Total de visualizações de página

quinta-feira, 31 de julho de 2025

Cap.2 - fichamento do livro - VIAGEM A CURITIBA E PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA - autor - Botânico francês A. DE SAINT-HILAIRE (1816-1822)

capítulo 2

 

         Casas no trecho Sorocaba aos Campos Gerais do Paraná:   Casas com mobílias simples.   O mais requintado é o arranjo das camas.

         Gado manso e que se junta na hora que vem o sal para os cochos ou mesmo colocado no chão.

         Em MG o capim gordura é menos nutritivo e tem menos minerais do que os diferentes capins nativos dos Campos Gerais do Paraná.   Nestes, usam colocar sal pra o gado a cada dois meses ou em outros casos, até quatro vezes por ano.

         Comum o número de bezerros ser aproximadamente um quarto do número de vacas.   Há perda de bezerros por doenças, roubo, ataque de predadores silvestres etc.

         Como a grande maioria das gramíneas usadas nos pastos do Brasil, o capim gordura é também de origem africana.

         (1822-1826)  “Marca-se o gado com idade de dois anos e os touros são castrados para engorda aos quatro anos e após gordos, vendidos para o abate.

         O autor cita o método de castração dos bovinos na época.

         Página 18 -   Castração amarrando o animal derrubado ao solo, macetam os testículos deste, assim evitando sangramento e risco de pegar doenças ou ataque de larvas de insetos etc.

         Gado bovino e cavalos.   Cita de Jaguariaiva, a Fazenda do Coronel Luciano Carneiro que comprava tropas de burros do RS, domava e revendia na região ou no maior entreposto do ramo que era Sorocaba-SP.

         Página 19 -  Ele cita os detalhes de como se domava cavalos na região na época.

         Nos Campos Gerais era comum haver também rebanho de carneiros nas fazendas de gado.  Raro usarem a carne dos carneiros.  O uso destacado era da lã para uso em vestimentas em região fria como esta dos C. Gerais.

         O rebanho de carneiros é solto e à noite recolhido para um cercado para evitar predadores noturnos.

         Os carneiros procuram o sal mais que os bovinos.   Comumente fornecem aos carneiros o sal duas vezes por mês.

         Os pastos nativos dos Campos Gerais são bonitos mas menos floridos do que os do interior da França, terra do pesquisador.

         Usam fogo para queimar o pasto mais velho e esperam a rebrota mais verde e palatável para o rebanho.   Fazem isso em parte dos pastos para não faltar pasto para o rebanho.

         Os pastos da região recebem de passagem, tropas de burros que vem do RS na rota até Sorocaba-SP.  (Rota do Tropeirismo).    Tropas de 500 a 600 burros cada lote.

         “As tropas de burros chegam em fevereiro, depois de atravessarem o sertão de Viamão, entre Lapa e Lajes, onde perdem muito peso”.

         As tropas descansam até outubro nos Campos Gerais e depois seguem no rumo de Sorocaba.     Os peões que vieram do RS voltam para a origem e apenas uns dois seguem com outros peões contratados na região dos Campos Gerais.

         Página 21 -  Mata aqui cortada há dezoito anos, já está com exuberância próxima da original.

         O trigo na região já era afetado na época pelo fungo da ferrugem.

         O autor fala do manejo de lavouras, inclusive do tabaco (fumo).   Cita as culturas do cânhamo e do linho, plantas de fibras excelentes para fiação e tecelagem.

         Clima mais frio e mais chuvoso, certas frutas como as uvas dos campos gerais não são tão doces como as de clima mais quente e seco.

         Capítulo II -  página 25

         Começo da viagem pelos Campos Gerais – A Fazenda Jaguariaiba.

         Os índios Coroados.

         Fazenda de Caxambu.   Há o Rio Jaguariaiba nesta região.

         A cidade de Castro-PR.   Cita ainda no estado de SP o interior de Itararé com o rio do mesmo nome.  Rio que em certos lugares penetra no solo em região com cavernas.   O rio volta a correr na superfície mais adiante.

         A área dos distritos era enorme naquela época, há duzentos anos.

