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segunda-feira, 23 de novembro de 2020

CAP. 04/10 - fichamento - livro - RECADO DE PRIMAVERA - autor: RUBEM BRAGA - cronista

CAP 04/10

         Página 41 – “O holandês que cortava pepinos”

         O cronista morou uns tempos no Marrocos.   Em Tanger, frequentava às vezes o Bar Consulado, perto de alguns consulados.   Então alguns funcionários de consulado, se estivesse no bar poderia dizer no telefone que estava no Consulado.  Só que não...sqn.

         Fala do holandês que era albanês com passaporte irlandês, tudo menos holandês.    Vivia do comércio e outras variações baseado em Tanger, também no Marrocos.    Pilotava barcos de pequeno porte.    Descreve a mulher do holandês, que dirigia seus negócios em Tanger.

         ...”tinha uma pequena mulher de cabelos brancos azulados, sempre de calças compridas, sorridente, de olhos azuis, com uns restos de beleza”.

         Um dia havia um show na vizinha costa espanhola e o holandês montou uma pequena excursão com os amigos para lá e o contista foi junto.  Na volta, a polícia marítima parou o barco e viu que o piloto não tinha credencial para navegar por lá com passageiros.   Quase deu cana.   

         45 – O colégio da Tia Gracinha (irmã do avô do cronista em Cachoeiro do Itapemirim-ES).    A escola era um internato de moças.   Ali estudavam moças filhas de fazendeiros e famílias de remediadas para cima.    “Elas não aprendiam datilografia nem taquigrafia, pois o tempo era de pouca máquina e nenhuma pressa”.  (década de 20 do século passado)

         “Recebiam uma instrução geral, uma espécie de curso primário reforçado, o mais eram as prendas domésticas.   Trabalhos caseiros e graças especiais: bordados, jardinagem, francês, piano...”

         “A carreira de toda moça era casar...”

         Nesta crônica ele cita o Córrego Amarelo que é objeto de outra crônica dele, muito linda por sinal.   Nesta fala do córrego limpo e bonito da sua infância que depois virou esgoto da cidade para o desgosto do cronista.    O córrego é afluente do Rio Itapemirim.

         O colégio ficava à margem do Córrego Amarelo.      Crônica de abril de 1979.

         47 – “O macuco tem ovos azuis”.

         “Ah. Eu sou do tempo em que todos os telefones eram pretos e todas as geladeiras eram brancas”.     No decorrer da crônica ele vai falando das mudanças do cotidiano ao longo do tempo e através dos lugares, ele sendo capixaba vivendo no RJ após passar um tempo trabalhando em Belo Horizonte.    Os telefones ganharam cor e geladeiras também.    Nesse tempo ele morava em Niteroi na casa de parentes, sendo então um jovem solitário e tinha descoberto que o macuco tem o nome científico de Tinamus solitarius e ligou isso à sua solidão da época.   E ele conheceu ninhos da ave macuco e sabia que os ovos destes são azuis e ele arremata o conto.  Os telefones não são mais pretos, as geladeiras não são mais só brancas, mas os ovos de macuco continuam sempre azuis.       

         47 - Restaurante tipo americano, automático no RJ.   A pessoa colocava uma ficha e saia por uma janelinha um prato feito.     Nesse tempo lia-se a revista Eu Sei Tudo, do francês, no título original, Je Sais Tout”.

         48 – Cita o militar graduado da Guarda Nacional, brasileiro, morando em Paris na Primeira Guerra Mundial.   Galã, tinha um punhado de estratégias de conquista, incluindo cartões de apresentação só para esse fim, que distribuía a dedo no metrô e alguns espaços públicos.    Faturou todas, pelo que relataria em livro.   “Quatrocentas e tantas...”.   O cronista cita o livro do tal Medeiros e Albuquerque.    O título do livro:  Quando eu era Vivo, editado pela Editora Record do RJ em 1982.

         Em outra crônica fala de Niteroi de outros tempos.  Era Nictheroy, mas em compensação a praia era limpinha!   Anos 1929-1930.

         Morava então na casa de uma parente que era professora de escola pública em Niteroi que então pertencia ao Distrito Federal.   A professora ficava com muita raiva porque era obrigada a assinar (com desconto automático na folha de pagamento do salário) o Jornal do Brasil que era então o órgão oficial do Distrito Federal.

         50 – O português correto.    Um dia o amigo boêmio deu uma dica a ele.   “Olhe, Rubem, faça como eu, não tope parada com a gramática:  dê uma voltinha e diga a mesma coisa de outro jeito”.

