5ª fala - Metabolismo das Cidades e Planejamento sob a
ótica da Sustentabilidade
Palestrante: Profª Drª Cristina de Araujo Lima – UFPr
(tem doutorado em Meio Ambiente)
Graduada em
Arquitetura e Urbanismo – estudos inclusive em Bordeaux – França
O Brasil teria ao
redor de 85% da população residindo na zona urbana. Numa mesma
cidade poderemos ter um mosaico de situações como parte
antiga, parte com comércio, etc.
O planejamento é
limitado. Ela enfatiza bastante a
importância da Gestão. Destaca que na
Europa as cidades tem ritmo menor de expansão urbana do que o Brasil de hoje,
onde as cidades de médio e grande porte crescem de forma acelerada. Soluções por lá podem ser diferentes das
soluções para nossas cidades na atualidade.
Atualmente
adquirimos produtos que vem de longe, com destaque para a China. Não sabemos se esses produtos são feitos de
forma sustentável. Citou também a
cidade de Dubai, que é muito bela, luxuosa e toda brilhante, por outro lado às
custas de um exagerado gasto de energia, na contramão da sustentabilidade.
Fala da busca de
cidades mais resilientes numa visão holística.
Um equilíbrio entre uso de energia e desenvolvimento.
Citou o desafio
da cidade de Bordeaux na França, que sempre se destacou pela produção de vinhos
há séculos. A expansão urbana tem
ocupado terras que antes eram parreirais de uvas. Preocupa o povo local, pois afetaria até o
turismo.
Ela diz que as
pessoas de cada cidade deveriam saber (ter acesso aos dados) quanto está a sua
cidade emitindo do CO2 no ar; quanto está gastando de energia; quanto está aquecendo
o meio ambiente, etc. cristinaaraujolima@gmail.com
6ª fala - Mudanças
Climáticas e Saneamento Básico
Professor Dr.
Eng.Agrônomo Cleverson Andreoli
(ABES/ESAE) FGV Ele tem
doutorado em Meio Ambiente.
Um grupo de
cientistas fez um estudo sobre os maiores problemas ambientais. Colocaram como primeiro, a questão da perda
de biodiversidade no planeta. Colocaram
em segundo lugar a poluição por resíduos de adubos usados em lavouras, poluindo
solo e água com Nitrogênio e Fósforo. Em terceiro, a questão do Efeito Estufa e
o Aquecimento Global decorrente.
Ele disse que é
comum tentarmos nos colocar do lado do mocinho nisso tudo mas na prática muitas
vezes somos os vilões.
Cita como um dos
desafios, a descarbonização do saneamento.
Inventário das
Emissões de Gases do Efeito Estufa.
(GEE)
Disse que no
Brasil a primeira empresa que fez esse tipo de inventário foi a Sanepar. Emissão de gas metano nas estações de
tratamento de esgoto pelo sistema anaeróbico.
O sistema anaeróbico não gasta energia e produz energia. Queima do metano transformando-o em CO2
com aproveitamento da energia liberada.
A Sanepar opera
por enquanto só um aterro sanitário por enquanto.
Eficientização
energética.
Ele disse que o
Brasil tinha até não muito tempo atrás uma das matrizes energéticas mais limpas
do mundo com destaque em hidrelétricas e etanol. De uns tempos para cá aumentou o consumo
inclusive de gás e outros derivados de petróleo (nas termoelétricas) , sujando
nossa matriz energética.
Há parques eólicos
instalados e parados no Brasil há dois anos por falta de licença ambiental para
a instalação das redes de distribuição.
Enquanto isso, acionamos termoelétricas altamente poluentes para suprir
a demanda com danos ambientais.
No caso da Sanepar
e o tratamento de esgotos, em geral pelo sistema anaeróbico, produzem GEE nos
seguintes percentuais: 75% dos GEE no
caso são pelo metano e 10% por óxido nitroso.
Falou do gasto de
energia para elevar e transportar água para Curitiba e região metropolitana que
se localizam em local alto e que é cabeceira de nascentes e tem pouca água
disponível. Parte da água (grande
parte) tem que vir de longe e de lugares mais baixos. Gasto de energia para fazer a água chegar
até aqui. Citou um dos pontos de captação no Rio da
Várzea que requer uma elevação de quase 800 m.
Lembrou que
geograficamente o Sul e Sudeste do BR ficam numa faixa que é bem propensa a
extensões de desertos. No nosso caso
isso não ocorre porque muita água é evaporada na amazonia e viram verdadeiros
rios aéreos que seguem no rumo do Pacífico, mas encontram a barreira da
Cordilheira dos Andes e se desviam para o Sul e Sudeste do Brasil, tornando-o
rico em biodiversidade.
Falou dos povos
mais pobres que moram em encostas de morros em locais de risco. Disse que ficamos indignados com mortos em um
acidente aéreo, mas ficamos bem menos indignados com as mortes evitáveis e até
previsíveis nos sucessivos deslizamentos que ocorrem nas nossas cidades matando
tanta gente. A engenharia tem as
soluções para os deslizamentos, mas depende da vontade política do executivo.
Sobre a devolução
dos efluentes das estações de tratamentos de esgotos nos rios. No Paraná há quatro classes de rios. A classe crescente indica a que mais
tolera uma carga de DBO (demanda biológica de oxigênio) para diluir o que
restou de poluente orgânico após o tratamento. Os rios classe IV são os mais toleram a
carga de DBO.
Falou de chuvas e
os efeitos nas encostas (deslizamentos) e no assoreamento dos rios. Disse que depende da quantidade e do tempo
de cada chuva. Uma chuva de 30 mm que
cai em cinco horas causa menos danos do que uma de 30 mm que cai em meia
hora. Nesta, há menos tempo para
infiltração no solo e há mais enxurrada.
Falou sobre as
matas ciliares nas zonas rurais.
Disse que estas nos moldes atuais ajudam efetivamente mais como corredor
de fauna e proteção da flora. Por outro
lado, pouco conseguem proteger os rios se nas áreas vizinhas mantidas com
agropecuária não forem feitos os sistemas adequados de conservação do
solo. Depois que a água ganha
velocidade ladeira abaixo, não será a mata ciliar que vai segurar a barra. A conservação adequada do solo busca reter
a água e evitar as enxurradas.
Colocou um pouco
sobre o consumo de água por pessoa ao longo do tempo. No ano 100 aC o consumo era ao redor de 12
litros de água por habitante por dia.
No Império Romano,
já se gastava ao redor de 20 litros/habitante/dia
No Século XX, média de 40 litros. Hoje é comum nas cidades, consumo na casa
dos 250 litros. Na Libia estão
fazendo uma mega adutora de 3.500 km com 5 m de diâmetro para transportar água
para abastecer as populações. Alto
custo inclusive em dispêndio de energia e seus efeitos no aquecimento global.
Aqui em Curitiba e
região metropolitana nossa rede de esgoto padece de, havendo chuvas, parte da
água pluvial migrar para a rede de esgoto, causando transtornos nas estações de
tratamento de esgotos.
Sobre reuso de
água de esgoto após tratada. Poderia
ser liberada para certos usos de forma controlada. A China irriga ao redor de 1.300.000 ha de
lavouras com água de reuso de esgotos tratados. Um pouco de matéria orgânica que fica após
o tratamento é até benéfico e seguro para muitos tipos de vegetais, quando tudo
é planejado e monitorado.
No Brasil as
normas são tão restritivas que tem sido inviável usar água de reuso em
agropecuária. É uma questão que está
posta para a Academia e à sociedade.