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segunda-feira, 24 de março de 2025

Cap. 4/8 - fichamento do livro - TRILHOS, CAFÉ E TERRA VERMELHA - autor: Jornalista ROGÉRIO RECCO

capítulo 4/8 

         P. 55 – Capítulo – Um ambiente hostil

         Colaboradores da CTNP na obra da ferrovia tinham direito a tomar por conta da empresa, após o expediente, duas doses de uísque escocês para relaxar após o serviço no sertão.

         Um dia ouvem pelo rádio de galena na obra que houve a quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929 e veio a crise...

         Havia o problema da malária na região.  Quem contraia a malária se curava mas perdia boa parte da força para o trabalho.   Na obra na mata, vida dura, monótona e longe da família.   Os técnicos graduados tinham direito a cada três meses de trabalho, férias de quinze dias para visitar parentes.

         Personagens Memoráveis

         Picada na mata para ter caminho em 1934 e se coloca o  marco onde seria a cidade de Apucarana – PR.  Na ocasião estava entre os presentes, o alemão Kurt Jabowatz que foi pioneiro e morou por muitas décadas em Apucarana-PR.

         Cita o suíço Alfredo Werner Nyffler.   Ele e Amedeo gostavam de fazer pescarias juntos no Rio Tibagi nas horas vagas de fins de semana.

         Década Importante.    Os anos 30 foram bastante conturbados na Europa e no Brasil.   Quebra da Bolsa de NY, recessão nos USA, guerras e ditadura Vargas no Brasil.

         Nos anos 30 a CTNP Companhia de Terras Norte do Paraná e sua ferrovia conseguem a proeza de construir 96 km de ferrovia em um só ano. Seguindo entre Cambará rumo a Londrina.

         Os trens da estrada de ferro local eram movidos por locomotivas a vapor, na base da queima de lenha que era abundante na região.

         Locomotivas importadas da Índia que foi colônia dos ingleses no passado.

         O trem era mais confortável que os caminhões e ônibus que enfrentavam barro ou poeira e podiam encalhar no trecho.   A duração da viagem por estrada era menos confiável e o trem era mais pontual.

         A caldeira da locomotiva soltava por vezes fagulhas de madeira que atingiam a roupa dos viajantes deixando pequenas marcas do queimado.   E também fagulhas não raro geravam queimadas nas matas adjacentes aos trilhos.

         Os trens, no sistema britânico, sempre pontuais.

         Lord Lovat e a comitiva real.    Dois príncipes, integrantes da coroa Britânica visitaram as obras da ferrovia em 1931.   Estiveram inclusive na nascente Cornélio Procópio-PR.   Eram Edward, o irmão mais velho e Albert, o mais novo de ambos.

         O herdeiro do trono era Edward, logo que foi alçado ao trono se casou com uma plebeia e renunciou ao cargo de Rei da Inglaterra.  Assumiu Albert que era tímido e gago já com o nome de George VI.

         Fim da linha.

         O trem chega a Jatahy em 1932.

         Em 1929 o então presidente do Estado do Paraná era Affonso Alves de Camargo.   Para garantir a presença do Paraná na região assediada pelos paulistas cafeicultores, criou o povoado de três bocas  (tem um rio na região com esse nome).   Depois a companhia colonizadora, detentora das terras na região, formaram a cidade de Londrina na localidade em 1932.

         Em 1932 ainda não havia a ponte no Rio Tibagi que é o terceiro maior do Paraná.    Na margem do Rio Tibagi havia o povoado de Jatahy que era um foco de malária até pelas lagoas que se formavam quando o rio enchia as várzeas.

         Sem Lord Lovat nada existiria.

         Uma serraria em Nova Dantzig.   Povoado colonizado por alemães e depois da guerra, passa a se chamar Cambé-PR.   Lei brasileira obrigou a mudarem o nome de cidades que tinham nomes de locais dos adversários na guerra.  (Alemães, Italianos e Japoneses).

         Amedeo, solteiro, nas folgas de uma quinzena, passava o tempo em São Paulo onde inclusive frequentava um clube com maioria de sócios imigrantes italianos.   Lá conheceu a jovem que viria a ser sua esposa.

        

         Segue no capítulo  5/8 

sexta-feira, 21 de março de 2025

Cap. 3/8 - fichamento do livro - TRILHOS, CAFÉ E TERRA VERNELHA - Autor: Jornalista ROGÉRIO RECCO

 capítulo 3                                        março de 2025

 

         Capítulo:   Uma missão britânica no Brasil

 

         A Missão formada  foi chamada Montagu, liderada pelo Lord Edwin Montagu.   Montagu era uma pessoa preparada e já tinha sido Secretário de Estado para as Índias e Secretário do Tesouro da Grã-Bretanha.  Tinha dirigido o HSBC – Hong Kong And Shangai Banking.  

