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segunda-feira, 29 de novembro de 2021

CAP. 22/35 - fichamento - livro - HUMANOS DE NEGÓCIOS - Histórias de homens e mulheres que estão (re) humanizando o capitalismo - Autor: RODRIGO V CUNHA - Editora Voo - ano 2020

 22/35

         Continuação do Humanos de Negócios

         Thaís Corral     -   Ativista Acidental

         Após isso ela deu outra reviravolta na carreira.

         Ajudou a criar a WEDO, Redeh e Cenima.   Teve o reconhecimento e homenagem desde o Vale do Silício até na UNESCO, órgão da ONU.

         No Brasil ganhou o Prêmio Abril de 1999 e foi a Mulher do Ano do Brasil em 2001.

         Surgiu em 2006 o projeto Adapta Sertão, instalado em Pintadas-BA no semi-árido.   Cooperativismo e empreendedorismo para pequenos produtores rurais com alternativas para enfrentamento às secas.

         Ela criou também o Sinal do Vale, projeto de regeneração ambiental e apoio à população local.

         Participou em evento do autor deste livro, o Humanos de Negócios, em seus edição de 2019.

         Bate papo do autor com Thaís Corral

         ...”meu pai era um visionário.   Ele me criou desde muito pequena para que fosse uma mulher livre e independente”.

        

         Outras Humanas de Negócios -  Carol Cintra e Gabi Guerra

         “Duas Mulheres no Comando”

         Gabi Guerra – porto-alegrense.   Trabalhou no mercado financeiro.   Era muito crítica ao mundo empresarial.   Um dia partiu para a política.   Se juntou a um grupo porto-alegrense que trouxe ao Brasil uma iniciativa Global, o “Porto Alegre, como Vamos?”.    Objetivo:  aproximar o cidadão comum da política.

         Em 2012 o projeto estava com ela na direção e ainda não tinha verba para implementação.

         A Carol Cintra, também porto-alegrense, fez curso de Computação na UFRGS.   Estagiou na multinacional Oracle, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo.   Se formou em 2000.

         Ela trabalhou pela Oracle inclusive em Cleveland – USA.

         Voltou ao Brasil, trabalhou na HP Hewlett-Packard em 2010

         Gabi – filha de pais separados, o avô dela foi um dos primeiros médicos da região a ter registro no CRM Conselho Regional de Medicina e seu número era 00011.    O avô dela criticava muito o jeito pelo qual nos organizamos como sociedade, inclusive o sistema capitalista.   Era um estudioso de Karl Marx e questionava muito por que uma pessoa detinha os meios de produção e ganhava em cima do trabalho dos outros.

         Já a avó dela era uma católica fervorosa.

         Voltando à Carol – ela fez intercâmbio nos USA.   Ficou hospedada numa casa de família onde tinha um irmão de moradia que era esquizofrênico e isso a encorajou a estudar Psicologia.

         Estudou Psicologia no Brasil e depois foi para Londres e trabalhou lá em serviços diversos.    Fez certificação em mercados de capitais e trabalhou na XP Investimentos, esta que depois passou a ser controlada pelo Banco Itau.   A empresa remunerava bem, mas a pessoa tinha um ritmo frenético de trabalho ao ponto de afetar a saúde.     Nesse emprego na XP que é uma corretora de valores que opera em Bolsas, eram só três mulheres na equipe e setenta homens.

         Ambiente bem machista, além da pressão absurda dos movimentos das Bolsas.   Sobre o tema, cita o filme O Lobo de Wall Street estrelado por Leonardo Di Caprio que mostra a pressão no setor.

         Carol  nasceu numa família de militares do Exército.   Cada dois anos mudavam de cidade, o que é típico na carreira militar.  Aos 17 de idade ela resolveu sair da casa dos pais.   Antes era um construir relações num lugar e logo mudar e reconstruir tudo em outro lugar.

         “Aprendi com isso que não existe um lugar certo – é você que monta esse lugar com as outras pessoas”.

         Os pais dela se separaram após 25 anos de casados.  Vinham de uma vida de não se entender bem entre si.    Ela questiona:   Se não é bom os pais se separarem enquanto os filhos são novos, também os pais levarem o relacionamento instável não é bom para as crianças.

