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segunda-feira, 2 de junho de 2014

RESENHA DO LIVRO – PERDIDOS NA TOSCANA


                               fonte da ilustração - gogle - página abaixo.
www.google.com.br/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&ie=UTF-8#q=fotos%20da%20toscana

Autor:   Affonso Romano de Sant´Anna        29052014


Resenha pelo Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida

Editora – L&PM,  Porto Alegre-RS, ano 2009, 252 páginas – 1ª.edição

     Eu não conhecia o nome e a obra desse autor que para mim foi surpreendente.   Um dia, a convite do SESC de Maringá, fui a uma palestra e bate papo com autores e um dos dois palestrantes da noite era o poeta, doutor em letras, mineiro, ex-dirigente da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.   Autor de vasta obra entre livros em prosa e verso e ensaios.    Viajou por muitos países representando nosso País em conclaves envolvendo literatura.

     Perdidos na Toscana no sentido de deslumbramento com a beleza da região envolvendo paisagem, edificações, história do seu povo.
     Página 9 – Mântua.  Cita a Torre do Relógio, Palácio da Razão, Palácio Ducal e outros lugares.    Virgilio nasceu nas cercanias de Mântua.
     12 – Certaldo Alto – cidadezinha medieval onde Boccacio passou a infância.
     13 – San Geminiano – tem edifício de quatorze torres.  Eram antigamente setenta e duas torres, das quais restaram as quatorze atuais.    Segundo o autor do livro, este local foi a New York da Idade Média.
     13 – Arezzo – cidade de Petrarca.   Cidade do poeta Aretino, que também inventou as Notas Musicais da forma que hoje conhecemos.
     15 – Catedral de Milão – Igreja com 135 agulhas apontando para o céu.
     16 -    ...”Aristóteles quando dizia que a poesia essencializa mais os fatos que a história.”
     16 – Na livraria em Milão.   Disse que notou que o escritor da moda lá era o chileno Luis Sepúlveda.
     17 – O Teatro Scalla de Milão continua na ativa com música clássica.
     Índia
     18 – O número de dialetos na Índia é grande e as línguas são 18.  Ele cita que, ironicamente, o idioma inglês (do colonizador) acabou sendo útil aos povos da  Índia para se comunicarem entre si.
     21 – Velha Deli e Nova Deli.  Cidades densamente povoadas.   Fala inclusive do Forte Vermelho.
     Rússia
     58 – Cita o livro 1917 A Revolução Mês a Mês de autoria de A. Nenarokov
     59 – A cidade de Leningrado, após a queda do comunismo voltou a se chamar São Petsburgo.
     60 – O que fazer do Museu de Lênin.   O autor deste livro sugeriu que até fosse ampliado o citado museu para abrigar acervo do tempo do comunismo para preservação e estudos, além da visitação.
     65 – O autor faz inclusive uma provocação:   “Os ditadores estão acabando no continente, não é, Fidel?”
     Argentina
     70 – O episódio do soldado argentino que lutou na Guerra das Malvinas.   Bastante mutilado, manda carta à mãe dizendo que vai voltar para casa (ela não sabe das mutilações) mas com a condição que possa levar consigo – se ela aceitar – um amigo mutilado.   Ela não aceita.   Ele se suicida.
     Colômbia
     73 – Cidade de Medellín    (que pela  Wikipédia tem 2,2 milhões de habitantes e IDH Índice de Desenvolvimento Humano 0,8 – relativamente alto – qualidade de vida bom)
     Ele foi a um encontro de poetas em Medellín.   Ficou surpreso com o enorme teatro cheio e gente do lado de fora assistindo as palestras pelo telão.  Poesia!    Ele ficou surpreso inclusive pelo fato de que há três anos em relação à sua visita ao local, as guerrilhas e o narcotráfico tinham matado ao longo do tempo milhares de pessoas na região. 
     Irã
     79 – Visitou Teerã e algumas outras cidades do Irã que era a antiga Pérsia e tem muita história.    Ele falou um pouco do que é Teerã na atualidade.   Em 1979, o Irã tinha 49% de analfabetos.  Hoje (2004), o Irã tem 83% de leitores.    O Irã tem a metade da população do Brasil e lá há 1.500 bibliotecas espalhadas pelo país.   Na parte de cinema, eles tem vasta produção de renome internacional inclusive.  Só no ano de 1997 para ficar num exemplo, os filmes deles ganharam 118 prêmios internacionais.
     Citou o intelectual Avicena (ano 980 a 1037) que era filósofo, médico, que codificou toda a ciência árabe do seu tempo e interpretou a sabedoria grega.    (continua o texto)

quarta-feira, 28 de maio de 2014

COMENTÁRIO SOBRE O LIVRO “CACAU” - DE JORGE AMADO

                         

     Autor do comentário – Eng.Agr. Orlando Lisboa de Almeida

           
            Sobre a obra   “C A C A U”