         Nessa comitiva da Missão Montagu também figurava Lord Lavat.

         Nesse tempo o Presidente do Brasil era Artur Bernardes e o País estava devendo bastante e carente de investimentos.   Nossas contas públicas eram bem caóticas também.

         Lord Lovat já foi militar e já empreendeu no Sudão (país africano) com capitalistas para plantar algodão para abastecer o setor de fiação e tecelagem britânico.   Lovat era Técnico em Agricultura.

         A cidade de Ourinhos-SP fica no km 400 da ferrovia Sorocabana, que liga a cidade ao Porto de Santos.

         O Lord Lovat que decidia no caso pelos investimentos britânicos e não só fechou negócio com as terras do Norte Pioneiro do Paraná, como também adquiriu para sua  companhia, terras que avançavam pelo Noroeste do Paraná na rota Maringá, Cianorte, Umuarama.

         Ele sabia que levando a ferrovia até aquela região, valorizava as terras e o negócio era muito promissor.

          De volta a Londres, Lovat encaminha a criação da Companhia Brazil Plantations Syndicate Limited em 1924

         Pag. 36 -  A chamada Missão Montagu faz uma ousada proposta ao então Presidente Artur Bernardes.   Propôs comprar o Banco do Brasil, proposta que foi recusada pelo nosso então Presidente.  (em 1924)

         No Brasil de 1924, era sentida a falta de imigrantes europeus que em virtude da Primeira Guerra Mundial, pararam de emigrar rumo ao Brasil.

         Em 1925 a Paraná Plantations cria no Brasil a CTNP Companhia de Terras Norte do Paraná.   No plano da companhia o foco seria em lavouras de algodão, já que a indústria têxtil britânica era hegemônica no mundo de então.   Além de ganhar com a venda de madeira, valorização das terras e revenda desta em lotes menores.

         Em 1924 o governador do Paraná era Caetano Munhoz da Rocha.

         Em 1925 a CTNP compra 847.000 hectares de terra e em 1952 compra mais um tanto, totalizando 1.300.000 hectares (cada hectare tem 10.000 m2), o que equivale a aproximadamente 14% da área do estado do Paraná ou 10% do território da Inglaterra.

         Página 41 -  Nos tempos da colonização, a expectativa era levar a ferrovia até o Noroeste do Paraná, chegando até o Rio Paraná, na divisa com o então estado do Mato Grosso (hoje Mato Grosso do Sul) na região de Guaira-PR.

         A estrada de ferro chegou até Cianorte-PR.   Ao todo nas terras da CTNP se formaram 63 cidades e patrimônios, mais de 50.000 propriedades rurais e mais de cinco mil quilômetros de estradas.

         Simon Fraser era o nome do Lord Lovat.

         Página 45 – Segunda Parte -   A Odisseia na Floresta

         Em 1928 começa já sob responsabilidade da CTNP a retomada da ferrovia de Cambará-PR rumo a onde se localiza Londrina.   (nome que se inspira em Londres)

         A equipe técnica inglesa se mescla com gente de outros países da Europa.   Na obra, passa a ser comum na cúpula da obra, o idioma inglês e o traje social, com paletó, gravata, barba feita e sapatos lustrados.

         Desde trilhos e maquinários e equipamentos, todos vindos da Inglaterra.

                  A companhia acelera as obras da ferrovia.    Entre 1928 e 1932 a meta era que os trilhos chegassem a Jatahy.   Região do Rio Tibagi.

         Os operários do serviço bruto eram da região, do interior.   Pegam no pesado e são apegados à religião.  Sabem animar festas também.

         Onde ia passar a ferrovia, a mata era derrubada na base do machado e foices.    Já o movimento de terra era com carroças e burros, além de bois de tração.

domingo, 16 de março de 2025

Cap. 2/8 - fichamento do livro - TRILHOS, CAFÉ E TERRA VERMELHA - Autor: Jornalista ROGERIO RECCO

 Capítulo 2                                                       março de 2025

 

     Página 21 – Capítulo – Primeira Parte – Os cafeicultores avançam rumo ao Norte Pioneiro do Paraná

         Um dos pioneiros dos desbravadores das matas da região foi o cafeicultor paulista Major Barbosa Ferraz.    Era cafeicultor em Ribeirão Preto-SP.

