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segunda-feira, 15 de setembro de 2025

cap. 12/12 fichamento do livro VIAGEM A CURITIBA E PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA - Autor Botânico francês SAINT-HILAIRE (1816-1822)

 Capítulo 12/12  (final)

 

         Laguna fica ao lado de uma lagoa estreita e comprida e esta lagoa tem o nome de Laguna.    O autor cita que o lugar onde se formou o povoado tem a costa marítima muito perigosa e não teria sido uma boa escolha.

         Sobre as lavouras:    “Ali como em outros lugares do Brasil por onde eu já havia passado, todos se queixavam da ferrugem que atacava as lavouras”.

         (comumente a ferrugem é causada por um tipo específico de fungo muito difundido principalmente em regiões tropicais onde há temperatura elevada e umidade também elevada).   

         Tapii em guarani é anta.

         Uma frase carregada de poesia pelo autor na tal Praia Grande na região de Laguna SC.    “Só se via areia por toda parte, nenhuma casa, nenhum sinal da presença do homem... e sempre o ruido uniforme das ondas do mar que vinham morrer aos nossos pés”.     Praia esta perto do Morro da Laguna.

         Capítulo XVI  A Cidade de Laguna

         “A dar crédito a Gabriel Soares, foram os indígenas Tapuias que habitaram primitivamente a região onde hoje (1820) se situa Laguna”.

         No passado Laguna se chamava Alagoas.   É a mais antiga da Província de Santa Catarina.

         Fundadores construíram uma igreja dedicada a Santo Antonio dos Anjos.

         Em 1820 o distrito de Laguna contava com 9.000 habitantes.

         No interior de MG era mais comum encontrar mestiços de brancos com mulheres negras.   As brancas não arriscavam ir viver em lugares ermos e perigosos interior adentro.    Já em SC os colonizadores ficaram mais restritos ao litoral e houve bem menos miscigenação.

         Na região de Laguna entre outras culturas, se plantava o cânhamo, mas esta era vendida exclusivamente ao governo e este pagava baixo preço pelo produto.

         Laguna.   Lagoa estreita e bem comprida (30 km).   Entre os vários rios que desaguam na Laguna, o mais destacado é o Rio Tubarão.

         Em 1820 o canal natural onde a lagoa desemboca no mar era bastante rasa (aproximadamente 2 m.) e não permitia  acesso a barcos de maior porte.  No passado esse mesmo canal natural era bem mais profundo e recebia embarcações de maior calado.

         O pesquisador ainda segue de Laguna rumo a Porto Alegre, numa distância de 350 km.    (ele editou mais um livro robusto que adquiri e pretendo ler em breve).

         O autor encontrou alguns criminosos pelas andanças.  Diz que na Europa havia os atritos graves mas depois comumente as pessoas se reconciliavam.   “Os brasileiros raramente ficam com raiva uns dos outros, mas quando isso acontece eles se matam”.

         O autor recebeu visita só de pessoas que haviam sido recomendadas na estadia em Laguna.  Visitas espontâneas não apareceram.

         Capítulo XVII   Fim da Viagem pela Província de Santa Catarina

         Cita entre os pássaros, o quero-quero (Vanellus carianus).   Como leitor destaco que é muito comum hoje em dia até nos estádios de futebol de Curitiba PR essa ave.

         Passaram no caminho para Porto Alegre pela praia de Torres.   Formações de rochas beira mar que se parecem com torres vistas de longe.

         O nome da Província era Província do Rio Grande de São Pedro do Sul.

         O autor cita o europeu Hans Staden que visitou a região e fez relatos detalhados de viagem por volta do ano de 1620, portanto, 200 anos antes deste pesquisador.