         51 – “O espanhol que morreu”.     E o tal, segundo a crônica da mulherada da zona do Alto da Lapa, era um esbanjador querido no local.   Um dia morreu e o pessoal sentia falta dele no lugar.   Um dia aparecem três amigos lá e uma das mulheres insistia que um deles era o “morto”, o falado espanhol.    Falou tanto disso que deixou o rapaz parecido com o espanhol falecido desconcertado.  Se sentiu um pouco como um morto que retornou não sei de onde para não sei o quê.        Janeiro de 1948.

         55 – “Lembrança de Tenerá”.      Tenerá era um velho solitário que sempre tinha seus cães de estimação e morava temporariamente num porão perto da casa da infância do cronista em Cachoeiro.   Era bem popular na cidade e era papudo.   Dizia sempre – quando cheguei aqui não tinha isto e agora tem, não tinha aquilo e agora tem, como se fosse ele que trouxe todo aquele progresso ao lugar.    E adestrava cães da vizinhança fazendo uns bicos.   

         Às vezes sumia, passava uns tempos não sei onde e de repente voltava pra Cachoeiro.     Nesse tempo o cronista bem jovem trabalhou uns tempos numa farmácia de manipulação (comuns na época – anos 20/30) e lá via o farmacêutico misturar as drogas para preparar remédios.

         O cronista batia papo com o Tenerá.     Um dia o Tenerá aprontou alguma malandragem e foi preso.   Pena leve, o delegado mandava darem a ele uma enxada e ele tinha que capinar a frente da delegacia, sol alto.   Ele reclamando em voz alta para quem passasse ouvisse e para que o delegado também ouvisse:   -Eu já estive preso em cadeia melhor que esta.   Muito melhor do que esta porcaria!”         Crônica de setembro de 1969.

 

         Continua no capítulo 5/10 

domingo, 22 de novembro de 2020

CAP. 03/10 - fichamento - livro - RECADO DE PRIMAVERA - autor: Rubem Braga (leitura novembro 2020)

 E ele falando de outro amigo, o mineiro Otavio Xavier Ferreira.  O que me colocou no jornalismo no Diário da Tarde de BH.    “Depois de me colocar cá dentro da profissão, ele, espertamente saltou fora – e naquele tempo era dono de uma lapidação e de duas joalherias”.

         Em BH, jovem, prestou o serviço militar.   Lá adiante, morando no RJ chegou a ser representante do amigo joalheiro e leu um tanto sobre pedras para poder entender o básico do assunto.    “Nunca paguei imposto”.

         Ele era amigo do Armando Nogueira que foi diretor da Rede Globo.

         25 – “A estrela que nós amamos”.     Ele era chegado ao mulherio, sempre só como aventura.   E fala dos astros e estrelas de cinema de sua época.   Domínio dos filmes americanos.    Depois vieram as novelas.  Moças bonitas e tal.  Cita Dina Sfat.   E sobre as musas das novelas:  “Muito bonita, muito interessante, mas, toda noite!”   “Não! A deusa não pode ser quotidiana...”

         28 – Falou de rodovias com árvores dos lados.  Bonitas mas se a pessoa perde o controle do volante, pode morrer no choque com uma árvore.      Por isso o desenhista e multi artista Carybé, argentino radicado no RJ disse em tom de brincadeira que iria sugerir para o DNER Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, para plantarem bananeiras ao lado das rodovias.  Segura o carro desgovernado sem matar o motorista e dá cacho.   (dá bananas ao motorista).

         29 – “Clamo, e reclamo e fico”.     Na cidade do RJ andou por um bairro arborizado e limpo, sentindo cheiro de natureza.   Depois o taxi passou pela região mais densa de povoação e aquela sujeira, poluição e mau cheiro.    Suja e poluída inclusive a água da lagoa e do mar por ali.

         Ele resume comparando a cidade do RJ com uma moça bonita.  “Esta mulher não precisa de joias nem de sedas; precisa, antes de tudo, de ser limpa”.

         30 -  Na ocasião o autor morando na Praça General Osório no RJ.   Na época dele, tinha feira hippie aos domingos na praça.

         Gente pela rua e praia andando com cães.  Muitos cães.  Imagina que andam com cães de medo de serem assaltados.

         ... “tudo apinhado de gente no RJ.... e ratos de praia e assaltantes que trabalham até dentro d´água”.   O que fazer?    “Confesso-vos que por mim eu clamo e reclamo e choro, e não saio daqui”.       -   dezembro de 1983

         33 – “O Mistério do Telegrama”.     A amante ao homem de negócios, envia um telegrama cifrado, só com as palavras-chave que coisas e lugares e situações em que ambos estavam a dois.