         O Rio Itararé separava os distritos de Itapeva com Castro.   Em outra direção, separava os distritos de Itu do distrito de Curitiba.

         Cita passar pelos rios Tibagi e Rio das Cinzas.  (conheço ambos).

         Na região de Jaguariaiva PR os campos tinham fazendas e certos lugares de morros, havia índios selvagens.    (os campos menos acidentados ficavam ocupados pelas fazendas e os índios eram alocados para lugares mais acidentados).

        

         Continua no capítulo 3 

sábado, 26 de julho de 2025

Cap. 1 - fichamento do livro VIAGEM A CURITIBA E PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA - autor: Naturalista francês - AUGUSTE DE SAINT-HILAIRE

 

                   26-07-2025

         Autor:  Auguste de Saint-Hilaire    (original de 1822)

        

         Faz pouco tempo que li e fiz resenha de outro livro dele que foi um grande pesquisador Naturalista com foco em Botânica.   Francês, andou por várias partes do Brasil nos tempos do lombo de burro em estradas precárias.

         As viagens dele se estenderam de 1816 a 1822.     O prefácio deste livro editado em 2020 numa das versões em português foi feita por um docente da USP, Mário Guimarães Ferri, datado de 1977.

         Cita a carta de Caminha na qual o escrivão de Cabral fala dos índios  e das demais riquezas do Brasil.   Cita o inhame como um dos itens de consumo pelos indígenas daqui quando da chegada de Cabral.

         Ferri cita uma série robusta de viajantes e pesquisadores que deixaram um legado importante sobre o interior do Brasil ao longo dos séculos.

         Destaca também a importância de Martius pelas viagens e relatos. Entre estes a publicação do livro Flora Brasiliae Meridionalis editada em Paris.  Período de 1824 a 1833...

         Sobre Saint-Hilaire...”O herbário aqui feito reúne 30.000 espécimes pertencentes a mais de 7.000 espécies, das quais cerca de 4.500 eram desconhecidas dos cientistas da sua época.

         Vamos ao autor e obra em si:

         Capítulo 1 -   Descrição dos Campos Gerais.

         Predominância de gente branca e poucos escravos.    Rebanhos bovinos numerosos.   Uso de fornecimento de sal ao gado poucas vezes por ano.     Culturas de milho, algodão, feijão, trigo, arroz, linho, fumo e frutas como banana, figos, uva, pêssego, cerejas, maçãs, romãs, peras etc.

         Solo e clima adequados a imigrantes Europeus de clima ameno.

         “Esses campos constituem inegavelmente uma das mais belas regiões que já percorri desde que cheguei na América”.

         Os campos são geralmente compostos de ervas baixas e poucas árvores.    Dá para criar gado sem fazer derrubada de mata.  Em geral terras cobertas por gramíneas dispersas.

         Poucas casas na zona rural, mas estas geralmente são bem cuidadas.   Rebanhos de gado requerem relativamente pouca mão de obra.

         Cita a exuberância das araucárias nos Campos Gerais.   O nosso pinheiro do Paraná que não é só daqui, mas de regiões mais ao sul e locais de altitude.

         Os pinhões das araucárias vem de longo tempo sendo importantes na alimentação dos indígenas e depois também dos colonizadores.

         Os indígenas chamavam os pinhões de “ibá” ou frutos por excelência.

         Pela utilidade da araucária o povo tem poupado a planta e só cortam em caso de real necessidade, constata o autor.

         Araucárias se dão bem em terrenos arenosos e isto indica que estas terras não são tão boas para a agricultura.

         Rios e riachos com pouco lodo.   Leito destes com pedras e água muito limpa.   Cita os rios Tibagi e Caxambu como lugares onde garimpavam diamantes.

         Nos Campos Gerais  (Região de Ponta Grossa, Castro, Jaguariaiva etc) o clima é temperado e nos tempos chuvosos estas são abundantes.   Diferente de MG e GO onde há longa temporada no ano que quase não chove.

         Clima ameno e agradável, sem as febres frequentes dos estados como MG e GO.   Cita o Vale do Rio Doce e do Rio São Francisco e as febres.