         Fim.                    10-09-2025

sábado, 13 de setembro de 2025

Cap. 11/12 - fichamento do livro VIAGEM A CURITIBA E PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA - autor Botânico francês SAINT-HILAIRE (1816 - 1822)

Capítulo 11/12

 

         Entre outros fatores, os homens da ilha (atual Florianópolis) temiam o serviço militar forçado e se dedicavam à pesca e assim a ilha ficava com mais mulheres do que homens.   Nisso a prostituição era elevada e havia muitas crianças que eram abandonadas.

         Sobre terras exauridas em decorrência de sucessivos plantios.    ...”é preciso formar esterqueiras, bem como estudar uma forma de fazer rotação de culturas”.   (plantar culturas diferentes uma em sucessão às outras).  

         ... cita recorrentes casos de disenterias na população.    “Não seria totalmente impossível que as disenterias fossem causadas pelas laranjas, que existem em abundância e são comidas pelos moradores do lugar muito antes de estarem inteiramente maduras”.

         Capítulo XIV   Permanência do autor na Cidade de Desterro

         Como foi dito, era o nome da atual Florianópolis naquela ocasião.

         “Havia o projeto de se construir um hospital militar e de devolver aos pobres o estabelecimento que lhes pertencia.   O local onde ficaria o novo hospital já estava demarcado, mas a escolha não poderia ter sido pior:   ao lado do quartel e no sopé do morro, numa baixada onde o ar não circulava livremente”.

         Visitou fábricas de potes de barro na ilha do Desterro.

         Festividades por ocasião do nascimento de Dom João VI.   No Desterro teve parada militar e festividade que incluiu dança.

         No baile da elite, umas trinta mulheres.     ...”Eu já tinha tido oportunidade de admirar o talento das senhoras de SC para a dança; admirei-as mais ainda ao ficar sabendo que elas nunca tinham tido professor de dança e haviam aprendido a dançar exercitando-se umas com as outras”.

         Capítulo VI   Viagem de Desterro a Laguna

         Na época plantavam até um pouco de café na Ilha do Desterro.

...   “As mulheres que vi à minha chegada usavam geralmente um vestido de chita e um xale de seda”.

         Cita na região a fruta silvestre chamada camarinha e que dá cachos com frutos saborosos.   Frutos da cor negra.

         Cita a palmeira anã que recebe na região o nome popular de butiá e que dá cachos de frutos saborosos.

         (há no sul um ditado que se algo foi assustador, dizem que foi de cair os butiás dos bolsos).

         Jantar na fazenda de um militar local.   O autor cita que a mulher do fazendeiro também participou da mesa do jantar, o que não é costume no interior de MG e GO por exemplo.

         As pessoas que o abrigavam, arranjavam provisões e transporte para a próxima caminhada do autor e sempre cobravam por tudo isso.   Cobravam e indicavam (e recomendavam) a equipe dele para as paradas que ainda viriam pela frente.

         O autor disse que na região de Curitiba e desta para o litoral ao Sul, o gasto da equipe dele foi dez vezes maior que no interior de MG e SP.    E além do mais, não era tempo de florada dos vegetais e assim ele pouco conseguiu de material para sua coleção e pesquisa.    Era mês de maio.

         Cita o Rio Garupava, entre outros.

         No caminho rumo a Laguna viu grupo de pessoas que estavam voltando a cavalo de uma missa no povoado.    As mulheres usavam também chapéu, só que de modelos femininos.   Isto em contraste com as mulheres do interior de MG que montadas a cavalo usavam chapéus iguais aos dos homens.

         Na caminhada para Laguna, passou pela enseada de Embituva.

         O autor cita que encontrou na região vários homens que combateram contra a França em território Francês.    Cita uma tal Vila Nova no trecho entre Desterro e Laguna.    Diz que Vila Nova fica distante 30 km de Laguna.

         Ele se refere sempre em léguas, equivalentes a 6 km cada.

         Na época as casas em Laguna eram bem próximas à igreja local.   As casas geralmente ficavam fechadas durante a semana e os donos iam cuidar das lavouras e criações na zona rural.   Vinham aos domingos para o povoado para a missa.