         O telegrama foi parar na Polícia Federal da época e ela foi chamada para depor.     Ela foi explicitando cada termo, cada situação e tudo se esclareceu e foram felizes para sempre.    Mas ficou comprovada a truculência da polícia política de então.

         36 – O baiano que falava problema, comendo o erre.  Outro justificou:  “Os baianos tem razão:  quando um problema deixa de ser problema para ser poblema, ele fica mais fácil de falar e de resolver”.

......................... continua no capítulo 04/10

CAP. 02/10 - fichamento - livro - RECADO DE PRIMAVERA - autor: Rubem Braga - leitura em novembro de 2020

 CAP 02/10

         Página 16 – Getúlio Vargas fumava charuto.    O cronista falando do tabaco:    “A propaganda do tabaco é múltipla e aliciante.  Na TV ele é um festival de saúde e beleza juvenil, com esportes finos do ar e do mar”.

         O cronista foi fumante de até dois maços e meio por dia.   Aos 19 de idade, começou a trabalhar no Diário da Tarde em BH.  Fumar, beber e jogar campista ou Pavuna.     Se formou em Direito.  Duas vezes pediu dinheiro pra família para registrar o diploma para ir atuar na sua cidade natal, Cachoeiro do Itapemirim-ES, mas nada de colocar isso em prática.   Gastou o dinheiro das ajudas no jogo.    E lá se vão cinquenta anos trabalhando em jornal.

         No cinema, todo mocinho fumava, mas não acendia o palito de fósforo na caixa.   Acendia na sola do sapato.   Coisa de moda americana.

         17 – Ele, fumante, teve binga (isqueiro).   Lá pelo ano de 1950, entrevistou Jean Paul Sartre, este que também fumava.

         17 -  “Em 1937, quando estava escrevendo Vidas Secas, em uma pensão da Rua Correia Dutra, no Catete, Graciliano Ramos fumava Selma, um cigarro com ponta de cortiça”.     O escritor tomava em jejum uma dose de cachaça que guardava no seu quarto.   Tempo de escrever com caneta tinteiro.    O cronista diz que Graciliano tinha uma letra exemplar, bonita.

         “Haviam lhe raspado a cabeça no presídio da Ilha Grande (ele era comunista), e seus cabelos ainda estavam curtos”.

         18 – Foi o cronista operado do pulmão após aparecer “um ponto” no exame do pulmão dele.   Operado pelo Dr. Fulano (ele cita) e assistida a operação por um médico amigo dele, Dr. Marcelo Garcia.    “...assistiu a operação – e deixou de fumar”.     – “Quando o Jessé abriu meu pulmão, levei um choque: eu guardava aquela imagem do pulmão, um órgão rosado...   o seu era todo escuro, e com uns picumãs pendurados”.

         (picumãs são teias de aranha de casa de sítio onde elas ficam penduradas e a fumaça do fogão de lenha com os anos tornam as teias pretas de fuligem)

         Nesse tempo o Braga fumava dois maços e meio por dia. Depois parou.   Chegava fumar entre um sono e outro.

         Feia tosse, mas que ele não associava ao cigarro.  Tosse que o impedia de ir a teatro ou cinema.    Um dia largou de fumar e a tosse sumiu.

Voltou a sentir o cheiro das coisas e também o sabor.

         Até tentou aconselhar alguns amigos, que acabavam caçoando dele.  Desistiu de tentar convence-los.   “Ah, quem quiser que se fume”.

         21 – “Uma Água-Marinha para Bárbara”

         Ele em jornal sempre ganhando modestamente.  Mais complicado na ditadura Vargas, quando ele foi colocado no regime de censura prévia dos seus artigos para o jornal.   Controlado pelo DIP Departamento de Imprensa e Propaganda  (propaganda do regime em si).

         Ficou com raiva da censura e parou um tempo de escrever para jornal e chegou a fazer uns bicos numa agência de publicidade de um amigo.

         E ele falando de outro amigo, o mineiro Otavio Xavier Ferreira.  O que me colocou no jornalismo no Diário da Tarde de BH.    “Depois de me colocar cá dentro da profissão, ele, espertamente saltou fora – e naquele tempo era dono de uma lapidação e de duas joalherias”.

