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segunda-feira, 23 de junho de 2025

Cap. 3/10 - fichamento do livro - 8/1 A REBELIÃO DOS MANÉS - coautores - PEDRO FIORI ARANTES et alli (2024)

 capítulo 3/10                        junho de 2025

             ( autor Pedro Fiori Arantes é Professor da UNIFESP - Campus Guarulhos SP)

         Já em 2018 o Eduardo Bolsonaro na bravata já falava em fechar o STF "com um jipe, um soldado e um cabo".     Ameaçava uma Ditadura.

         O povo viu tanto pela mídia os votos dos ministros do STF que ficou conhecendo mais o nome dos ministros do que os dos jogadores da nossa seleção de futebol.

         O PT no governo ficou encurralado nesse embate que ficou mais entre a direita raivosa e o Supremo – STF.

         “O Supremo ficou como o último baluarte do Estado de Direito no caso”.    Só que esse protagonismo do STF nas crises de 2013 para cá marcou posições muito controversas como nos casos:  Em 2014, o alinhamento em muitas posições da Lava Jato.     Também sobre admitir prisão em segunda instância que não tem respaldo constitucional.    Mais as ratificações das delações premiadas.    Soma-se a restrição do foro privilegiado em certos casos para políticos.

         Homologações das delações como o da Odebrecht.   Aplicação da teoria do domínio do fato.   Se alguém da hierarquia cometeu delito, o chefe máximo também é solidário no delito (mesmo que por delegação o subalterno agiu sem o conhecimento do chefe).   Para punir líder do PT.    Essa teoria foi escavada no passado da Alemanha e quase nunca tinha sido colocada em prática.

         Ainda exemplo sobre passar por cima das leis.    Cita o presidente de Israel Benjamin Netanyahu que, mesmo com ampla oposição das ruas, conseguiu aprovar uma lei que permite à maioria do Congresso reverter decisões da Suprema Corte.   (O que fere a Democracia).

         Os autores do livro Como as Democracias Morrem, da autoria de dois Professores da Universidade de Harvard já alertavam sobre essa prática.  (eu li e resenhei também este livro fundamental):   “...que o ataque ao Judiciário costuma ser o primeiro passo dos autocratas para se perpetuar no poder.”.

         Sobre os acampados de Brasilia que depois invadiram a Praça dos três poderes:  Havia lá um chamado “Grupo Selva” entre os acampados e o nome se liga a uma frase de um grito rebelde de militares.

         Os acampados criaram nas vésperas do 8 de janeiro uma senha para o que viria a ser o quebra-quebra (buscando conseguirem a GLO e um golpe militar).  A senha era Festa da Selma para disfarçar Selva.

         Página 47 – Capítulo:   História e Imaginário da tomada de poder

         Os autores citam casos de revoluções onde o povo oprimido toma o poder dos representantes dos abastados.   Isto no caso da Revolução Francesa (1789), Revolução Russa (1917), Revolução Cubana (1959).    Contrariamente, no caso do 8 de janeiro era a direita radical que tem ligação com o capital e as elites que teria insuflado os acampados.

         A fotografia documentando revoluções

         “Nas imagens, a revolução não é abstrata, mas material, não é um mero conceito, mas o retrato da ação das massas alterando seu destino”.

         ...”Susan Sontag no livro Sobre Fotografia (1977)...  “A fotografia não é apenas uma representação passiva da realidade mas interpretação ativa, que seleciona e interpreta o mundo”.    “Ela pode distorcer, omitir e ficcionar a realidade, ainda que pareça seu registro fiel”.

         Eu, leitor, destaco algo que me parece tanger essa colocação da Sontag:

         Um exemplo recente nas passeatas em tempo de eleição no Brasil.  Direita e Esquerda se alternando em passeatas.   Alguém interessado em mostrar pouca adesão, ia e fotografava o evento na fase em que estava no apronto antes de começar a passeata em si e aparentava pouca gente.     Em situação contrária, uns pegavam foto de uma passeata da sua turma e maquiava a multidão de forma a parecer que esta era muito maior.   Tornam assim a foto um embuste.