         Os três testes vocacionais que ela fez indicava o curso de Direito.

         Ela fez Ciência da Computação na UFGRS.   No mercado de trabalho, o abismo entre o número de homens em relação às mulheres atuando em TI Tecnologia da Informação.    No curso dela, eram 60 homens e seis mulheres.

         A mãe dela, esposa de militar, dependia do marido em tudo.  Já a filha, entrou no mercado de TI ganhando acima da média do que ganhava uma pessoa da sua idade, o que lhe dava independência financeira.

     continua no próximo capítulo até 35

sábado, 27 de novembro de 2021

CAP. 21/35 - fichamento - livro - HUMANOS DE NEGÓCIOS - Histórias de homens e mulheres que estão (re) humanizando o capitalismo. Autor: RICARDO V CUNHA - Ed. Voo - ano 2020

 CAP. 21/35

         Outra Humana de Negócios – Thaís Corral     -  Ativista Acidental

         Em 1992 o mundo voltou a atenção pra o Rio de Janeiro para a ECO 92 da ONU, conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.

         A ONU já tinha em 1972 promovido a primeira  Conferência ECO  em Estocolmo na Suécia.

         Um ano antes da ECO 92 no RJ, se reuniram nos USA várias mulheres para elevar a voz feminina em debates da ONU sobre justiça social, econômica e ambiental.    O Grupo WEDO.   O grupo era liderado pela senadora e ativista de Direitos Humanos Bella Abzug.  Havia e há outras lideranças internacionais que participam do grupo WEDO, sendo duas brasileiras:  Ruth Escobar, a primeira  Presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e Thaís Corral, ativista e articuladora de duas organizações no Brasil.   Nessa época (1991) Thaís era relativamente jovem e nem tão conhecida com seus 33 anos de idade.   A missão incluía ser uma voz do Brasil em eventos da ONU.   Ela tinha como missão representar o Brasil e articular ações na América Latina.   A voz feminina e a Sustentabilidade econômica, social e ambiental.

         Thaís é filiada ao Partido Verde.   Se viu organizando o Planeta Fêmea, evento no RJ em 1991 no qual passaram 1.500 mulheres de todas as partes do mundo.  Foram 14 dias de evento.

         Em tempos anteriores, início da década de 80, Thaís estava trabalhando em rádio em Roma.

         Descendente de espanhóis, ela nasceu em Macaé-RJ.  Ela diz:   “Meu avô fez o primeiro restaurante vegetariano do Brasil em São Paulo.   Ela nasceu numa família vegetariana.   “Minha mãe nunca comeu carne e nunca foi à escola.  Aprendeu a ler e escrever em casa, com professora particular”.

         “Me incomodava com a gente era diferente”.    O pai dela morreu cedo e ela sentiu uma força.   “Eu estava preparada”.   Disse:  “eu vou dar conta”.  Isso aos 14 de idade.    A mãe ficou abalada com a perda do marido e ela ajudava a cuidar da mãe e dos dois irmãos mais novos.

         Foi boa aluna.  Queria no futuro resgatar a fábrica do pai.   Fez Administração de Empresas na renomada FGV Fundação Getúlio Vargas.

         Ela foi aluna da turma do Gustavo Franco e outro que também como ele, foi ministro.     Ela deixou o curso no meio e foi para a Europa, inclusive na região dos seus ancestrais na Espanha.

         Na Itália, se apaixonou pelo lugar e a vida em si.    Conseguiu emprego na área jornalística e foi parar numa emissora de rádio e fazia locução.  Assuntos da mulher.

         Aos 28 de idade, retornou ao Brasil por um mês, já com Bolsa de estudo nos USA.   Estudou no Programa Família, Gênero e Idade.

         Brasil na década de 70.   Cresce a população urbana (migração campo-cidade) e cresce a presença feminina no mercado de trabalho.  Tempo de transformações e demandas como creche e outras mais.   Ela retornou ao Brasil em 1987 em tempos de ebulição após o fim da Ditadura Militar que acabou em1985.    Ela começou a se reunir com um grupo formado pelo Fernando Gabeira, Carlos Minc, Lucélia Santos e outros e deram origem ao Partido Verde.  Neste, criaram um grupo de mulheres chamado de Bando das Mulheres.