         Aqui há mais gente que alcança idade avançada.  As doenças mais comuns são bronquite, asma, hemorroidas e as famigeradas doenças venéreas, estas comuns nas demais regiões do Brasil visitadas.

         Brancos... mais altos... “tem os cabelos castanhos e as feições coradas, sua fisionomia traz a marca da bondade e da inteligência”.

         ...”as mulheres são geralmente muito bonitas,” ...  Os homens geralmente a cavalo, cuidando do gado.   Aprendem desde criança a cavalgar.  Geralmente são analfabetos, mas muito competentes na lida com o gado.

         ...”Encontrei por toda parte gente hospitaleira e boa, a que não faltava inteligência, mas cujas ideias eram limitadas que na maioria das vezes eu não conseguia conversar com as pessoas mais do que quinze minutos”.

         Quando conseguem algum capital, descem para o sul e compram tropas de burros chucros e trazem para amansar e revender na região ou em Sorocaba-SP que é o polo comercial de burros para lida com gado, agricultura e garimpo principalmente.

                   Segue no capítulo 2

quarta-feira, 23 de julho de 2025

Cap.12 (final) - fichamento do livro 8/1 A REBELIÃO DOS MANÉS - autores - PEDRO FIORI ARANTES et alli (2024)

 capítulo 12 (final)             23-07-2025

 

         Os autores citam obra do pesquisador Theodor Adorno que descreve nos anos 50 o perfil de líderes fascistas.

         “Para Adorno, o líder fascista utiliza repetidamente técnicas...  anuncia a iminência de catástrofes...  adota a mentira e a distorção de forma planejada...  transforma a doutrina cristã em violência política...”

         ...

         “Também resta a alternativa de que Bolsonaro não seja esse líder poderoso e de perfil fascista, mas apenas um joguete nas mãos de militares, pastores, do agronegócio, mercado financeiro...”

         ... “Quem dá o sinal da troca de líder ou de pele é a aliança militares – pastores – empresários”.  (página 152)

         Pesquisador de Harvard Steven Levitski (do livro Como as Democracias Morrem) diz em entrevista que a ultra direita nos USA dependem mais de Trump do que a brasileira depende de Bolsonaro.

         “No Brasil há uma diversidade de forças, partidos e caciques da direita e extrema direita que diluem o poder de Bolsonaro – Por outro lado....   “A Ordem e o Capital seguem ganhando com Lula, afinal, ele está lá para barrar o fascismo e manter a confiança para os negócios, com algumas eventuais migalhas aos pobres”.

         Bolsonaro...  “Sua defesa pode alegar que no dia da insurreição ele estava fora do Brasil...”

         “Como já explicou o general-malandro Heleno:  Um golpe para ter totalmente sucesso, precisa de um líder principal, alguém que esteja disposto a assumir esse papel de liderar um golpe”.

           ... “Na hora h, todos os malandros recuaram e inclusive saíram do país...”   ...  Os manés  “estão pagando agora pelo recuo covarde e silencioso dos líderes”.

         Capítulo -  Punitivismo às Avessas

         ...”O sistema procura algum equilíbrio, reduzir tensões, dar anistia em troca de governabilidade, estabilizar e pacificar.”

         O sistema encara os manés...  “os manés seriam nóias, viciados em realidade paralela.”

         As penas pesadas (tipo 17 anos) podem ao invés de intimidar potenciais insurgências, deixar esse pessoal ver nos presos, mártires, assim se opor ao STF e se manterem radicais...

         “Fernanda Martins, diretora do Interlab, que monitora grupos extremistas nas rede (web) comenta...”Após a morte de um dos presos na Papuda, ele sendo diabético e mesmo tendo recebido os devidos cuidados médicos na prisão, veio a falecer na fase de preso aguardando o julgamento.  Para a direita ele é o primeiro “mártir” dos insurgentes.

         A turma da extrema direita que sempre criticou os defensores dos direitos humanos, agora vem com o discurso de requerer a defesa dos direitos humanos dos seus ativistas transgressores da lei.

         Os autores alertam que essas punições pesadas à ralé da extrema direita podem mais adiante serem usadas contra os movimentos sociais legítimos.

