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sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

CAP. 31/35 - fichamento - livro - HUMANOS DE NEGÓCIOS - Histórias de homens e mulheres que estão (re) humanizando o capitalismo - Autor: RODRIGO V CUNHA - Editora Voo - ano 2020

CAP. 31/35 

 Nilima Bhat    - indiana   -       A força do shakti; 

Ela escreveu o livro Liderança Shakti – O Equilíbrio do poder feminino e masculino nos negócios”.    Escreveu em conjunto com Raj Sisodia, um dos fundadores do Movimento Capitalismo Consciente.

“O objetivo do seu trabalho é colaborar com a restauração e reconciliação, principalmente, da dimensão feminina em homens e mulheres, fazendo os lideres genuinamente mais cooperativos, criativos e inclusivos.   Essas são as características do shakti”.

“É um livro que não cria um vilão de gênero.   Está destinado a curar as relações”.    Ela tem feito retiros em muitas regiões dentro dessa missão.

 

Bate papo com Nilima Bhat

Yoga e liderança.    “Um líder consciente nada mais é que um yogi”   O livro dela foi lançado em 2016.   Em 2016 Trump foi eleito.   A Marcha das mulheres foi em janeiro de 2017 e o movimento do #MeToo começou.  “Então o livro tinha que chegar naquele momento, não só para ajudar as mulheres a encontrar sua voz e poder, mas também para serem ousadas e se curarem”.

As empresas também estão investindo mais em formação e inclusão. “Na Índia há um grande movimento contra o assédio sexual no trabalho”.

“... desenvolver inteligência espiritual e emocional”.   Ela finaliza sua fala:

“O momento é agora, pois precisamos de líderes conscientes para nos tirar da nossa crise planetária”.

 

 

Outro Humano de Negócios   -   Raj Sisodia  (indiano)

Uma ponte entre opostos

Residia nos USA em 2007.   Visita a empresa texana chamada Whole Foods Market e se propõe a vender alimentos saudáveis.   Tornou-se líder mundial em vendas de alimentos naturais e orgânicos.

Um dos fundadores da empresa – John Mackey.   Ele escreveu o livro Empresas Humanizadas.

Raj tem uma série de cursos de alto nível realizados na Índia e nos USA.   Se dedica à vida acadêmica desde a década de 1980.

Raj nasceu em família de posses e de elevada casta.   O pai de Raj conseguiu cursar Agronomia no ocidente.    No tempo da infância de Raj era comum os patrões baterem nos empregados na Índia.   Raj estranhava muito isso.

Adulto, formado, atuando em marketing e principalmente na vida acadêmica pesquisando e dando aulas.   Um dia seu mentor disse que ele deveria focar mais no que estava sendo bom no marketing de empresas e ele fez isso e se aceitou.

No tempo de jovem, foram morar nos USA, nos agitados anos 60.  Guerra do Vietnã, movimento de luta pela paz, assassinato de Martin Luther King, atentado contra o candidato Robert Kennedy, rebeliões, protestos e até o homem chegando à lua.

Raj já vinha de experiência com empresas que buscavam algo mais que o lucro apenas.    Encontra em John e seu empreendimento, alguém com visão similar.    John chamava de Capitalismo Consciente.   Esse termo foi criado anos antes por Muhammad Yunus, fundador do Gramenn Bank, ganhador de Premio Nobel com sua ação no mundo do microcrédito num país asiático pobre e populoso  - Bangladesh.

“A lente apurada de Raj captou outro aprendizado, que se tornou uma fonte de estudo.   Com esses trabalhos eu observei a ascensão dos valores femininos na sociedade e no mundo.    As empresas conscientes refletem mais valores femininos porque tratam de compaixão, de carinho, de inclusão social”.

 

Bate papo com Raj Sisodia

Raj, o mais velho dos três irmãos.   Raj era mais sensível do que o pai esperava para a vida na aldeia.   O pai atirava e deu uma arma para ele aprender a usar.   Ele não gostava de atirar.   No tempo de casar, o pai queria escolher a noiva da região para ele e ele recusou.   Romperam relações por anos e ele buscou se reencontrar com suas ideias.   Se dedicou bastante aos estudos.