         Teve convite para formar na América Latina uma rede de jornalistas mulheres ...  “que repercutissem a voz e ações inovadoras das mulheres na A. Latina”.   Encarou o desafio.   “Um grande desafio que abracei com muita garra”.

         Em 1980 foi criado o Partido Verde alemão.  Criado por ambientalistas, pacifistas e ativistas dos Direitos Humanos.   Queda do muro de Berlim em agosto de 1989.    Como foi dito, ela teve participação no evento Planeta Fêmea em 1991 que antecedeu a Eco 92 ou Rio 92.

         “Quando deixei a FGV Fundação Getúlio Vargas, eu nunca imaginei que chegaria a esse lugar de visibilidade e poder”.   Fui uma das poucas brasileiras que foi a todas as Conferências da ONU nos anos 1990.

         ... fui como sociedade civil, não pelo serviço diplomático.

         Em 1998 ela perdeu uma amiga, também da luta pelas causas sociais.  Resolveu  fazer um sabático.  Um período de estudos.    ...”abraçou os ensinamentos da antiga escola Nyingma do budismo tibetano”.

         Foi fazer Mestrado na tradicional Escola de Governo de Harvard nos USA.   Nesse tempo ela estava com 42 anos de idade.

         Neste curso, um dos seus professores foi Ron Heifetz – que tem um curso que muda cabeças.   Ele criou o conceito de liderança adaptativa, em que a liderança é uma atividade que se faz mobilizando recursos para a mudança.

         Após isso ela deu outra reviravolta na carreira.

         Ajudou a criar a WEDO, Redeh e Cenima.   Teve o reconhecimento e homenagem desde o Vale do Silício até na UNESCO, órgão da ONU.

         No Brasil ganhou o Prêmio Abril de 1999 e foi a Mulher do Ano do Brasil em 2001.

                   Continua.....

terça-feira, 23 de novembro de 2021

CAP. 20/35 - fichamento - livro - HUMANOS DE NEGÓCIOS - Histórias de homens e mulheres que estão (re) humanizando o capitalismo - Autor: RODRIGO V CUNHA - Ed. Voo - ano 2020

CAP. 20/35

         Continuação – Humana de Negócios – Maure Pessanha

         Kelly, fundadora da Artemisia, que  convidou Maure, então uma voluntária, a se juntar ao time em 2006.

         “O que mais gostou foi a visão de desenvolver empreendimentos sociais com viabilidade financeira”.     Se inspirou também no bengalês Yunus que ganhou Prêmio Nobel de Economia por seu trabalho em microcrédito.   Ele está à frente dentre outras, da Yunus Investiments que atua na captação de fundos para aplicar em empreendimentos sociais.

         A caminhada nessa linha do empreendedorismo social demandou a criação do Movimento Choice que fomenta, já nas universidades, esse jeito de pensar, e a aceleradora de negócios sociais, criada em 2011.   Algo até inédito na América Latina.   Viram o modelo nos USA e pensaram.    Por que não implementar aqui?

         “A gente sempre estudou muito.   Esse negócio de aprender fazendo sempre foi muito forte”.

         A busca do equilíbrio nos negócios sociais.   “Nós somos muito idealistas nos nossos sonhos, valores e no que queremos alcançar, mas muito pragmáticos nas decisões, em função de clientes, de foco ou de sustentabilidade financeira”.

         A rede da Artemísia – mais de 400 projetos apoiados, 170 negócios acelerados e 112 milhões de reais investidos.   Há parceiros como o Facebook, o BID Banco Interamericano de Desenvolvimento, a Caixa Econômica Federal.   

         “Maure, hoje diretora executiva da Artemísia, brinca que seu trabalho lhe custou um casamento, mas também lhe trouxe o ‘amor de sua vida’, o empreendedor social Claudio Sassaki, fundador do Geekie, também personagem deste livro”.

         “No fundo, o que queremos é que cada um se conecte com o humano que há no outro”.

 

         Bate papo com Maure Pessanha

         Os tempos dela na FEA USP apoiando o cursinho que criaram para pessoas carentes da comunidade.   Os colegas dela em geral de olho em estágios em multinacionais, banco ou grande empresa.   E eu comecei a ir para a área social.