         ...”punições severas – todas elas aptas a criminalizar e condenar também revoltas e insurgências contra a opressão e a desigualdade social”.

         “as periferias, os sem teto, os sem-terra, os sem tudo não querem paz, mas transformação.  Quem quer a paz total e as multidões em casa é a Ordem e o Capital.”

         Os autores criticam o apoio da esquerda à lei aprovada que se torna a nova Lei Orgânica das PMs.   Na visão destes, inclusive no aspecto político, esta lei dá mais poder às PMs, inclusive no aspecto político e deixa as corporações mais fortes do que no tempo da ditadura militar.

         Capítulo – Emancipação Multitudinária

         Os autores olhando para o futuro e supondo insurgências na luta por direitos...   “Para além do 8/1 a Ordem vê na multidão sempre uma ameaça, pois é desestabilizadora e questiona estruturas do poder...”

         Capítulo – Pós – escrito

         Quando os autores estavam já para entregar o livro para a gráfica em fevereiro de 2024, o STF, após decisão do PGR Procurador Geral da República, Gonet, acionou a Polícia Federal para fazer buscas nos endereços dos militares de alta patente.  Então a novidade é que os peixes graúdos começam a ser acessados pela lei.

         Certos militares ou as Forças Armadas apoiando o golpe?

         Múcio, o atual Ministro da Defesa diz que certos  militares eram pelo golpe, mas não a instituição militar, as Forças Armadas.

         “A punição de Moraes dá margem a essa interpretação.  Nela há somente a distinção entre o grupo criminoso e as instituições militares.

         “Segundo o inquérito, o comandante do Exército, General Freire Gomes é quem estava impondo maiores limites aos golpistas”.   Em registros no inquérito...  “está dificultando a vida do presidente Bolsonaro ao se colocar contra o golpe.    “É chamado de cagão pelo General Braga Neto.  (há áudios provando isso)

         ...”Supostamente o único comandante apoiando a iniciativa era o da Marinha, o Almirante Garnier, golpista notório elogiado nas mensagens entre os golpistas”.

         Por outro lado, no caso do Freire Gomes...   “O próprio ‘legalista’ Freire Gomes era um defensor dos acampamentos... e barrou o desmonte do aquartelamento em Brasilia”.

         A ala dos endinheirados depois de ver os absurdos do governo Bolsonaro resolve se distanciar dele e apostar em Lula com Alkmin como vice.   “Com a eleição Lula e Alkmin, a Ordem já reconstruía uma normalidade política e de negócios a seu favor...”

         ...”a Pax Lulista 3.0 e seu regime de conciliação de classes pró mercado”.   

“A aventura como pária internacional, aberração sanitária, ambientalmente criminosa e progressivamente mafiosa, miliciana e militarista não seria saudável aos negócios a médio prazo...”

“A direita dita moderada, liberal, supostamente democrática, quer enfiar o gênio de volta na lâmpada, quer fechar a caixa de Pandora que ela mesmo abriu depois de 2014”.

O juiz Alexandre de Moraes que tem um currículo bem conservador, acabou sendo o baluarte da Democracia nos episódios recentes.

Pesquisa Alfa Intel realizada entre 8 e 9/2/24  .... entre eleitores de Bolsonaro só 2 a 3% acreditam que ele planejou o golpe.  Entre os eleitores lulistas, 86% acreditam que Bolsonaro planejou o golpe...”

         “E 99% dos bolsonaristas acreditam (fevereiro/2024) que ele está sendo perseguido injustamente”.

         “Por fim, 84% dos bolsonaristas consideram que vivemos uma ditadura, a ditadura do judiciário e 94% declaram que continuam apoiando Bolsonaro venha o que vier”.   (base fevereiro de 2024)

         “São números típicos do fanatismo messiânico ao líder populista/fascista”.