 

          Continua no capítulo 03/10

CAPITULO 01/10 - fichamento - livro - RECADO DE PRIMAVERA - contista Rubem Braga - leitura em novembro de 2020

Nestes tempos carrancudos, mesmo para quem já carrega sete décadas de vivência, andei como eterno aprendiz escolhendo para ler uma pequena série de livros que tentavam mostrar alguma luz no fim do túnel que não fosse o trem.    Que ajudassem a explicar de onde a humanidade vem, onde estamos e para onde vamos.  

         Só do Yuval Noam Harari, li e fiz fichamento de três obras e segue uma pequena lista, sempre publicada no Face e no blog.     Para “espairecer”, resolvi colocar na pauta um livro de crônicas do cronista que mais me atrai, que é o capixaba de Cachoeiro do Itapemirim, Rubem Braga.  Desta vez escolhi Recado de Primavera.

         A crônica Recado de Primavera o autor diz que escreveu a pedido da Globo para homenagear o poeta Vinícius de Morais na data do primeiro ano da morte dele.

         Eu iria fazer o fichamento deste livro de 175 páginas de crônicas seguindo uma rotina do meu hobby de leitor.    Sempre li, mas de julho-1994 em diante, faço fichamento numa sequência de cadernos e este é o de número 25. (Cada um de 192 páginas tamanho  14x20).    Não iria publicar o fichamento no blog mas há uma série de pérolas, na minha avaliação, que me fez decidir por compartilhar com os amigos do Facebook e do blog.

         Então vamos ao eito:      (edição do Círculo do Livro - 1984)

         Página 7 -  “Era loura, chamava-se Norka”.   Ele e seus 16 anos deslumbrado no Teatro Fenix do Rio de Janeiro.  (e ela tocava violino) – Ano de 1960, a crônica, muito depois da cena em si.

         11 – “foi bom”.   Os dois num apartamento dele.  Um caso.   “É verdade que houve algum perigo – mas quanto cigarro fumado no sossego, também”.     Maio-1962

         12 -  “Fumando espero aquela.... – cita verso do poeta Augusto dos Anjos:

         “Toma um fósforo  //   Acenda um cigarro  //   O beijo, amigo  // é a véspera do escarro”.       (Na Paraiba do poeta ele era o Doutor Tristeza)

         Cita ainda o amigo poeta argentino Villafañe:     “Mate y cigarrillo   / / cigarrillo y mate  // y hablar de mujeres   // se nos van las tardes”

         14 – Cita o centenário do poeta e humorista Bastos Tigre e suas propagandas de cigarro -  “do bom cigarro York, marca Veado”.   No tempo em que veado era só um animal silvestre.

         Olavo Bilac teria ganho 100 mil reis com os versinhos:

         “Aviso a quem é fumante //   Tanto o Principe de Gales  // Como o doutor Campos Sales  // Usam fósforo Brilhante”.

         14 – Na Revista Sousa Cruz.... só poemas.    Os melhores poetas brasileiros (e os piores também) começaram publicando nessa revista.

         A empresa Sousa Cruz era de um comendador português.  Depois passou à British American Tobacco.   A revista fazia a cabeça dos adolescentes poetas – “e naquele tempo todos os adolescentes éramos poetas”.

         15 – O sambista e compositor Noel Rosa – fumante.  Também o compositor Lamartine Babo.   Colocam o tema em composições.   “Nos dois casos fumar aparece como algo fatal - fumar é humilhante mas ao mesmo tempo é viril”,

         16 – Lamartine Babo coloca num samba...   “Fuma Yolanda”...

         Fumar cigarros Abdullah.

         16 – Osvaldo Aranha (diplomata) fumava.   “Como era homem bonito, importante e tremendamente simpático, aquilo era uma propaganda viva de cigarro”.

         ..................continua no capítulo 02/10


quarta-feira, 18 de novembro de 2020

FALA DO PRESIDENTE NA VIDEOCONFERÊNCIA DO BRICS - CITAÇÃO DA MADEIRA ILEGAL EXPORTADA DA AMAZONIA - 17-11-2020

  SERIA UM TIRO PELA CULATRA CONTRA O BRASIL?