         (Meus avós que eram da região de Tatui-SP citavam o fato dos agricultores ter uma “casa de assistência” na cidade para virem nos fins de semana para a missa).    Isto nos anos 1910/1920 por aí.

                   Capítulo 12/12 a seguir... 

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Cap. 10/12 - fichamento do livro VIAGEM A CURITIBA E PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA - autor: Botânico francês SAINT-HILAIRE (1816-1822)

 Cap 10/12

 

Em torno de quarenta anos, armação que caçava até 500 baleias por temporada, foi caindo e chegava perto de 50 abates por ano.  

         “De cada baleia se retirava de 12 a 20 barris de óleo, sendo 15 em média.”  

         Barcos de caça à baleia eram de seis bancos para remadores.   Levavam arpões.    Ao saírem para pescar o capelão abençoava cada partida, inclusive porque a atividade era arriscada.

         Matavam as baleias, arrastavam elas até a armação, retiravam a gordura, ferviam para obter o óleo e o torresmo em geral ia para a queima na caldeira de derreter gordura.    O óleo produzido era colocado em barris e embarcados para venda no Rio de Janeiro. 

         A temporada da caça anual era curta, menos de dois meses.    Após retirar a gordura da baleia, largavam a carcaça apodrecendo junto à costa, deixando a região com muito mal cheiro.

         “As pessoas que se ocupavam da pesca eram lavradores muito pobres quase todos.   Ao invés, porém, de guardarem para o futuro um pouco do dinheiro ganho na curta temporada da caça e de cultivarem as suas terras nos dias de folga, eles ficavam à toa quando terminava a pesca e passavam a vida bebendo cachaça, cantando e tocando violão até que o dinheiro acabasse”.

         O autor passou de barco perto de dois fortes na Ilha que hoje é Florianópolis.  Forte da Ponta Grossa na Ilha e o de Santa Cruz no continente ao lado da ilha.

         Capítulo XIII

         A ilha de Santa Catarina – a cidade de Desterro

         Quando o pesquisador visitou a ilha ela tinha em 1820, 12.000 habitantes.

         Ressalva que o medo que as famílias tem do Estado requisitar seus filhos para o Exército, faz com que muitas famílias omitam dados para o governo.

         ...”pois num país onde é aceita a escravidão o número de escravos serve de base para medir a fortuna dos indivíduos livres”.

         O autor fez grande elogio à ilha onde hoje é Florianópolis pela beleza do lugar.   Na ilha, muitas casas de dois andares, bem construídas e vidraças nas janelas.

         Em 1820 os artigos de exportação pelo porto de Desterro eram principalmente farinha de mandioca, arroz, óleo de baleia, cal, feijão, milho, amendoim, madeira, couros, potes de barro, peixe salgado, tecidos de linho e tecidos feitos com uma mistura de cânhamo e algodão, além de melado de cana.

         O autor cita muitos sítios e chácaras perto da cidade, sempre com plantações.   Comumente a mandioca, laranja e outras culturas sem simetria, não alinhadas.

         Casas simples e bem cuidadas.  Pouca mobília.  Mesa e tamboretes para pessoa sentar.   No chão a esteira sobre a qual se faz os trabalhos domésticos de cócoras e são servidas as refeições também consumidas de cócoras.

         Todo sítio da região tem seu tear para confeccionar tecidos para uso doméstico principalmente.

         Pessoas de cabelos finos que demonstra pouca mistura com sangue indígena.

         “As mulheres mais ricas da cidade acompanham a moda do Rio de Janeiro e estas, por sua vez, acompanham a moda da França”.

         ...”Quem passa diante de suas casas ouve-as batendo o algodão; elas fiam e tecem mas de um modo geral empatam o que ganham unicamente para satisfazer o seu gosto pelas roupas bonitas”.

         Em Desterro (1820)...   “Os homens que pertencem à Guarda Nacional deixam crescer o bigode”.

