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quinta-feira, 31 de julho de 2014

RESENHA DA PALESTRA MÉDICA SOBRE AVC (DERRAME)


     Anotações feitas pelo Eng.Agr.Orlando Lisboa de Almeida
                  orlando_lisboa@terra.com.br

     A palestra foi proferida pelo Médico Neurologista Dr  João Rafael Sabbag do Hospital Evangélico de Curitiba no dia 29-07-14 no Rotary Club Curitiba Bom Retiro.
    
     AVC Acidente Vascular Cerebral.      Na tela de abertura da explanação já aparece uma frase de impacto e alerta:  “Uma em seis pessoas no mundo terá AVC em sua vida.   Esta pessoa pode ser você”.
     O AVC é a principal causa de óbito no Brasil e de afastamento do trabalho, via INSS.     Dia 29-10-2012 foi o Dia Mundial do AVC.   O símbolo da campanha tem a cor Azul.
     A doença tira a independência da pessoa, dependendo do grau das seqüelas.
     Dos AVC, 85% são tipo Isquêmico e 15% do tipo hemorrágico.
     No Brasil, 50% dos AVC ocorrem acima dos 75 anos de idade das pessoas.
     Em termos mundiais, o AVC é a segunda causa de óbito.
     A taxa de letalidade da doença está entre 10 e 55%.
     No Brasil, base 2010, morreram 100.000 pessoas de AVC.   No Brasil as mortes por AVC e infarto estão aproximadamente na mesma proporção.
     O AVC isquêmico é decorrente de obstrução de veia/artéria   (é o mais freqüente).
     No caso da mulher, a combinação de anticoncepcional associado ao tabagismo, aumenta o risco de AVC em vinte vezes.
     No Brasil, 40% dos afastamentos do trabalho (via INSS) por incapacidade física é decorrente do AVC.
      Controlar a pressão sanguínea é muito importante para prevenir.
     Controlar a diabetes também é importante.
     Colesterol alto – gordura no sangue – risco de AVC
     Tabagismo – o cigarro é nocivo à saúde e aumenta risco de AVC, assim como o alcoolismo.
     O palestrante disse que um tratamento para deixar de fumar é 20 vezes mais barato do que acudir a saúde da pessoa fumante nos casos de doenças associadas ao vício.
     Obesidade – também predispõe a pessoa ao risco de AVC.
     Exercício físico regular ajuda a pessoa a se prevenir de doenças em geral e do AVC em particular.
     Evitar excesso de sal e gorduras na alimentação do dia-a-dia.
     Fazer exames médicos regulares também é um “santo remédio” – prevenir.
     Em caso de suspeita do AVC, levar a pessoa afetada o mais urgente possível em busca de atendimento médico.
     Uns testes que a pessoa pode fazer junto à pessoa suspeita de estar na ocorrência de um AVC:      (geralmente os sintomas incluem forte e repentina dor de cabeça)
     SAMU
     S – sorria.     Ver se a pessoa consegue articular os lábios corretamente.
     A – abrace -   Ver se a pessoa consegue erguer os braços – dar um abraço (coordenação motora) – perda súbita da força muscular.
     M – música – ver se a pessoa consegue falar e entender o que o outro lhe fala.
     U – urgente -   chamar o socorro se for o caso.          SAMU 192
     Aja rápido.   Tempo perdido é cérebro perdido.
     Em alguma situação, o prosaico medicamento AAS ácido acetil salicílico pode ser um auxiliar em questão circulatória.   Sempre com orientação médica.

     No caso de suspeita de AVC, não alimentar a pessoa pois nesse caso pode haver bronco aspiração e complicar a recuperação do paciente.  (alimento ir para as vias respiratórias).
     Remédio de uso em hospital para AVC isquêmico (o mais freqüente):   ACTILISE.
     O remédio visa desfazer o coágulo e a obstrução da circulação sanguínea no local afetado.
     Quando a pessoa tem mais de 80 anos de idade, em geral se coloca um cateter para colocar o medicamento (em dose menor) na região do coágulo.
     Há casos de AVC hemorrágico em que tende a inchar o cérebro e pode ser necessário abrir uma “janela” no osso craniano para o cérebro expandir o volume no momento da ocorrência.   Controlado o problema, se repõe o osso.
     Mensagem final:    EM CASO DE AVC – TEMPO É CÉREBRO.