Engenheiro Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida - CREA 57.589-D SP v/PR

Foi feita uma reunião de Chefes de Estado dos países componentes do BRICS. Reunião pela web. Brasil, Russia, Índia, China e África do Sul.
Eu não sei bem qual era a pauta, mas penso que o destaque era a pandemia, na qual o mundo está se debatendo. Na fala do nosso presidente, do que foi mostrado na TV, ele tocou no assunto de madeira da amazonia que é exportada. Ele acusou sem provas, e parece que em assunto fora de pauta, países de importarem madeira da Amazonia ilegalmente. Ora. Ele como chefe máximo da Nação tem o DEVER DE AGIR e se foi omisso, está assinando um atestado de improbidade e de incompetência. Notícia recente na TV mostrou que o IBAMA "flexibilizou" o sistema de fiscalização e liberação de madeira da Amazonia para exportação, o que causou a justa grita das Ongs que buscam a preservação do nosso patrimônio. E que essa "flexibilização" foi considerada um cheque em branco para as próprias madeireiras atestarem que as madeiras são legais. É entregar para a raposa a chave do galinheiro.
O presidente acusou e disse que vai passar a lista de países que fez importação ilegal. Numa remota suposição, se ele mostrar uma lista focada em países com os quais ele já tem treta "pessoal" como França e alguns mais, pode o tiro sair pela culatra. Paises da Europa eventualmente em represália podem fechar o mercado para madeira da Amazonia, Legal ou Não. Vamos torcer para que haja decisões mais racionais no caso e que a Natureza seja bem cuidada e a lei seja cumprida.

domingo, 15 de novembro de 2020

CAP. 20/20 (final) - fichamento - livro - UM PACIENTE CHAMADO BRASIL - Autor: Luiz Henrique Mandetta - Médico e ex Ministro da Saúde

 CAP 20/20   (Final)       - novembro de 2020

         Sobre vida social.    “Em Brasilia a gente quase não tinha vida social.  Não gosto de muita badalação, de clube, de festas.”

         Ele foi colega de turma da esposa no curso de Medicina na Gama Filho no RJ.    Ela, filha única, muito apegada aos pais.    O sogro, falecido e a sogra, aos 86 anos.    Foi morar com o Mandetta em Brasilia no tempo de ministro.   Só que o casal sendo médico, ele atuando como ministro e a esposa em hospital, punham em risco a sogra dele, o que causava preocupação ao ponto de depois optarem de leva-la de volta para Campo Grande onde ela morava, ficando lá com um dos filhos do casal.

         Ato falho, em termos.   Ele um dia falou pra esposa do risco da mãe dela idosa ser contaminada pela covid e na hipótese disso resultar em óbito, não ter nem jeito de enviar para sepultamento em Campo Grande, ao lado do marido lá sepultado.   A esposa dele ficou muito chateada e ambos ficaram tristes só dele citar a hipótese como alerta.

         209 – A partir da segunda semana de abril de 2020 vários ministros começaram a visitar o Ministério da Saúde para tentar ajudar o Ministro no enfrentamento da pandemia.    Um dos grandes desafios era ter reduzido a quantidade de voos entre as capitais e isso dificultava o envio de respiradores e demais equipamentos de segurança e uso médico para os Estados.    A FAB tem os aviões Hercules que poderiam ser usados, só que são antigos, pesados e grandes.   Para “sair do chão” fica uma fortuna em combustível e recursos para isso eram difíceis.

         Articulou com o Governador Caiado (Goiás) a construção de um hospital de campanha em Águas Lindas de Goiás, região metropolitana.  Isto perto da data em que o Ronaldo Caiado (que é médico) criticou o Bolsonaro por falar de gripezinha, negando a gravidade da pandemia.   Nessa ocasião o Caiado pediu ao presidente, respeito aos profissionais da saúde que lutam contra a doença arriscando as próprias vidas.    E para enfatizar, lembrou uma frase de Barack Obama:   “Na política e na vida a ignorância não é uma virtude”.

         Para a inauguração, iriam se encontrar o Presidente e o governador Caiado no mesmo evento com imprensa.   O Mandetta temia conflito e alertou o cerimonial.   O hospital de campanha foi feito a montagem das estruturas até 23 de abril e equipado para inauguração no dia 05-06-2020.

         Na hora da inauguração, foram de helicóptero para fugir de aglomerações.   E o Mandetta cuidando para não ter arestas entre o Caiado e o Presidente e também buscando evitar aglomerações.

         Colete do SUS.   O emissário do Bolsonaro queria um para o presidente usar (a pedido do próprio) na inauguração.  O Mandetta preferiu que não.   “Ele não estava ajudando o SUS, ele não entendia o que a gente estava passando”.   O Bolsonaro então pegou um colete da Anvisa para a aparição na inauguração.

         Mal o helicóptero chegou ao solo, o presidente, vendo a aglomeração já foi soltando o cinto e ao saltar, foi direto se juntar ao aglomerado, dizendo: “Olha o pessoal ali!”