         Em SC, poucos negros escravizados e os brancos fazem inclusive os trabalhos de cultivo da terra.   Diferente de MG onde a cor branca da pele dá uma certa nobreza às pessoas e estas deixam as tarefas mais duras como cuidar de lavouras aos negros escravizados.

                   Capítulo 11/12

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Cap. 9/12 - fichamento do livro - VIAGEM A CURITIBA E PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA - autor Botânico francês SAINT-HIRAIRE (1816 a 1822)

 capítulo 9/12

 

Relembrando que na ocasião que os portugueses colonizaram SC os índios locais já tinham migrado para o interior em decorrência da vinda dos colonos.    Assim não houve ali quase nada de miscigenação dos europeus com os indígenas.

Os do RS, pela vizinhança com os hispano-americanos, tomaram destes muitas palavras do vocabulário.

Em  certo trecho do livro o autor cita a tal língua geral que foi bastante usada no Brasil dos primeiros séculos da colonização e esta era uma mistura de língua indígena com o português.

         Capítulo XI  A Cidade, a Ilha e o Distrito de São Francisco

Jaguara significa cachorro na língua indígena guarani.   Essa é uma das expressões bem usadas no RS atual inclusive.

No passado anterior a 1820 a ilha de São Francisco era povoada pelos indígenas Carijós.

Página 146 -  Cita Nossa Senhora da Graça e sua devoção vindo de 1656.  Eu como leitor visitei um santuário na França que se referia a Nossa Senhora das Graças cuja origem se não me engano seria do início do século 20.   Pode não ser a mesma aparição.

Cita o fortim em São Francisco do Sul.    E no povoado, oitenta casas em 1820.   Destaca a igreja daquele povoado e diz que desde que passou por Itu-SP, não tinha visto uma igreja tão bonita como aquela.

A cidade de São Francisco tinha um chafariz de água boa e muita gente usava essa fonte de água para beber.

...”Vê-se em S. Francisco um elevado número de tavernas e várias lojas sortidas”.

A cidade contém grande quantidade de mosquitos.  Região de águas, pântanos e matas, propício para criação de mosquitos.

Dois morros na cidade.   O Pão de Açucar e o Morro da Laranjeira.

Cubatão – nome dado às grotas entre os morros.

O cipó-imbé, que na verdade é a longa raiz de certa planta epífita (que se fixa na copa das árvores).   Usavam a fibra dessa planta, muito resistente, para muitos utensílios, incluindo cordas muito requisitadas em embarcações.

Distante duas léguas (12 km) do litoral, não há povoação e é tomada por montanhas com mata que não tem dono.

... muitos agricultores locais moram no sítio e alguns mais abastados tem também casa na cidade onde passam os domingos.

Todo povo local sabe manejar com destreza uma canoa e sabe a arte da pesca.  Nisso se incluem as mulheres.

A base alimentar é peixe cozido e farinha de mandioca.

Criam poucas vacas, porcos e aves.

O autor fala que os imigrantes europeus que virão, certamente trarão novos cultivos, novas formas de viver e que devem influenciar a população local inclusive na alimentação.    Plantam um pouco de cana principalmente para fazer aguardente.   Algodão para fazer tecido rústico de uso local.  Plantam um pouco de milho para galinhas e cavalos, além de alimentar os escravos.

As bananas são abundantes e de boa qualidade.

Usavam serrar um pouco de madeira para exportar mas não dominavam o uso da água como força motriz que poderia mecanizar as serras e dar mais rendimento ao trabalho.

O autor cita que o povo em sua maioria é bastante pobre e suas casas quase não tem mobílias.   Usam uma esteira cobrindo o chão onde preparam refeições acocorados e servem as refeições sobre a esteira.  

Capítulo XII  As Armações de pesca de Itapocoroia

Caça às baleias principalmente com interesse no óleo que era usado inclusive na iluminação pública.   No começo a caça era livre e depois passou a ser controlada pelo governo que vendia concessão a armadores.

