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domingo, 21 de novembro de 2021

CAP. 19/35 - fichamento - livro - HUMANOS DE NEGÓCIOS - Histórias de homens e mulheres que estão (re) humanizando o capitalismo - Autor: RODRIGO V. CUNHA - Ed. Voo - ano 2020

CAP.19/35

         Outra Humana de Negócios -  Maure Pessanha -  

  Hack Social no Mercado

         Ela milita na Artemísia.       artemisiaArtemisia.org.br

         A Artemísia foi fundada em 2004 por uma jovem norte americana.  Nasceu com a proposta de apoiar o desenvolvimento de empreendedores de 18 a 24 anos de idade, prioritariamente de baixa renda.

         Se articula com a Feira Preta, com o Sementes da Paz, voltada ao comércio justo de produtos orgânicos, e o Morada da Floresta, de redução de impactos ambientais.

         Até certo tempo buscavam empreendedores e empreendimentos econômicos, mas em certo momento perceberam que no caso deles o melhor seria mudar o foco para o empreendedorismo voltado para o social.

         Há no exterior desde a década de 70 o termo “negócio social” e aqui no Brasil mesmo na atualidade o termo é pouco conhecido.   Dois livros que abordam bem o negócio social:

         “A riqueza na base da pirâmide” de C.K. Trahalad e

         “O Capitalismo na encruzilhada” de Stuart L. Hart

         Outro destaque foi o fato do Economista bengalês Muhammad Yunus ter ganho o Prêmio Nobel da Paz em 2006 “pelo trabalho desenvolvido no Grameen Bank, um banco de microcrédito voltado a pessoas mais pobres de Bangladesh.

         Maure estudou um semestre em Harvard, nos USA entre 2004 e 2005 num curso para desenvolvimento de lideranças sociais.

         Maure passeava com a mãe no campus da USP antes de ser universitária e aos 17 anos entrou na USP estudar.    Fazia de dia o curso de Administração e à noite, Relações Internacionais.   Em Rel. Intern. Ela se identificava mais com temas da antropologia e as questões sociais.

         Participou de debates buscando tornar a USP menos elitista.   Criaram um cursinho pré vestibular buscando trazer candidatos filhos de funcionários da USP e pessoas de baixa renda da comunidade.     O cursinho existe até a atualidade.     Os estudantes do cursinho participam em conjunto com os universitários de várias atividades de integração.

         “Com essa experiência, que durou dois anos (na época da Maure universitária) e deu sentido à sua vida acadêmica, ela uniu dois elementos das suas raízes: o empreendedorismo e a preocupação com o próximo”.

         Maure nasceu em São Paulo.  A avó dela tinha um modesto bazar e a família dela vivia numa casa bem simples.   O pai dela, filho de sapateiro, um dia conseguiu um emprego de office boy e fazia serviço de arquivista.  No serviço, ia lendo todo papel que passava pela mão dele.    Se interessou pelo mercado de ações quando este era quase desconhecido.   Melhorou muito de vida aos poucos e sempre apoiando outros na luta pela sobrevivência.

         A filha Maure cresceu neste contexto de batalhar por si e ajudar o próximo.   Aos dez:  “eu via a Madre Tereza de Calcutá e pensava que meu sonho era se juntar a ela para ajudar as pessoas”.

         Estudou no renomado Colégio Bandeirantes e lá teve contato com temas que afetavam o Brasil e o mundo.   “Acompanhei discussões sobre controle de arma, biopirataria, controle de agrotóxicos e outros temas”.

         O pai sugeriu para ela cursar Administração.   Fez Administração e foi também estudar em Harvard como aluna especial.   Nos anos 1990 chegou a estagiar na Ong Instituto Eu Sou da Paz.

         Depois ela trabalhou quatro anos na Ashoka.    A Ashoka, criada em 1981 e que fez despontar o termo Empreendedor Social no Brasil.  A Ashoka “tem a missão de desenvolver uma rede de agentes de transformação para catalisar as mudanças necessárias”.