        

         Continua no capítulo 4 de 10 previstos.     (grato aos leitores.   Se puderem replicar, sempre é interessante).

quarta-feira, 18 de junho de 2025

Cap.2/10 - fichamento do livro 8/1 A Rebelião dos Manés - Coautores - PEDRO FIORI ARANTES E OUTROS - 1ª edição 2024

 ... uma legião de "Guerreiros prontos para a morte pelo Capitão"

        Convite ao "estranhamento" do 8 de janeiro.

        Na ditadura militar, nunca a esquerda cogitou sequer atacar os Palácios de Brasilia, sede do poder.

        Houve passeatas de diversos grupos populares em Brasília em eventos anteriores, mas nunca atacaram Palácios.     ..."sempre respeitaram a intocabilidade de Brasília".

        Qualquer "marcha" para Brasília é facilmente detectável e controlável pelo poder constituído.    Até pelos deslocamentos que as pessoas tem que fazer para chegar ao centro do Brasil.

        Houve algumas "ocupações" do Congresso em ocasiões em que grupos buscavam resguardar interesses em votações.

        "Ocupações temáticas, mais ou menos violentas, ocorreram em votações por garantia de direitos ou contra a supressão de direitos".

        Máscaras dos Anonymous (inspiradas em Guy Fawkes) apareceram em manifestações.

        No governo Temer, houve protesto em Brasília e ele decretou GLO Garantia da Lei e da Ordem, acionando o Exército.   Houve então forte reação por conta do exagero da medida e no dia seguinte, o Temer revogou a GLO.

        A Constituição em seu artigo 142 prevê GLO ..."mas estabelece que o papel das Forças Armadas como garantidor dos poderes Constitucionais.  Isto não significa  que autoriza as FFAA a arbitrar conflitos entre poderes como poder moderador".

        Desde a proclamação da república, temos longo histórico de dez golpes e intentonas (tentativas de golpes) militares no Brasil.

        "a convocação de uma GLO em Brasília em meio a uma rebelião pode levar a uma ruptura da ordem democrática e não à sua garantia".

        No 8/1 os manifestantes tinham a intenção de provocar uma GLO para os militares tomarem o poder.   Queriam uma Ditadura.

        O jurista conservador Ivens Gandra era um incentivador da GLO no caso do 8/1.

        "Sobre a invasão e depredações nos palácios no 8/1:  A autoria foi dos autodenominados 'patriotas', 'cristãos' e 'cidadãos de bem' ".

        "No caso do 8/1 normalizado pela mídia como atos antidemocráticos ou atos golpistas, utilizaremos diferentes termos conforme o ponto em discussão mas consideramos mais correta a definição como rebelião e insurreição".

        Na nota de rodapé:  "Lembramos que o impeachment da Dilma não foi só resultado da voz das ruas, mas uma confabulação que envolveu Parlamento, Judiciário, grande mídia e interesses do capital".

        Recordando:  (página 36) -  "A ascensão do fascismo, do nazismo e das ditaduras sul-americanas sempre recebeu o apoio dos principais capitalistas e das máfias locais".

        Capítulo - Os cidadãos de bem em fúria

        A direita se tornou insurgente?

        "Desde novembro de 2022, parcela dos 'patriotas' se apresenta como 'manés da revolta' contra o STF e o TSE Tribunal Superior Eleitoral.

        Conjurados...  Essa do mané foi depois do episódio no exterior quando um bolsonarista irritou na entrada do Hotel onde o Ministro Barroso do STF estava chegando e foi abordado aos gritos pelo bolsonarista que estava num grupinho para hostilizar o ministro.    Este se irritou e soltou a frase:    "Perdeu, mané.  Não amola".

        Essa frase causou grande ressentimento nos fanáticos da direita.   Os revoltosos inclusive picharam a estátua da Deusa da Justiça em frente ao Palácio com os dizeres:  "Perdeu, Mané".    O caso repercutiu muito e a autora do ato respondeu processo.

        Os  revoltosos do 8/1 imputavam à Justiça (TSE e STF) a derrota deles nas urnas.   Na época da eleição de 2022, o STF já havia aberto inquéritos contra o chamado Gabinete do Ódio e as mídias digitais.   Estes que espalhavam em massa, materiais antidemocráticos nas redes sociais.

        O poder Judiciário era o poder que agiu com mais vigor contra os atos ilegais e antidemocráticos.   A ira da direita cria a frase:  "Supremo é o povo e não o Tribunal".