Os desafios de termos desde longa data um país com grande injustiça social ainda continuam.    Frase final do livro:

“Derrotar (temporariamente) o bolsonarismo foi só o primeiro round.  E agora?                             FIM.         Fim da leitura em 17-07-2025

(por motivo de viagem não pude postar antes este capítulo mais longo que fecha o tema).     Gratidão sempre aos que prestigiam estes resumões.

quinta-feira, 17 de julho de 2025

Cap. 11/12 - fichamento do livro - 8/1 A REBELIÃO DOS MANÉS - coautores - PEDRO FIORI ARANTES et atti - ano 2024

 capítulo 11 de 12                julho de 2025

 

         “A adesão a essas narrativas às vezes produz ou alimenta uma desconfiança em fontes de informação tradicionais e um afastamento da realidade objetiva”.

         Página 138 -   Caso do réu paranaense Mateus Lázaro, negro, evangélico, 23 anos de idade, esposa grávida do primeiro filho.   Trabalhador.  Participou do 8/1 e pegou 17 anos de cadeia.   Já preso e condenado, escreveu à esposa que a luta dele é do bem contra o mal.  

         Nos USA, o episódio da invasão do Congresso resultou em penas mais brandas do que as nossas, cada país com sua legislação.   O presidente Trump também está sendo processado por aquele episódio.

         Analisados e documentados os casos, os autores aqui citam as deficiências dos advogados dos manés.     ...”o que facilita o trabalho da acusação e o punitivismo da Corte.   Eles perderam prazos para apresentar documentos e os recursos foram ineptos nas argumentações, choraram em plenário, adotaram questionamentos improdutivos”.

         Um dos advogados virou piada nacional, Henry Kattwinkel, que confundiu o livro O Príncipe, da autoria de Maquiavel com O Pequeno Príncipe de autoria de Saint-Exupéry.     (li esses dois livros há tempos).

         Esse advogado foi mais longe nas falas no STF.  Chamou o governador do tempo do Império Romano de Afonso Pilatos para se referir a Pôncio Pilatos.   (página 142).

         Capítulo -  Generais não cometem crimes

         Título irônico em um artigo de jornal de autoria de Conrado Hubner Mendes.   (Folha de SP de 25-10-23)

         General Heleno...    Já no tempo da ditadura militar, foi ajudante de ordem do General Sylvio Frota.   Eram da linha dura do regime e contra a redemocratização.

         Heleno no comando das tropas em missão da ONU no Haiti no período 2004/2005, quando comandou a operação no bairro chamado Cité Soleil na capital Porto Príncipe.    ...”que segundo relatos, resultou na morte de 60 a 70 civis, incluindo mulheres e crianças”.   (página 144)

         No relado dos militares, citam seis mortes mas investigações baseadas em documentos da ONU mostraram que o número era muito maior.   O evento foi classificado como “massacre”.   Heleno no comando das tropas deu ordem para seus soldados atirarem até nas pessoas que acudiam os feridos e tentavam resgatar os mortos. 

         Esse episódio resultou no afastamento dele naquela missão da ONU.

         Nos processos sobre o 8/1, o General Heleno negou tudo o que pode em juízo.   Mesmo havendo documentos provando em contrário às posições dele.

         Na CPMI no Congresso Nacional, Heleno falou muita barbaridade e fez inclusive defesa da ditadura militar, o que irritou muito os congressistas.

         Página 148 de 170.    “As escolas militares são fábricas de negacionismo e desinformação sobre a história brasileira, produtora de realidades fantasiosas, subserviência aos USA...”

         Se passaram quatro décadas desde o fim da ditadura militar (1985) e até hoje não conseguimos levar os militares golpistas aos tribunais.    A impunidade gera novas chances deles tentarem novos ataques à democracia.

         Capítulo -  Chegará a hora dele?

         Bolsonaro ainda no governo fez cara de paisagem para os acampamentos em frente ao quartel de Brasília, mesmo este usando faixas pedindo “intervenção militar com Bolsonaro no poder”.

         Os autores citam uma série de potenciais crimes praticados por Bolsonaro e que estão em fase de julgamento.  (página 150)

          Os autores citam obra do pesquisador Theodor Adorno que descreve nos anos 50 o perfil de líderes fascistas.