     Espero ter entendido de forma adequada o que foi repassado e eventuais pisadas na bola de minha parte, leigo que sou, peço desculpa.



     

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Divulgando meu Blog mais antigo, também atualizado

     Faz uns cinco anos que eu resolvi criar um blog que costumo dizer que é de Opinião, Cultura e Lazer.     No item lazer, coloco principalmente algo sobre algumas viagens de lazer, mas sempre com algum conteúdo cultural sobre o lugar visitado.    Este blog tem cinco anos, mais de trinta mil acessos e o endereço é   www.orlandolisboa.blogspot.com.br

orlando_lisboa@terra.com.br

Espero sua visita e se for o caso, também algum comentário.   Fraterno abraço.  

terça-feira, 8 de julho de 2014

RESENHA DO LIVRO: SABERES GLOBAIS, SABERES LOCAIS

          Autor da Resenha:   Eng.Agr.Orlando Lisboa de Almeida

Autores do livro:  Edgar Morin – participação do índio Marcos Terena
Editora:  Garamond  - Rio de Janeiro – Ano 2000  - 75 páginas
CDS/UNb   Centro de Desenvolvimento Sustentável da UNb.
Data da leitura:   31-01-13 a 01-02-13

     O livro na verdade reproduz uma Conferência realizada pela Universidade de Brasilia dentro do tema “Idéias Sustentáveis”.
     O Conferencista convidado, Edgar Morin é francês, octagenário, licenciado em História, Geografia e Direito.   Muito empenhado na teoria e na prática dos temas que envolvem o ser humano.
     O outro conferencista convidado foi o índio Marcos Terena, que é piloto de aeronaves, escritor, professor e conferencista.    A fala de ambos está expressa neste livro, assim como as perguntas e respostas na parte final das conferências.
     Um dos conselhos do índio Terena:   “Vocês não podem abandonar o espírito de vocês; o espírito é a maior força que o ser humano possui.  Se nós não fortalecermos o nosso espírito, seremos fracos.”    (página 63)
Página 65 – Terena, falando do índio no Brasil frente à pobreza, as injustiças e as questões ambientais.     “Porque a nossa oração é também para aqueles lugares onde as pessoas não tem o que comer, não tem o que beber, não tem casa para morar.  É por isso que, quando lutamos pela terra, é para proteger a vida.   A vida dos animais, das plantas e do ser humano”.
Voltando à página 17 -  Atualmente (ano 2000), temos que do ano de 1500 para cá no Brasil perdemos mais de 700 dos 1.000 povos indígenas, diz o Terena.   Povos que não existem mais, línguas e culturas que não existem mais.
     Atualmente há ao redor de 200 povos indígenas no Brasil, que falam 180 linguas diferentes.
     Página 56 – Morin e a inteligência artificial humana:    ...” penso que há um limite nesta porque:   qual é a originalidade da inteligência humana?   É a sua relação fundamental com a afetividade e com a emoção.”
     Página 59 – Morin, sobre o Ensino, sobre a Criatividade:
     “Ensino não é unicamente uma função, uma profissão como qualquer outra, onde se pode distribuir, produzir pedaços do saber: pedaços de geografia, de história, de química.   Enfim, Platão disse muito bem: “Para ensinar necessita-se de Eros, que significa amor, prazer e amor pelo conhecimento, amor pelas pessoas.  Se não há isso no ensino, na investigação, no conhecimento, nenhum resultado é interessante.”
     Página 53:   Morin, sobre a igualdade na diversidade:    “Pode-se falar de igualdade porque  a diversidade não significa uma visão hierárquica.   A diversidade é uma pluralidade de possibilidades.   Igualdade não significa igualdade entre os mesmos.  Igualdade pode ser entre pessoas, a igualdade humana dos direitos humanos vale para todas as culturas, para todas as línguas, para todas as raças...”

segunda-feira, 2 de junho de 2014

RESENHA DO LIVRO – PERDIDOS NA TOSCANA


                               fonte da ilustração - gogle - página abaixo.
www.google.com.br/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&ie=UTF-8#q=fotos%20da%20toscana

