CAP 04/20
Meses depois, em dezembro de 2018, Queiroz foi rebaixado
pelo Clã Bolsonaro a pária, “catapultado para os holofotes de um escândalo,
após a publicação de uma reportagem do jornal O Estado de São Paulo”. Após essa reportagem, ferveu de
jornalistas acampados na entrada do
Condomínio Vivendas da Barra pouco antes da posse do Bolsonaro.
Nesse condomínio Jair Bolsonaro vive com sua terceira esposa
e a filha Laura. Vive lá desde
2009. Perto da casa dele, mora Carlos
Bolsonaro em imóvel do pai.
Condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca, de frente
para a praia. Flávio também mora nas
imediações, só que fora desse condomínio.
O Jair sempre foi de difícil acesso aos repórteres. Ainda mais depois do atentado que sofreu e o
período de recuperação. Não tinha um
escritório para atender os jornalistas, estes que tem a missão de saber os
planos dele para governar o Brasil, já que sua posse se aproximava. Planos e quais seriam seus ministros.
Os jornalistas tinham que acampar na entrada do condomínio
ao sol e sem um WC para poder usar.
Meio por acaso... o
jornalista Fabio Serapião, repórter do Jornal O Estado de São Paulo passava
férias no RJ. Em contato de bar
consegue uma fonte que lhe fornece um calhamaço de dados, inclusive do
COAF. (O COAF é um pequeno órgão destinado
a rastrear movimentação bancária de pessoas chamadas de “sensíveis” que podem
ser políticos, parentes deles ou de afinidade visando levantar suspeita de
manter movimentação financeira incompatível com as rendas da pessoa). Quando o COAF levanta algo dentro do que
manda a lei, tem que comunicar às autoridades e estas tem que pesquisar mais a
fundo para ver se está havendo algo ilícito.
Foi o COAF que “pegou” a movimentação de dinheiro do
Fabrício Queiroz, muito acima dos ganhos dele.
Em doze meses, ele movimentou 1,2 milhão de reais. Queiroz era assessor de Flávio que nesse
momento se elege senador e é pego pelo COAF.
Entre janeiro-2016 e janeiro de 2017 Queiroz tinha salários
mensais de 8.500 reais da ALERJ (Assembleia Legislativa) como assessor e 12,6 mil como PM do RJ.
O achado do COAF (movimentação acima dos ganhos) foi a pista
que levou às rachadinhas do Flávio Bolsonaro no curso das investigações.
Dia 06-12-2018 a reportagem no jornal: “COAF relata conta de ex assessor de Flávio
Bolsonaro”.
Jair Bolsonaro conhece Queiroz desde 1984 e são amigos.
Queiroz sacava em dinheiro vivo seguidamente de caixa eletrônico
na sede da ALERJ. Caracterizou as
rachadinhas no curso das investigações.
“Com isso, o vereador, deputado ou senador, passa a
enriquecer com o dinheiro que não é seu”.
O sistema da rachadinha está tipificado em três crimes cumulativos. Peculato (mal uso de dinheiro público);
lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
O diminutivo “rachadinha” está só no nome. O político ficava com até 90% do salário dos
seus assessores que tinham emprego fantasma.
Os repórteres cobrando ministros e nada de explicações. A família Bolsonaro foge da imprensa.
Sergio Moro, então Ministro da Justiça, a poucos dias da posse
foi perguntado sobre as rachadinhas.
Deu resposta suscinta. “Vou
colocar de forma bem simples. Fui
nomeado Ministro da Justiça. Não cabe a
mim dar explicações sobre isso”.
(dentre outras tarefas, ele teria o comando da PF que investiga
crimes...). Logo o Moro que foi juiz e
se dizia entendido de combate à corrupção...
O calhamaço com dados da rachadinha tem 422 páginas. A Jornalista teve acesso a material sob
investigação...
Havia também investigação do MP Ministério Público do RJ
envolvendo políticos e empresas de transportes coletivos urbanos. Mais uma vez aparecia o Queiroz como um dos
operadores do esquema.
Sendo de âmbito federal, o processo foi para a Procuradoria
do MP do RJ para encaminhamento. Nesta
o processo ficou parado por seis meses no período eleitoral de 2018. A imprensa sempre cobrando andamento na
Justiça e esta se esquivando.
Nathalia, filha de
Queiroz, é personal training até de pessoas famosas no RJ. Foi descoberto eu ela foi por uma década
funcionária fantasma em gabinete do Flávio Bolsonaro quando ele era deputado. Ela também foi por quase dois anos assessora
de Jair Bolsonaro até 2018.
Flávio sempre foi o mais articulado e habilidoso dos filhos
do Jair. Acuado pelas denúncias, ficou
desnorteado e evitou o que pode a imprensa.
Só respondia via assessoria. “Flávio
vivia momentos de muito estresse”.
Flávio desabafou com um amigo... “De quem é o Queiroz? E cheque para a Michelle? Para quem foram esses cheques? O que eu tenho com isso?”
...”eles operavam como clã
(clã Bolsonaro).
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