CAP. 10/20
Lua de mel do rajá no estado da Caxemira. A Caxemira era na época um estado com quatro
milhões de habitantes e tão grande como a Espanha em termos de território. Um vale verde cheio de rios e tem vista
para a Cordilheira do Himalaia com sua neve eterna.
De volta da lua de mel, ambos na rotina da casa, cada um faz
suas preces, de manhã dentro da fé de cada um e se dão bem assim.
No seu reino vários outros palácios.
O rajá sugeriu a Anita que aprendesse o idioma urdu para ela
se comunicar mais com as pessoas.
Incenso para afugentar insetos. Músicas.
Inclui os ghazales, “poemas em urdu cantados como baladas de amor. São emocionantes porque todos evocam
destinos trágicos que o amor acaba por redimir”.
Malária era comum por lá naquele tempo (1908). Eram muitas doenças, inclusive em
crianças. Malária, febre tifóide,
varíola.
Depois de um parto sofrido e complicado, Anita dá a luz um menino. Houve treze salvas de canhão para
comemorar. Distribuição de alimentos
nas igrejas, homens montados em elefantes distribuindo balas para as crianças
pelas ruas. Soltaram, como se faz por
tradição, os poucos presos que haviam no reino. Tudo no contexto das celebrações do
nascimento do filho do rajá.
Capítulo 22
O filho de Anita não é o primeiro na linha de sucessão ao
trono, havendo dois à sua frente.
Filhos de outras esposas do rajá.
Anita não foi morar na “zenana” que é o local onde vivem as outras
esposas do rajá. Isso causou muita
raiva nas outras esposas, além do fato de Anita ser estrangeira.
Nada material falta às mulheres do harém, mas há meses o
rajá não se relaciona com as outras esposas e concubinas. Por isso o harém definha.
Anita não foi visita-las nem uma única vez. É o que mais fere as mulheres do harém, mais
do que qualquer outro motivo.
“Negando-se a fazer parte do harém, Anita fechou as portas
da amizade com as outras mulheres do rajá...”
...”quem garante que o rajá não vai nomear o filho de Anita
como seu sucessor?”.
O rajá com Anita tem a desaprovação da família, do harém, do
seu povo e da coroa britânica.
Por outro lado, há convites e mais convites de outros reinos
vizinhos para o casal, até pela curiosidade de conhecer a bela jovem espanhola.
Até pensando na segurança do filho, Anita quer ve-lo
batizado o mais breve possível. Que
seja no ritual sique para aproxima-lo da cultura local.
“Anita é suficientemente inteligente para saber que para seu
filho a religião é a melhor proteção, e até a garantia de futuro”.
O batismo. Após
quarenta dias do nascimento, em comitiva por 60 km de rodovia até Amritsar, a
cidade santa dos siques e a segunda maior cidade do Punjab, depois de Lahore,
que é a capital.
O Templo de Ouro em Amritsar. Nesse templo fica a edição original do
primeiro livro sagrado, o Granth Sahib.
Usam uma escova de pena de pavão para espanar o livro sagrado.
Circundar, no pátio do templo, o lago sempre no sentido
horário como parte do rito. Eles usam um
tipo de rosário sique.
O fundador da religião sique, o hindu chamado Nanak. Ele aos doze anos negou os ritos dos hindus
com seus mil deuses e criou um misto com o islamismo que é monoteísta. Proclamou:
“Não há hindus, não há muçulmanos, não há nada além de Deus,
a Verdade Suprema”.
Isto tudo na mesma época em que Lutero e Calvino fundavam
novas religiões na Europa. (pelos anos
1500)
“Nanak condenava a idolatria e, em vez do dogma e da
doutrina, defendia a crença básica na Verdade.”
“É religioso quem considera todos os homens como seus
iguais”. Começou a ter Shishyas que no
vocábulo sânscrito significa discípulos de onde deriva a palavra sique que dá o
nome à religião deles.
(Na atualidade apenas uns 2 por cento do povo da Índia segue
a religião sique. A grande maioria
segue o hinduismo e em escala bem menor, o islamismo e muitas outras
religiões). Guru significa Mestre.
“Ele (Nanak) e seus sucessores lutaram contra o ritualismo
excessivo, contra a desigualdade e contra a discriminação e maus tratos às
mulheres”.
Foram perseguidos pelos mongóis ao longo dos tempos.
Os siques passaram a chamar por sobrenome Shing
(leão)... “povo que teve que lutar
heroicamente por sua identidade e suas crenças ao longo de séculos”.
Continua no capítulo 11/20