                  

                   Continua no capítulo 12 (final)

segunda-feira, 14 de julho de 2025

Cap. 10/12 - fichamento do livro - 8/1 A REBELIÃO DOS MANÉS - coautores - PEDRO FIORI ARANTES et alli - ano 2024

 capítulo 10                    julho de 2025

 

         “Que mundo estranho é esse em que os reacionários são combativos e lutam por seus ideais e os progressistas na retaguarda, estão cada vez mais conformistas e passivos?”.

         ...”É preciso sair das cordas ( e da retranca) retomar a imaginação coletiva, a crítica radical e a tradição rebelde das esquerdas para alterar o curso da história”.

         Entre as referências bibliográficas, o livro em pauta cita “Os Engenheiros do Caos” do autor Giuliano da Empoli.     “como as fake News, as teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar”.   Livro da Editora Vestígio – 2019.

         Cita também Juliano Spyer (Antropólogo) no livro O Povo de Deus: quem são os evangélicos e por que eles importam.      (eu, leitor, já andei lendo vários artigos dele na Folha de SP e ele é uma referência no tema)

         O livro do Spyer é da Editora Geração, ano 2020

         Capítulo -   Epílogo   -   A condenação dos manés... e dos malandros?

         Julgamentos no STF a partir de setembro de 2023 com o relator Ministro Alexandre de Moraes.    Um ano após o 8/1/23, ainda não tinha sido julgado nenhum militar, nenhum político e os mandantes/mentores/patrocinadores dos manés, dos peixes miúdos.

         Em janeiro de 2024 este livro estava finalizado.   Os julgamentos no STF continuaram.

         Há na lista dos que serão julgados, o ex presidente Jair Bolsonaro e dezesseis militares de alta patente, entre eles, quatro generais e um almirante.

         Algo inédito no Brasil.   “As forças armadas seriam finalmente devolvidas à caserna para não mais intervir na vida civil e nos destinos da República?   A situação não é tão simples assim”.     (página 130 de 170)

         Multidão cometendo crime.  Nossa Constituição em seu artigo 5º, XLVI ....   “que a pena deve ser adequada não só ao crime, mas também à culpabilidade do indivíduo”.  (caso a caso)

         Sempre cabendo ao acusador o ônus da prova contra o indivíduo.

         ....  “A excitação dos manés ao se verem participando de um ‘ato histórico’ da possível ‘tomada do poder’, associada ao frenesi de mensagens e postagem dos extremistas em bolhas de alheamento, tornou-se a própria armadilha para eles mesmos.”

         “A vontade de noticiar o que faziam deu a corda para se enforcarem”. (produziram as provas contra eles mesmos)

         Penas pesadas.   Já houve condenação de até 17 anos de prisão.  O autor lembra aqui que no caso de homicídio no Brasil a pena básica é de 12 anos de reclusão.

         Os autores destacam que o rigor do STF ...”Também pode se apontar a limitada  capacidade do STF processar casos penais dessa monta, como origem de instrução probatória – afinal, o STF é sobretudo uma Corte Constitucional”.

         A justificativa para as ações serem julgadas pelo STF seria que há no contexto dos acusados, gente com foro privilegiado como políticos.

         Capítulo -  Alguns dos manés condenados.   Página 136

         Por casualidade o primeiro bagrinho ou mané condenado é um “predestinado” segundo o jornalista/humorista José Simão.  O réu se chama Aecio Lucio Costa Pereira.    Aécio foi quem começou minar a democracia que culminou com o impeachment da Dilma.   Lucio Costa foi o urbanista que projetou a Praça dos Três Poderes de Brasília.

         Sobre o caso do réu Aécio: 

         ...  “A gradual radicalização ao longo de quatro anos indica uma mudança significativa no seu sistema de pensamento e crenças, influenciado pela exposição a grupos ou mídias que promovem teorias conspiratórias e visões extremistas”.     (Esse Aécio era um funcionário público exemplar da SABESP de SP).   

         “A adesão a essas narrativas muitas vezes produz ou alimenta uma desconfiança em fontes de informação tradicionais e um afastamento da realidade objetiva.”