         O Norte Pioneiro do PR conta com solos férteis, relevo ondulado, altitudes entre 400 e 700 m acima do nível do mar.    A cidade de Jacarezinho-PR foi fundada em 1.900, sendo das mais antigas do Norte Pioneiro.

         Curiosamente essa nova fronteira para o café em parte decorre do Convênio de Taubaté SP de 25-02-1906, celebrado pelos governos de SP, RJ e Minas Gerais para frearem a expansão da cafeicultura nos seus estados visando sustentar os preços para o café.

         O norte pioneiro do PR era praticamente inexplorado e havia muitas terras devolutas, que pertenciam à União Federal.   Na Constituição de 1891 as terras devolutas passaram à alçada dos respectivos Estados da federação e regulamentados por lei de 1893.

         Barbosa Ferraz era conhecido por Tonico Barbosa.   Foi dos pioneiros em explorar áreas no Norte Pioneiro do PR com formação de lavouras de café.

         O café puxando a colonização, tendo como empreendedores, cafeicultores paulistas.   Havia a linha férrea que ligava a vizinha Ourinhos-SP ao Porto de Santos.   Em Santos, também fica a Bolsa do Café.   Em decorrência disso tudo, o Norte Pioneiro tem mais influência de São Paulo do que de Curitiba que é a capital do Paraná.

         O governo paranaense, vendo o “perigo paulista”, trata de tentar construir ferrovia ligando o Norte Pioneiro ao Porto de Paranaguá.

         Construir ferrovias na época era caro porque demandava muito material importado da Europa.  Esta que passou por duas grandes guerras em período relativamente curto.

         Quando começou a expansão do café no Norte Pioneiro, já havia outra ferrovia que ligava São Paulo ao Porto de Rio Grande no RS e passava pela região de Jaguariaiva-PR.    O Paraná tentou puxar a ferrovia que demandava Santos via Ourinhos-SP através de um ramal que chegaria a Jaguariaiva-PR e desta, acessar o Porto de Paranaguá.    O problema é que esse ramal dava uma volta de uns 300 km e tudo ficava moroso e caro.

         Falta Estrada

         A saída é o trilho.    A estrada de ferro no Norte Pioneiro ia a passos lentos e “desmaiava” a obra por falta de dinheiro.   O povo fazia piada.   Entre 1912 e 1930 a obra da ferrovia conseguiu atingir somente 152 km.

         Em 1924 o Norte Pioneiro já tinha expressiva área cafeeira:

         7 milhões de pés de café em Jacarezinho-PR

         6 milhões em Ribeirão Claro-PR

         2 milhões em Santo Antonio da Platina PR e

         2 milhões em Siqueira Campos PR

         A fazenda Água do Bugre

         O cafeicultor Tonico Barbosa e outros, fundaram Cambará-PR em 1924.   Terras férteis cobertas de mata e quase sem estradas.    Tonico compra 5.000 há (cada hectare são 10.000 m2) de terra virgem para derrubar o mato e plantar café.    Monta assim a fazenda Água do Bugre.

         Os cafeicultores se cotizam para construir a ferrovia visando chegar até a vizinha Ourinhos, já no estado de SP e ligada ao Porto de Santos.

         O projeto ficou a cargo do Engenheiro paulista Gastão de Mesquita Filho.  Ele já tinha experiência na construção da ferrovia Noroeste de SP na região de Bauru-SP.

         Isso contrariava o interesse do governo do Paraná que buscava fazer a ferrovia ligar o Norte Pioneiro com o Porto de Paranaguá-PR.   Busca o estado puxar o ramal do Norte Pioneiro, via Jaguariaiva-PR para chegar ao Porto de Paranaguá.

         Por volta de 1920 a erva mate que era importante item de exportação do Paraná estava em decadência pela expansão da produção da Argentina.

         O Contratempo

         Em 1923-1924 o governo de SP se rebela contra o Governo Federal e até a população civil paulista participa do conflito armado.    O governo federal bombardeia vários locais da capital paulista.   Cita-se mais de 500 mortes no conflito.