Sobre mudanças no mercado, ele avalia que o setor mais difícil de olhar para o lado mais humano é o setor financeiro.

“É um obstáculo para que as empresas se tornarem mais conscientes”.  Muitas empresas nos USA estão fechando o capital, tornando-se privadas.   “O número de empresas americanas listadas na bolsa caiu pela metade entre 1996 e 2012.   Ele avalia que isso não é bom, porque havendo mais empresas de capital aberto, há mais chance de se investir.   “Precisamos de um mercado vibrante”.

Ele critica os fundos e investidores que buscam resultado de curto prazo que ficam procurando galinha morta no mercado  para comprarem e “reestruturarem”, buscando ganhar dinheiro rápido a qualquer custo.

Contra esse comportamento, cogita-se de se criar uma Bolsa de valores para negócios de longo prazo.    As empresas que nela operassem, poderiam ter planejamentos de longo prazo.   Nessa potencial bolsa, as ações poderiam ter o voto proporcional ao tempo que o investidor mantem consigo as ações.

Ele vê no mercado surgirem mais empresas com propósito (olhando também o social), principalmente criadas por jovens empreendedores.

“Essa é a tendência”.    Ele escreveu o livro – “Empresas que curam...”   Cita 25 casos de empresas que foram se  desvencilhando de práticas do passado e seguindo rumo ao capitalismo consciente.   Podem servir de exemplo a outras empresas.      “Nosso movimento está ganhando força, já está em dezoito países e continua crescendo”.

Final do depoimento de Raj Sisodia

         Continua o fichamento em outro capítulo 

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

CAP. 30/35 - fichamento - livro - HUMANOS DE NEGÓCIOS - Histórias de homens e mulheres que estão (re) humanizando o capitalismo. Autor: RODRIGO V CUNHA - Editora Voo - ano 2020

 CAP. 30/35

 A missão da Guayaki: restaurar até 2020, duzentos mil acres de Mata Atlântica sulamericana e gerar 1.000 empregos. (dois acres se aproximam de 1 hectare e este é equivalente a 10.000 m2)

         Atualmente a empresa, com sede na Califórnia, tem enorme frota de carros elétricos para distribuir os variados produtos que contém erva mate e sabores diversos.    Na atualidade conta com 300 empregos diretos, dentre os quais, 57 ex detentos.   Usam erva mate oriunda do Paraguai, Argentina, Brasil e Uruguai.

         “500 famílias trabalham hoje na regeneração de 40.000 ha de floresta”.

         Criaram até uma empresa de publicidade para divulgar os produtos da Guayaki focado em 23.000 universidades no mundo e seus respectivos públicos.  É a Come To Life.     “Ao fomentar a cultura, a arte e a música, reforça a associação da erva mate a um estilo de vida alternativo e saudável”.

         Alex reside em Buenos Aires e supervisiona os trabalhos na América do Sul.   Nesta época ele tem cinco filhos e está aos 48 de idade.   Mora perto da natureza.

         O respeito dele com o meio ambiente.    ...”o leva a falar não em conservação e reflorestamento, mas em regeneração que inclui flora e fauna.  Um processo que não se limitaria ao cuidado com o planeta, mas à construção de uma nova relação do ser humano consigo mesmo, com os outros e com o sistema do qual faz parte”.

         “É preciso romper os estereótipos, entender de onde viemos, honrar os ancestrais e cuidar do nosso destino”.

         Na Argentina entre 2015 e 2019 foram criados nove Parques Florestais Nacionais.    “Nossa espécie está em perigo...   nós partilhamos a mesma mãe.   Eu acredito nisso”.     “Insisto que temos que prestar mais atenção ao comportamento e aos sinais da natureza”.    