         A Ashoka e a parceria com a Consultoria Mckinsey para promover a transformação de conhecimento e ferramentas de gestão entre setores privado e social”.

                   Segue no próximo capítulo.... 

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

CAP. 18/35 - fichamento - livro - HUMANOS DE NEGÓCIOS - História de homens e mulheres que estão (re)humanizando o capitalismo - Autor: RODRIGO V CUNHA - Ed. Voo - 2020

 CAP. 18/35

         Continuação do depoimento de Ilona Szabó

         No auge da carreira, ela tem uma filha.   Fala  do quão desafiador isto é.    “A maternidade torna-se o centro da sua existência e leva tempo para reequilibrar o restante”.

         Em 2016 ela partiu para a criação do Movimento Agora!    ...”na construção de uma nova visão e de uma agenda para o país”.    Passaram inclusive pelo programa de TV do Huck.   “Dizer que política não se discute é o clichê do clichê – temos que falar, sim, sobre política, como eu tenho falado de segurança pública”.

         ...”perdemos a capacidade de dialogar, de ouvir, de conviver com a diferença”.

         Ela escreveu seu segundo livro:  Segurança Pública para Virar o Jogo em parceria com a colega do Agora! Melina Risso.   

         Em 2019, já no embate eleitoral...   “ajudando a alimentar o debate contra as ideias armamentistas e justiceiras do então deputado Jair Bolsonaro, no período de pré-eleição”.

         Ela, logo depois de Bolsonaro eleito, foi convidada pelo então ministro Sergio Moro para ser membro Suplente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.  Convidada pelo Moro e logo em seguida desconvidada pelo Bolsonaro.

         Bate papo com Ilona Szabó

         “Missão para mim é não separar o pessoal do profissional.   Isso cobra um preço, e sei que tenho que melhorar nesse equilíbrio, em especial pela minha família”.

         ...posição de liderança...  precisa estar atento ao ego para que nunca se desvie da missão...    viver no coletivo é fazer política”.

         “Quando você se isenta, você está também fazendo política.    A negação da participação é uma decisão política, em que você está dizendo que não liga ou tanto faz o que decidam sobre sua vida”.

         A gente está nessa situação de um país fraturado porque muita gente decidiu não fazer parte”.

         Ela e equipe fizeram muita mobilização para o Congresso derrubar as normas do atual governo federal que tentavam flexibilizar o uso de armas de fogo.   Dialogam via Ongs com o STF, Ministro da Justiça, sobre temas como armas e drogas.   Buscam elaborar e divulgar dados de qualidade para embasar os debates.

         Falando de leis.    “As pessoas compram algumas maluquices simplesmente porque não tem acesso a informação de confiança”.

         Ela   conta inclusive com apoio do Dr. Drauzio Varella.   Disse que se houvesse mais gente com a bagagem como a dele e exposição na mídia como ele tem, ajudaria a articular muitas ações de interesse da sociedade.

         Fala do Movimento Agora! e da busca por lideranças inspiradas para as causas que este defende.   “Estamos órfãos de inspiração.   Acho que precisamos, nesta geração, abrir espaço para novas referências que inspirem o certo pelo certo”.

         Ela sempre de agenda cheia e o esforço para a formação da filha.   Acaba tendo que “terceirizar” tarefas via babá, mas ela se preocupa sobre as perguntas que os filhos vão fazendo na busca de entender o mundo e que o ideal seria ter a resposta dos pais.

         “Nosso desafio hoje é criar cidadãos absolutamente conscientes da realidade e prontos para lidar com os desafios que os nossos filhos vão enfrentar”.

         ...”eu questiono muito o modelo de sucesso brasileiro, de competição por ser o maior e de buscar o lucro pelo lucro”.   “Não é que eu julgue quem quer ganhar dinheiro, mas para mim isso está longe de ser a principal métrica do sucesso”.

         Fim da fala desta Humana de Negócios.     Segue outra no capítulo que vem...