         Continua no capítulo 3

quinta-feira, 13 de março de 2025

Cap.1/8 - fichamento do livro TRILHOS, CAFÉ E TERRA VERMELHA - Autor: Jornalista ROGÉRIO RECCO


Autor do livro: Rogério Recco
Este exemplar foi presente de um colega Engenheiro Agrônomo, Digiovani, que me trouxe em mãos porque sabe que gosto do tema e que faço um fichamento que pode dar oportunidade para que outras pessoas tenham contato com essas Memórias do desbravamento do Norte do Paraná.
O autor é jornalista radicado em Maringá-PR, meu conhecido e tem vasta experiência na área editorial.
O livro descreve a trajetória do Engenheiro italiano Amedeo Boggio Merlo, que participou da construção de ferrovias no Brasil entre 1920 e 1930 incluindo o trecho Cambará PR e a sequência desta rumo à região de Maringá PR por etapas.
A ferrovia foi bancada num pequeno trecho inicial por cafeicultores que buscavam escoar a produção de café que estavam implantando na região Norte do Paraná, via férrea, até o Porto de Santos-SP.
Em seguida uma companhia inglesa, que tinha adquirido uma gleba enorme de terra fértil e mata virgem no Norte do Paraná, passou a continuar a obra no rumo do que viria a ser Londrina, Apucarana, Maringá - PR. Tudo isso em terras da gleba enorme que adquiriu a preço muito baixo do governo paranaense.
Para explorar a região e escoar a produção de madeira e produtos da agropecuária, a ferrovia era essencial. Inclusive a região praticamente não tinha estradas e o que se tinha era caminhos sem pavimento que ora era poeira e ora era lama que tornava os trechos impraticáveis.
O trem traria a colonização para a região por caminhos mais seguros.
Consta que o Engenheiro Amedeo documentou bastante a região por meio de anotações, filmes e fotos que ele buscava fazer consciente de que estava ajudando a "fazer a América" como diziam os imigrantes que vinham da Itália rumo a dias melhores por aqui.
Apresentação
A companhia inglesa era a Paraná Plantations. Ela começa a trabalhar no Norte do Paraná entre os anos de 1928 e 1929. Aqui ela era representada pela CTNP Companhia de Terras do Norte do Paraná.
Para realizar o empreendimento, a empresa contratou mão de obra na região e pessoal especializado inclusive trazido do exterior.
A gleba foi adquirida em 1925 "a preço de banana", junto ao governo do estado do Paraná. A área adquirida pela CTNP era de 13,2 mil km2 que equivale a 1,32 milhão de hectares, sendo cada hectare igual a dez mil metros quadrados. Algo perto de nove vezes o tamanho do município de São Paulo.
Tudo será retalhado e loteado como lotes urbanos e rurais. A CTNP passa a ter sede em Londrina, criada em 1929 e esta cidade tem seu nome inspirado em Londres.
Em 1929 o Império Britânico, já meio ofuscado pelos USA, ainda ocupava quase um quarto dos territórios do planeta e também abrangia a população de quase um quarto do planeta. Dessas dimensões vem um dito popular que "O sol nunca se põe no território do Império Britânico".
Em 1929 o Brasil estava fraco de finanças. Ano da quebra da Bolsa de NY que espalhou recessão pelo mundo. E as cotações do café que exportávamos caiu muito de cotação trazendo crise ao País.
Como foi dito, nos anos 30 a região Norte do Paraná eram praticamente em mata e pouco povoada. Pouca gente, poucos caminhos e a ferrovia seria o elemento que traria a ocupação da área de forma produtiva.
O Engenheiro Amedeo, filho de italianos, nasceu na Argélia (norte da África). O pai era construtor e estava por temporada na Argelia em serviço residindo lá com a família quando Amedeo nasceu e tinha dupla cidadania.
O jovem imigrante Amedeo já tinha trabalhado em ferrovias antes desta no Paraná, sendo uma delas, um trecho da estrada de ferro Santos a Jundiai-SP. Atuou pela CTNP na construção da ferrovia Cambará a Londrina entre 1929 e 1934, fazendo parte da equipe técnica.
Amedeo por ter o habito das anotações e das filmagens e fotografias, montou um importante acervo para a memória da colonização da região Norte do Paraná.
Numa ocasião dois príncipes da Coroa Britânica vieram até o Paraná para acompanhar o andamento das obras da ferrovia e da colonização em si. Isto no ano de 1931.
Amedeo, percebendo o potencial da região, montou para si uma serraria e uma olaria que fabricava telhas e tijolos, muito demandados na região naquela época. Montou no povoado de Nova Dantzig, depois chamada de Cambé-PR
Em 1940, Maringá-PR era então uma pequena vila do município de Apucarana. (página 17)
Amedeo comprou em Maringá 250 hectares de terra em 1944. Em 1957, ele transfere sua serraria para Umuarama-PR que estava na segunda parte das glebas compradas pela CTNP. Ele morreu aos 66 anos de idade perto de Curitiba num acidente aéreo em 1967.
segue no capítulo 2
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João Francisco de Oliveira, Sandra Tuca Bassili e outras 5 pessoas
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domingo, 2 de março de 2025

Fichamento do livro de poesia - MORTE E VIDA SEVERINA - Autor: JOÃO CABRAL DE MELO NETO

 


Autor:  João Cabral de Melo Neto               (poesia – crítica social)   02/25

 

          Faz um bocado de tempo que li este livro do poeta nordestino João Cabral de Melo Neto.    É uma aula de cidadania ao mostrar as agruras do povo do sertão Nordestino nos tempos passados.    