         Ela teve uma professora que apoiou essa de área social.   Cita o nome da professora no livro.   O mote do Terceiro Setor  (o social) estava despontando no Brasil.    A própria família dela fez alguma pressão para ela não ir para esse setor onde o futuro seria mais incerto.

         Os amigos dela que seguiram o caminho convencional tinham uma finança pessoal mais sólida e viajavam mais.    Ela se envolveu tanto no terceiro setor....   “passei por várias fases – inclusive a de querer morar em uma favela, largar tudo...”    De tanto que se envolvia com as histórias, com os projetos, com as pessoas”.

         “Eu sempre fiz tudo com o coração”.

         Em Harvard, inclusive teve aulas de Direitos Humanos.   Conheceu o conceito do Amartya Sem, Prêmio Nobel de Economia de 1998 sobre vulnerabilidade e pobreza e ela aplicou o conceito na Artemísia.

         Ela disse que muita gente pensa em empreender para o grupo AAA, alta renda onde existe muito dinheiro.    “Por que não para resolver problemas de educação, de habitação?

         Projeto Vivenda para reforma de casas aos de baixa renda.    A Artemísia focou em saúde, moradia e educação.

         Para divulgar o programa deles em 2009, o slogan “entre mudar o mundo e ganhar dinheiro, fique com os dois”.   (mensagem final dela)

        

   Próximo capítulo ... 

domingo, 21 de novembro de 2021

CAP. 19/35 - fichamento - livro - HUMANOS DE NEGÓCIOS - Histórias de homens e mulheres que estão (re) humanizando o capitalismo - Autor: RODRIGO V. CUNHA - Ed. Voo - ano 2020

CAP.19/35

         Outra Humana de Negócios -  Maure Pessanha -  

  Hack Social no Mercado

         Ela milita na Artemísia.       artemisiaArtemisia.org.br

         A Artemísia foi fundada em 2004 por uma jovem norte americana.  Nasceu com a proposta de apoiar o desenvolvimento de empreendedores de 18 a 24 anos de idade, prioritariamente de baixa renda.

         Se articula com a Feira Preta, com o Sementes da Paz, voltada ao comércio justo de produtos orgânicos, e o Morada da Floresta, de redução de impactos ambientais.

         Até certo tempo buscavam empreendedores e empreendimentos econômicos, mas em certo momento perceberam que no caso deles o melhor seria mudar o foco para o empreendedorismo voltado para o social.

         Há no exterior desde a década de 70 o termo “negócio social” e aqui no Brasil mesmo na atualidade o termo é pouco conhecido.   Dois livros que abordam bem o negócio social:

         “A riqueza na base da pirâmide” de C.K. Trahalad e

         “O Capitalismo na encruzilhada” de Stuart L. Hart

         Outro destaque foi o fato do Economista bengalês Muhammad Yunus ter ganho o Prêmio Nobel da Paz em 2006 “pelo trabalho desenvolvido no Grameen Bank, um banco de microcrédito voltado a pessoas mais pobres de Bangladesh.

         Maure estudou um semestre em Harvard, nos USA entre 2004 e 2005 num curso para desenvolvimento de lideranças sociais.

         Maure passeava com a mãe no campus da USP antes de ser universitária e aos 17 anos entrou na USP estudar.    Fazia de dia o curso de Administração e à noite, Relações Internacionais.   Em Rel. Intern. Ela se identificava mais com temas da antropologia e as questões sociais.

         Participou de debates buscando tornar a USP menos elitista.   Criaram um cursinho pré vestibular buscando trazer candidatos filhos de funcionários da USP e pessoas de baixa renda da comunidade.     O cursinho existe até a atualidade.     Os estudantes do cursinho participam em conjunto com os universitários de várias atividades de integração.

         “Com essa experiência, que durou dois anos (na época da Maure universitária) e deu sentido à sua vida acadêmica, ela uniu dois elementos das suas raízes: o empreendedorismo e a preocupação com o próximo”.

         Maure nasceu em São Paulo.  A avó dela tinha um modesto bazar e a família dela vivia numa casa bem simples.   O pai dela, filho de sapateiro, um dia conseguiu um emprego de office boy e fazia serviço de arquivista.  No serviço, ia lendo todo papel que passava pela mão dele.    Se interessou pelo mercado de ações quando este era quase desconhecido.   Melhorou muito de vida aos poucos e sempre apoiando outros na luta pela sobrevivência.