        Já em 2018 o Eduardo Bolsonaro na bravata já falava em fechar o STF "com um jipe, um soldado e um cabo".     Ameaçava uma Ditadura.

        continua no capítulo 3/10

    (gratidão aos leitores que vem seguindo nossas resenhas extensas que não seguem metodologia formal)                            junho de 2025































segunda-feira, 16 de junho de 2025

Capítulo 1/10 - fichamento do livro - 8/1 A Rebelião dos Manés - Autores PEDRO FIORI ARANTES et alli. - 1ª ed. 2024

 

                                                       junho de 2025

      Há pouco tempo tive informação pelo próprio autor de um livro que coloca luz sobre fatos que tem ocorrido de forma sorrateira no Brasil e que teve os dedos dos militares.    Trata-se do livro O Brasil no Espectro de uma Guerra Híbrida de autoria do Antropólogo Piero Leirner, Professor Dr da UFSCar Universidade Federal de São Carlos – SP.   Li o livro dele que foi o segundo pesquisador brasileiro a ter acesso ao Exército e fez estudos por duas décadas e os fundamentos que ele coloca no livro são sempre baseados em fatos e documentos e sujeitos à apreciação dos pares da Academia. 

     Li o livro acima e fiz o fichamento e publiquei no meu blog amador. 

     Através deste, fiquei sabendo do livro 8/1 A Rebelião dos Manés, publicado em 2024 – 1ª edição pelos co autores Pedro Fiori Arantes, Fernando Frias e Maria Luiza Menezes.    O primeiro citado é Professor da UNIFESP campus de Guarulhos-SP.      (livro da Editora Edra)

         Vamos ao primeiro capítulo deste fichamento previsto para dez capítulos de duas páginas cada.    O livro tem 170 páginas.

         Início da leitura dia 05-06-2025.

         O prefácio do livro é de Tales Ab´Sáber.   São 16 páginas de prefácio.

         A velha mídia  como jornais, rádio e TV estão perdendo espaço e o espaço crescente das mídias nas redes sociais via internet.

         ...”nova literatura de interpretação, e do capitalismo contemporâneo, desde o lugar ´estranho´ do Brasil no mundo, não mais um país periférico..., mas tão mundialmente  integrado  quanto inteiramente dependente na prática:  não mais um país pobre..., mas sempre absolutamente injusto e por isso imensamente violento”.

         ...média no Brasil de 45.000 assassinatos por ano.

         Página 9 -  a linha deste livro segundo o do prefácio:   “Os trabalhos que, reconhecendo a situação histórica e social nova... fazendo uma atenta historiografia crítica do presente.   8/1 A Rebelião dos Manés está claramente nesta posição”.

         ... nestes tempos de governos do PT... de modos que o PT, para amplos e múltiplos setores sociais, tornou-se o destino crítico verdadeiro de uma democracia tendente à social-democracia de fato e ao socialismo democrático”.

         Nos tempos da ditadura (1964-1985) os diferentes movimentos da esquerda convergiram, entre estes igreja, sindicatos, universidades, intelectuais etc  .... “o espírito verdadeiramente democrático e esperançoso de populações urbanas, de uma sociedade muito autoritária e desigual, convergiram e se unificaram no projeto político institucional de levar Lula ao poder”.    

         ... “os dez anos lulistas foram materialmente significativos para os pobres no país, e espetacularmente favoráveis à mística petista, assim confirmada”.

         “A direita vai se articulando e em 2013 começa a colocar o povo nas ruas.   Mais adiante, o levante antipetista com o advento da Lava Jato do Juiz Sergio Moro alimentando a ideologia da corrupção petista absoluta, confundindo o sistema geral da corrupção do Estado capitalista com o partido dos Trabalhadores no poder, em nome dos tucanos e em um segundo tempo, do messias do caos, Jair Bolsonaro...”

         Um congresso conservador, o uso das redes sociais, os métodos fascistas e tudo o mais, espalhou o ódio.   (página 19)

         A direita...  “A impertinência, o desrecalque da violência direta, o direito à mentira de massas – bem liberado pela justiça e pelo jornalismo oficial em 2018...   “o uso das redes sociais coordenadas para a máxima circulação da propaganda fascista...   erigir falso líder autoritário como solução absoluta...”