Era em certo tempo uma atividade altamente rentável.    “Nessa época a pesca era de tal forma abundante que apenas uma das armações capturou 523 baleias.   As concessões começaram em 1765 mas a partir de 1800 a atividade já  era pouco atrativa pela redução drástica de baleias disponíveis.

“A caça da baleia na época começava nos meses de junho e durava até meados de agosto.”   Coincidia com a época das baleias migrarem das águas frias do sul do continente para regiões mais quentes para acasalamento.

A baleia cria um filhote a cada fase reprodutiva e a caça descontrolada reduziu em muito a população de baleias na região em pouco tempo.

 

Cap 10/12

sábado, 30 de agosto de 2025

Cap.8/12 - fichamento do livro - VIAGEM A CURITIBA E PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA - autor: Botânico francês SAINT - HILAIRE (1816-1822)

Cap. 8/12

 

.    Em 1820 o povoado de Guaratuba não tinha mais do que quarenta casas.

     “Não há mais do que quarenta casas”.   Igreja local é dedicada a São Luis em homenagem ao Rei da França.

         No litoral, Guaratuba é a última paróquia pertencente a Curitiba.  A próxima,  mais ao sul já pertence a Santa Catarina e é a paróquia de São Francisco, na ilha do mesmo nome.

         Na época (1820) São Francisco tinha 900 habitantes no seu distrito.

Muito pobres.   Se alimentam basicamente de peixes e de farinha de mandioca.   Má alimentação, pele amarelada e hábito de comer terra.  Isto pela deficiência de minerais no organismo deles.

         Uso da extração de cal dos sambaquis.  Estes eram amontoados de conchas de séculos pelos indígenas que habitaram a região.  Se alimentavam das ostras e iam amontoando as conchas destas que formaram os sambaquis, ricos em cálcio.

         Capítulo X   Esboço geral da Província de Santa Catarina

         SC até o século XVIII era coberta de florestas e tinha os índios Carijós.    Logo após o ano de 1500 os europeus que passavam pela ilha onde hoje é Florianópolis, a chamavam de ilha dos Patos, devido à grande ocorrência dessas aves na região.    Em 1559 há relatos do viajante Hans Staden percorrendo esta região e fazendo anotações.

         O governo de São Paulo em 1732 visando povoar SC para defender a região, mandou famílias para lá e passou a enviar prisioneiros para cumprir pena no “Desterro”, isto na ilha onde hoje é Florianópolis.

         Antes dessa época, os presos eram enviados para presídios no Pará ou no Maranhão.

         Há relatos da época que a região tinha na costa de SC gente que recebia muito bem os navegantes, os viajantes que passavam pela região.   Os moradores locais eram leais no comércio com todos.

         Item 2 – Colonização

         A província de SC era bem pequena em 1820.  O limite oeste   ...”ainda não se acham perfeitamente definidos”.

         Na narrativa do autor ele faz referência ao “cruel” coronel Rodrigo de São Paulo que na “guerra contra Artigas mandou muita gente convocada para a guerra”.   O povo ficava em polvorosa por ser convocado.

         Em 1820 a província de SC tinha três cidades.  São Francisco, Nossa Senhora do Desterro (atual Florianópolis) e Laguna.  Todas no litoral.

         Administração Eclesiástica.

         Na época (1820) a Diocese do RJ ao norte ia até a divisa com a diocese da Bahia.  Ao Sul, tinha jurisdição, pulando São Paulo, nos estados do sul como Paraná, SC e RS.    Essa falta de sintonia das paróquias do sul com a Diocese do RJ causava sensação de abandono pelo povo e mesmo para os padres que atuavam na região.

         Os poucos padres para atender às paróquias eram mal preparados para a função.   Acabavam entrando na promiscuidade do povo local.