            Como li sem compromisso, fiz a leitura e as anotações utilizando o método que já citei e botei tudo no meu manuscrito – o caderninho.
            Revendo a síntese, é de se notar algumas tendências marcantes na obra a saber:
            Época -  A obra foi escrita por volta de 1933 e busca fazer um retrato da realidade atual daquela época e local.
            O lugar -   A região cacaueira do sul da Bahia, polarizada por Ilhéus.  Retrata principalmente a vida do povo simples, miserável, que trabalhava nas lavouras de cacau da região.
            O tema -   O problema social vivido pelo povo local, explorado pelos coronéis e barões do cacau.   O contraste da opulência dos grandes fazendeiros do cacau, com a miséria dos seus trabalhadores.   
            Uma frase da obra já mostra de forma lacônica a vida daquela gente miserável explorada:    “Educara-se entre tiroteios e mortes”.
            Vale até relembrar algo do famoso João Cabral, onde cita a vida e morte severina:      
                   “De emboscada antes dos vinte,
                    De velhice antes dos trinta,
                    De fome, um pouco por dia”.
            As Expressões   - Há na obra muitas expressões cujo sentido o leitor deve pesquisar para aproveitar melhor o conteúdo da mesma.   Refletem a cultura de um povo e de uma época.    Não é muito zelo destacar que no Brasil há duas identidades culturais muito fortes, sendo a do gaucho, moldada na influência do pré-colombiano, o português o italiano e outras influências mais.  A outra cultura muito marcante é a do povo da Bahia e de algumas outras partes do Nordeste brasileiro, com forte presença de elementos culturais da mãe África.
            Alguns termos que resolvi destacar:  chalacear, ABC, picula, trabalhar “alugado”, rameira, marinete, grapiuna, carpina, quento (não tem no Aurélio e parece ser um vale ou adiantamento de salário), mandrião, estrupício, caçuá, munguzá, aipim, acaçá.
            Engajamento -    Jorge Amado que foi ligado ao Partido Comunista deixa claro nesta obra elaborada em sua juventude, um engajamento na causa socialista de luta de classes, contra a opressão sofrida pelas classes operárias.  Na Europa essa luta já era muito conhecida na época, mas no Brasil era algo novo e bastante combatida.    Ser “vermelho”  era ser inimigo da sociedade, das elites que sempre foram o poder político.
            Costumes -  Alguns que destaquei:
·        Batizados coletivos dos filhos dos empregados, tendo como padrinhos, os patrões.   Garantia de manutenção da submissão dos empregados e da perenização da exploração.
·        A semana de festa para comemoração de São João, festa muito popular na época na região e em todo o Nordeste até os dias atuais.
·        A lida na lavoura cacaueira e a forma de manipular o cacau envolvendo podas, colheita, separação das sementes e secagem destas para o comércio.
·        As comidas típicas do dia-a-dia do povo pobre.
·        O rito de passagem do garoto para a idade adulta.   Aos doze anos, o pai leva o filho à zona e este acaba pegando uma doença venérea.  Assim, está promovido ao mundo dos adultos e tem até seu salário aumentado.
·        Os retirantes da seca, o drama e a vontade de retornar à terra natal.

Manifestações do Engajamento  -  como o engajamento político é o
 ponto mais visível da obra, destaco alguns comentários sobre o mesmo:
·        Trabalhar alugado -  o termo é chocante e serve para o trabalhador abrir os olhos e perceber que virou mercadoria à serviço do lucro.   Chocar para conscientizar e fomentar a luta de classes, visando o fim da opressão.
·        Armazém da fazenda -   existiu e ainda existe isto pelo interior do Brasil.   Quando o empregado migra para trabalhar numa fazenda, já chega devendo a mudança ao novo patrão.   Este tem na fazenda um armazém onde o empregado se abastece sem saber o preço das mercadorias, muitas vezes.   Assim, seu saldo será quase sempre negativo.    Trabalha, trabalha e está sempre devendo...  saldo negativo.    Foi disto que surgiu o termo “pedir a conta”.   Quando um empregado queria saber seu saldo efetivo, estaria ao mesmo tempo rompendo o elo de confiança com o patrão e era despedido.
Não é coisa do passado isto no Brasil.   Nas novas fronteiras agrícolas isto ainda é um tanto recorrente, infelizmente.
·        Gestão da fábrica  -  citou uma forma de gestão mais ética e mais humana de uma fábrica de tecido, visando mostrar que, mesmo sendo capitalista, há como tratar os empregados com mais dignidade.
·        Guarda noturno -  O guarda tinha o senso classista e, apesar de sua miséria, ajudou o retirante que estava passando fome.
·        As rameiras -  acusa a opressão e acena com a união das classes oprimidas como solução.
·        A escola -  reproduzindo o sistema opressor, assim como a igreja no local e época também faria o mesmo.    Também destaca a imprensa que enaltece os nobres feitos do “generoso” coronel fulano, que na realidade é um explorador dos fracos.
·        Deus  -  uma visão de um deus mostrado pela igreja local.  Um deus coronel que quer bem aos ricos e despreza os pobres.  É um deus carrasco e inimigo dos pobres.
·        Analfabetismo -  como arma política para manter os miseráveis sempre nessa condição ao longo dos tempos e gerações.
·        Preguiçoso -   No chavão do opressor e de muitos desavisados, o pobre vive na miséria porque quer, porque não pega duro no trabalho.    Sem levar em conta que o trabalhador muitas vezes ganha pouco, trabalha desnutrido, com doença crônica e assim por diante.
·        Utopia -  Na obra, os oprimidos representados pelas prostitutas, os trabalhadores do cacau, os retirantes, sonham com algo que não entendem, mas que resumem toda a esperança:  “Um dia...”    É a síntese de algo de bom que teria de acontecer, não sabiam como.   O sonho de liberdade, do fim da opressão e da miséria.
·        Protagonista -   Quando este, calejado da vida de alugado, consciente do sentido classista, renuncia ao amor da filha do patrão e parte para uma região metropolitana buscando trabalho com dignidade, sabendo que vai enfrentar a luta em defesa da sua classe trabalhadora.