         A filha Maure cresceu neste contexto de batalhar por si e ajudar o próximo.   Aos dez:  “eu via a Madre Tereza de Calcutá e pensava que meu sonho era se juntar a ela para ajudar as pessoas”.

         Estudou no renomado Colégio Bandeirantes e lá teve contato com temas que afetavam o Brasil e o mundo.   “Acompanhei discussões sobre controle de arma, biopirataria, controle de agrotóxicos e outros temas”.

         O pai sugeriu para ela cursar Administração.   Fez Administração e foi também estudar em Harvard como aluna especial.   Nos anos 1990 chegou a estagiar na Ong Instituto Eu Sou da Paz.

         Depois ela trabalhou quatro anos na Ashoka.    A Ashoka, criada em 1981 e que fez despontar o termo Empreendedor Social no Brasil.  A Ashoka “tem a missão de desenvolver uma rede de agentes de transformação para catalisar as mudanças necessárias”.

         A Ashoka e a parceria com a Consultoria Mckinsey para promover a transformação de conhecimento e ferramentas de gestão entre setores privado e social”.

                   Segue no próximo capítulo.... 

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

CAP. 18/35 - fichamento - livro - HUMANOS DE NEGÓCIOS - História de homens e mulheres que estão (re)humanizando o capitalismo - Autor: RODRIGO V CUNHA - Ed. Voo - 2020

 CAP. 18/35

         Continuação do depoimento de Ilona Szabó

         No auge da carreira, ela tem uma filha.   Fala  do quão desafiador isto é.    “A maternidade torna-se o centro da sua existência e leva tempo para reequilibrar o restante”.

         Em 2016 ela partiu para a criação do Movimento Agora!    ...”na construção de uma nova visão e de uma agenda para o país”.    Passaram inclusive pelo programa de TV do Huck.   “Dizer que política não se discute é o clichê do clichê – temos que falar, sim, sobre política, como eu tenho falado de segurança pública”.

         ...”perdemos a capacidade de dialogar, de ouvir, de conviver com a diferença”.

         Ela escreveu seu segundo livro:  Segurança Pública para Virar o Jogo em parceria com a colega do Agora! Melina Risso.   

         Em 2019, já no embate eleitoral...   “ajudando a alimentar o debate contra as ideias armamentistas e justiceiras do então deputado Jair Bolsonaro, no período de pré-eleição”.

         Ela, logo depois de Bolsonaro eleito, foi convidada pelo então ministro Sergio Moro para ser membro Suplente do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.  Convidada pelo Moro e logo em seguida desconvidada pelo Bolsonaro.

         Bate papo com Ilona Szabó

         “Missão para mim é não separar o pessoal do profissional.   Isso cobra um preço, e sei que tenho que melhorar nesse equilíbrio, em especial pela minha família”.

         ...posição de liderança...  precisa estar atento ao ego para que nunca se desvie da missão...    viver no coletivo é fazer política”.

         “Quando você se isenta, você está também fazendo política.    A negação da participação é uma decisão política, em que você está dizendo que não liga ou tanto faz o que decidam sobre sua vida”.

         A gente está nessa situação de um país fraturado porque muita gente decidiu não fazer parte”.

         Ela e equipe fizeram muita mobilização para o Congresso derrubar as normas do atual governo federal que tentavam flexibilizar o uso de armas de fogo.   Dialogam via Ongs com o STF, Ministro da Justiça, sobre temas como armas e drogas.   Buscam elaborar e divulgar dados de qualidade para embasar os debates.

         Falando de leis.    “As pessoas compram algumas maluquices simplesmente porque não tem acesso a informação de confiança”.

         Ela   conta inclusive com apoio do Dr. Drauzio Varella.   Disse que se houvesse mais gente com a bagagem como a dele e exposição na mídia como ele tem, ajudaria a articular muitas ações de interesse da sociedade.

         Fala do Movimento Agora! e da busca por lideranças inspiradas para as causas que este defende.   “Estamos órfãos de inspiração.   Acho que precisamos, nesta geração, abrir espaço para novas referências que inspirem o certo pelo certo”.