 

         Bate papo com Alex Pryor

         Falou que apesar da boa intenção, mesmo o  Banco Mundial apoia projetos duvidosos.    Citou o caso desse banco apoiar plantio de kiri na Costa Rica.   Árvore oriunda da Índia.   Vira uma monocultura que não confere com o ambiente natural da planta.

         Há projetos menores, de regeneração da identidade da comunidade.  Cultura, arte, línguas antigas, músicas.

         São diferentes paradigmas, visões e abordagens.

        

 

         Outra Humana de Negócios   -   Nilima Bhat   

         A força do shakti;

         Em 1998, Nilima morava em Singapura e era chefe de comunicação corporativa da ESPN Star Sports, ligada à Disney, um dos maiores conglomerados de mídia do mundo.

         Passando por Delhi, vê tankas, quadros de pinturas tradicionais do Tibete.  Compra uma tela.  Se impressiona com a obra.

         Mudou para Mumbai na Índia e lá passou a atuar no Conselho da holandesa Philips.   Tempos do governo Rajiv Gandhi, filho de Indira Gandhi.   Ambos tem esse sobrenome mas não são parentes do Mahatma Gandhi.

         Ela, para consolidar a força da Philips na Índia, buscou o poder de Shakti, divindade feminina, consorte à divindade masculina Shiva.

         Ela nasceu e se criou na Índia, mas sendo filha de militar e recebeu estudo em escolas de militares e a educação era secular e não entrava muito na espiritualidade do pais.

         Ela mudava de emprego acompanhando a carreira do marido.   Percebeu ao longo da carreira de jornalismo...   “era realmente massagear a verdade conforme o necessário”.    ...”meu chamado era mais profundo:   Viver na verdade e expressar o que é importante, bom e verdadeiro”.

         Ela e o marido publicitário, vinham de famílias de classe média indiana.   Muitos dos seus amigos partiram para um pHD ou MBA para se aventurarem nos USA.

         “Ninguém pensava em significado ou propósito, mas sim em ganhar a vida”.

         Quando o marido dela conseguiu um emprego em Londres, eles tinham dois filhos e ela estava com 32 de idade.   Já com a economia estável na família, ela resolveu buscar outro patamar na vida, o das necessidades emocionais e espirituais.   Passou a estudar yoga e vedanta, ambas práticas muito fortes na cultura indiana.

         O marido dela teve câncer aos 40 de idade.

         Ela sempre foi boa aluna e a tendência seria ser cientista, médica ou engenheira.   Mas ela gostava de lidar com pessoas.

         Doenças e acidentes na família.   Ela buscou ser resiliente e apelou para Ganesha, divindade Indu que lida com a remoção de obstáculos.

         Após a cura do câncer, o marido dela deixou o mundo corporativo.  Passou a atuar em atividade mais holística.

         Ela, pela história de vida e pelos estudos, sentiu que seu propósito estava ligado a trabalhar pelo empoderamento das mulheres e para divulgar a sabedoria da Índia para o mundo.

 

                            Continua...

CAP. 29/35 - fichamento - livro - HUMANOS DE NEGÓCIOS - Histórias de homens e mulheres que estão (re) humanizando o capitalismo - Autor: RODRIGO V CUNHA - Ed. Voo - ano 2020

 CAP. 29/35 

         Bate papo com Joan Melé

         ...”também queremos causar mudança em outros bancos”.    Criamos uma aliança com mais de 50 bancos e mais de 40 milhões de clientes em todo o mundo.   Chamam o conjunto de “Bancos com Valores”

         Pagar um pouco mais, no caso, o  cliente pagar...   “por trás de um preço barato, há um oculto que alguém paga caro – seja com a própria vida ou poluindo o ambiente”.    Ele diz que comumente o povo não consome alimentos orgânicos alegando que são mais caros, mas gastam em supérfluos que são dispêndios e não são úteis à pessoa nem ao meio ambiente.