         Quando vieram uns padres espanhóis ligados a Ordens Religiosas, estes tinham preparo sólido e vivência correta e os resultados foram muito bons.    “seus costumes são austeros; eles pregam a doutrina cristã em toda a sua pureza, mantém-se alheios às coisas mundanas e se consagram sem reservas ao serviço de Deus”.

         Instrução Pública    -  Por volta de 1840 os padres ligados à Ordem religiosa fundam um colégio e mediante pequena contribuição, tem alunos internos cursando Latim, noções de história e geografia, francês, geometria, retórica e filosofia.   Formavam jovens muito bem preparados.

         Administração judiciária.

         Em 1820 a segunda instância da Justiça em SC ainda era ligada a Porto Alegre, o que dificultava muito para o povo de SC.

         Em SC na época do pesquisador, só havia picadas e não havia estradas.   Não havia como produzir lavouras no interior, nem meio de transportar a produção para comercialização.

         Os primeiros portugueses que migraram para SC e RS tiveram progresso diferente.   Os do RS encontraram os campos com pasto nativo e sem a presença de mata.   Áreas propícias para criação de gado sem o elevado custo de desmatar a área.

         Já os portugueses que vieram povoar SC, como os anteriores eram de origem do Arquipélago dos Açores.    Ficaram restritos a povoar  o litoral, já que fora deste era tudo mata virgem de difícil acesso e que requeria muito esforço para desmatar, construir caminhos e povoar.    Assim, ficavam no litoral e tinham como principal fonte de subsistência a pesca.

         Os do RS lidando com gado, tinham carne abundante e eram bem mais saudáveis que os de SC.

         Relembrando que na ocasião que os portugueses colonizaram SC os índios locais já tinham migrado para o interior em decorrência da vinda dos colonos.

                   Continua no capítulo      9/12 

terça-feira, 26 de agosto de 2025

Cap. 7/12 - fichamento do livro - VIAGEM A CURITIBA E PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA - autor: Botânico francês - SAINT-HILAIRE - (1816-1822)

capítulo 7/12 

         Sobre a difícil descida da Serra do Mar pela trilha da época rumo a Paranaguá, usando burros cargueiros.     O autor se admira da habilidade dos burros que fazem aquele trecho.   Os animais são treinados para essa travessia.   Primeiro os burros descem a serra sem as cangalhas e sem carga para se ambientarem ao terreno.   Numa segunda fase, descem com a cangalha vazia.   Numa fase posterior, descem com meia carga e quando estão bem treinados, levam carga completa.

         O autor registra na região de Paranaguá o Rio Cubatão que tem o leito com pedras no fundo.

         Descreve a parada em Morretes e fala do lugarejo e seu povo.   Cultivam banana, mandioca e cana.   Cana para fazer rapadura e cachaça.

         Entre Morretes e Paranaguá, o pesquisador viajou de barco.  Mangue no entorno e muitas aves aquáticas com destaque para os coloridos guarás com sua cor coral.

         Segundo o autor, Paranaguá foi o primeiro lugar onde se descobriu ouro no Brasil.    “Antes mesmo de 1578”.    O governo de então criou uma fundição de ouro em Paranaguá.

         Até 1812 Paranaguá foi comarca e neste ano a comarca passou para Curitiba.

         Em Paranaguá..  “A Câmara Municipal está instalada num prédio bastante grande que defronta o rio e tem dois pavimentos.   Conforme o costume o andar térreo é ocupado pela cadeia”.

         Cita o prédio grande feito pelos Jesuítas.  (Conheço o prédio que está bem conservado e tem instalação ligada à UFPr Universidade Federal do Paraná).

         Pelo porto de Paranaguá na época se exportava muita madeira de peroba e canela preta, além de mate e alguns produtos mais.

         Em 1836 foram 134 os navios que aportaram em Paranaguá.   Sobre este povoado:   “Essa cidade é certamente uma das mais bonitas que já visitei desde que cheguei ao Brasil”.    Destaca porém que a água da cidade é de qualidade medíocre.