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

CAP. 17/35 - fichamento - livro - HUMANOS DE NEGÓCIOS - Histórias de homens e mulheres que estão (re)humanizando o capitalismo. Autor: RICARDO V. CUNHA - Editora Voo - ano 2020

capítulo 17/35 

         Bate papo com Paula Dib

         Um dos projetos – Comunidade da Juréia (litoral paulista) que era extrativista na Mata Atlântica.   Os moradores tiveram que ser removidos com a criação da Reserva Ecológica.   Foram removidos para Peruibe-SP a contragosto.   As mulheres passam a trabalhar em casas de veraneio para sustentar a família.    Com o projeto, voltaram a usar seus saberes e fazer peças dentro da cultura deles e melhorar a renda e autoestima.

         “Aquela peça que é feita ali não é apenas um produto, mas é uma história de resistência vendida pelo Brasil inteiro”.

         Em geral o poder público quer gente para  ensinar o povo a “gerar renda” e daí todo foco fica nessa pessoa que vem para articular as ações, a que vem para “salvar” a comunidade.  Não é esse o caminho.      “Nesse caso, o projeto deixa de ser o da Comunidade e a única forma dele seguir em frente é se o motor for a própria comunidade”.

         Qual é a intenção desse tipo de trabalho?

         “A intenção é sempre ativar as forças do lugar”.   Não ficar obcecado pela geração de renda.    “Eu acho que esta visão vale também para  minha vida, na forma como me envolvo com os projetos”.

 

         Outra Humana de Negócios – Ilona Szabó    - “Guerreira sem armas”

         Ela é descendente de húngaros.   Ela cresceu em Nova Friburgo no interior do RJ.   A mãe dela é jornalista.

         Nos anos 90, economia do Brasil em crise, a jovem Ilona conseguiu fazer um intercâmbio na Letônia.   Esta que há pouco tempo tinha deixado de pertencer à URSS com o fim do comunismo local.   A Letônia é um pequeno país com pouco mais de dois milhões de habitantes.  A capital é Riga, cidade portuária do Mar Báltico.   Chegou a enfrentar frio de trinta graus negativos por lá.

         Ela terminou o curso de Relações Internacionais em 1997.  Fez o curso na Universidade Estácio de Sá, uma das três no Brasil que tinham o curso na época e a única no estado do RJ.

         Trabalhou por quatro anos no Banco Icatu.   Nesse tempo, ela que é do interior do RJ, passa a circular pela capital e vê mais a miséria e a violência no dia a dia da cidade.

         Atuando no mercado financeiro ela reflete:  O que eu quero?    ... não quero deixar o rico mais rico.   É o que ocorre com quem trabalha no mercado financeiro por exemplo.

         Ela queria fazer mestrado na Europa sobre Conflito e Paz.     “A América Latina vive uma epidemia de violência com apenas 9% da população mundial, na região ocorrem 39% de todas as mortes violentas do planeta”.    O pior índice é em El Salvador com a média de 60 mortes para cada grupo de 100.000 habitantes. (ano 2017)

        O Brasil fica em 13º lugar nesse ranking com 27,8 mortes por grupo de 100.000 habitantes.    Em termos absolutos, o Brasil é destaque negativo com 60.000 mortes violentas intencionais por ano.   Mortes intencionais – quando o agressor tem o propósito de matar a vítima.

         A maior parte das vítimas no Brasil desse tipo de crime são jovens entre 15 e 29 anos, sexo masculino.

         Ilona fez seu mestrado na Suécia.

         Mais adiante, em 2011 ela funda a Ong Igarapé.   Também atuou na Ong mais antiga, a Viva Rio, fundada em 1993 por Rubem Cesar.

         A Viva Rio foi criada para pesquisar e formular políticas públicas para promover a cultura da paz e do desenvolvimento social.   Ela trabalhou no Viva Rio com o Antropólogo britânico Downey.

         O Rubem Cesar do Viva Rio colocou Ilona na Coordenação da Campanha de entrega voluntária de armas de fogo.   Os postos de entrega comumente eram em igrejas, quarteis, associações.

         Ela disse que seu trabalho incluía contatos com os quatro pês: padres, pastores, policiais e políticos.   Envolvia muita mobilização e comunicação.