         O trato tinha sido não promover aglomerado, manter o distanciamento social e todo o protocolo de segurança, até para dar o exemplo.   A imprensa ali registrando tudo.

         Nessa o Mandetta ficava à parte mantendo a distância e ficou ao lado do governador Caiado, anfitrião.      Logo o presidente veio e sem cerimônia deu um abraço no Caiado e disse sorrindo:   “Agora sim está todo mundo contaminado”.    O abraço era para sair nas fotos e TV e o Bolsonaro alegar que o Caiado não respeitava distanciamento social.

         Mandetta ficava sempre de dois a três metros de distância dos outros por segurança.    O Bolsonaro chama ele para se juntar ao aglomerado várias vezes e ele responde seco:  “Eu não fico em aglomeração”.

         A imprensa presente no local cobrou do ministro a aglomeração do presidente.  O Mandetta concordou publicamente que era um erro aglomerar.

         O assunto nas redes sociais era a péssima relação do Mandetta com o Bolsonaro.

         216 -  O Mandetta tentando entender os atos do Bolsonaro e concluiu:    O que afetaria nas eleições de 2022 seria a economia.    “O que salvaria ou enterraria a sua futura candidatura seriam emprego, renda e outros fatores econômicos”.   A pandemia iria prejudicar tais fatores.

         216 –Veio a pandemia e ameaça a economia e assim, os planos do presidente para reeleição ficariam ameaçados. 

         “Quando ele viu a adesão da população às pautas da saúde, criou na cabeça a teoria de que o isolamento social era uma conspiração do Doria, do DEM (partido do Mandetta), do Rodrigo Maia, minha, do Nordeste...”

         “Para ele, quem tivesse de morrer, já iria morrer mesmo, não valia a pena parar a economia por causa disso”.

         217 – Queria o presidente empurrar a culpa dos mortos aos prefeitos e governadores.

         ...”seu interesse pessoal era esquecer da pandemia...”    Para ele, a ira com o ministro é que este não aceitava esse jogo.

         218 – O Mandetta resolveu dar entrevista ao Fantástico dentro do Palácio das Esmeraldas (GO) numa forma de prestigiar os governadores e na prática era rompimento sem volta com o presidente, dando entrevista para a Globo...

         Neste ponto, o Brasil já com mais de mil mortos pela covid.   O ministro deixou claro que seu esforço era como em toda crise:  foco, disciplina e ciência.

         No dia seguinte à entrevista, perdi o apoio dos militares.    Eram duas questões.  Uma, que o Mandetta deixou explícito que a conduta do Bolsonaro não era compatível com o que o ministro da saúde pregava e aplicava.   E para completar, o ministro deu entrevista na Globo, que o presidente tem como inimiga.

         Mourão deu entrevista dizendo quo o Mandetta havia cruzado “a linha da bola”.  No jogo de polo equestre, é falta grave e acrescentou:  “Merecia um cartão”.

         220 – No outro dia à tarde, coletiva da pandemia.  Mandetta com o General Braga Neto.    A repórter da Globo, Delis Ortiz, perguntou ao Braga se o Mandetta seria demitido.   O Braga respondeu afirmando que não havia discussão sobre isso.    Mandetta pegou o microfone....  “então peguei o microfone e disse que em política, toda vez que se nega alguma coisa, é porque aquilo vai acontecer.   ....”não era questão de se, mas de quando...”

         220 – Bia Kics, deputada do PSL do DF, aliada de Bolsonaro.   Andou tentando dialogar para aplainar arestas. 

         221 – Avisaram que o presidente queria conversar com ele 17 h.  Foi sabendo que era demissão.  Na hora, o presidente queria que a coisa fosse como pedido de demissão do ministro e o Mandetta não aceitou e relembrou sua máxima de que o médico não abandona o paciente.

         E se permitiu dar uns conselhos rápidos ao presidente.   Cuidado com o RJ e as compras de equipamentos...; cuidado que a pandemia é seria; cuidado ao se relacionar com a China, esta que tem suprimento de equipamentos para enfrentar a pandemia.

         222 – Essa pandemia vai ficar para a história, com foi a segunda Guerra Mundial e a quebra da Bolsa de NY em 1929.  “e cada um de nós será retratado pelo papel que desempenhou nessa pandemia”.

         Antes de se reunir com o presidente, fez o texto de um twitter e deixou com sua secretária na antessala da reunião.   No momento que saísse, era para ela disparar a mensagem com a demissão dele.  Assim se fez.    Eram então 16h17 minutos do dia 16-04-2020.