         “Ali e em Guaratuba... singular costume de comer terra...”  (por má nutrição).  As pessoas que comem terra ficam com a pele amarelada e morrem mais precocemente.

         Escravos...   “veem-se negros com mordaça na boca rolando na terra para poderem aspirar um pouco de pó”.    ...”comer cacos de potes de barro, de preferência oriundos da Bahia”.   (provavelmente com mais microelementos)

         Um padre, ao dar a comunhão perguntava se a pessoa tinha o costume de comer terra e transformou isso em pecado.  Não dava comunhão a quem comesse terra.

         Em 1820 o distrito de Paranaguá tinha 5.000 habitantes.

         Ele diz que acha qual razão de fazendas de gado terem menos escravos.  Primeiro, porque a atividade usa pouca mão de obra.  Segundo, porque os brancos não se sentem diminuídos trabalhando montado num cavalo e cuidando do gado.

         Paranaguá e sua área de planície litorânea.   Muitos bananais.  Produz mandioca e cana mas o clima não é bom para produção de café.

         Árvores cortadas na altura de um metro.  Nasce mato em volta do toco e assim a árvore não rebrota.   “Se este livro cair nas mãos de um fazendeiro ele rirá dos meus conselhos...   mas seus netos...”  irão me agradecer e ficar ricos porque adotando a limpeza no entorno do toco da árvore ela revive e será de novo uma árvore de grande utilidade e valor.  (como faziam na França da época).

         Sobre topografia e clima...  “Isso viria a confirmar a lei segundo a qual há muito maior uniformidade, de um modo geral, na temperatura e vegetação do que nas terras do interior”.     (terras próximas ao litoral estão em altitude próxima da altitude do mar e assim tem clima e vegetação semelhante na faixa costeira)

         Visitou a Ilha da Cotinga  (no guarani, Cotinga – semelhante ao quati)

         Visitou em Paranaguá a capela do Rocio onde é celebrada anualmente uma festa que junta muita gente da região.  A capela era dedicada a Nossa Senhora do Rosário.

         Viu por lá os ritos da Semana Santa e de malharem o Judas no sábado da aleluia.   Essa tradição veio de Portugal.

         O autor que usava burros de carga para suas andanças na pesquisa botânica, notou que no litoral de Paranaguá era difícil encontrar burros.  Usavam mais as canoas e nos trechos por terra, carros de boi.

         Ao partir rumo a Laguna, teve que contratar carros de bois para a missão.

          Capítulo IX  Viagem de Paranaguá a Guaratuba.  Essa última cidade e seu distrito.

         Uso de canoas num trecho e carros de boi em outros trechos entre Paranaguá e Guaratuba.    Em Paranaguá, na Ilha do Mel, já existia o pequeno Forte (um fortim) para proteger a cidade de invasores por mar.

         Caiobá, do guarani caioga – casa de macacos.

         Destacou a beleza das aves guarás, muito comuns no litoral.    O nome científico do guará segundo o autor é Ibis rubra.

         No passado (em relação a 1820) os guarás eram encontrados nas costas marítimas desde o ES até Santa Catarina.   Foram desaparecendo de muitas regiões e em 1820 o autor encontrou em bandos na região de Guaratuba.   Guara-tiba em tupi seria reunião de guarás.    Em 1820 o povoado de Guaratuba não tinha mais do que quarenta casas. 

sábado, 16 de agosto de 2025

Cap.6/12 - fichamento do livro - VIAGEM A CURITIBA E PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA _ autor: botânico francês - SAINT-HIRAIRE (anos 1816-1822)

 capítulo 6

        

         “A comarca de Curitiba contava em 1813 com 36.104 habitantes”.

         “Em 1838 ela se compunha de Curitiba, Guaratuba, Paranaguá, Antonina, Vila Nova do Príncipe (Lapa) e Castro.”   Mais para o interior, a oeste era tudo não colonizado.  