         Essa onda ajudou a criar o Estatuto do Desarmamento.   Segundo dados do Ministério da Justiça, na Campanha do Desarmamento, foram recolhidas 443.000 armas de fogo.   Foi quase seis vezes a meta inicial da Campanha.

         No começo da Campanha, 80% dos entrevistados se colocavam contra civis com armas de fogo.   Em 2005 o governo federal lançou um referendo popular para a população votar sim ou não aos civis terem acesso a armas de fogo.   No debate público as coisas foram desiguais.   De um lado lideranças contra as armas e sem recursos para levar as ideias e de outro o lobby das armas com dinheiro à vontade como um rolo compressor.

         Nesse clima,  o Não às armas ficou com 36% dos votos e o Sim ficou com 64%.    Ela ficou bastante decepcionada com essa reviravolta.

         Ela andou viajando por vários países para tentarem colocar na Declaração de Genebra sobre Violência Armada e Desenvolvimento, a questão da  redução da violência nos ODMs Objetivos  do Desenvolvimento do Milênio da ONU.    Nessas viagens e tratativas, ela conheceu no Panamá o economista Robert Muggah, com quem depois se casou.

         Drogas e violência – mobilização de alguns governos sobre o caso.   Brasil, Colômbia e México puxam uma ação articulada contra drogas e violência.   Criam a Comissão Latino Americana sobre Drogas e Democracia.   Ilona se torna Secretária Executiva dessa Comissão.  No contexto dos debates, surgiu a certeza de que os USA estavam adotando no combate às drogas uma política equivocada.   Apesar disso, essa política era adotada até então pelo mundo todo.

         A Comissão secretariada por Ilona em seu ousado relatório de 2009 pediu a descriminalização da cannabis.     A Comissão Latino Americana deu origem à Comissão Global de Políticas sobre drogas formada pela ONU com participação de dez chefes de estado, incluindo Kofi Annan, ex secretário geral da ONU.    Ilona foi Coordenadora dessa Comissão Global de 2011 a 2016.   Em 2016 a sede da Comissão Global se mudou do RJ para Genebra e ela deixou o cargo.

         Anteriormente, em 2010 ela começou a articular o Instituto Igarapé para atuação contra a violência.   Igarapé em tupi – caminho da canoa.

         

terça-feira, 9 de novembro de 2021

CAP. 16/35 - fichamento - livro - HUMANOS DE NEGÓCIOS - História de homens e mulheres que estão (re)humanizando o capitalismo - Autor: RICARDO V. CUNHA - Ed. Voo - 2020

 CAP. 16/35        livro lido nesta parte em novembro de 2021

         Outra Humana de Negócios:  Paula Dib     -  “design do tempo”

         Paulistana, filha de pai árabe (sírio) e mãe mineira.  Fez design industrial na FAAP Fundação Armando Alvares Penteado em São Paulo.  Ela nasceu sem o braço esquerdo.   Em 2002, menos de um ano após o atentado das Torres Gêmeas nos USA, ela trabalhava em Londres e havia risco de bombas por lá e  um dos suspeitos, argelino, trabalhava na equipe em que ela trabalhava num restaurante.   Ela, só por ter nome árabe, foi detida, interrogada e sumariamente deportada.

         Anteriormente, antes de terminar a faculdade, ela tinha feito um trabalho no sul da Bahia.   Nesse tempo ouviu sobre Sustentabilidade de que emergia com força no âmbito internacional.   “De volta de Londres... comecei a reconectar as peças, ampliando meu olhar e unindo aspectos da cultura e do meio ambiente no meu trabalho”.

 

 

 

         O pai dela, engenheiro e a mãe dela, psicóloga.   Na verdade os irmãos do pai dela nasceram na Síria e depois de migrarem para o Brasil, logo ele nasceu e assim só ele dos irmãos é brasileiro nato.

         No começo da vida dos pais dela, começaram como muitos de origem árabe na Rua 25 de Março em São Paulo, lugar de comércio popular.   Donos da loja Rei do Armarinho.