Desfecho -    A última frase do livro deixa de forma textual o engajamento do autor, pelo dizer do seu protagonista:

-          “Eu partia para a luta de coração limpo e feliz”.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

RESENHA DO LIVRO – A HISTÓRIA ME ABSOLVERÁ


Autor do livro:  Fidel Castro              - data da resenha  14-05-14

Resenha por Orlando Lisboa de Almeida

     O livro é o “Discurso de Fidel Castro ante o Tribunal de Exceção de Santiago de Cuba, proferido em 16-10-1953”      - Quando ele foi preso incomunicável e em seguida julgado após a ação que tentou a tomada do Quartel de Moncada.
     Em 1959 Fidel, que liderou a derrocada do governo do ditador (pro americano) Fulgêncio Batista, assume o governo revolucionário e socialista de Cuba.
     Vamos a um apanhado das passagens que mais me chamaram a atenção nesse livro que foi editado no BR pela Editora Alfa-Omega em 1982 (4ª.edição) – 105 páginas.
     Página 13 -   “Quando os homens têm um mesmo ideal, ninguém pode isolá-los, nem as paredes de um cárcere nem a terra dos cemitérios”.
     Fidel é advogado e na ocasião, assumiu a própria defesa, mesmo o Estado não tendo permitido que ele (preso) tivesse acesso aos livros que tratam das leis do seu País.
     17 – “À medida que se ia processando o julgamento, os papéis se inverteram:  os que iam acusar foram acusados e os acusados se converteram a acusadores.”
     21 -  Ciente de que a ditadura iria condená-lo injustamente.   “Mas a minha voz não se afogará por isso; ela adquire forças em meu peito quanto mais isolado me sentir.  E quero dar ao meu coração todo o calor que lhe negam as almas covardes.”
     31 – “Nunca foi nossa intenção lutar com os soldados do regime e sim apoderar-nos, de surpresa, do quartel e das armas, convocar o povo, em seguida reunir os militares e convidá-los a abandonar a odiosa bandeira da tirania e a abraçar a da LIBERDADE.”
     33 – Trecho em que explica um pouco da história de Cuba.  No final do século 18, Cuba lutou em várias batalhas para se libertar do jugo espanhol.   Na vez que obteve sucesso, teve apoio dos americanos.  Por outro lado, trocaram de império e passaram a ser explorados pelos americanos por décadas com concentração de renda na mão dos estrangeiros e a pobreza para o povo cubano.      Em 1952 haveria uma eleição presidencial e a oposição ao governo simpático aos americanos estava com grande chance de vence-la.   Antes das eleições, Fulgêncio Batista deu um golpe militar em 10-03-1952 e assim sepultou a eleição que viria e a chance dos cubanos se verem livres dos americanos.    Nota-se que Fidel surge como uma reação contrária à ditadura militar em Cuba que oprimia o povo e fazia o jogo dos americanos.
     37 – O governo militar fazia desfiles apresentando ostensivamente ao povo as armas pesadas e sofisticadas.
     “Os desfiles militares e as aparatosas exibições de equipamentos bélicos visam fomentar esse mito e criar no povo um complexo de absoluta impotência.   Nenhuma arma, nenhuma força é capaz de vencer um povo que decide a lutar por seus direitos.”
     41 – “Os demagogos e os políticos profissionais fazem o milagre de estar de bem com todos e com tudo, mas, obrigatoriamente, enganam a todos em tudo que fazem.  Os revolucionários devem proclamar suas idéias corajosamente, definir seus princípios e expressar suas intenções para que ninguém se iluda, amigos ou inimigos”.
     42 – Ele dá um panorama das condições de vida do povo cubano antes da Revolução.  500 mil operários do campo vivendo em bohíos (casebres do tipo que os nativos locais usavam antes da colonização espanhola) e tendo trabalho 4 meses do ano e o restante do ano passando fome sem ter terra para plantar.  85% dos trabalhadores da lavoura o faziam em terras dos outros – terras arrendadas.  Operários nas cidades com salários tão baixos que no fim do mês o salário transitava da mão do empregado para o armazém.   Empregados   “cuja vida é o trabalho eterno e o descanso é o túmulo”
     46 – Fidel cita as Leis Revolucionárias da Cuba comunista – reforma agrária, reforma urbana, nacionalização das companhias de energia, de telecomunicações, etc.
     “O primeiro governo oriundo de eleição popular deveria respeitá-las, não só porque teria um compromisso moral com a nação, como porque os povos quando alcançam conquistas ansiadas durante várias gerações, nenhuma força do mundo será capaz de arrebatá-las.”
    46 a 49 – Ele dá um panorama geral de Cuba até 1952 expondo a condição de miséria em que o povo vivia.   Nessa época Cuba tinha 5,5 milhões de habitantes.    De maio a dezembro, quase 1 milhão de desempregados anualmente.  Um absurdo.
     51     “E no mundo atual nenhum problema social é resolvido por geração espontânea.”
     53 – “Um povo culto sempre será forte e livre”.
     56 – “... o inconcebível é que a maioria das famílias nos nossos campos esteja vivendo em piores condições que os índios encontrados por Colombo ao descobrir a terra mais formosa que os olhos humanos já viram.”
     63 – “O verdadeiro militar, ou o verdadeiro homem, é incapaz de manchar sua vida com a mentira e o crime.”       
     68 – Sobre o ataque ao Quartel de Moncada.     “... era uma vergonha e uma desonra para o Exército ter tido em combate três vezes mais baixas que os atacantes.”
     75 – Sobre a chacina que o Exército fez logo em seguida ao aprisionar os rebeldes, violando as leis.    “Se o Exército teve dezenove mortos e trinta feridos, como é possível que tenhamos tido oitenta mortos e cinco feridos?”     (executaram os rebeldes pegos)
     80 – Falando do judiciário que fazia o jogo da ditadura de Batista:     “ a alta magistratura...sem um gesto digno, curvou-se .. traindo a nação e renunciando à independência do Poder Judiciário”.
     80 – Sobre o julgamento a que estava sendo submetido:   “... pura comédia para dar a aparência de legalidade e de justiça à arbitrariedade...”
     85 -  Preso, incomunicável, levado a julgamento num hospital depois que forjaram um laudo de que ele não estaria em condições de estar num tribunal.     O promotor pede 26 anos de prisão para o réu.
     93 –Fidel cita a Constituição e as leis do país, mostrando que o regime criou leis que ferem frontalmente a Constituição.  Dá detalhes de tudo.   Mostra que não há nada de legitimidade nem ao regime que o julga, menos para as pessoas que o julgam.
    94 -  A maioria dos ministros do Executivo podia (contra a Constituição) por lei da ditadura, mudar tudo nas leis e os ministros eram escolha do governante.  Então o governante tudo podia.   Tirania.
     95 – Aqui ele diz algo que também foi uma polêmica no BR na ocasião que se instalou a Constituinte para a Carta de 1988.    Ele fala em relação a Cuba:
     “É um princípio elementar de Direito Público que não existe constitucionalidade onde o Poder Constituinte e o Poder Legislativo estão fundidos no mesmo organismo.”
     98 – A força do povo – cita um pensamento indiano:   “A corda torcida por muitas fibras é suficiente para arrastar um leão.”
     98 – Sobre o destino que o povo deve dar aos tiranos, Fidel fez uma revisão histórica do tema desde antes de Cristo e citou os mais relevantes.    Sobre São Tomas de Aquino, na Summa  theologica  “Rechaçou a doutrina do tiranicidio, mas sustentou, sem embargo, a tese de que os tiranos deveriam ser depostos pelo povo.”     Outros pensadores antigos defendiam varias formas de eliminação, pelo povo, do tirano.
     100 – Cita a Revolução Francesa, a luta pela liberdade e dignidade humana.    A Constituição de 1940 de Cuba já tinha uns traços das correntes socialistas vindos da França.    Itens como a Função Social da Propriedade Rural, o direito ao homem de uma vida digna, etc.   
     100 – Cita o pensador John Milton (1649) ... “o poder político emana do povo, que pode nomear e destituir reis e tem o dever de afastar os tiranos.”
     100 – Cita Rousseau -   em sua obra Contrato Social.    “o mais forte não é nunca suficientemente forte para ser sempre o amo, se não transforma a força em direito e a obediência em dever.”
     105 – “Preferimos que Cuba desapareça no mar, a consentir que nosso povo seja escravo de alguém”.
     105 – Termina esse seu pronunciamento de defesa pedindo sua “condenação” para ir preso junto com seus pares revolucionários, também injustiçados.
     106 – Frase que encerra o pronunciamento de Fidel no tribunal e dá um sentido ao título desta sua obra.
     “Quanto a mim, sei que a prisão será dura como tem sido para todos – prenhe de ameaças, de vil e covarde rancor.   Mas não a temo, como não temo a fúria do tirano miserável que arrancou a vida a setenta de meus irmãos.  CONDENAI-ME, NÃO IMPORTA.   A HISTÓRIA ME ABSOLVERÁ.”