Autor:   Affonso Romano de Sant´Anna        29052014


Resenha pelo Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida

Editora – L&PM,  Porto Alegre-RS, ano 2009, 252 páginas – 1ª.edição

     Eu não conhecia o nome e a obra desse autor que para mim foi surpreendente.   Um dia, a convite do SESC de Maringá, fui a uma palestra e bate papo com autores e um dos dois palestrantes da noite era o poeta, doutor em letras, mineiro, ex-dirigente da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.   Autor de vasta obra entre livros em prosa e verso e ensaios.    Viajou por muitos países representando nosso País em conclaves envolvendo literatura.

     Perdidos na Toscana no sentido de deslumbramento com a beleza da região envolvendo paisagem, edificações, história do seu povo.
     Página 9 – Mântua.  Cita a Torre do Relógio, Palácio da Razão, Palácio Ducal e outros lugares.    Virgilio nasceu nas cercanias de Mântua.
     12 – Certaldo Alto – cidadezinha medieval onde Boccacio passou a infância.
     13 – San Geminiano – tem edifício de quatorze torres.  Eram antigamente setenta e duas torres, das quais restaram as quatorze atuais.    Segundo o autor do livro, este local foi a New York da Idade Média.
     13 – Arezzo – cidade de Petrarca.   Cidade do poeta Aretino, que também inventou as Notas Musicais da forma que hoje conhecemos.
     15 – Catedral de Milão – Igreja com 135 agulhas apontando para o céu.
     16 -    ...”Aristóteles quando dizia que a poesia essencializa mais os fatos que a história.”
     16 – Na livraria em Milão.   Disse que notou que o escritor da moda lá era o chileno Luis Sepúlveda.
     17 – O Teatro Scalla de Milão continua na ativa com música clássica.
     Índia
     18 – O número de dialetos na Índia é grande e as línguas são 18.  Ele cita que, ironicamente, o idioma inglês (do colonizador) acabou sendo útil aos povos da  Índia para se comunicarem entre si.
     21 – Velha Deli e Nova Deli.  Cidades densamente povoadas.   Fala inclusive do Forte Vermelho.
     Rússia
     58 – Cita o livro 1917 A Revolução Mês a Mês de autoria de A. Nenarokov
     59 – A cidade de Leningrado, após a queda do comunismo voltou a se chamar São Petsburgo.
     60 – O que fazer do Museu de Lênin.   O autor deste livro sugeriu que até fosse ampliado o citado museu para abrigar acervo do tempo do comunismo para preservação e estudos, além da visitação.
     65 – O autor faz inclusive uma provocação:   “Os ditadores estão acabando no continente, não é, Fidel?”
     Argentina
     70 – O episódio do soldado argentino que lutou na Guerra das Malvinas.   Bastante mutilado, manda carta à mãe dizendo que vai voltar para casa (ela não sabe das mutilações) mas com a condição que possa levar consigo – se ela aceitar – um amigo mutilado.   Ela não aceita.   Ele se suicida.
     Colômbia
     73 – Cidade de Medellín    (que pela  Wikipédia tem 2,2 milhões de habitantes e IDH Índice de Desenvolvimento Humano 0,8 – relativamente alto – qualidade de vida bom)
     Ele foi a um encontro de poetas em Medellín.   Ficou surpreso com o enorme teatro cheio e gente do lado de fora assistindo as palestras pelo telão.  Poesia!    Ele ficou surpreso inclusive pelo fato de que há três anos em relação à sua visita ao local, as guerrilhas e o narcotráfico tinham matado ao longo do tempo milhares de pessoas na região. 
     Irã
     79 – Visitou Teerã e algumas outras cidades do Irã que era a antiga Pérsia e tem muita história.    Ele falou um pouco do que é Teerã na atualidade.   Em 1979, o Irã tinha 49% de analfabetos.  Hoje (2004), o Irã tem 83% de leitores.    O Irã tem a metade da população do Brasil e lá há 1.500 bibliotecas espalhadas pelo país.   Na parte de cinema, eles tem vasta produção de renome internacional inclusive.  Só no ano de 1997 para ficar num exemplo, os filmes deles ganharam 118 prêmios internacionais.
     Citou o intelectual Avicena (ano 980 a 1037) que era filósofo, médico, que codificou toda a ciência árabe do seu tempo e interpretou a sabedoria grega.    (continua o texto)

quarta-feira, 28 de maio de 2014

COMENTÁRIO SOBRE O LIVRO “CACAU” - DE JORGE AMADO

                         