         Quando ela era criança, o médico chamado à casa deles sobre a questão da falta do braço da menina, ficou observando ela lidando com os brinquedos e executando tudo que precisava numa boa.  Viu que os pais dela achavam que ela precisaria de prótese, mas o médico concluiu que não.   “Ela está ótima e não precisa de nada disso”.

         Foi colocada aos três anos de idade numa escola Rudolf Steiner, método criado pelo educador na Alemanha em 1919.   O método da escola se mostrou tão eficaz que as escolas que usam o método se espalharam por muitos países e há também em São Paulo.    A criança se deu tão bem que os pais resolveram colocar as outras filhas na mesma escola.

         Tempos do Plano Real, Brasil com moeda forte, ela com 18 anos, facilitou para ela poder ir estudar inglês no exterior.   Ela optou pela Austrália.   Lá chegou para estudar e era uma cidade grande e não se encaixava na expectativa dela.   Conseguiu um lugar mais desafiador.  Foi para uma missão governamental junto a povos aborígenes do norte da Austrália.    Uma das ações era ajustar o descarte de embalagens de mantimentos que passaram a ser enviados aos aborígenes e que eles não sabiam como executar o descarte adequado de embalagens.  

         De volta ao Brasil, optou por estudar Design Industrial.   Escolheu esta profissão.. “porque queria criar algo para alguém usar”.

         Optou por pegar além do curso, no contraturno, uma monitoria (estágio) na própria FAAP e assim ia cedo para a faculdade e saia de lá à noite.

         Fez oficinas de litogravura, xilogravura, metal, madeira, cerâmica etc.

         Fez alguns trabalhos remunerados e deu para passar um tempo viajando pela Europa.   Nessa, em Londres, estava num trabalho quando foi deportada.

         Ela via a questão, de um lado, a pobreza e de outro, o consumismo.

         “Eu não via sentido em produzir mais um sofá ou uma cadeira e assinar com meu nome”.  Para quê?

         Um dia ela teve um episódio de serendipicidade (descobrir meio por acaso).   Numa loja de artesanato, viu um produto modelado em jornal e a pessoa queria pintar a peça.   Paula argumentou que se pintasse, a peça não mais poderia ser reciclada.    Daí ela foi convidada pela dona da loja para atuar numa entidade que lidasse com design social e comunidade.

         Ela achou ali o que queria.   Juntava observação, comunidades, sustentabilidade e processos manuais.

         No Instituto Super Eco (ligado à Companhia Suzano de Papel e Celulose).    Projeto Comunidade Produtiva, isto no sul da Bahia.

         Comunidades no entorno da fábrica da Suzano.    Ela trabalhou com as comunidades carentes nos municípios de São José da Alcobaça e Helvécia, na Bahia.

         Sugeriram que ela concorresse com seu projeto num concurso na Europa.   Ela colocou na justificativa para a banca examinadora...    “estou fortalecendo a noção de que não precisamos buscar o norte de fora, mas, sim, dentro de nós.    E o potencial transformador que esse resgate da auto estima desencadeia na pessoa é enorme”.

         O projeto dela foi classificado e ela foi para a premiação em Londres.   A turma do concurso foi almoçar num restaurante.   Justo o local onde ela no passado trabalhou até ser deportada.    Assim para ela foi muito simbólico voltar lá para ser premiada (reconhecida).     Havia várias modalidades concorrentes e ela foi premiada na modalidade compatível com seu projeto.

         O destaque que a premiação deu, gerou convites para ela se apresentar em universidades na Alemanha, Holanda, Hong Kong, Inglaterra, Suécia e Venezuela.

sábado, 6 de novembro de 2021

CAP. 15/35 - fichamento - livro - HUMANOS DE NEGÓCIOS - Histórias de homens e mulheres que estão (re)humanizando o capitalismo. Autor: RODRIGO V. CUNHA - Ed. Voo - 2020

CAP.  15/35

         Próximo Humano de Negócios: Marko  Brajovic

         “Natureza rima com beleza”.

