Data/hora/local: 27-11-2015 –
8.30 as 16 h - Sede da AREAC –
Associação Regional de Engenheiros Agrônomos de Cascavel – PR - Promoção do CREA - PR
Anotações feitas pelo Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida
A abertura do evento foi
feita pelo Eng.Agr. Orley que é da Diretoria do CREA PR, representando na
ocasião o colega Galafati que preside a CEA Câmara Especializada de Agronomia
do CREA-PR e que estava em viagem.
Fala do Eng.Agr. Cícero Bley
Junior – Superintendente de Energias Renováveis de Itaipu. Ele tem mestrado no tema da
Territorialidade. Citou um programa que
Itaipu criou no passado, o Cultivando Água Boa com foco na sustentabilidade.
Ele destacou da responsabilidade
da área agronômica também nessa área de energias alternativas, como biodiesel,
etanol, biogás e outras.
O Brasil é um país com
vocação na atividade Agropecuária e no contexto podemos inclusive produzir
biogas.
O mundo está mudando, o Brasil
idem e há novos desafios sendo que um deles é a questão energética. Sobre o biogás, ele destacou que já erramos
muito nessa área e hoje temos soluções mais efetivas e temos que aplicá-las com
critério para ter sucesso.
Citou um decreto de
2004. Decreto 5163/04. Citou norma da ANEEL, de 2012, uma RN que
trata do assunto de energias alternativas.
Após essa regulamentação de
2012 houve meio do produtor rural que gera bioenergia vender o excedente para a
distribuidora da região. Citou o caso da
Granja Colombari da região de Cascavel.
O Sr.José Carlos Colombari conseguiu interligar sua produção de biogás
com a Copel e vender energia e emitir Nota Fiscal do Produtor Rural sobre o
feito.
Lembrado que o IAP Instituto
Ambiental do Paraná vem restringindo a emissão de alvarás para atividades de
maior potencial poluidor como suinocultura e avicultura por causa dos resíduos
que podem poluir ar e águas. Isto acaba
sendo um argumento a mais para os produtores rurais adotarem o biogás como uma
das soluções para a questão ambiental e ainda lucrar com a energia produzida,
além de evitar a emissão de metano no ar, um gás que tem grande ação negativa
no aquecimento global.
No mundo, o setor de Energia
entra com 32% dos GEE Gases do Efeito Estufa.
A indústria entra com 16%, o setor de Transporte entra com 23%. No caso da energia, as mais sujas são as de
carvão e petróleo.
A posição geográfica do BR
nos coloca num ambiente privilegiado em todas as formas de energia. Na Solar, nosso potencial por unidade de
área de captação é duas vezes e meia maior do que em qualquer país da
Europa. No caso da energia Eólica, no
Nordeste temos os Ventos Alísios que vem do Oceano Atlântico e são constantes,
o que é positivo para a geração e no caso do Sul, temos os Ventos Polares que
sopram constante.
O BR tem grandes reservas de
quartzo que é um dos componentes dos paineis solares e isto também nos dá uma
condição favorável para desenvolvermos esse tipo de energia.
Na parte de Biogás, também o
BR tem um amplo potencial porque nossa agricultura tropical é exuberante até
pela grande exposição ao sol o ano todo e a produção de massa é gtrande.
Países como a Alemanha, mesmo
não tendo condições tão favoráveis, vem incrementando a produção de energias
alternativas inclusive com apoio em subsídios oficiais. O Brasil, mesmo sem subsídios oficiais tem
potencial de deslanchar nesse setor de energias alternativas e vem fazendo
progressos na área.
Segundo a UNICA União da
Indústria Canavieira, o BR produz por ano ao redor de 140 milhões de toneladas
de bagaço de cana (dados de 2012). Isto
corresponde a 15% da oferta de energia no BR no mesmo ano de 2012. Boa parte da energia gerada pelo bagaço da
cana é usada pelas próprias usinas/destilarias de açucar e álcool, mas há
excedente que é vendido à rede distribuidora.
O BR tem um paradigma de
produzir energia em grandes usinas e isso causa problema de distribuição. Citou como exemplo a Usina de Itaipu que
gera energia que segue direto para a subestação de Barueri-SP na região
metropolitana da capital e grande parte dessa energia é para suprir a indústria
automobilística. Praticamente nada
dessa energia é usada no Paraná. No
caso do biogás e outras alternativas de produção de energia, poderão ser feitas
em unidades menores, mais perto dos centros de consumo numa nova lógica para o
setor de energia.
Um dado bastante favorável à
energia do Biogás. Tomando a energia
do petróleo com índice 100 de produção de GEE Gás do Efeito Estufa, o biogás
produz um índice 3, ou seja, é 97% menos poluente que a energia do petróleo.
Falou do biodiesel e a
dificuldade para o agricultor produzir para uso próprio. O óleo sai bruto com muitos elementos que
danificam o motor e reduz em muito a vida útil do mesmo. Por isso o óleo tem que passar por refino e
isto fica fora do controle do produtor.
Lembrou que o agronegócio
produção de lenha é bastante relevante no Brasil. Há um estudo do PR em termos de produção e
consumo de lenha. O consumo é distribuido
pelo estado todo e a produção é concentrada em determinadas regiões e a
logística encarece muito o produto.
Destacou que muitas propriedades rurais poderiam intercalar a produção
de grãos, de animais e florestas energéticas, estas com adubação de dejetos de
animais após a produção do biogás no tratamento de dejetos.
Tendências no Mundo – questão
de energia. Dados de três séculos. As curvas de uso da energia do carvão e do
petróleo subiram e nos tempos atuais tendem a decrescerem e a curva do gás em
geral vem subindo e tende a subir ainda mais até o meio deste século. A energia do futuro próximo terá grande
participação do gás.
No caso do BR, há meio de
produção do gás metano para fins energéticos de forma distribuida conforme a
localização da demanda, favorecendo a logística. Temos uma infinidade de resíduos animais e
vegetais com potencial para produção do biogás, desde gramíneas, resíduos de
granjas, de abatedouros de animais, etc.
No capítulo 6 de um documento
da ANEEL há dados comparativos de Eficiência Energética de diferentes fontes.
Fazer o projeto do biogás com
racionalidade e treinar quem vai operar o sistema e fazer a manutenção
necessária. Há a Associação Brasileira
do Biogás. A realidade mostra que a
grande indústria já vem operando na distribuição de gás em larga escala e
sempre há resistência a novas formas de produção de gás. É um desafio para o biogás.
Ele citou um caso meio
pioneiro no Oeste do Paraná em que se fez um condomínio de pequenos
suinocultores (Projeto Ajuricaba) para
tratarem em conjunto os dejetos, evitarem poluir os rios e obterem energia para
auto consumo e venda no excedente. Com
muita luta conseguiram (demora de quatro anos) legalizar a interligação com a
distribuidora Copel. Eram isentos de
ICMS mas recentemente o governo do Paraná tributou os mesmos, o que onerou
muito o projeto, que tem inclusive um forte viés de sequestro de carbono e que
é altamente positivo contra o efeito estufa.
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