     Autor do comentário – Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida

           
            Sobre a obra   “C A C A U”

            Como li sem compromisso, fiz a leitura e as anotações utilizando o método que já citei e botei tudo no meu manuscrito – o caderninho.
            Revendo a síntese, é de se notar algumas tendências marcantes na obra a saber:
            Época -  A obra foi escrita por volta de 1933 e busca fazer um retrato da realidade atual daquela época e local.
            O lugar -   A região cacaueira do sul da Bahia, polarizada por Ilhéus.  Retrata principalmente a vida do povo simples, miserável, que trabalhava nas lavouras de cacau da região.
            O tema -   O problema social vivido pelo povo local, explorado pelos coronéis e barões do cacau.   O contraste da opulência dos grandes fazendeiros do cacau, com a miséria dos seus trabalhadores.   
            Uma frase da obra já mostra de forma lacônica a vida daquela gente miserável explorada:    “Educara-se entre tiroteios e mortes”.
            Vale até relembrar algo do famoso João Cabral, onde cita a vida e morte severina:      
                   “De emboscada antes dos vinte,
                    De velhice antes dos trinta,
                    De fome, um pouco por dia”.
            As Expressões   - Há na obra muitas expressões cujo sentido o leitor deve pesquisar para aproveitar melhor o conteúdo da mesma.   Refletem a cultura de um povo e de uma época.    Não é muito zelo destacar que no Brasil há duas identidades culturais muito fortes, sendo a do gaucho, moldada na influência do pré-colombiano, o português o italiano e outras influências mais.  A outra cultura muito marcante é a do povo da Bahia e de algumas outras partes do Nordeste brasileiro, com forte presença de elementos culturais da mãe África.
            Alguns termos que resolvi destacar:  chalacear, ABC, picula, trabalhar “alugado”, rameira, marinete, grapiuna, carpina, quento (não tem no Aurélio e parece ser um vale ou adiantamento de salário), mandrião, estrupício, caçuá, munguzá, aipim, acaçá.
            Engajamento -    Jorge Amado que foi ligado ao Partido Comunista deixa claro nesta obra elaborada em sua juventude, um engajamento na causa socialista de luta de classes, contra a opressão sofrida pelas classes operárias.  Na Europa essa luta já era muito conhecida na época, mas no Brasil era algo novo e bastante combatida.    Ser “vermelho”  era ser inimigo da sociedade, das elites que sempre foram o poder político.
            Costumes -  Alguns que destaquei:
·        Batizados coletivos dos filhos dos empregados, tendo como padrinhos, os patrões.   Garantia de manutenção da submissão dos empregados e da perenização da exploração.
·        A semana de festa para comemoração de São João, festa muito popular na época na região e em todo o Nordeste até os dias atuais.
·        A lida na lavoura cacaueira e a forma de manipular o cacau envolvendo podas, colheita, separação das sementes e secagem destas para o comércio.
·        As comidas típicas do dia-a-dia do povo pobre.
·        O rito de passagem do garoto para a idade adulta.   Aos doze anos, o pai leva o filho à zona e este acaba pegando uma doença venérea.  Assim, está promovido ao mundo dos adultos e tem até seu salário aumentado.
·        Os retirantes da seca, o drama e a vontade de retornar à terra natal.