         Ela sempre de agenda cheia e o esforço para a formação da filha.   Acaba tendo que “terceirizar” tarefas via babá, mas ela se preocupa sobre as perguntas que os filhos vão fazendo na busca de entender o mundo e que o ideal seria ter a resposta dos pais.

         “Nosso desafio hoje é criar cidadãos absolutamente conscientes da realidade e prontos para lidar com os desafios que os nossos filhos vão enfrentar”.

         ...”eu questiono muito o modelo de sucesso brasileiro, de competição por ser o maior e de buscar o lucro pelo lucro”.   “Não é que eu julgue quem quer ganhar dinheiro, mas para mim isso está longe de ser a principal métrica do sucesso”.

         Fim da fala desta Humana de Negócios.     Segue outra no capítulo que vem...

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

CAP. 17/35 - fichamento - livro - HUMANOS DE NEGÓCIOS - Histórias de homens e mulheres que estão (re)humanizando o capitalismo. Autor: RICARDO V. CUNHA - Editora Voo - ano 2020

capítulo 17/35 

         Bate papo com Paula Dib

         Um dos projetos – Comunidade da Juréia (litoral paulista) que era extrativista na Mata Atlântica.   Os moradores tiveram que ser removidos com a criação da Reserva Ecológica.   Foram removidos para Peruibe-SP a contragosto.   As mulheres passam a trabalhar em casas de veraneio para sustentar a família.    Com o projeto, voltaram a usar seus saberes e fazer peças dentro da cultura deles e melhorar a renda e autoestima.

         “Aquela peça que é feita ali não é apenas um produto, mas é uma história de resistência vendida pelo Brasil inteiro”.

         Em geral o poder público quer gente para  ensinar o povo a “gerar renda” e daí todo foco fica nessa pessoa que vem para articular as ações, a que vem para “salvar” a comunidade.  Não é esse o caminho.      “Nesse caso, o projeto deixa de ser o da Comunidade e a única forma dele seguir em frente é se o motor for a própria comunidade”.

         Qual é a intenção desse tipo de trabalho?

         “A intenção é sempre ativar as forças do lugar”.   Não ficar obcecado pela geração de renda.    “Eu acho que esta visão vale também para  minha vida, na forma como me envolvo com os projetos”.

 

         Outra Humana de Negócios – Ilona Szabó    - “Guerreira sem armas”

         Ela é descendente de húngaros.   Ela cresceu em Nova Friburgo no interior do RJ.   A mãe dela é jornalista.

         Nos anos 90, economia do Brasil em crise, a jovem Ilona conseguiu fazer um intercâmbio na Letônia.   Esta que há pouco tempo tinha deixado de pertencer à URSS com o fim do comunismo local.   A Letônia é um pequeno país com pouco mais de dois milhões de habitantes.  A capital é Riga, cidade portuária do Mar Báltico.   Chegou a enfrentar frio de trinta graus negativos por lá.

         Ela terminou o curso de Relações Internacionais em 1997.  Fez o curso na Universidade Estácio de Sá, uma das três no Brasil que tinham o curso na época e a única no estado do RJ.

         Trabalhou por quatro anos no Banco Icatu.   Nesse tempo, ela que é do interior do RJ, passa a circular pela capital e vê mais a miséria e a violência no dia a dia da cidade.

         Atuando no mercado financeiro ela reflete:  O que eu quero?    ... não quero deixar o rico mais rico.   É o que ocorre com quem trabalha no mercado financeiro por exemplo.

         Ela queria fazer mestrado na Europa sobre Conflito e Paz.     “A América Latina vive uma epidemia de violência com apenas 9% da população mundial, na região ocorrem 39% de todas as mortes violentas do planeta”.    O pior índice é em El Salvador com a média de 60 mortes para cada grupo de 100.000 habitantes. (ano 2017)

        O Brasil fica em 13º lugar nesse ranking com 27,8 mortes por grupo de 100.000 habitantes.    Em termos absolutos, o Brasil é destaque negativo com 60.000 mortes violentas intencionais por ano.   Mortes intencionais – quando o agressor tem o propósito de matar a vítima.

         A maior parte das vítimas no Brasil desse tipo de crime são jovens entre 15 e 29 anos, sexo masculino.