                           orlando_lisboa@terra.com.br


terça-feira, 29 de abril de 2014

RESENHA DO LIVRO “ALMAS MORTAS” NICOLAI GOGOL

                 
     Resenha feita pelo blogueiro Orlando Lisboa de Almeida

     Eu não conhecia nenhuma obra de Gogol e fui presenteado por um amigo (João Francisco de Oliveira) que gosta de leitura, com a obra Almas Mortas do ucraniano nascido em  1.809 e que viveu um trecho da vida na Rússia e escreveu vários livros.
     Como de costume (desde 1994), faço uns rabiscos com aquilo que achei de mais interessante na obra para servir de lembrança e que, aqui publicados, espero que sirvam de aperitivo e que despertem em outras pessoas a curiosidade por ler esta bela obra que foi publicada segundo consta, em 1842.
     O livro que li é da editora Nova Cultural – SP – 2003 e tem 494 páginas – 1ª edição. 
     ( tradução – Tatiana Belinky).   Digo isso porque vou citar as páginas onde fiz os destaques e sem os dados da edição o número da página não diz nada.  

     O livro é uma ficção que trata de um vigarista que começa a correr o trecho pelo interior se hospedando, fingindo ser gente do comércio, gente de bem, e vai ludibriando as pessoas.   O mais interessante é que a cada contato com boa vida, é feita uma descrição do lugar, dos costumes e do comportamento das pessoas.   Mostra que o ser humano tem lá suas virtudes e seus defeitos que são meio transcendentes no tempo e no espaço.   Vale conferir