         Já no caso de outro réu que recebeu pena:   Mateus Lazaro.  Negro, evangélico, 23 de idade, casado e a esposa esperando o primeiro filho.  Um trabalhador que  a luta dele era entre o bem e o mal...   Pegou 17 anos de pena e na prisão escreve para a esposa achando que fez o certo...

 

                            Continua no capítulo 11 de 12

sexta-feira, 11 de julho de 2025

Cap. 9/12 - fichamento do livro - 8/1 A REBELIÃO DOS MANÉS - coautores - PEDRO FIORI ARANTES et alli - 2024

 capítulo 9.                        julho de 2025

 

         No dia da insurgência a polícia escoltou os manifestantes até os palácios e nada fez para evitar o quebra quebra que durou cerca de quatro horas.    Depois de duas horas da invasão a polícia começou a agir.

         “Só depois de duas horas de destruição foram iniciadas as movimentações da PM que resultaram em apenas seis feridos entre os manifestantes (estimados em 2.000) e surpreendentes 44 feridos entre os policiais.”

         Quando houve no passado manifestações da esquerda quase não havia feridos entre os policiais que atuavam na repressão, mas havia feridos entre os manifestantes por conta da ação policial.

         Os manifestantes e a camiseta da Seleção Brasileira – CBF que na crítica do jornalista esportivo Juca Kfouri é a Casa Bandida do Futebol.

...     

“A presença ou não de Bolsonaro no cenário eleitoral não significa  derrota da extrema direita: pelo contrário, armou-se a bomba relógio nas últimas décadas, e não somente nos anos bolsonaristas...”

         ...   “poder crescente dos evangélicos na vida cotidiana e mental de parcelas importantes da sociedade”.    (frase do Antropólogo Spyer em livro de 2020).

         Página 119 -   Capítulo -  Depois de janeiro, a paz será total?

         Há citação do protesto aos berros do insurgente, coronel da reserva Adriano Testoni que gravou vídeo com xingamentos contra as Forças Armadas por não terem entrado em cena dando o golpe.   O coronel responde processo por conta dessa descompostura.

         Em 40 ônibus, os detentos da insurgência foram encaminhados para presídios.   Eles na Papuda e elas na Colmeia.   Nessa fase da prisão preventiva eram em torno de duas mil pessoas.   Destes, logo em seguida, 684 foram liberados para responder em liberdade os respectivos processos.  Estes por questões humanitárias como idosos, pessoas com enfermidades, pais com filhos pequenos etc.

         Os presos reclamavam de tudo na prisão, até da falta de wi fi.

         Um deles virou piada ao dizer ao juiz:  “fui preso contra a minha vontade”.  Ao que o juiz respondeu:  “Não sei se o senhor sabe, ma é assim que a prisão funciona”.

         A direita e seu chavão de bandido bom é bandido preso passa a ser agora um constrangimento para ela própria.   “O que fazer agora...  quando os heróis do povo passam a ser vistos como vilões e depredadores do bem público?”

         “Os patriotas, agora patriotários, foram abandonados pelos líderes, pelo messias e generais...”.     “Quem fez quem de Mané?

         ...”Quem de fato era o diretor daquele teatro de fúria consentida?”

         Os insurgentes, fracassados passaram a atacar as forças armadas como traidoras deles mas pouparam o Bolsonaro que na hora H os deixou na mão.

         Na página 123 os autores fazem uma avaliação do cenário nacional ao que me parece depois de impactado com o avanço da direita após a deposição da Dilma, quando vieram governos de direita com Temer e Bolsonaro.

         Segue o livro:   “Nossa economia não agrega quase nenhum valor às cadeias produtivas mundiais e não emprega mais, com mobilidade social decrescente...”      

         “Uma sociedade enfim, produtora de medo e violência cujos membros nunca viveram situações tão desiguais e interesses tão conflitantes”.

         Página 124 (das 170) -  “A esquerda radical – insurgente foi esmagada e isolada pela própria esquerda da ordem, pela mídia e pelas forças conservadoras”.

         (na minha modesta opinião de leitor, vejo que o Congresso é majoritário de centro, direita e ultra direita e assim há bem pouco espaço para a esquerda no Executivo governar como tem potencial.  Sem apoio no Congresso, o Executivo fica no pragmatismo, digamos, de conseguir para o povo o máximo que pode com o limitado poder que tem).