         “Muito desta política de radicalização, que inventou a ideia de polarização.....   A extrema direita foi montando... “uma legião de guerreiros prontos para a morte pelo Capitão” ...

        sobre a direita...   “De fato, não era revolucionária, mas simplesmente agregada e submissa ao poder ditatorial arqui-tradicional brasileiro que conjurava.”

         “A rebelião dos Manés queria nos fazer a todos manés de uma nova ordem de malandros, ideólogos fascistas e velhos militares brasileiros, tão espertos como ignorantes, no poder”.         Fim da fala do prefácio.

         Segue no capítulo 2

terça-feira, 3 de junho de 2025

Capítulo 9 (final) - fichamento do livro - SEGUNDA VIAGEM DO RJ A MG E A SÃO PAULO - Autor: Botânico francês SAINT HILAIRE (Ano 1822)

fichamento do livro SEGUNDA VIAGEM DO RJ A MG E A SÃO PAULO - Autor: Botânico francês SAINT HILAIRE (Ano 1822)
capítulo final 9
O povo local sempre sabe quantos pés de café tem os grandes proprietários e quantos negros eles tem. Os ricos... “vivem contentes enquanto não tenham diferença realmente senão pela vanglória da fama, dos pobres que vegetam a pequena distância de suas casas”.
Neste livro aparece o vocábulo que eu só tinha visto numa das biografias de Lampião escrita por um jornalista. Palavra: almocreve. O que tem profissão de ir em comboio levando dinheiro de comerciantes para compra de produtos para abastecer o comércio dos que fizeram as encomendas. Almocreve e sua prática da almocrevaria.
Cita a nova vila de Bananal SP que foi muito rica. Alavancada pela cultura do café e por ficar na rota da estrada que descia de MG para o Vale do Paraíba onde bifurcava para SP e RJ.
(Li um livro sobre Bananal SP e quero ir visitar a cidade hora dessas)
Na página 202 o autor cita uma lenda indígena que ouviu de um indígena da sua comitiva. A arara e o urubu. O urubu convidou a arara para um banquete e serviu a ela carne de anta estragada. A arara ficou uma arara de raiva. Passa um tempinho ela dá o troco convidando o urubu para um banquete e encheu a mesa de comidas à base de frutos da sapucaia. O urubu comeu demais e a comida fez caírem todas as penas da cabeça. Desde então, todo urubu não tem penas na cabeça.
Fez constar que o povo do interior atribui o bócio (papo) à água fria das regiões serranas. Na verdade o bócio ocorria, como já foi citado, à falta do mineral iodo na dieta. O que foi contornado bem mais adiante pela adição de iodo no sal de cozinha.
A recorrente precariedade dos ranchos onde os viajantes faziam pousos. Muitas vezes só tinha o telhado e sem paredes laterais. Chuva, vento e frio eram enormes incômodos aos viajantes. Os pousos eram tão precários que nem eram cobrados pelos comerciantes que ganhavam o dinheiro ao fornecer alimentos para os viajantes e a tropa, cercado para os animais pousarem.
“Tenho quase tanto medo da chuva quando estou num rancho, do que quando fora”.
O aborrecimento do Botânico com o tropeiro que lhe presta serviço. O tropeiro sempre tinha pressa e se incomodava do patrão estar fazendo paradas para coleta de plantas de interesse da pesquisa. Tanto a coleta como o preparo e acondicionamento para viagem tomavam tempo e causavam impaciência no tropeiro.
Quando pousavam num rancho coberto, era comum haver outros viajantes no mesmo local alojado e acendiam fogueiras. A fumaça incomodava muito o botânico que ficava com os olhos ardendo.
Na parte final do livro o autor dedica sete páginas para fazer um balanço detalhado de tudo o que foi gasto durante a viagem. Até as gorjetas dadas entraram no relatório, assim como o milho para os animais.

FIM. 03-06-2025 


    Próxima leitura e resenha:    UM RIO NA ESCURIDÃO - Autor Masaji Ishikawa

domingo, 1 de junho de 2025

Cap. 8/9 - fichamento do livro SEGUNDA VIAGEM DO RJ A MG E A SÃO PAULO - autor: Botânico francês SAINT HILAIRE (ano de 1822)

capítulo                8                maio de 2025

 

         Após 1822 quando o Brasil conquistou a independência, o rei perde poder aqui e os ricos influentes e funcionários graduados civis e militares, com destaque para estes últimos, crescem em poder a ponto de prejudicar os mais pobres.