     28 – Casa com animais abrigados no térreo;
     30 – Homens que se beijam ao cumprimentar.  Costume russo;
     34 – O regime na Rússia e o requinte do francês:  piano, artes manuais...;
     36 – Fala de um governador que borda nas horas de lazer.
     61 – Lá também tem os pardais, pássaros que migraram para a Europa e foram trazidos até para o Brasil, aqui para tentar controlar larvas de insetos vetores de doenças. O pardal não era do ramo, mas se adaptou bem ao Novo Mundo.
     62 – Remédio com banha de porco e “óleo canforado” que, diga-se de passagem, o óleo com cânfora era usado na zona rural de onde nasci e passei a infância (Cerquilho-SP).
     63 – passagem interessante que fala do comportamento humano diante da hierarquia.
     68 – A palavra “encasquetar”.    Esta e outras que destaco curiosamente (coisa do tradutor), são muito comuns na minha terrinha de origem, meu berço e minha época.
     85 – Porqueira – outra da terrinha.
     92 – Outra citação importante do comportamento humano.    Visão superficial dos outros – alguém bem vestido engana.
     120 – Balalaica – instrumento musical primitivo com duas cordas.   (hoje é marca de vodka barata por aqui, ao que parece)
     125 – Receita de nhanha, um prato típico da Rússia.
     136 – Unha de fome – fominha – expressão típica da minha terrinha
     144 – Cambaio – idem
     152 – Herdeira – filha mais velha ?    será que é ou era isto o usual por lá?
     170-171 – Drama do escritor “realista”.
     182 – Esgueirar
     195 – Chusma
     195 – Cita Goethe e o livro (que li e gostei) .. “Os sofrimentos do Jovem Werther”
     231 – “Deus nos livre e guarde”   (típica da terrinha minha)
     232 – Outra passagem interessante falando da hierarquia
     256 -  Formando uma entidade assistencial.  Gasta tudo (ou rouba) nos meios e chegam centavos ao fim.
     269 – A pessoa se afogando e não pensa em nada; se apega até com uma palha...
     271 – O ser humano é sábio sobre os outros, mas sobre si...
     274 – Expressão – Já não era sem tempo.   (típica da minha terra, de novo!)
     279 – Encóspias – formas de madeira para alargar sapato novo (para lacear)
     284 – Saracotear – destaque da terrinha.   (preciso saber o nome e a biografia do ou da tradutor (a)}.
     292 – Conselhos malucos do pai do personagem.
     323 – Atarantado;
     331 -  Sem dó nem piedade (expressão típica da terrinha, de novo – me perdoem)
     336 – Pândega – idem
     335-336 – Métodos de um eficiente professor   (preciso rever para citar o milagre!)
     339 – São Petersburgo – frio de até trinta graus negativos.
     341 –  Consta que antes da Revolução (Russa) a pessoa se preocupava com o próximo, com a nação.
     360 -  ervilhas – uso por lá.
     373 – desenxabidas – expressão curiosa de novo
     394 – empachar  (barriga estufada ..)
     398 – Caçoando
     400 – Deu na veneta
     412 – algo fundamental – conferir lendo ...
     416 – enriquecer rápido...
     416 -  O autor faz uma grande defesa do homem do campo
     417 – Charrua – arado de tração animal com uma aiveca – parte de ferro que corta o solo.
     419 – lá tem rouxinol, cotovia.
     421- começar as obras pelo começo e não pelo meio...(também na profissão)
     423 – Sobre Administração Rural
     429 – gostar da paisagem
     431 – empanzinar    (ficar com o “bucho” estufado  - com gases)
     451 – desembestaram
     494 – Para encerrar, outra pérola da minha terrinha:   mal e mal   (malemá)

                       orlando_lisboa@terra.com.br







terça-feira, 22 de abril de 2014

RESENHA DO LIVRO – O PRÍNCIPE - MAQUIAVEL



Quem fez a resenha (sem caráter acadêmico):  Eng.Agr.Orlando Lisboa de Almeida

    Livro:   O Príncipe – autor:  Nicolau Maquiavel, italiano de Florença, nascido no dia 03-05-1469.    Editora:  Civilização Brasileira, 6ª.edição, RJ, 1981 – 159 páginas.

     Maquiavel foi antes de tudo um grande estudioso.   Conhecedor da Ciência Política como poucos de sua época.   Suponho que seu nome é muito citado inclusive por pessoas que não leram sua obra.   Comum ouvir o termo:   Esse cara é maquiavélico.   Sempre houve, há e haverá mazelas em todo lugar e também na vida pública.   Na verdade, em termos, ele estudou o Poder e as formas de exercê-lo até sua época e catalogou para a posteridade.   
     Vou citando termos ou situações com a respectiva numeração da página, já que a ficha do livro está acima.
    13 – Baseado em seus estudos e experiência em relação ao exercício do poder até sua época indicava:  No caso de conquistas de novos territórios – duas medidas.   Extinguir a linhagem do antigo príncipe; Não alterar as leis e os impostos (para não revoltar o povo)
     13 – Quando são povos de outras línguas e culturas, recomenda ao conquistador que vá habitar a terra conquistada como forma de melhor equacionar o domínio.   Estando lá, ao ver nascer qualquer desordem, já adota medidas para colocar tudo nos eixos.  (num tempo em que as vias e comunicações eram outras, precárias)
     13 – Fala do monarca estando habitando a nova posse, pode optar por interagir com o povo sendo amado ou sendo temido.  Duas formas diversas de ser respeitado pelo povo.
     13 – Fala de como os romanos tiveram sucesso.   Compara as opções de Colônias ou Fortificações.    Estabelecer colônias nos lugares conquistados, só trazendo o staff de governo e “rebaixando” os poderosos locais e não mexendo com o povo (a plebe), sendo defensor deste.    Menos oneroso que montar Fortificações que requerem recursos ($) para montar e manter e cria animosidade com todos, inclusive porque isto se faz e se mantém com impostos cobrados do povo.
     15 – Comparou motim com a tuberculose.   Quando está sendo planejado (o motim), no começo é mais difícil de diagnosticar, mas é mais fácil de combater.  Já se estiver adiantado o motim, é mais fácil de diagnosticar e mais difícil de combater.     Melhor é o príncipe estar morando na área e fica sabendo mais rápido dos problemas.
     35 – A dificuldade de introduzir novas ordens (mudanças) nas terras conquistadas.  Em geral contraria interesses e estas pessoas vão agir contra as ordens.
     As pessoas que seriam beneficiadas, continuam não crendo nas mudanças (se elas serão para melhor), nas inovações e tendem a não apoiá-las.
     40 – Quem recebe a “delegação” de cuidar de um reino sem ter ele próprio lutado para conquistar (recebe de mão beijada) tem pouca chance de ir em frente.
     55 – Governar com o povo ou com apoio dos poderosos.
     “O povo não quer ser mandado nem oprimido pelos poderosos e estes desejam governar e oprimir o povo”.
     59 – Tibério Graco (162 a.C) criou a Lei Agrária no Império Romano e causou uma revolta dos poderosos ao ponto de morrer enforcado pelos senadores e outras forças políticas (latifundiários, etc) do império.    No mesmo evento morreram ao redor de 300 pessoas próximas do Imperador.
     Mais tarde seu irmão Caio Graco também foi implementar uma Lei Agrária e 3.000 dos seus morreram por isso e Caio Graco foi obrigado a se deixar ser morto por um dos seus para não ser executado pelos inimigos.   
     62 – Cidades Livres  e fortificadas como as citadas da Alemanha (Frankfurt, Nuremberg e outras).     ...”tem muros e fossos adequados, possuem artilharia suficiente, conservam sempre nos armazéns públicos o necessário para beber, comer e arder por um ano.   E tem trabalho para o povo”.  (em caso de cerco pelo inimigo).     Nesse tempo era comum o inimigo vir e tocar fogo nas casas rurais, nos armazéns rurais e nas pastagens e plantações.   Para cortar a ração da cidade e desanimar o povo sitiado.
     68 – Houve compra de voto para ser Papa em certa época.  Cita Rodrigo Borgia, pai de Lucrecia Borgia.    Eram comuns crimes pelo poder e muitos tipos de trapaça.
     90 – “ Eis que um homem que queira em todas as suas palavras fazer profissão de verdade, perder-se-á em meio a tantos que não são bons”.    
     97 -  Evitar o ócio dos súditos.    
“Os homens esquecem mais rapidamente a morte do pai do que a perda de patrimônio.”