         P. 126 -  “Os vitoriosos do 8 de janeiro ao final, não foram o governo Lula, as forças populares ou a nossa precária e limitada democracia, mas os donos do poder e do dinheiro, que mais uma vez impõem a agenda sem oposição, chantageiam e transferem à esquerda o custo de manter tudo como está”.

         ...”A direita radical, mesmo amalucada, mobiliza mentes e corações e age de forma ousada para transformar a história a seu favor, mantendo, é claro, a ordem desigual”.

                                               Segue no capítulo 10

terça-feira, 8 de julho de 2025

Cap. 8 - fichamento do livro - 8/1 A REBELIÃO DOS MANÉS - coautores - PEDRO FIORI ARANTES et alli - 2024

 capítulo 8                 

 

         Cita o pastor Renato Cardoso, genro do poderoso Edir Macedo, da Igreja Universal e da TV Record.    Este pastor editou um livro sobre o Apocalipse e depois veio uma novela da Record com o mesmo nome.   Em certa cena, meteoros caem sobre Brasília e incendeiam os palácios dos três poderes.

         Passa a ideia de castigo divino e de final dos tempos.    “Essa  iminência do juízo final estimula um senso de urgência nos fieis e intensifica o de missão para que os verdadeiros cristãos estejam crispados e em ‘batalha espiritual’ contra as forças do mal”.

         Essa narrativa esteve bem presente nos bloqueios e nos acampamentos da ultra direita e deu no que deu.

         As distorções misturando política e fé...

         ...”como se quebrar vidraças, objetos, obras de arte e moveis significasse quebrar o próprio modelo político tomado pelo Diabo”.

         Muitos fanáticos do quebra-quebra (insurgentes) comparavam o feito à Queda da Babilônia, que é uma passagem bíblica.   Uma busca de adaptar mensagem bíblica à invasão da Praça dos Três Poderes.

         Os insurgentes, tendo sido derrotados e punidos viram isso como um recado divino.  “Daí que a derrota deles no 8 de janeiro ... deu aos fieis um mau presságio: o de que Deus poderia não estar do lado deles.  Seu messias (Jair) esteve ausente, permaneceu em silêncio, dando mínimos e incompreensíveis sinais...”

         Por fim o Bolsonaro abandonou o barco e foi para os USA e deixou seus mais afoitos seguidores órfãos antes do embate dos insurgentes.

         Antes do dia 8 de janeiro, Bolsonaro ausente, há a liderança do General Heleno ...  “extremista e instigador de ódio a Lula e Alexandre de Moraes.    Heleno cumpre muito dos requisitos encontrados em Bolsonaro: também militar, pai de família, conservador e ‘cidadão de bem’.”

         Frase enigmática do Bolsonaro após a derrota nas urnas:   “Nada está perdido”.

         Derrotados, ante de serem presos, os insurgentes se prostraram em orações tentando reverter a imagem de vândalos, de destruidores etc.

         Frustrados por perderem a batalha, pelo risco de serem presos e ainda pela debandada do mito Bolsonaro na hora H.

         Capítulo -  Um Exército de Brancaleone ou terroristas organizados?

         Os insurgentes ficaram dois meses acampados em frente ao quartel de Brasília.     ...” a invasão dos palácios em ataque de ato único, tem caráter rocambolesco e farsesco – inverossímil, mas cuja trama urdida também nos quarteis, progressivamente é revelada”.   (página 109)

         Só parecia improviso...    “A organização e logística dos insurgentes estão longe do mambembe exército de Brancaleone, o que vimos foi um movimento organizado com estratégia e táticas militares: caravanas de ônibus provenientes de diversas regiões do país com infraestrutura alimentar e alojamento indicam claramente um método de organização, financiamento e ação.”  (página 110)

         Há publicação citada no livro atestando que três dias antes da invasão havia artigos mostrando os trajes e métodos que usariam.  Inclusive se enrolar na bandeira nacional usando-a como escudo contra a repressão policial, isto porque uma lei de 1969 dava essa proteção.