         Arquiteto croata.  Chegou  nos anos 2000 a Barcelona.  Antes se formou em Veneza.  Em Barcelona, fez mestrado em Artes Digitais.  Incluia nos estudos dele a produção de vídeo mapping – projeções visuais de superfícies irregulares.

         Surgiu um projeto na Costa Rica.  Lá teve contato com os indígenas e ele aprendeu com os locais a tecer bambu para obras arquitetônicas.  “design da natureza”.

         Bambus domesticados na China há mais de sete milênios.   É uma das plantas que cresce mais rapidamente.   Há registro de espécie de bambu que chega crescer até 91 cm em 24 horas.

         Ele teve infância num lugar agradável, perto do mar e muito visitado por turistas.  Teve uma infância boa.

         “Criar uma infância com valores que importam é a melhor estrutura que você pode dar a alguém.   São valores impermeáveis, de amor e respeito, que te seguem pela vida toda”.

         Quando ele tinha 17 anos, estourou a guerra na Iugoslávia, então seu país com várias etnias e ele se transferiu para a Italia (numa região distante apenas 80 km de onde morava). 

         Em Veneza estudou Arquitetura, Filosofia e Belas Artes.  Passou pela Rússia.   Na Espanha, em Barcelona, fez mestrado em Artes Digitais e Tecnologia Audiovisual.

         Na lida com bambu, notou que a cestaria tem traços comuns na África, Amazônia e Japão, todos tão distantes.   Seria um dos artesanatos mais antigos da humanidade.

         2014 – Houve o tsunami na Indonésia.  Destruição de casas...     Ele importou dois containeres de bambu da Colômbia para trançar pontes de emergência na Indonésia pós tsunami.   Serviu para explicar e depois se usou bambu da própria Indonésia para expandir o serviço.

         Passou pela cidade de São Paulo, deu palestras e cursos.   Ficou deslumbrado pela cidade.   “Para mim é o monstro mais belo que já vi”.

         “A beleza fica feia se não renasce e se reinventa.   São Paulo tem uma beleza que se arrisca – isso me fez topar o convite na hora”.   Trabalhar aqui no ambiente acadêmico.    Nasceu o Atelier Marko Brajovic.     ...atuou na idealização do Pavilhão Brasil na Expo-Milão 2015.

         “Beleza rima com natureza”.    Marko escreveu o livro “In Nature We Trust”.   Obras inspiradas na natureza.

         Bate papo com Marko.       Ele detesta termos do mercado como chamar público alvo de target, que é um vocábulo militar.   Metas – ele não usa o termo.   “O grande resultado vem de pequenas escolhas que você faz nesse caminho.   Esse caminho envolve escolhas, éticas, estéticas, de comportamento, de relacionamento com as pessoas”.

         “Como nas plantas, nosso crescimento vem de baixo para cima, sem definições”.

         “... ter sucesso também é ser um bom pai e ter tempo para ficar com meus filhos e minha família”.

         “Não acredito em revoluções.   Acredito em evoluções”.   Porque somos natureza. 

quinta-feira, 4 de novembro de 2021

CAP. 14/35 - fichamento - livro - HUMANOS DE NEGÓCIOS - Histórias de homens e mulheres que estão (re)humanizando o capitalismo - Autor: RODRIGO V. CUNHA - Editora Voo - 2020

 14/35        leitura feita em outubro de 2021

     Outra Humana de Negócios -  Carol Ignarra

         “Deficiência e abundância”.

         Carol é paulistana.   Um dia dirigindo sua moto, sofreu um acidente que afetou sua coluna e ficou paraplégica.   Foram um mês e meio de hospital e depois a fase de reabilitação dentro do possível.   Ela era estudante de Educação Física e tinha uma noção de anatomia humana e logo após o acidente ela percebeu a gravidade do seu caso.

         Fez inclusive reabilitação em Brasilia no Hospital Sarah que é referência no setor.    Lá há salas amplas onde pessoas em diferentes fases de reabilitação interagem e isso facilita a dar ânimo aos pacientes. 

         Lá ela conheceu outra paciente, a Tábata Contri que foi fundamental para ela retomar a vida com os novos desafios.