         Ilona fez seu mestrado na Suécia.

         Mais adiante, em 2011 ela funda a Ong Igarapé.   Também atuou na Ong mais antiga, a Viva Rio, fundada em 1993 por Rubem Cesar.

         A Viva Rio foi criada para pesquisar e formular políticas públicas para promover a cultura da paz e do desenvolvimento social.   Ela trabalhou no Viva Rio com o Antropólogo britânico Downey.

         O Rubem Cesar do Viva Rio colocou Ilona na Coordenação da Campanha de entrega voluntária de armas de fogo.   Os postos de entrega comumente eram em igrejas, quarteis, associações.

         Ela disse que seu trabalho incluía contatos com os quatro pês: padres, pastores, policiais e políticos.   Envolvia muita mobilização e comunicação.

         Essa onda ajudou a criar o Estatuto do Desarmamento.   Segundo dados do Ministério da Justiça, na Campanha do Desarmamento, foram recolhidas 443.000 armas de fogo.   Foi quase seis vezes a meta inicial da Campanha.

         No começo da Campanha, 80% dos entrevistados se colocavam contra civis com armas de fogo.   Em 2005 o governo federal lançou um referendo popular para a população votar sim ou não aos civis terem acesso a armas de fogo.   No debate público as coisas foram desiguais.   De um lado lideranças contra as armas e sem recursos para levar as ideias e de outro o lobby das armas com dinheiro à vontade como um rolo compressor.

         Nesse clima,  o Não às armas ficou com 36% dos votos e o Sim ficou com 64%.    Ela ficou bastante decepcionada com essa reviravolta.

         Ela andou viajando por vários países para tentarem colocar na Declaração de Genebra sobre Violência Armada e Desenvolvimento, a questão da  redução da violência nos ODMs Objetivos  do Desenvolvimento do Milênio da ONU.    Nessas viagens e tratativas, ela conheceu no Panamá o economista Robert Muggah, com quem depois se casou.

         Drogas e violência – mobilização de alguns governos sobre o caso.   Brasil, Colômbia e México puxam uma ação articulada contra drogas e violência.   Criam a Comissão Latino Americana sobre Drogas e Democracia.   Ilona se torna Secretária Executiva dessa Comissão.  No contexto dos debates, surgiu a certeza de que os USA estavam adotando no combate às drogas uma política equivocada.   Apesar disso, essa política era adotada até então pelo mundo todo.

         A Comissão secretariada por Ilona em seu ousado relatório de 2009 pediu a descriminalização da cannabis.     A Comissão Latino Americana deu origem à Comissão Global de Políticas sobre drogas formada pela ONU com participação de dez chefes de estado, incluindo Kofi Annan, ex secretário geral da ONU.    Ilona foi Coordenadora dessa Comissão Global de 2011 a 2016.   Em 2016 a sede da Comissão Global se mudou do RJ para Genebra e ela deixou o cargo.

         Anteriormente, em 2010 ela começou a articular o Instituto Igarapé para atuação contra a violência.   Igarapé em tupi – caminho da canoa.

         

terça-feira, 9 de novembro de 2021

CAP. 16/35 - fichamento - livro - HUMANOS DE NEGÓCIOS - História de homens e mulheres que estão (re)humanizando o capitalismo - Autor: RICARDO V. CUNHA - Ed. Voo - 2020

 CAP. 16/35        livro lido nesta parte em novembro de 2021

         Outra Humana de Negócios:  Paula Dib     -  “design do tempo”

         Paulistana, filha de pai árabe (sírio) e mãe mineira.  Fez design industrial na FAAP Fundação Armando Alvares Penteado em São Paulo.  Ela nasceu sem o braço esquerdo.   Em 2002, menos de um ano após o atentado das Torres Gêmeas nos USA, ela trabalhava em Londres e havia risco de bombas por lá e  um dos suspeitos, argelino, trabalhava na equipe em que ela trabalhava num restaurante.   Ela, só por ter nome árabe, foi detida, interrogada e sumariamente deportada.