         O povoado de Apiai (SP) no vale do Rio Ribeira era o mais próximo da província de São Paulo em relação a Curitiba.

         “Em 1818 a varíola devastou a região”.   O autor cita estatísticas das pessoas e das profissões da região na época.  (páginas 75 a 77)

         Ponta Grossa era um distrito de Castro (1820).   Em Curitiba, as mesmas culturas como milho, feijão, trigo, fumo etc.

         Destaca na região a produção de mate “que constituiu importante produto de exportação”.

         Produção de lã de carneiros.   Produzem cochonilhos para colocar em cima do arreio para cavalgar.   Vendiam muito na região e em Sorocaba que era um grande entreposto de vendas de tropas.

         Em 1820 já não se explorava mais ouro na região de Curitiba. 

         Muitos homens brancos, altos ...”e eles não mostram o menor sinal daquela bazófia que comumente torna insuportáveis os empregados e os comerciantes da capital do Brasil”.

         As mulheres...  “elas são menos arredias e sua conversa é agradável”

         Os imigrantes europeus, não portugueses dão apelido injurioso aos portugueses, chamando-os de emboabas.   Emboabas eram aves que tinham penas até nos pés.   Os portugueses usavam botas de cano alto e polainas e assim ganharam o apelido.

         Pessegueiros abundantes porque em certo tempo o capitão mor obrigou os agricultores a planta-los.

         “Tirania do Coronel Diogo...”    faz relato.

         ...”Passei nove dias em Curitiba”.

         Índios coroados de Guarapuava.   O termo coroado seria porque os índios com o cabelo comprido enrolavam o mesmo de forma a ficar coroado.

         Os índios faziam com o milho ou a mandioca, uma bebida chamada cauim que era alcoólica e causava embriaguez.

         Em Curitiba ficou hospedado pelo Sargento Mor José Carneiro.

         Capítulo VII   Paranaguá – Descida da Serra do Mar

         Logo após Curitiba no rumo da Serra, passa pela fazenda da Borda do Campo.   Esta foi dos Jesuitas e era produtiva e lucrativa.

         Depois que os Jesuítas foram expulsos do Brasil, a Coroa passou a administrar a citada fazenda e então esta ficou mal cuidada e deficitária.

         ...”São conhecidos o descaso e a má fé com que era administrado o Brasil, sob o governo de Portugal, tudo o que se relacionava com o serviço público.”

         Na época a distância de Curitiba a Paranaguá era pelas vias de então, ao redor de 110 km.

         Em Minas Gerais chamavam o mate de congonha.   Em MG usavam uma planta local parecida com o mate mas que era de outra espécie.

         O pesquisador observou que por aqui o preparo do mate na região era inferior ao sistema do Paraguai, sendo que neste o produto ficava melhor.

Melhorado, o mate era mais bem aceito em Buenos Aires e Montevideu.

         Na página 91 desta edição, o autor explica em detalhe o barbaquá que era uma estrutura de madeira para o sapeco do mate.   Depois de exposta ao fogo, era socada para virar pó.

         Cita a região de Curitiba produzindo por ano 300.000 a 400.000 arrobas de mate.   (uma arroba = 15 kg)

         Relata no trecho da Serra, o majestoso Pico Marumbi.

         O Bispo do Rio de Janeiro, José Caetano da Silva Coutinho.   Este teve a ideia de conhecer a sua imensa diocese.  Para isso, teve que descer a serra entre Curitiba e Paranaguá.   Levavam ele numa rede.   Em certo ponto os carregadores reclamaram de forma bruta, que o bispo era muito pesado.   Este ficou muito aborrecido e mandou parar a marcha, desceu da rede, pegou um bastão e apoiado nele desceu a Serra à pé.

         Por várias ocasiões o pesquisador conversou com o Bispo sobre as andanças de ambos por várias partes do Brasil.

 

                                      Continua no capítulo 7/12