         “Assim o pobre lastima o Rei e os capitães-generaes porque não sabe mais a quem implorar apoio”.

         Um nobre de Vila Rica (atual Ouro Preto-MG) tinha terras com plantio de mamona.  Deixou de cultivar a área e cresceu a mata no local por setenta anos.  Após esse tempo, a área voltou a ser cultivada com a derrubada da mata e a mamona voltou a vegetar e produzir normalmente.  

         As terras dos fazendeiros perto das estradas tem as casas dos agregados, sendo que os donos fazem suas casas longe da estrada para não serem incomodados pelos viajantes.

         Na rota SP ao RJ,   “é para lá de Lorena-SP que recomeça a encontrar os homens ricos.  Devem todos a fortuna à cultura do café”.  (página 185)

         O autor encontrou pelas estradas tropas transportando sal e ferro.   Este ficou indignado e disse que é uma vergonha um país tão rico em minério de ferro, ficar importando ferro da Europa.   Sugere que o Governo deveria colocar uma taxa alta do ferro importado e assim os ricos daqui seriam induzidos a montar fábricas para a produção de ferro ao menos para o consumo interno.

         Destaca a recorrente figura do Capitão Mor que manda nos vilarejos.  Fala de Areia, local no trecho Rio- SP onde ainda havia a cultura do café.

         “Tiram-se mudas dos velhos cafezais.  Começam elas produzir aos três anos e estão a pleno vigor aos quatro anos”.

         “Já no pleno viço cada pé de café dá de três a quatro libras (cada libra 453 gramas) de frutos.   (penso que é café em coco, ou seja, com casca)

         Podam os ponteiros dos pés de café para que não fiquem muito altos e assim facilita as colheitas manuais.

         Cafezal velho, fazem a recepa, cortando quase toda a planta deixando algo em torno de meio metro de tronco e vem uma rebrota que retoma o vigor da planta e volta a produzir por anos.

         Encontrou na região vários imigrantes europeus, dentre eles, franceses que vieram em busca de prosperidade e o Brasil era visto como boa alternativa.

         “Nos últimos seis anos tem imigrado para este país, grande quantidade de franceses, atraídos em sua maioria, pela fama de riqueza de que o Brasil goza na Europa e a esperança de rápida fortuna”.

         “Consta a maioria de militares de ambições contrariadas, operários sem clientela e aventureiros desprovidos de princípios e moral”.

         Muitos se deram bem no Brasil e alguns voltaram frustrados para a Europa ou migraram para a América Espanhola.

         Cita a vila de Cunha-SP.   Local na Serra da Mantiqueira, lugar alto na rota do caminho real de MG a Paraty-RJ e de lá derivando para SP e RJ.

         Em Cunha também se plantava café.  No meio do cafezal, plantavam milho e feijão.   (destaco como leitor que até os anos 70 inclusive aqui no Norte do Paraná era comum os pequenos cafeicultores plantarem o que chamavam de lavoura branca no meio dos cafezais.   Milho, feijão e arroz)

         Cita que ouvia do povo local que precisava de três negros para cuidar de dois mil pés de café em produção.

         Quanto mais o autor de aproxima da cidade do Rio de Janeiro, mais via cafezais e riqueza.   Cita a vila de Rezende – RJ e seus cafezais.   Havia fazendas de 40, 60, .. 100 mil pés de café.

         Os ricos pouco se interessavam em estudar os filhos.  Não se vestem bem e comem basicamente arroz e feijão.      ...”o aumento da fortuna se presta muito mais para lhes satisfazer a vaidade do que lhes aumentar o conforto”.   (página 198 de 220)

         O povo local sempre sabe quantos pés de café tem os grandes proprietários e quantos negros eles tem.  

        

         Continua no capítulo final            9 

quinta-feira, 29 de maio de 2025

Cap. 7 - fichamento do livro - SEGUNDA VIAGEM DO RJ A MG E A SÃO PAULO - autor: Botânico francês SAINT HILAIRE (ano de 1822)

 capítulo   7                maio de 2025

 

         As estalagens para viajantes no interior  ...  “não passam de verdadeiros prostíbulos, quer mantidas por mulheres ou homens”.    ....”tais mulheres, além disto, são muito raramente bonitas e sempre desprovidas de graças e atrativos”.