         Em 2009, depois de anos que as empresas já eram obrigadas por lei a contratar certo número de deficientes físicos, só 21% das empresas cumpriam essa lei.    Carol tinha muitas atividades em ginástica laboral nas empresas e depois em assessorá-las para contratarem de forma adequada deficientes físicos.

         Depois ela virou sócia de empresa especializada em recrutamento de pessoas com deficiência física nas empresas.   Chamou essa habilidade de “Movimento Incluir”.

         Em certo tempo ela fez curso de teatro e isso ajudou também nas atividades de trabalho.  Se soltou mais em palestras.   A amiga Tabata conseguiu uma ponta na novela “Viver a Vida” da TV Globo.

         Agenda cheia e precisou aperfeiçoar a gestão.   Foi procurar o SEBRAE (este sempre fundamental para aprimorar talentos).

         Bate papo do autor do livro com Carol:

         Ela sempre se aprimorando para novos desafios e o empreendimento deslanchando.   Namorou, se casou e tiveram uma filha.   Ao recrutar mão de obra como colaboradora em sua empresa não só as que mais precisam do emprego, mas também as que realmente se interessam em fazer parte da equipe dela.

 

         Outro Humano de Negócios:   Edgard Gouveia Júnior

         “Jogo sério”

         Quando ele era  criança se impressionava muito com cenas que via pela TV como as de famintos na África.  Quando ficou jovem, se tornou jogador profissional de vôlei em São Paulo. Defendia a equipe do Pinheiros-Transbrasil.  Jogou ao lado de José Roberto Guimarães que depois se tornou treinador da Seleção Feminina de Volei.

         Ele nasceu em Santos-SP em 1965.  Parentes da mãe dele morreram de tuberculose.   Ele mede 1,98 m.   O pai era pobre, mas gostava de ler e se preocupou em passar esse gosto para os filhos.

         O pai dele era autodidata e fez curso por correspondência no IUB Instituto Universal Brasileiro.

         Jogou também no Banespa.   Ganhou dinheiro no vôlei, comprou imóvel.   Investiu inclusive em linhas telefônicas no tempo que eram caras e permitiam obter renda alugando linhas a terceiros.

         Para Edgard, sempre introspectivo, foi o vôlei que o resgatou.    “É um esporte de velocidade e força, mas não de violência e agressividade”.

         Não sonhava em virar astro no vôlei.   No meio da carreira, parou de jogar e foi fazer faculdade.  Foi em Santos fazer faculdade de Arquitetura e Urbanismo.   Participou como estudante, de vários Congressos Nacionais de Arquitetura.    Foi despertando para o compromisso social do Arquiteto.   “Fui pegando gosto de estar ali, de conhecer o ser humano”.

         Logo após a faculdade, ingressou no Instituto de Tecnologias Intuitivas e Bioarquitetura (Tibá), fundado em 1987 pelo Arquiteto e Urbanista holandês Johan Van Lengen, autor do Manual do Arquiteto Descalço.      Sua formação ajudou no passo seguinte no instituto Elos, Ong de Projetos de Inovação Social e Guerreiros Sem Armas.   Curso de Lideranças Sociais.

         Desenvolveram no tempo de faculdade um sistema de ação em grupo.   Atuar nas comunidades carentes.   “O objetivo entra construir o projeto sonhado pelos moradores, com os recursos disponíveis, a tecnologia local e a participação da comunidade”.

         Ele lidera a Ong Live Lab e a empresa Epic Journey, ambas focadas no  desenvolvimento de gincanas e jornadas ramificadas para a transformação social e ambiental.

        

         Bate papo com Edgard Gouveia Junior

         Ele foi uma criança e um jovem tímido.  Entre outros recursos na sua formação, conheceu a Comunicação Não Violenta.  

Sobre as mudanças até nas premiações da arquitetura.   “Gerou uma mudança em cadeia nas universidades.  Até então, os projetos premiados eram sempre edifícios, museus. Ninguém queria saber do social”.    A partir daí, explodiu a quantidade de projetos sociais, tanto que o Opera Prima, o “Oscar” dos estudantes do setor, também começou a premiar.   Hoje em dia, grandes edifícios são os que menos importam”.

