Capítulo 3 – Sobre o Norte da Índia - 29-03-1996. 9.144 m. (no voo)
No
sobrevoo à região Jon foi colado à janela olhando os picos da Cordilheira do
Himalaia. Chegou a avistar o Everest.
Imaginou
que seu voo estaria por rotina numa altitude não muito acima da altura do
Everest. O pouso do seu voo em um
Airbus 300 foi no aeroporto de Katmandu no Nepal.
Em Katmandu,
ruas cheias de riquixás puxados por bicicletas, principalmente carregando
turistas. (eu, leitor, andei de riquixá
na Índia num dos dez dias de passeio por lá antes da pandemia).
Nas
paredes do hotel Garuda, fotos e assinaturas de famosos alpinistas que por lá
passaram ao longo dos tempos.
Viu a
lista fixada no Hotel com a chamada Trilogia do Himalaia – os três mais
famosos: Everest, K2 e o Lhotse. Pela ordem de altura, a primeira, a segunda
e a quarta mais altas do mundo.
Continua
no próximo capítulo. 03/10
O guia
de Jon, Rob Hall, da empresa Adventure Consultants, fez a proeza de – em 1994 –
em dois meses escalar os três picos famosos do Himalaia: Everest, K2 e Lhotse.
O guia
Hall, alto e magro e estava com 35 anos em 1996 na escalada de Jon. Hall é neozelandês e demorou dez anos e três
tentativas para chegar ao topo do Everest.
Quando ele se profissionalizou, escalou os sete picos famosos. Vivia de patrocínios. Só que há sempre a cobrança de fazer algo
espetacular para manter os patrocínios.
É risco constante.
Com o
tempo, mudou para a modalidade de guia de expedição. Assim sua missão era ser remunerado para
tentar chegar ao topo das montanhas com pequenos grupos de montanhistas. A pressão é menor.
O
neozelandês Hillary, que foi o pioneiro na escalada do Everest, critica as
expedições com guias remunerados e uma certa banalização da escalada. Por outro lado, a procura é sempre grande.
Hillary é
uma celebridade em seu país, Nova Zelândia – e sua foto está estampada nas
notas de cinco dólares neozelandeses.
Entre 1990 e 1995, Hall foi responsável por colocar 39 alpinistas no
topo do Everest. Em 1996 Hall estava
cobrando 65.000 dolares por alpinista para integrarem sua expedição ao
Everest. O autor deste livro, Jon, foi
na oitava expedição de Hall ao Everest, guia este muito experiente e celebrado.
Capítulo
4 do livro – Phakding – 1996, altitude 2.800 metros
Na
vizinhança do Pico Everest há comunidades tradicionais que lá residem há
séculos. Fizeram ao longo do tempo
terraplanagens nas encostas das montanhas para cultivarem e criarem animais
domésticos para sobrevivência. Culturas
mais comuns deles: trigo sarraceno,
cevada e batata. Os iaques (parecidos
com búfalos) criados na região já são mestiços do cruzamento dos iaques puros
com bovinos domésticos.
Comum
encontrar monges budistas pelas trilhas locais com suas vestes vermelhas
típicas. Os sherpas nativos da região,
comumente caminham descalços pelas encostas das montanhas onde vivem. São aclimatados à altitude e geralmente são
contratados para apoio nas expedições, nas quais carregam pesadas cargas de
equipamentos e suprimentos aos grupos.
Cargas
comuns nas trilhas das montanhas: querosene, lenha e refrigerantes. Nas encostas do Everest, uma comunidade de
apoio aos alpinistas é Namche, que fica numa altitude de 3.444 m acima do nível
do mar. São mais de cem casas dos
moradores locais.
O Nepal
tem mais de 20 milhões de habitantes e o povo sherpa do Nepal é uma minoria,
algo como 20 mil pessoas.
Os
alpinistas do ocidente muitas vezes tratam os sherpas como inferiores e
ignorantes, coisa que obviamente não são.
O Nepal conta com aproximadamente 50 diferentes grupos étnicos. Há grupos de sherpas que migraram para a
Índia há muito tempo.
A
concentração maior do povo sherpa é em Khumbu.
Não há estradas de acesso a esse local que é bem acidentado. A criação de iaques tem sido importante
fonte de renda e subsistência dos sherpas locais.
Na
região dos sherpas, eles sempre viveram adaptados a altitudes entre 2.700 e
4.200 metros acima do nível do mar.
Isto dá a eles um perfil ótimo para ajudar nas escaladas das montanhas
desafiadoras.
Na
atualidade, os sherpas tem sido requisitados para expedições num fluxo anual de
15.000 pessoas visitando a região.
Nessa lida, 53 sherpas já morreram ao longo de escaladas no Everest
desde 1922 até 1996 (ano que Jon fez a escalada).
Os
sherpas disputam as 12 a 18 vagas em cada expedição. Em uma expedição (duração ao redor de dois
meses) os sherpas experientes ganham entre 1.400 e 2.500 dolares
americanos. É uma pequena fortuna num
país onde o povo vive na miséria e a renda per capita é de 160 dolares por ano.
O
dilema: turismo crescente, concentração humana de apoio e a degradação de floresta
para obter lenha. Jovens locais já vão
abandonando os trajes típicos da cultura deles e vão adotando hábitos
ocidentais. Inclusive hábito de
assistir filmes do ocidente.
O
turismo trouxe infraestrutura que inclui pontes, energia elétrica, escolas e
serviço médico. Nesse aspecto,
melhoraram as condições de vida do povo local.
Na
rota para chegar ao Everest, Jon passou
no Tengboche, o maior mosteiro budista
do Khumbu. A língua sherpa é
falada mas não tem correspondente escrito.
Segue no capítulo 04/10
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