         A abundância de peixes nas vilas do vale do Rio Paraíba do Sul.   No comércio, peixe fresco ou peixe conservado salgado como se faz com o bacalhau.

         O autor cita pastos de ervas peludas e eu, leitor, acho que se trata do capim gordura ou capim catingueiro.  Ele diz que essas tais ervas peludas não são bem aceitas por cavalos e burros.

         Vê na região povo muito pobre, mal vestido e sujo.   As crianças são até bonitas mas dos doze anos em diante  ficam feias de feição por conta da má nutrição.

         Jacareí – SP  - página 153 de 220

         “Desde Baependy-MG até Jacareí – SP não cesso de vier gente com bócio”   (papo por falta de iodo na alimentação por isso hoje em dia se adiciona iodo ao sal comum para evitar esse mal)

         “Mais gente com bócio em Jarareí-SP”.

         Os homens dessa região do Vale do Paraíba   “Não mostram a menor curiosidade, falam pouco e são muito menos educados que os de Minas.   Os mulatos são comuns em Minas e raros no vale do Paraíba”

         Diz que o povo não via quase nada de vantagem entre o Brasil colônia de Portugal (até 1822) e o Brasil agora independente.   Ele em expedição no Brasil entre 1818 e 1822 neste percurso.   Ele fez outros por Goiás, Norte de MG, estados do sul.

         A única diferença que os povos locais notam é que após a independência, podem exportar produtos como tabaco, açúcar e café sem passar pelo crivo e taxação de Portugal. 

         Na região de Jacareí, nota a rotina do povo em casa na beira da estrada catando piolhos entre si sem preocupação em ser vistos.

         Mogi das Cruzes SP.   Terras pouco férteis.   Na época a principal produção era de algodão nessa vila.    No passado plantavam cana mas o café passou a ser mais lucrativo e foram migrando para a cultura do café.

         Taubaté -SP e Jacareí – SP.  Região de criação de porcos que são tangidos até o Rio de Janeiro ou abatidos em parte e enviado o toucinho para Santos.

         A paróquia de Nossa Senhora da Penha na cidade de São Paulo fica num lugar alto e é vista de longe.

         O pesquisador destacou o papel relevante de José Bonifácio de Andrada e Silva e do irmão deste no desenvolvimento da região.

         Capítulo VI      A volta de São Paulo rumo ao Rio de Janeiro.

         Alugou oito burros para a viagem.  Custo de uma “dobra” por animal alugado.

         Atrasou a partida de São Paulo por causa das festas da Páscoa.   Ele descreve de forma interessante como o povo celebrava a Semana Santa em São Paulo no ano de 1822.    Ele participou dos ritos e chegou a tomar a comunhão das mãos do Bispo de São Paulo.    Lamentou que o povo simples não dava muito atenção para os ritos em si.    Disse que o povo conhece pouco dos fundamentos da religião Católica e tem pouca leitura.

         Cita passar na estrada por pessoa nobre.   O nobre leva um copo de prata preso por uma corrente também de prata pendurada ao pescoço.  Usa o copo com a corrente para alcançar água nos regatos da estrada sem descer do cavalo.  Viu isso de forma recorrente entre os nobres na região.

         (uns tropeiros na terra deste leitor, anos 1960, usavam um copo feito de guampa, o cifre de boi na forma de copo e um cordão para pendurar no pescoço e poder alcançar água sem descer do cavalo)

         O algodão é plantado na região porque é colhido antes da chegada do inverno.   Assim fica salvo de sofrer geadas.   Já a cana e o café ficam por longo tempo em campo e em invernos com geadas, são afetados.

         Fala dos nobres paulistanos presunçosos...   “Neles entretanto não exclui esta balda e polidez e a benevolência, não sendo irritante como a arrogância dos hespanhois.  Estes parecem reunir à alta opinião que de si tem o desprezo pelos demais humanos”.

         Na região de Jacareí o povo plantava fileira de caraguatá (planta da família do abacaxi).   Planta de folhas com espinhos nas bordas que servia de cerca das propriedades.