         223 -  Ele cita o texto completo do twitter no livro.   Contem aviso da demissão, agradecimento à equipe e desejo de boa sorte ao próximo ministro e ao povo. 

  “Durante minha estada no ministério, aprofundei muito a minha fé”.   Tem inclusive imagem de Dom Bosco, presente do Padre Marinoni, grande amigo desde o tempo de aluno do Colégio Dom Bosco de Campo Grande MS.   Mandetta foi inclusive coroinha da igreja quando garoto.    Padre Marinoni foi inclusive quem celebrou o casamento dele no Rio de Janeiro.

         O Mandetta é devoto de Nossa Senhora Aparecida e costuma ir ao Santuário sempre que pode.

         225 – Cita a emoção na despedida da equipe no ministério.

         226 – Conheceu de passagem o Dr Nelson Teich, o novo ministro num rápido contato na Inglaterra.   “Ele me parece uma boa pessoa, competente, mas claramente tem dificuldades de comunicação”.

         Na transmissão de posse no Palácio, todos os ministros presentes.  “No meu discurso agradeci um a um, nominalmente”.   E num trecho fez questão de agradecer a esposa pela boa educação dos filhos do casal, o que seria inclusive uma indireta ao presidente cujos filhos são o que são...

         O Mandetta tem um cão de estimação, um vira lata chamado Bingo.

         Terminada a cerimônia, ele, a esposa e o Bingo no carro CR-V 2010, pegaram estrada rumo a Campo Grande.   Ao som de Jimi Endrix, música que os dois gostam de ouvir de longa data.   Ele as vezes coloca o som bem alto.   Nesse dia colocou baixo e no percurso a esposa foi aumentando o som para ficar no astral melhor de sempre.

         Agradecimentos -   Faz uma série de agradecimentos a colaboradores e entidades que ajudaram no enfrentamento à pandemia.   Destacou o fato dele ter criado o programa Médicos para o Brasil   (substituindo o Mais Médicos).    Ter feito a informatização do SUS, tendo projeto modelo em Alagoas e com o qual se visa chegar ao Prontuário Eletrônico Universal para uso do sistema público e privado de saúde.   Desfecho:   “A todos, meu muito obrigado!”.

 

                               Terminei a leitura dia 11-11-2020

CAP 19/20 - fichamento - livro - UM PACIENTE CHAMADO BRASIL (sobre covid 19) - Luiz Henrique Mandetta - Médico e ex Min. da Saúde

 CAP 19/20            novembro de 2020

         Página 193 – Na campanha o Bolsonaro começou ouvir um economista de terceira linha de Brasilia e o mercado não reagiu bem.  Passou então a ouvir o Paulo Guedes e este foi bem aceito pelo mercado.   O crédito dessa mudança o Bolsonaro colocou no Onyx.

         Outra jogada montada pelo Onyx.   O Bolsonaro não tinha uma proposta para a Educação.  O Onyx arranjou uma viagem para ambos à Coréia do Sul, que tem sido sucesso no setor.   Foram ambos lá.  Depois quando alguém perguntava a ele na campanha sobre Educação ele dizia que visitou a Coréia do Sul, gostou do modelo de lá e que iria implantar aqui algo parecido.    E ia levando no bico, mas ainda não tinha uma pessoa que assessorasse a campanha dele no item Educação.

         Foi nesse contexto que o Onyx colocou o Mandetta no time.  O Mandetta como deputado já tinha assessorado o Aécio no pano de governo e depois, o Eduardo Campos.   Foi requisitado para ajudar no plano para a área da saúde do candidato Bolsonaro.

         194 – Um dia, o Mandetta fumando na marquise da Câmara dos Deputados e apareceu o Onyx com o Bolsonaro e o filho Eduado. O Onyx pede para o Mandetta falar um pouco do setor de saúde e este deu umas linhas gerais sobre o SUS, programa de agentes comunitários etc.

         O Onyx depois me procurou e falou:   “Obrigado, você vai ser ministro.   O cara vai ganhar”.

         Crescendo na campanha, quando falavam com ele na área de saúde. Ele dizia alguma coisa e acabava citando o Mandetta, que era bem respeitado no setor.   A classe médica via isso de forma positiva.

         Apareciam nas redes sociais mensagens tipo:   “Sou Bolsonaro, Mandetta na Saúde”.   “Virei o álibi do médico envergonhado de votar no Bolsonaro”.    “Assim acabei me tornando o fiador dele nessa matéria”.

 E foi o Onyx que fez aquilo.  