Manifestações do Engajamento  -  como o engajamento político é o
 ponto mais visível da obra, destaco alguns comentários sobre o mesmo:
·        Trabalhar alugado -  o termo é chocante e serve para o trabalhador abrir os olhos e perceber que virou mercadoria à serviço do lucro.   Chocar para conscientizar e fomentar a luta de classes, visando o fim da opressão.
·        Armazém da fazenda -   existiu e ainda existe isto pelo interior do Brasil.   Quando o empregado migra para trabalhar numa fazenda, já chega devendo a mudança ao novo patrão.   Este tem na fazenda um armazém onde o empregado se abastece sem saber o preço das mercadorias, muitas vezes.   Assim, seu saldo será quase sempre negativo.    Trabalha, trabalha e está sempre devendo...  saldo negativo.    Foi disto que surgiu o termo “pedir a conta”.   Quando um empregado queria saber seu saldo efetivo, estaria ao mesmo tempo rompendo o elo de confiança com o patrão e era despedido.
Não é coisa do passado isto no Brasil.   Nas novas fronteiras agrícolas isto ainda é um tanto recorrente, infelizmente.
·        Gestão da fábrica  -  citou uma forma de gestão mais ética e mais humana de uma fábrica de tecido, visando mostrar que, mesmo sendo capitalista, há como tratar os empregados com mais dignidade.
·        Guarda noturno -  O guarda tinha o senso classista e, apesar de sua miséria, ajudou o retirante que estava passando fome.
·        As rameiras -  acusa a opressão e acena com a união das classes oprimidas como solução.
·        A escola -  reproduzindo o sistema opressor, assim como a igreja no local e época também faria o mesmo.    Também destaca a imprensa que enaltece os nobres feitos do “generoso” coronel fulano, que na realidade é um explorador dos fracos.
·        Deus  -  uma visão de um deus mostrado pela igreja local.  Um deus coronel que quer bem aos ricos e despreza os pobres.  É um deus carrasco e inimigo dos pobres.
·        Analfabetismo -  como arma política para manter os miseráveis sempre nessa condição ao longo dos tempos e gerações.
·        Preguiçoso -   No chavão do opressor e de muitos desavisados, o pobre vive na miséria porque quer, porque não pega duro no trabalho.    Sem levar em conta que o trabalhador muitas vezes ganha pouco, trabalha desnutrido, com doença crônica e assim por diante.
·        Utopia -  Na obra, os oprimidos representados pelas prostitutas, os trabalhadores do cacau, os retirantes, sonham com algo que não entendem, mas que resumem toda a esperança:  “Um dia...”    É a síntese de algo de bom que teria de acontecer, não sabiam como.   O sonho de liberdade, do fim da opressão e da miséria.
·        Protagonista -   Quando este, calejado da vida de alugado, consciente do sentido classista, renuncia ao amor da filha do patrão e parte para uma região metropolitana buscando trabalho com dignidade, sabendo que vai enfrentar a luta em defesa da sua classe trabalhadora.

Desfecho -    A última frase do livro deixa de forma textual o engajamento do autor, pelo dizer do seu protagonista:

-          “Eu partia para a luta de coração limpo e feliz”.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