Ele teve convivência com mestre budista e leva em conta certos ensinamentos dessa filosofia.

         Visão dele de utopia:    “Utopia, para mim, é essa visão lá na frente, que você enxerga, você sabe como é, você a desenha.   Não é um sonho, porque não está enevoado; você sente a cena claramente, é o paraíso no futuro e é forte o suficiente, bela o suficiente , sedutora o suficiente para te mover até ela”.

         “Não precisa ensinar nada, está tudo pronto dentro, é só destravar o que nos está impedindo de sermos humanos”.    

domingo, 31 de outubro de 2021

CAP. 13/35 - fichamento - livro - HUMANOS DE NEGÓCIOS - Histórias de homens e mulheres que estão (re) humanizando o capitalismo - Autor: RODRIGO V. CUNHA - Ed. Voo - ano 2020

 CAP. 13/35                leitura - outubro de 2021

         .     Indicaram para ela buscar estágio na área de RH Recursos Humanos e ela partiu para isso.   Se empregou na TV Band.   Depois ela trabalhou na Catho, empresa forte na área de agência de empregos.

         A família dela ficou dividida quando ela começou a cogitar de largar o emprego para ser empreendedora social.   A mãe não apoiava, olhando para o lado da segurança financeira e o pai já apoiava sua nova iniciativa.

         A PwC que é uma grande empresa de auditoria precisou do conhecimento em RH da Patrícia.   Desenvolver competências para trainee egressos da Faculdade Zumbi de Palmares.     Demanda de grandes empresas buscando um pouco de equilíbrio na contratação de pessoal sem discriminação.

         Ela pelo traquejo em RH tem sido requisitada em palestras e participações no Programa Encontro com Fátima Bernardes da TV Globo.

         Ela disse que hoje em dia há inclusive uma certa pressão internacional nessa linha de não discriminar os afrodescendentes no mundo do trabalho.    Dentro desse contexto, conseguiu consolidar a EmpregueAfro no mercado.

 

         Bate papo com a Patrícia Santos

 

         O trágico episódio da circunstância da morte do norte americano George Floyd  (policial imobilizou ele no chão com o joelho e ele morreu asfixiado).    O caso reacendeu com força a onda contra o racismo no mundo todo.   A Campanha – Vidas Negras Importam tem sido mobilizadora pelo mundo afora.

         As empresas no Brasil ficaram mais atentas a essa questão do racismo.    A população negra daqui começou cobrar das empresas.   Cobrar oportunidade de emprego, de cargos, de produtos adequados aos pretos.   Mexeu com o mercado.

         A própria filósofa Djamila vendeu uma maior quantidade de livros do que todas as outras pretas juntas venderam até então.

         Fala de um dos contatos dela na Rede Globo como consultora.  Um dia no estúdio, na antessala, uma visitante perguntou “o que ela fez para chegar lá” (ser consultora).   Um ato de preconceito da pessoa que fez essa colocação.

         O que é o sucesso pra você?

         “Eu entendo que o sucesso é muito relativo, tem a ver com realização pessoal, com se sentir bem, fazer o que gosta, estar no seu caminho, cumprir sua missão”.

 

 

         Outra Humana de Negócios -  Carol Ignarra

         “Deficiência e abundância”.

         Carol é paulistana.   Um dia dirigindo sua moto, sofreu um acidente que afetou sua coluna e ficou paraplégica.   Foram um mês e meio de hospital e depois a fase de reabilitação dentro do possível.   Ela era estudante de Educação Física e tinha uma noção de anatomia humana e logo após o acidente ela percebeu a gravidade do seu caso.

         Fez inclusive reabilitação em Brasilia no Hospital Sarah que é referência no setor.    Lá há salas amplas onde pessoas em diferentes fases de reabilitação interagem e isso facilita a dar ânimo aos pacientes. 

         Lá ela conheceu outra paciente, a Tábata Contri que foi fundamental para ela retomar a vida com os novos desafios.