     O livro descreve o sertanejo Severino, um nome bastante recorrente no Nordeste, seguindo do Sertão em busca de Recife.    Na alegoria, Severino caminha andando a pé e opta por tomar por rumo os pequenos rios que correm e que lá muito adiante vão engrossando as águas rumo ao mar.

         ...”Morremos de morte ingrata

Mesma morte Severina

É a morte que se morre

De velhice antes dos trinta,

De emboscada antes dos vinte,

De fome, um pouco por dia”.

         Severino seguindo o curso do rio, estação das secas e até o rio morre nessa época, ficando seco.   Então o retirante busca um pequeno povoado próximo para tentar um emprego temporário.   Busca conseguir uns trocos para sobreviver e depois seguir adiante rumo ao mar.

         No vilarejo, vê uma mulher na janela e pergunta por emprego.

         Ela pergunta o que ele sabe fazer como trabalho.

         ... “Sei também tratar de gado,

         Entre urtigas, pastorear

         Gado de comer no chão

         Ou de comer ramas no ar.”

         A mulher continua perguntando e ele explica:

         “Deseja mesmo saber o que eu fazia por lá?

         Comer quando havia o quê

         E, havendo ou não, trabalhar”.

         A mulher responde:

         - “Essa vida por aqui é coisa familiar”.

         A mulher pergunta se ele sabe os ritos e rezas de velório.  Ele diz que não e que só acompanha enterros.

         Ela diz que se ele entendesse desse ofício teria emprego e ela poderia ser sócia dele.   Rezas e velórios.

         - “Pois se o compadre soubesse

         Rezar ou mesmo cantar

         Trabalharíamos á meia,

         Que a freguesia bem dá.”

...

         O retirante segue e chega à zona da mata pernambucana

         “Os rios que correm aqui têm a água vitalícia”.

         Mas nestas terras boas para plantações, as grandes áreas são de grandes usinas de açúcar.   Imensas plantações de cana-de-açúcar.

         “Os donos são muito prósperos e os operários, miseráveis”.

         “Tem cemitério por aqui também”.

...     

         “Esta cova em que estás,

         Com palmos medida,

         É a conta menor

         Que tiraste em vida.

         - É de bom tamanho,

         Nem largo nem fundo,

         É a parte que lhe cabe

         Neste latifúndio.

         - Não é cova grande,

         É cova medida

         É a terra que querias

         Ver dividida.”

         ...

         É uma cova grande

         Para teu defunto parco,

         Porém mais que no mundo      

         Te sentirás largo

         - É uma terra grande

         Para tua carne pouca,

         Mas a terra dada

         Não se abre a boca.

...

         “E chegando, aprendo  que,

         Nessa viagem que eu fazia,

         Sem saber desde o sertão,

         Meu próprio enterro eu seguia

         Só devo ter chegado

         Adiantado de uns dias...”

         ...

         Agora Severino já estás na região de mangue onde mora o povo miserável em Recife.

         Também vê muita miséria por lá.   Riqueza de poucos e miséria de muitos.

         No meio disso, nasce uma criança de uma família na miséria.   Vizinhos vem ver a criança e trazem presentinhos.   Uma diz:

         - “Minha pobreza tal é

         Que não trago presente grande

         Trago para a mãe, caranguejos

         Pescados por estes mangues,

         Mamando leite de lama

         Conservará nosso sague”.

         ...  Outra vizinha com oferenda

         - Minha pobreza tal é

         Que coisa não posso ofertar:

         Somente o leite que eu tenho

         Para meu filho alimentar,

         Aqui são todos irmãos,

         De leite, de lama e de ar”.

         ...

         Severino matuta e vê que no meio de tanto desalento, sente um alento pela solidariedade daqueles que tão pouco tem mas que compartilha entre si.

         Na conversa com o Mestre Carpina, experiente da vida, este mostra a Severino que apesar de tudo, novas vidas vem chegando e o pobre é solidário e vida que segue.   Severino se conforma diante desse alento.        FIM.

                   Término da leitura e fichamento – dia 10-01-2025

                     resenhaorlando.blogspot.com.br