RESENHA DO LIVRO – A HISTÓRIA ME ABSOLVERÁ


Autor do livro:  Fidel Castro              - data da resenha  14-05-14

Resenha por Orlando Lisboa de Almeida

     O livro é o “Discurso de Fidel Castro ante o Tribunal de Exceção de Santiago de Cuba, proferido em 16-10-1953”      - Quando ele foi preso incomunicável e em seguida julgado após a ação que tentou a tomada do Quartel de Moncada.
     Em 1959 Fidel, que liderou a derrocada do governo do ditador (pro americano) Fulgêncio Batista, assume o governo revolucionário e socialista de Cuba.
     Vamos a um apanhado das passagens que mais me chamaram a atenção nesse livro que foi editado no BR pela Editora Alfa-Omega em 1982 (4ª.edição) – 105 páginas.
     Página 13 -   “Quando os homens têm um mesmo ideal, ninguém pode isolá-los, nem as paredes de um cárcere nem a terra dos cemitérios”.
     Fidel é advogado e na ocasião, assumiu a própria defesa, mesmo o Estado não tendo permitido que ele (preso) tivesse acesso aos livros que tratam das leis do seu País.
     17 – “À medida que se ia processando o julgamento, os papéis se inverteram:  os que iam acusar foram acusados e os acusados se converteram a acusadores.”
     21 -  Ciente de que a ditadura iria condená-lo injustamente.   “Mas a minha voz não se afogará por isso; ela adquire forças em meu peito quanto mais isolado me sentir.  E quero dar ao meu coração todo o calor que lhe negam as almas covardes.”
     31 – “Nunca foi nossa intenção lutar com os soldados do regime e sim apoderar-nos, de surpresa, do quartel e das armas, convocar o povo, em seguida reunir os militares e convidá-los a abandonar a odiosa bandeira da tirania e a abraçar a da LIBERDADE.”
     33 – Trecho em que explica um pouco da história de Cuba.  No final do século 18, Cuba lutou em várias batalhas para se libertar do jugo espanhol.   Na vez que obteve sucesso, teve apoio dos americanos.  Por outro lado, trocaram de império e passaram a ser explorados pelos americanos por décadas com concentração de renda na mão dos estrangeiros e a pobreza para o povo cubano.      Em 1952 haveria uma eleição presidencial e a oposição ao governo simpático aos americanos estava com grande chance de vence-la.   Antes das eleições, Fulgêncio Batista deu um golpe militar em 10-03-1952 e assim sepultou a eleição que viria e a chance dos cubanos se verem livres dos americanos.    Nota-se que Fidel surge como uma reação contrária à ditadura militar em Cuba que oprimia o povo e fazia o jogo dos americanos.
     37 – O governo militar fazia desfiles apresentando ostensivamente ao povo as armas pesadas e sofisticadas.
     “Os desfiles militares e as aparatosas exibições de equipamentos bélicos visam fomentar esse mito e criar no povo um complexo de absoluta impotência.   Nenhuma arma, nenhuma força é capaz de vencer um povo que decide a lutar por seus direitos.”
     41 – “Os demagogos e os políticos profissionais fazem o milagre de estar de bem com todos e com tudo, mas, obrigatoriamente, enganam a todos em tudo que fazem.  Os revolucionários devem proclamar suas idéias corajosamente, definir seus princípios e expressar suas intenções para que ninguém se iluda, amigos ou inimigos”.
     42 – Ele dá um panorama das condições de vida do povo cubano antes da Revolução.  500 mil operários do campo vivendo em bohíos (casebres do tipo que os nativos locais usavam antes da colonização espanhola) e tendo trabalho 4 meses do ano e o restante do ano passando fome sem ter terra para plantar.  85% dos trabalhadores da lavoura o faziam em terras dos outros – terras arrendadas.  Operários nas cidades com salários tão baixos que no fim do mês o salário transitava da mão do empregado para o armazém.   Empregados   “cuja vida é o trabalho eterno e o descanso é o túmulo”
     46 – Fidel cita as Leis Revolucionárias da Cuba comunista – reforma agrária, reforma urbana, nacionalização das companhias de energia, de telecomunicações, etc.
     “O primeiro governo oriundo de eleição popular deveria respeitá-las, não só porque teria um compromisso moral com a nação, como porque os povos quando alcançam conquistas ansiadas durante várias gerações, nenhuma força do mundo será capaz de arrebatá-las.”