              orlando_lisboa@terra.com.br


     

segunda-feira, 21 de abril de 2014

RESENHA – AFFONSO ROMANO DE SANT´ANNA – Escritor


Anotações feitas pelo Eng.Agrônomo Orlando Lisboa de Almeida (blogueiro)
Local :  SESC Maringá (12-09-11) – Semana da Literatura do SESC

     O SESC tem uma programação cultural interessante que sempre acompanhei e neste caso, o convidado era o escritor citado, que tem mais de 40 livros publicados.  É mineiro, escreve inclusive ensaios e poesia, tendo sólida formação acadêmica (doutorado) na área da literatura e já foi inclusive presidente da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.    Foi também gestor do Departamento de Letras da PUC.
     Um professor doutor em Letras da UEM Universidade Estadual de Maringá, presente no evento, destacou que é incomum conciliar uma carreira de escritor com a docência e atuação na vida pública.   Louvou a obra do palestrante Affonso.
     O mote do bate papo:   LITERATURA E SOCIEDADE
     O professor da UEM que apresentou o palestrante disse que ele é um “sociólogo” da literatura.
     O palestrante disse que o SESC é um verdadeiro segundo Ministério da Cultura por suas ações no setor.     Discorreu um pouco sobre um Ensaio dele no tema da Literatura.
     Falou que constata que o pessoal de Letras lê escondido “A Cabana”, “Livros dos Demônios”, etc.   Livros de grande apelo popular e comercial.   Ele defende a idéia de que se deve estudar os best sellers.   Procurar saber o por quê do sucesso.  Expandir a fronteira da literatura.   Ele prega isso a décadas.  Lembrou da ascensão no Brasil das classes C, D, etc.   Mais potencial de novos leitores.
     Disse que gosta de abordar o tema “leitura”.   “Ler o Mundo” é o nome da obra.
     Ele disse que o Tolkien , que é versado em literatura antiga, diz que a literatura ocidental entrou em declínio após o ano de 1.200 d.C.   Ele disse que esse autor tinha que ser estudado na Academia.
     Citou um professor de Filosofia que chegou para uma turma que estava tendo a primeira aula da sua matéria e disse pausado:   Sou o professor de Filosofia.   A Filosofia não serve para nada...    Agora, nos próximos 50 minutos da aula, vou falar sobre o Nada.
     Tudo da Grécia veio de Homero.   E dizem que Homero nunca existiu.
     Ele disse em tom brincalhão, que se tirar Shakespeare da Inglaterra, aquela ilha acaba.
     Sobre Cervantes.   No centenário de Cervantes na Espanha se fez um pacote turístico segundo os “caminhos” trilhados pelo seu herói imaginário Dom Quixote.   E legiões de turistas seguem a rota e numa determinada taberna, ao entrar, o dono da casa em traje típico da época, recebe os visitantes  e no rito da espada sobre o ombro, “nomeia” o turista de Cavaleiro.    Fizeram uma ação calcada no personagem imaginário.    (Com Romeu e Julieta acontece algo semelhante na Itália)
     Disse que muitos defendiam que a poesia era uma coisa arcaica e com as novas mídias ela involuiria.   E aconteceu o contrário.    “A poesia não tem uma função, ela é uma função”.
     Tem gente que começa na literatura meio ruim.  Alguns com o tempo vão piorando.  Muitos  que escrevem, não escrevem.  São escritos.  Eles reescrevem o que já foi escrito.  Não criam.
     Começar a ser escritor é quando se tem redação própria.  Ter o domínio dos meios de expressão.
     Ele disse que Clarice é um raro caso de escritor que já nasceu “pronto”.   Ele leu texto dela de quando ela era bem jovem.     Falou também da beleza das crônicas de Rubem Braga.
     Só no Brasil existiu uma “escola” a dizer (na década de 70) que o poema tinha acabado naquele sentido até então.   A partir disso o poema seria visual.
     Foi feita referência a um poema do palestrante chamado “Parem de jogar cadáveres na minha porta”.    Estaria no Youtube interpretado pelo ator Antonio Abujanra.
     Ele disse que os jovens estão subindo a montanha e ele está descendo do outro lado da montanha.    “Quanto mais temos medo da morte, temos mais medo da vida”.    Há um poema dele chamado “Preparando a Cremação”.
     Citou o episódio do Rubem Braga que estava com câncer na faringe em estado avançado.  Foi do Rio a São Paulo encomendar a cremação.  O burocrata perguntou sobre o corpo e ele disse:   O corpo sou eu.
     Se captei bem, ele se referiu a Drummond com a frase:
     Ele já teve a fase em que era maior que o mundo, a que ele era menor que o mundo e a terceira quando ele entendeu como sendo igual a todo mundo.   
      Citou Lucio Costa, arquiteto urbanista que projetou Brasília.   Planta de Brasília sem biblioteca.   E ele, Lucio Costa teria justificado:  Essa coisa de biblioteca pública nunca fez sucesso no Brasil.
     Paulo Freire -  O educador que desenvolveu um método que conseguia alfabetizar inclusive cortador de cana em 45 dias.    Relacionava coisas com os objetos de trabalho para ajudar no processo de aprendizagem, partindo do mundo do alfabetizando.    Depois vem o intelectual Francisco Wefort, genro de Paulo Freire e, no governo federal, quase acaba com o Programa Pro Ler.
     Disse que estamos vivendo em sentido geral, um momento de grandes transformações.    Livros aos mil  - “lixeratura”.    Disse que quem criou esse termo foi um grupo de literatos alternativos de MG.
    Falou que o Brasil não produz livros demais.   Produz leitores de menos.     Disse que à grande maioria no BR nunca foi apresentado o livro.   Quando a pessoa lê, ela gosta.
     Citou um açougue de Brasília que tem biblioteca e faz sucesso a tempos.    Em MG uma borracharia com biblioteca – tem três filiais.
     O site Viva Literatura já levantou 10.000 projetos que estão de desenvolvendo Brasil afora.
     O palestrante foi quem, em sua passagem no governo federal, criou o Programa ProLer.
     Citou um caso curioso que ilustra o que foi dito logo acima:
     O caso do “leitor” que era analfabeto e não queria a alta do hospital em certo dia antes do final do livro e disse isso ao seu médico.    O assistente disse ao médico que o paciente era analfabeto.  Daí o médico quis saber melhor isso de final do livro para um analfabeto.    E veio a explicação:   Realmente sou analfabeto, mas meu vizinho aí do 14 lê pra mim.  Eu leio nas palavras dele.
     Sobre Hai kai, citou um:   (de uma autora brasileira)
Tomara que caia
Um hai kai
Na sua saia.
     Do livro do palestrante sobre os três enigmas:  a Ciência, a Religião e a Arte.   A ciência explica muitas coisas, a religião, pela fé, também.  Muito do que uma e outra não explicam, a arte, com suas alegorias, equaciona.    Temos certa necessidade disso tudo, completa ele.
     O rigor formal em si não necessariamente será uma obra de arte.
     Fez uma ressalva à afirmação de João Cabral de Melo Neto que em certo momento afirmou que há poetas formais e os que fazem arte.
     Ele disse que muitos bibliotecários não lêem.   Muitos professores não lêem...
     Num outro contexto da prosa.   Já há na China 240 bilionários.
     O autor tem intenções ao elaborar a obra, mas ela será para ao público e este interage com a obra e faz releituras.    A respeito, citou Guimarães Rosa que teria dito:  O grande crítico é aquele que ajuda o autor a reler sua obra.
     Sobre o Episódio da bomba na entrada do Rio Centro na época da Ditadura.    O palestrante fez um poema sobre o episódio.    “A implosão da mentira”.   Ele leu a poesia para o público que gostou muito.