         196 – Um dia no RJ o Onyx pediu umas cinco ou seis sugestões ao Mandetta para a área da saúde e este enviou por e mail.    O Mandetta já tinha decidido não disputar a reeleição e ir morar no Rio onde tem um netinho.     Antes, ajudou com algumas partes da campanha do correligionário do seu estado (MS) Nelson Trad ao Senado e na campanha do Governador Caiado (GO) também do seu partido, o DEM.

         196 – Encontrou em agosto, na campanha presidencial, o Bolsonaro e o Felipe Francischini.   Pediram se ele poderia formular as perguntas da área de saúde para o debate dos candidatos a presidente na TV.  Pediu para ele formular as perguntas, as réplicas e as tréplicas.   Ele fez o que se pediu.

         “Minha decisão de embarcar na campanha do Bolsonaro foi uma escolha por exclusão”.   “Eu não iria votar no Alckmin, não achei que o Amoedo fosse viável e não iria votar no PT em hipótese alguma.  Então sobrou votar no Bolsonaro”.

         197 – “Não cheguei a conhecer ninguém da campanha”.   Reencontrou o Bolsonaro próximo ao segundo turno no RJ.    ....”gravei um vídeo para o segundo turno com ele”.

         198 – Bolsonaro eleito, Onyx ganhou protagonismo.   Era o único do partido do Mandetta, o DEM na equipe do novo presidente eleito.

         E o Onyx com acesso direto ao presidente, falava direto com a imprensa.   Nessa os congressistas passaram a “aceita-lo”.   Em política a roda gira.    Antes, ele era rejeitado e agora, aceito...

         “Na Câmara o Onyx se tornou o centro das atenções”.       David Alcolumbre (do DEM), senador, em campanha para a presidência do senado concorrendo contra o Renan Calheiros.   O senado renovou bastante e os novos não queriam mostrar apoio público ao Renan sobre quem pesavam acusações diversas.  

         200 – Articulação do Ronaldo Caiado (Governador de Goiás), do DEM e um passeio de barco em Brasilia para juntos decidirem (longe da imprensa) se apoiariam Alcolumbre, presente no barco, para o senado.   Todos de acordo.   Caiado:  “A partir de agora você é candidato à presidência do Senado”.   E assim foi.    E o Caiado perguntou:   “E o Mandetta é o ministro da saúde?   Se for, tem que definir agora”.   Flavio Bolsonaro disse que sim, eu seria o ministro da saúde.

         201 – Para ser ministro da saúde você tem que ter apoio da respectiva frente parlamentar (grupo informal que agrega deputados e senadores de diferentes partidos em torno de um tema – no caso, a Saúde) no Congresso.   O DEM não tem esse foco até porque geralmente esse tema (Saúde) em geral das políticas sociais e é mais das esquerdas.   Mas o Mandetta por ser médico e articulado, tem boa aceitação com essa frente parlamentar.    Ele destaca.   Sou de um estado, o Mato Grosso do Sul, conservador.

         O Mandetta responde processo sobre caso de licitação no tempo que era Secretário da Saúde em Campo Grande e expos isso ao Bolsonaro para evitar desgaste futuro, pois a imprensa iria esmiuçar sua vida.   Ele alega que é inocente e que apresentou ao Bolsonaro os documentos e número dos processos.    O Caiado articulou tudo para o Mandetta ser ministro, mesmo tendo os processos em curso.   E ele foi anunciado como ministro pelo presidente eleito.

         À imprensa, Bolsonaro:   “Ele nem réu é ainda.   O que está acertado entre nós?   Qualquer denúncia ou acusação que seja robusta e o ministro não fará mais parte do governo”.     Foi assim que me tornei ministro.

         Já indicado para o ministério da Saúde, em novembro de 2018, passou a ajudar na candidatura do Alcolumbre (do DEM) para a presidência do senado.    Este que acabou sendo eleito para o período 2019-2020.

         204 – Quando fui eleito deputado meus filhos tinham doze (Paulo), quinze (Pedro) e dezessete (Marina).   Ela foi aos 17 para o RJ cursar Direito.

         A esposa Terezinha é médica e trabalhou trinta anos em hospital especializado em hanseníase em Campo Grande.     Ela nunca atendeu no sistema privado.   “Ela é 100% SUS”.

         A filha Marina se formou no RJ, se casou e lá nasceu Gabriel, o primeiro netinho do Mandetta.  O filho do meio é Médico e o outro, também Advogado.

                              Continua no capítulo 20/20   (final)