    46 a 49 – Ele dá um panorama geral de Cuba até 1952 expondo a condição de miséria em que o povo vivia.   Nessa época Cuba tinha 5,5 milhões de habitantes.    De maio a dezembro, quase 1 milhão de desempregados anualmente.  Um absurdo.
     51     “E no mundo atual nenhum problema social é resolvido por geração espontânea.”
     53 – “Um povo culto sempre será forte e livre”.
     56 – “... o inconcebível é que a maioria das famílias nos nossos campos esteja vivendo em piores condições que os índios encontrados por Colombo ao descobrir a terra mais formosa que os olhos humanos já viram.”
     63 – “O verdadeiro militar, ou o verdadeiro homem, é incapaz de manchar sua vida com a mentira e o crime.”       
     68 – Sobre o ataque ao Quartel de Moncada.     “... era uma vergonha e uma desonra para o Exército ter tido em combate três vezes mais baixas que os atacantes.”
     75 – Sobre a chacina que o Exército fez logo em seguida ao aprisionar os rebeldes, violando as leis.    “Se o Exército teve dezenove mortos e trinta feridos, como é possível que tenhamos tido oitenta mortos e cinco feridos?”     (executaram os rebeldes pegos)
     80 – Falando do judiciário que fazia o jogo da ditadura de Batista:     “ a alta magistratura...sem um gesto digno, curvou-se .. traindo a nação e renunciando à independência do Poder Judiciário”.
     80 – Sobre o julgamento a que estava sendo submetido:   “... pura comédia para dar a aparência de legalidade e de justiça à arbitrariedade...”
     85 -  Preso, incomunicável, levado a julgamento num hospital depois que forjaram um laudo de que ele não estaria em condições de estar num tribunal.     O promotor pede 26 anos de prisão para o réu.
     93 –Fidel cita a Constituição e as leis do país, mostrando que o regime criou leis que ferem frontalmente a Constituição.  Dá detalhes de tudo.   Mostra que não há nada de legitimidade nem ao regime que o julga, menos para as pessoas que o julgam.
    94 -  A maioria dos ministros do Executivo podia (contra a Constituição) por lei da ditadura, mudar tudo nas leis e os ministros eram escolha do governante.  Então o governante tudo podia.   Tirania.
     95 – Aqui ele diz algo que também foi uma polêmica no BR na ocasião que se instalou a Constituinte para a Carta de 1988.    Ele fala em relação a Cuba:
     “É um princípio elementar de Direito Público que não existe constitucionalidade onde o Poder Constituinte e o Poder Legislativo estão fundidos no mesmo organismo.”
     98 – A força do povo – cita um pensamento indiano:   “A corda torcida por muitas fibras é suficiente para arrastar um leão.”
     98 – Sobre o destino que o povo deve dar aos tiranos, Fidel fez uma revisão histórica do tema desde antes de Cristo e citou os mais relevantes.    Sobre São Tomas de Aquino, na Summa  theologica  “Rechaçou a doutrina do tiranicidio, mas sustentou, sem embargo, a tese de que os tiranos deveriam ser depostos pelo povo.”     Outros pensadores antigos defendiam varias formas de eliminação, pelo povo, do tirano.
     100 – Cita a Revolução Francesa, a luta pela liberdade e dignidade humana.    A Constituição de 1940 de Cuba já tinha uns traços das correntes socialistas vindos da França.    Itens como a Função Social da Propriedade Rural, o direito ao homem de uma vida digna, etc.   
     100 – Cita o pensador John Milton (1649) ... “o poder político emana do povo, que pode nomear e destituir reis e tem o dever de afastar os tiranos.”
     100 – Cita Rousseau -   em sua obra Contrato Social.    “o mais forte não é nunca suficientemente forte para ser sempre o amo, se não transforma a força em direito e a obediência em dever.”
     105 – “Preferimos que Cuba desapareça no mar, a consentir que nosso povo seja escravo de alguém”.
     105 – Termina esse seu pronunciamento de defesa pedindo sua “condenação” para ir preso junto com seus pares revolucionários, também injustiçados.
     106 – Frase que encerra o pronunciamento de Fidel no tribunal e dá um sentido ao título desta sua obra.
     “Quanto a mim, sei que a prisão será dura como tem sido para todos – prenhe de ameaças, de vil e covarde rancor.   Mas não a temo, como não temo a fúria do tirano miserável que arrancou a vida a setenta de meus irmãos.  CONDENAI-ME, NÃO IMPORTA.   A HISTÓRIA ME ABSOLVERÁ.”

