capítulo 09/10 leitura feira em fevereiro de 2022
Logo que Almalinda voltou para
Moçambique, foi trabalhar numa boate.
Dali dois meses, estava morta. (“caída” do quinto andar...)
O jornalista vê Soraya e Liana se
abraçarem e chorarem juntas o fim de Almalinda.
Ele: “Por um momento sinto
inveja daquela habilidade. Chorar é um
modo de falar. O meu corpo não tinha
acesso a esse idioma”.
Capítulo 16 – A descida aos céus – Os
papeis da PIDE -8
No prédio da Beira, Almalinda, aos 22
anos, dançarina de boate, foi asfixiada com fita adesiva no pescoço e tem
sinais de que ela lutou para se livrar.
Depois jogaram ela pela janela do prédio. A colega dançarina também tinha morrido da
mesma forma não fazia tempo. Eram
vizinhas de quarto no prédio.
Sobre a morta atirada do quinto andar
do prédio. “Os moradores do prédio
falaram todos ao mesmo tempo, parecia que tinham medo do silêncio que escapava
da falecida”.
Capítulo 17 - Os que escutam a
pólvora. Inhaminga - março de 2019
Em 2019 o protagonista Diogo, Liana e
Benedito partindo de Beira para Inhaminga.
Benedito pede a Diogo que recite poesias enquanto dirige, como fazia
Adriano, pai de Diogo no passado no mesmo percurso. Diogo confessa a Benedito. “Às vezes sinto vergonha de ter sido seu
patrão”.
Benedito a Diogo sobre o tempo sofrido
da guerra (anos 70). “Aceitar que toda
nossa vida tivesse sido um inferno seria dar um prêmio aos opressores”.
O povoado de Inhaminga feito frangalhos
após duas guerras. Casas sem telhado,
paredes com marcas de balas, sem energia elétrica... “Bendito Fungai sugere que não procuremos a
vida nas casas. Procurássemos Inhaminga
nas pessoas, nos laços sociais que escampam a quem está apenas de passagem.
Nesta visita de 2019 o pai de Benedito,
o Sr Capitine já é falecido e o filho foi ao cemitério para reverenciar o pai. Fala do coveiro, fala dos mortos nas duas
guerras: “A vida aqui é uma outra
guerra – acrescenta”. “A gente chega a
ter vergonha de ser um sobrevivente – concluiu o coveiro”.
Capitine foi assassinado dois dias após
presenciar a morte suspeita da dançarina Almalinda. Ele viu a polícia levar o corpo e apagar
pistas para não levantarem suspeitas.
A boate era vizinha do cemitério e ele era coveiro.
Em Inhaminga há o paredão de
fuzilamento. O Diretor da escola foi
do pelotão de fuzilamento nos anos de guerra e não quer prosa sobre o
passado. Benedito também tem suas
razões para não mexer mais no passado.
E fala a Diogo... “vivemos em
sentidos opostos. Tu queres
lembrar. E eu quero esquecer”.
Quarenta anos atrás, Benedito saiu de
seu povoado Inhaminga para fugir da guerra.
Capítulo 18 – O chão do corpo. Apontamentos autobiográficos do Inspetor
Óscar Campos - Os papeis da PIDE – 9
Segundo fragmentos da autobiografia de
Óscar Campos, de 1951.
Voltamos a Inhaminga de 2019.
O Inspetor da Polícia Óscar Campos era
o pai de Almalinda, fora do casamento.
Sobre as guerras e os que ficam e os
que partem da terra por causa destas.
“A guerra tem costas largas.
Usamo-la para explicar o que sucedeu e para justificar o que não aconteceu”.
A dedicatória do pai ao filho, fruto
das escapadas do pai. “Querido Sandro, escrevi livros porque
nunca soube ser autor de minha vida.
Espero que sejas autor dos seus sonhos”.
Árvore de casuarina. Digo como leitor que essa árvore deve ser
bem frondosa e de destaque em certas regiões da África porque a mesma é bem
citada nos mitos dos povos originários.
Capítulo 20 – A culpa dos
inocentes - Os papeis da PIDE – 10
Ano de 1973 (tempo de guerra).
Virgínia na Delegacia brava e o marido
preso. Ela quer que ele fique por lá
preso mesmo. “Se quiserem castiga-lo
tirem-lhe tudo que é papel e caneta.
Ele que apodreça, mais a porcaria da poesia”.
O filho falando com o pai infiel preso.
- “Volta para casa, pai. A mãe vai perdoar-te”. Ele responde: - A mãe é uma mulher de paixões. E a paixão não chama o perdão. Atrai, sim, vingança.
Continua no capítulo 10/10