     Espero ter captado uma pequena parte do que foi dito pelo grande autor e já peço desculpa por eventuais falhas na redação e no conteúdo pois sou um amador.   Não gravo nada.   Ouço com atenção, anoto o essencial e depois coloco no Word.

    Uma frase que me ocorreu para fechar a resenha.     Frase atribuída ao poeta da Checoslováquia, Jan Neruda (1834-1891):   Quem não sabe nada tem que acreditar em tudo.            Parêntesis meu: (portanto, vamos ler, ler, ler...)


    Tenho um segundo blog (mais antigo) com textos geralmente mais curtos, de opinião, cultura e lazer.     www.orlandolisboa.blogspot.com.br 
    
               
    
  



     

quinta-feira, 17 de abril de 2014

RESENHA DO LIVRO – HENFIL NA CHINA (ANTES DA COCA COLA)


     Resumo feito pelo leitor:    Orlando Lisboa de Almeida   Eng.Agrônomo -  setembro de 2012


     Conforme já disse algumas vezes, das leituras que faço de 94 para cá, coloco aquilo que achei mais marcante num caderno que depois fica na sequência na estante junto com os livros.    Quando resolvo ir revisitar o tema, a essência está lá, sempre dentro do meu ponto de vista.
     Vamos ao caderninho, volume VIII, páginas 16 a 22.     Diga-se de passagem, uso computador mas não confio muito nos arquivos virtuais que podem ir para o espaço e eu não quero correr risco, então uso o rabisco no caderno para o caso.
     Livro:  Henfil na China (Antes da Coca Cola)
     Autor: Cartunista Henfil  (era hemofílico e faleceu cedo)
     Editora:  Record – Rio de Janeiro – Brasil
     Edição – 18ª. – ano 1987   - 310 páginas, com ilustrações do autor.