                           orlando_lisboa@terra.com.br


terça-feira, 29 de abril de 2014

RESENHA DO LIVRO “ALMAS MORTAS” NICOLAI GOGOL

                 
     Resenha feita pelo blogueiro Orlando Lisboa de Almeida

     Eu não conhecia nenhuma obra de Gogol e fui presenteado por um amigo (João Francisco de Oliveira) que gosta de leitura, com a obra Almas Mortas do ucraniano nascido em  1.809 e que viveu um trecho da vida na Rússia e escreveu vários livros.
     Como de costume (desde 1994), faço uns rabiscos com aquilo que achei de mais interessante na obra para servir de lembrança e que, aqui publicados, espero que sirvam de aperitivo e que despertem em outras pessoas a curiosidade por ler esta bela obra que foi publicada segundo consta, em 1842.
     O livro que li é da editora Nova Cultural – SP – 2003 e tem 494 páginas – 1ª edição. 
     ( tradução – Tatiana Belinky).   Digo isso porque vou citar as páginas onde fiz os destaques e sem os dados da edição o número da página não diz nada.  

     O livro é uma ficção que trata de um vigarista que começa a correr o trecho pelo interior se hospedando, fingindo ser gente do comércio, gente de bem, e vai ludibriando as pessoas.   O mais interessante é que a cada contato com boa vida, é feita uma descrição do lugar, dos costumes e do comportamento das pessoas.   Mostra que o ser humano tem lá suas virtudes e seus defeitos que são meio transcendentes no tempo e no espaço.   Vale conferir

     28 – Casa com animais abrigados no térreo;
     30 – Homens que se beijam ao cumprimentar.  Costume russo;
     34 – O regime na Rússia e o requinte do francês:  piano, artes manuais...;
     36 – Fala de um governador que borda nas horas de lazer.
     61 – Lá também tem os pardais, pássaros que migraram para a Europa e foram trazidos até para o Brasil, aqui para tentar controlar larvas de insetos vetores de doenças. O pardal não era do ramo, mas se adaptou bem ao Novo Mundo.
     62 – Remédio com banha de porco e “óleo canforado” que, diga-se de passagem, o óleo com cânfora era usado na zona rural de onde nasci e passei a infância (Cerquilho-SP).
     63 – passagem interessante que fala do comportamento humano diante da hierarquia.
     68 – A palavra “encasquetar”.    Esta e outras que destaco curiosamente (coisa do tradutor), são muito comuns na minha terrinha de origem, meu berço e minha época.
     85 – Porqueira – outra da terrinha.
     92 – Outra citação importante do comportamento humano.    Visão superficial dos outros – alguém bem vestido engana.
     120 – Balalaica – instrumento musical primitivo com duas cordas.   (hoje é marca de vodka barata por aqui, ao que parece)
     125 – Receita de nhanha, um prato típico da Rússia.
     136 – Unha de fome – fominha – expressão típica da minha terrinha
     144 – Cambaio – idem
     152 – Herdeira – filha mais velha ?    será que é ou era isto o usual por lá?
     170-171 – Drama do escritor “realista”.
     182 – Esgueirar
     195 – Chusma
     195 – Cita Goethe e o livro (que li e gostei) .. “Os sofrimentos do Jovem Werther”
     231 – “Deus nos livre e guarde”   (típica da terrinha minha)
     232 – Outra passagem interessante falando da hierarquia
     256 -  Formando uma entidade assistencial.  Gasta tudo (ou rouba) nos meios e chegam centavos ao fim.
     269 – A pessoa se afogando e não pensa em nada; se apega até com uma palha...
     271 – O ser humano é sábio sobre os outros, mas sobre si...
     274 – Expressão – Já não era sem tempo.   (típica da minha terra, de novo!)
     279 – Encóspias – formas de madeira para alargar sapato novo (para lacear)
     284 – Saracotear – destaque da terrinha.   (preciso saber o nome e a biografia do ou da tradutor (a)}.
     292 – Conselhos malucos do pai do personagem.
     323 – Atarantado;
     331 -  Sem dó nem piedade (expressão típica da terrinha, de novo – me perdoem)
     336 – Pândega – idem
     335-336 – Métodos de um eficiente professor   (preciso rever para citar o milagre!)
     339 – São Petersburgo – frio de até trinta graus negativos.
     341 –  Consta que antes da Revolução (Russa) a pessoa se preocupava com o próximo, com a nação.
     360 -  ervilhas – uso por lá.
     373 – desenxabidas – expressão curiosa de novo
     394 – empachar  (barriga estufada ..)
     398 – Caçoando
     400 – Deu na veneta
     412 – algo fundamental – conferir lendo ...
     416 – enriquecer rápido...
     416 -  O autor faz uma grande defesa do homem do campo
     417 – Charrua – arado de tração animal com uma aiveca – parte de ferro que corta o solo.
     419 – lá tem rouxinol, cotovia.
     421- começar as obras pelo começo e não pelo meio...(também na profissão)
     423 – Sobre Administração Rural
     429 – gostar da paisagem
     431 – empanzinar    (ficar com o “bucho” estufado  - com gases)
     451 – desembestaram
     494 – Para encerrar, outra pérola da minha terrinha:   mal e mal   (malemá)

                       orlando_lisboa@terra.com.br