         Anteriormente, antes de terminar a faculdade, ela tinha feito um trabalho no sul da Bahia.   Nesse tempo ouviu sobre Sustentabilidade de que emergia com força no âmbito internacional.   “De volta de Londres... comecei a reconectar as peças, ampliando meu olhar e unindo aspectos da cultura e do meio ambiente no meu trabalho”.

 

 

 

         O pai dela, engenheiro e a mãe dela, psicóloga.   Na verdade os irmãos do pai dela nasceram na Síria e depois de migrarem para o Brasil, logo ele nasceu e assim só ele dos irmãos é brasileiro nato.

         No começo da vida dos pais dela, começaram como muitos de origem árabe na Rua 25 de Março em São Paulo, lugar de comércio popular.   Donos da loja Rei do Armarinho.

         Quando ela era criança, o médico chamado à casa deles sobre a questão da falta do braço da menina, ficou observando ela lidando com os brinquedos e executando tudo que precisava numa boa.  Viu que os pais dela achavam que ela precisaria de prótese, mas o médico concluiu que não.   “Ela está ótima e não precisa de nada disso”.

         Foi colocada aos três anos de idade numa escola Rudolf Steiner, método criado pelo educador na Alemanha em 1919.   O método da escola se mostrou tão eficaz que as escolas que usam o método se espalharam por muitos países e há também em São Paulo.    A criança se deu tão bem que os pais resolveram colocar as outras filhas na mesma escola.

         Tempos do Plano Real, Brasil com moeda forte, ela com 18 anos, facilitou para ela poder ir estudar inglês no exterior.   Ela optou pela Austrália.   Lá chegou para estudar e era uma cidade grande e não se encaixava na expectativa dela.   Conseguiu um lugar mais desafiador.  Foi para uma missão governamental junto a povos aborígenes do norte da Austrália.    Uma das ações era ajustar o descarte de embalagens de mantimentos que passaram a ser enviados aos aborígenes e que eles não sabiam como executar o descarte adequado de embalagens.  

         De volta ao Brasil, optou por estudar Design Industrial.   Escolheu esta profissão.. “porque queria criar algo para alguém usar”.

         Optou por pegar além do curso, no contraturno, uma monitoria (estágio) na própria FAAP e assim ia cedo para a faculdade e saia de lá à noite.

         Fez oficinas de litogravura, xilogravura, metal, madeira, cerâmica etc.

         Fez alguns trabalhos remunerados e deu para passar um tempo viajando pela Europa.   Nessa, em Londres, estava num trabalho quando foi deportada.

         Ela via a questão, de um lado, a pobreza e de outro, o consumismo.

         “Eu não via sentido em produzir mais um sofá ou uma cadeira e assinar com meu nome”.  Para quê?

         Um dia ela teve um episódio de serendipicidade (descobrir meio por acaso).   Numa loja de artesanato, viu um produto modelado em jornal e a pessoa queria pintar a peça.   Paula argumentou que se pintasse, a peça não mais poderia ser reciclada.    Daí ela foi convidada pela dona da loja para atuar numa entidade que lidasse com design social e comunidade.

         Ela achou ali o que queria.   Juntava observação, comunidades, sustentabilidade e processos manuais.

         No Instituto Super Eco (ligado à Companhia Suzano de Papel e Celulose).    Projeto Comunidade Produtiva, isto no sul da Bahia.

         Comunidades no entorno da fábrica da Suzano.    Ela trabalhou com as comunidades carentes nos municípios de São José da Alcobaça e Helvécia, na Bahia.

         Sugeriram que ela concorresse com seu projeto num concurso na Europa.   Ela colocou na justificativa para a banca examinadora...    “estou fortalecendo a noção de que não precisamos buscar o norte de fora, mas, sim, dentro de nós.    E o potencial transformador que esse resgate da auto estima desencadeia na pessoa é enorme”.

         O projeto dela foi classificado e ela foi para a premiação em Londres.   A turma do concurso foi almoçar num restaurante.   Justo o local onde ela no passado trabalhou até ser deportada.    Assim para ela foi muito simbólico voltar lá para ser premiada (reconhecida).     Havia várias modalidades concorrentes e ela foi premiada na modalidade compatível com seu projeto.

         O destaque que a premiação deu, gerou convites para ela se apresentar em universidades na Alemanha, Holanda, Hong Kong, Inglaterra, Suécia e Venezuela.