos fértil que a terra roxa do eixo Cambará a Maringá.   Terra arenosa e muito mais suscetível à erosão.

         O café não se dá bem em Paranavai por conta da fertilidade baixa, erosão e ataque de nematoides que atacam o sistema radicular do cafezal e derruba a produtividade.

         No livro, entre os pioneiros de Maringá, são citados família Bulla, Romero Fontes  (que conheço).

         Umuarama PR, a derradeira etapa da colonização pela CMNP.  A cidade foi fundada na última gleba adquirida pela CMNP.  Era a Gleba Cruzeiro com 40.000 alqueires.  Foi comprada em 1952.

         Umuarama em dez anos, de área de mata, em 1961 já é uma cidade com 50.000 habitantes.    (Cheguei como Eng. Agrônomo recém formado em Umuarama em 1977, logo depois da grande geada de 1975 que arrasou os cafezais do Paraná).

         Ocorre que Umuarama também tem solo arenoso e o café não se desenvolveu bem nesta região, semelhante ao que ocorreu em Paranavai.

         No local a cafeicultura foi substituída por pastagem e criação de bovinos.

         Eu, leitor, atuando profissionalmente no setor de Crédito Rural do Banco Mercantil de SP que tinha vínculo com a CMNP, presenciei a debandada de muitos pequenos produtores de café atingidos de forma radical pela geada.   Muitos seguiram para Rondônia e Mato Grosso, onde conseguiam comprar extensões de terras bem maiores, apesar da carência de estrutura.  Era um recomeçar com derrubada da mata, plantio e assim por diante.

         O autor do livro cita que após a geada de 1975 Umuarama chegou a perder dois terços da população.    O café ocupava bastante mão de obra e as pastagens de gado envolvem ocupação de poucos empregados.

         Voltando ao trajeto do Engenheiro Amedeo.   No começo da colonização em Umuarama PR, havendo muita madeira das derrubadas das matas, Amedeo transfere sua Serraria Aratimbó de Arapongas para Umuarama.

         Capítulo – Nada de Improvisos

         Nos anos 1940 Amedeo já registrava seus empregados.  Coisa rara no setor em sua época.

         Em 1950 a serraria dele tinha 47 empregados.   Em 1958, com o declínio da oferta de madeira para serrar, a empresa estava com 22 empregados.

         Quando a serraria de Amedeo estava em Umuarama era comum as concorrentes locais não registrarem os empregados e supunha-se que viviam se acertando com os fiscais do governo.   Fiscais estes que sempre faziam operação pente fino na serraria de Amedeo e sempre a papelada estava em dia.   Consta que os fiscais chegavam a fazer a chamada de empregado por empregado para conferir com os livros de registros.   Sempre em dia.

        

         Continua no capítulo 9/9

domingo, 30 de março de 2025

cap. 7/9 - fichamento do livro - TRILHOS, CAFÉ E TERRA VERMELHA - autor: Jornalista ROGÉRIO RECCO

 capítulo 7/9

 

         Entre 1930 e 1945.  Golpe militar em 1930 derruba o governo e assume Getúlio Vargas que fica esses quinze anos como presidente.   Ele tinha simpatia pelo fascismo italiano, tempos de Mussolini governando aquele país.   Aqui o longo governo de Getúlio recebeu o nome de Estado Novo.

         Trecho que destaco na íntegra do livro:

         “Para a historiadora Maria L.T. Carneiro da UFRB Universidade Federal do Recôncavo Baiano, o governo Vargas exibia características do fascismo europeu como a ideia de um estado forte, a personificação do poder central, a crítica à democracia parlamentar, a luta contra a pluralidade de partidos, o combate às ´ideias exóticas`, a adoção de uma política migratória antissemita, além da censura e da repressão”.

           Vargas colocou na clandestinidade vários partidos que se opunham a isso.   (página 120 do livro em pauta).

         Amedeo tomava em casa o “negrone”, aperitivo preparado com campari, cinzano e gin”.

         II Guerra Mundial

         Dia 22-05-1939 a Itália e Alemanha assinam o Pacto de Aço com o qual o Reich assegura a aliança do regime fascista em vista do desencadeamento da guerra.

         Em setembro de 1939 a Alemanha invade a Polônia e começa a II GM. Os chamados Países do Eixo era composto por Alemanha, Itália e Japão que se confrontaram com os Aliados.

         Varios navios brasileiros foram atacados durante a guerra.

         No Brasil, imigrantes da Alemanha, Italia e Japão não podiam ostentar seus símbolos e nem se manifestar na língua deles.

         A polícia confiscou os rádios dos imigrantes do Eixo.   Em 1941, após o ataque à base americana de Pearl Harbor (no Havai) os USA entram na guerra.   Entra e passa a pressionar o Brasil para entrar também pelos Aliados.

         Teria havido 607 mortes de brasileiros em navios afundados pelos países do Eixo em nossa costa marítima.

         O Brasil entra na guerra e há racionamento de combustível, sal e alguns outros gêneros.

         Em termos da colonização do Norte do Paraná, por esta época já havia pouca madeira para a atividade da serraria do Amedeo, que muda a mesma para Arapongas onde ainda havia abundância de oferta de toras para serraria.

         Muda em 1942.      Nesse tempo um vizinho pernambucano treinou um papagaio para falar palavras ofensivas em italiano.  Isto deixava Amedeo muito aborrecido.

         Em certa etapa da guerra, a Itália muda de posição.  Abandona o Eixo e passa a combater os Alemães.

         Nesse tempo o Império Britânico vai se desfazendo.  Vai perdendo suas colônias espalhadas pelo mundo afora.

         Em 1943 o Brasil adere à ONU Organização das Nações Unidas.   Os USA montam uma base militar em Natal-RN que fica num ponto estratégico inclusive por ter uma maior proximidade com a costa africana.

         Cai Mussolini na Itália e esta é subjugada pelos Aliados e nessa ocasião a Itália se volta contra os Alemães.

         Em março de 1943, Getúlio coloca a FEB Força Expedicionária Brasileira a serviço da guerra em território italiano combatendo os alemães.

         A guerra terminou em 1945.     

         Em 1947 oficialmente é inaugurada a cidade de Maringá.   Antes dessa data já havia colonos no local.  Entre os pioneiros em Maringá, o padre alemão Michael Emil Clement Scherer, que em 1936 compra o primeiro lote rural de 800 alqueires  (24.200 m2. Cada alqueire) em Maringá.  Foi assim o primeiro fazendeiro de Maringá, o primeiro padre e o primeiro morador local.

         Decreto de Vargas do final de 1943 obriga os municípios com nomes inspirados em países do Eixo a mudarem de nome.   Nessa leva, a Nova Dantizig passa a se chamar Cambé-PR e assim por diante.

         Consta que na II GM o Brasil da era Vargas mandou 25.334 soldados para a Itália para combater a Alemanha.    Lema dos brasileiros na guerra: A cobra está fumando.    Isto porque antes da decisão do Brasil entrar na guerra nosso povo costumava dizer que só entraríamos quando a cobra fumasse.

         Em 22-04-1945 a Russia toma Berlim, a capital da Alemanha.  No dia seguinte, Hitler se suicida e uma semana depois, a Alemanha se rende.

         Mussolini tenta fugir para a Suiça com a amante e é pego e assassinado.

         O Japão continuou os combates.  Em agosto de 1945 os USA soltaram duas bombas atômicas que mataram muitos milhares de japoneses.   Em 02-09-1945 o Japão se rendeu e terminou a II G.M.

        

         Continua no capitulo 8/9