 

         Continua no capítulo                8

sábado, 24 de maio de 2025

Cap.6 - fichamento do livro - SEGUNDA VIAGEM DO RJ A MG E A SÃO PAULO - autor: Botânico francês SAINT HILAIRE

 capítulo 6                    maio de 2025

 

         No cultivo do fumo, semeavam na região em setembro/outubro e transplantavam as plantinhas novas no local definitivo em dezembro.   No canteiro fica mais fácil de cuidar e até molhar as plantinhas novas.  Depois que elas estavam mais crescidas, eram transplantadas para a lavoura em si.

         Após colher as folhas do fumo, arrancavam as plantas e plantavam milho  por um ou dois anos e depois deixavam a terra descansar.

         Na época Pouso Alto MG era sede de comarca em 1822.  (hoje em dia não sei se mantem o mesmo nome).

         No local chamado Passa Quatro, o rio Paraíba faz quatro curvas seguidas e daí vem o nome da comunidade local.

         Alguns ricos de MG iam ao RJ comprar escravos baratos e levavam para MG e vendiam para receber de forma parcelada ganhando juros e ficavam mais ricos.     Costumavam receber dos produtores mineiros fumo como pagamento em certos casos, produto este que tinha franco mercado no RJ e até para exportação.

         No meio do caminho havia uma cruz de madeira indicando a divisa do RJ com SP.     Rumo a SP, chegaram no vale do Paraíba a terras mais baixas e encontraram inclusive lavouras de cana e de café.     Nesta fase da caminhada, estão em Lorena-SP.   Seguiram por longo trecho com estrada acompanhando de perto o rio Paraíba.

         Para atravessarem o rio na região, usaram três canoas emparelhadas, amarradas entre si e colocaram até oito burros numa só travessia.  

         Cita que havia também bananais e plantações de laranja em pequena escala na região.    A goiaba era cultura bem recorrente por lá também.

         Nas vilas, sempre havia as oficinas de pessoas que colocavam ferraduras nos animais de carga, o que era algo essencial na época.

         Destaca a importância da estrada que havia entre o RJ e Baependy-MG.   Uma das cargas comuns para o RJ era o fumo e do Rio para MG, o sal vindo do litoral.

         Quem descia a Serra da Mantiqueira vindo de Minas Gerais, num ponto a estrada se bifurcava, sendo à esquerda para o RJ e à direita, para SP.

         Guaratinguetá, região de terra arenosa.   Culturas de cana, café e mandioca.

         O autor compara.   Em MG mesmo os mais simples moravam em casas e não tinham o hábito de dormir em redes como fazem os índios.   Já no interior de SP era comum o povo simples da roça dormirem em redes.

         Ele destaca:   “Já tive muitas vezes a ocasião de notar que por toda parte onde existiram índios, os europeus, destruindo-os, adotaram vários de seus costumes e lhes tomaram muitas palavras da língua”.

         Diz que os mineiros tem algo de superior porque “pouco se misturaram com os índios”.

         Cita da passagem por Guaratinguetá.    Cidade de igreja grande.  Maioria do comércio fechado durante a semana e as moradias também.  Os moradores ficam nas roças e criações durante a semana e vem para a Vila nos fins de semana para ir à igreja e para fazer as compras.

         Fala da cidade de Aparecida, banhada pelo rio Paraíba.   Em Aparecida... “não se vê uma casa que denuncie bem estar”...

         Gente aos domingos indo à missa.   Inclui mulheres acompanhadas e sem companhia.   Ao passar, não olham para os lados e nem respondem ao cumprimento.  Só olham “de rabo de olho” ao passar.

         Falou de Aparecida e da imagem que lá tem de Nossa Senhora.   “A imagem que ali se adora, passa por milagres e goza de grande reputação, não só na região, como nas partes mais longínquas do  Brasil”.

         Região de estrada plana e perto do rio.  Dava para se viajar numa berlinda.  (algo como uma carruagem de quatro rodas).

         Taubaté, Pindamonhangaba, também na rota rumo a SP.

         Capítulo V  - página 145

         “A vila de Taubaté é a mais importante das quais atravessei desde que entrei na capitania de SP.”   Cinco ruas cortadas por muitas travessas.

         Casinhas com quintal e neste, plantação de bananas, de café etc.

         Igreja grande mas sem janelas laterais.  Muito escura por isso.

         Na vila de Taubaté já havia um convento dos Franciscanos em 1822.

Terra de cana e de café na época.

        

         Continua no                 capítulo   7