     Ele foi lá pelo ano de 1977 para a China por paixão política e missão de trabalho como repórter de jornal e cartunista renomado.     Primeiro voou até Paris e de lá seguiu para a China com escala no Paquistão.    No Paquistão viu, mesmo no aeroporto, a precariedade da vida do povo local.     Falta de muita coisa, de sanidade, sendo que viu até guardas de pés descalços.   
     Ele cita uma das diferenças culturais até para reflexão:  viu homens de mãos dadas no Paquistão e fez um paralelo.  Há vários povos que tem esse hábito pelo mundo, inclusive certos índios brasileiros e destacou que o andar de mãos dadas não afetou a masculinidade dos homens.    Temos que respeitar as diferentes culturas.
      A China tem 55 Nações.   As minorias, após a Revolução Comunista, passaram a ser atendidas pelo Estado.   E estas tem direito a representantes no Parlamento Chinês.   Sobre essa representação das minorias, fez uma reflexão sobre o Brasil.   Por quê não temos representantes das diversas Nações que compõem o nosso Brasil no Congresso?  Índios, por que não?    Ele faz uma esmerada justificativa dessa tese no contexto (na página 33 da edição citada).
     33 – “A autonomia da língua é o nó vital da autonomia cultural”.
     34 – “ Os costumes, os hábitos, as festas tradicionais e a religião das minorias nacionais são respeitados (na China).”
     34 – O Instituto das Minorias Nacionais e toda a sua estrutura...      “é como se ensinar o índio a ser índio”.   Resgatar a cultura local em sua diversidade.
     35 -  Só trabalhar ou só estudar.  Na China  (1977) a pessoa trabalha e estuda.  Costuma-se estudar no tema em que se trabalha e trabalhar no tema em que se estuda.
     35 – Não tem controle de natalidade para as minorias.  Só há para os Han, que são os majoritários na China em termos de quantidade de pessoas.
   36 – Se desestimula casamentos dos Han com as minorias.   As 54 minorias tem 6% da população chinesa e ocupam 50% do território chinês.    Procura-se que os Han não “invadam” (aspa minha) os territórios das minorias.
     36 – “Estrada nenhuma pode ficar estradando,  madeireira madeirando e multinacionais multinacionando por lá a torto e direito”.
     36 – Fala dos prédios toscos das escolas (1977), afinal não faz tantos anos que  houve a revolução comunista e a pobreza era muito maior por lá.   Diz que o mais relevante é o que se aprende nelas e não os prédios.
     37 – As privadas são para uso de cócoras.   Sem contato com o assento.   Mais natural e menos risco de doenças.   “evita até prisão de ventre”.
     47 – Fezes e urina humanos são coletados e tratados para fertilização de lavouras, afinal passa de um bilhão a população chinesa e não se pode desperdiçar nada.
     50 – Camas sem colchão; uso do tipo de tatame sobre a cama, algo como uma esteira.    Travesseiro de madeira ou de porcelana e nada de problema de coluna, etc.
     62  - Hotel bom  sem chaves nas portas dos quartos dos hóspedes.  Ninguém mexe em nada.    Índice de roubos e furtos é relativamente muito baixo por lá e este é um ponto que os ocidentais não costumam destacar.
     65 – Operários trabalham e estudam.   Fábrica tem creche, biblioteca, escola, etc.
     65 – Mulheres operárias:   1/3 da mão de obra das fábricas.  Quando ficam grávidas, passam para serviço mais leve.   No parto, 56 dias de licença maternidade e depois, 1 hora por dia para amamentar o bebê na creche da fábrica.
     65 – Na fábrica, no ano (77) que visitou lá, o salário variava entre 33 yuans e 108 yuans, portanto não há muita discrepância entre os mesmos.
     65 – No pátio das fábricas, homens e mulheres operários treinam com fuzil meia hora por dia para estarem preparados para a defesa do País.
     68 – Idosos ajudando a cuidar (e repassar valores) às crianças nas creches.  Bom para os pais, bom para as crianças e uma terapia ocupacional para os idosos que se sentem valorizados.    O trabalho dos idosos é voluntário (não remunerado).
     70 – A mulher se aposenta (1977) aos 50 anos e o homem aos 60 anos nas fábricas.
     70 – Não tem férias.   Tem um curto período para viajar e visitar parentes distantes, afinal houve muita migração interna de lugares distantes e do campo para a cidade.
     70 – O administrador (ou a administradora) da fábrica em geral conhece um ou dois dos ofícios que se pratica na mesma.   A pessoa do comando pode mesclar seu trabalho com períodos de retorno à linha de produção, pegando no pesado como os demais operários.   Quem manda, sabe fazer e também tem maior respeito dos colegas.
     71 – Lá o camponês é visto como um pouco inferior aos operários da cidade.   Mas o autor disse que em geral são mais alegres que os empregados das fábricas.
     71 – Adulto não toma leite por lá.    É uma questão cultural inclusive pelo fato de que o organismo do asiático adulto não se dá bem com o leite.
     73 – Crianças nas escolas vão uma vez por ano ao campo fazer serviços leves como arrancar matos da lavoura, colher frutas, etc.    Assim aprendem algo sobre o modo de vida na zona rural e respeitam mais o povo da agropecuária.
      75 – Revista China Ilustrada é editada em 15 idiomas.
     85 – Luto na China é branco, não preto.   O mausoléu de Mao Tse Tsung é branco.

     Estes foram os destaques que anotei do livro que segue adiante com uma série de informações com ênfase na parte educacional do povo chinês.    Lendo o livro, apesar de ser de 1977, já consegue dar uma noção de que o sistema lá adotado iria alavancar a China a uma posição de destaque no cenário mundial.
    Depois desta obra li Laowai, da jornalista Sonia Bridi (Rede Globo de Televisão), já este livro, baseado no tempo de permanência de dois ou três anos lá como correspondente da Globo.      Ela tem uma visão mais superficial e meio debochada do povo chinês.       Pretendo também passar uma resenha deste livro dela em momento oportuno.       Se o livro é controverso, ao menos tem uma boa entrevista com o Dalai Lama que se estende por umas dose páginas.    O livro tem muitas fotos produzidas pelo esposo da Sonia Bridi, ele que é repórter fotográfico.       
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Tenho um segundo blog onde coloco em geral textos mais curtos, que costumo dizer que são de Opinião, Cultura e Lazer, sempre tudo do meu jeito.    www.orlandolisboa.blogspot.com.br