         ...” promover a consciência no uso do dinheiro”.      (O Pepe Mujica, ex presidente do Uruguai pratica isso e bate muito nessa tecla combatendo o consumismo) 

... e agora parece que estamos doentes, obsessivos por dinheiro e crescimento”.   Mudar é possível.  Nós fizemos isso com um banco.

         Citou as últimas palavras do bilionário Steve Jobs.   “ele disse que tinha fama, dinheiro, sucesso, mas jogou a vida fora, foi um miserável, se equivocou, porque o mais importante é a amizade, o amor, a arte”.

         Joan completa sobre seu modo de ser e de viver:    “Essa é a minha maneira de ver a vida e o mundo”.       Fim desta etapa

        

         Outro Humano de Negócios abordado:   Alex Pryor

         A serviço da planta    

         Argentino, nasceu e cresceu em Buenos Aires, dividindo o tempo entre viver no campo e na cidade.   Os pais dele tomavam chimarrão direto.   Ele também sempre tomou e toma.

         O pai de Alex apresentou a rede McDonald’s aos argentinos no passado.   Alex optou pela vida rural e preservacionista.

         Alex e família se mudaram para o pantanal do Paraguai na década de 1990.   Aos 20 anos de idade, Alex foi para a Califórnia estudar e ouviu algo numa universidade sobre alimentos.    Um professor nigeriano discorreu sobre política alimentar e ele achou o tema relevante.

         O tal professor provocava debates entre os alunos com a pergunta:  Por que há fome no mundo?     A ONU já vinha alertando para os danos causados pelas mudanças climáticas.  Isto nos anos 1990...

         Um dos objetivos do Desenvolvimento Sustentável  (os ODS) lançados pela ONU envolve a erradicação da fome, a segurança alimentar, a desnutrição.... a agricultura sustentável.     Sustentabilidade envolve os três pilares: economicamente viável, socialmente juto e ecologicamente correto.

         Os estudantes do curso começaram a praticar agricultura orgânica.   Só que a universidade em si não apoiava na época esta “aventura” dos produtos orgânicos.

         Alex era adepto do cultivo orgânico e também chamava atenção pelo seu chimarrão (com sua cuia de tomar erva mate).   Costume que vem dos índios guaranis.      Na universidade diziam que ele “fumava” em sala de aula ao verem que ele tomava a erva com a bomba e cuia cujo conjunto parece um cachimbo.    Proibiram ele de tomar chimarrão  durante a aula.

         “Comprovado cientificamente que a erva mate contém 24 vitaminas e sais minerais, além de 15 aminoácidos e polifenóis abundantes”.

         “O mate também representa  o encontro e o diálogo”.

         Todos colegas da universidade quiseram provar o mate.

         Ao retornar ao Paraguai, Alex parte em busca de mais informações sobre a erva mate que é nativa da região.   Visitando os índios da região, descobriu que seu caminho era “integrar o elemento social ao negócio”.

         Isto em 1995, depois de formado na universidade americana.   Entendeu que o papel dele era procurar mercado para a erva mate a preço justo.

         Volta aos USA já levando um pequeno estoque de erva mate e começou a empreender.   Logo um colega de universidade se encantou pela proposta e se associou a ele.

         Em 2011, conseguiram que a empresa deles obtivesse a Certificação que reconhece empresas comprometidas com a geração de valor para outros públicos além dos acionistas.  O nome da empresa deles é Guayaki Sustentable Rainforest Products.   

         A missão da Guayaki: restaurar até 2020, duzentos mil acres de Mata Atlântica sulamericana e gerar 1.000 empregos. (dois acres se aproximam de 1 hectare e este é equivalente a 10.000 m2)

         Atualmente a empresa, com sede na Califórnia, tem enorme frota de carros elétricos para distribuir os variados produtos que contém erva mate e sabores diversos.    Na atualidade conta com 300 empregos diretos, dentre os quais, 57 ex detentos.   Usam erva mate oriunda do Paraguai, Argentina, Brasil e Uruguai.

         “500 famílias trabalham hoje na regeneração de 40.000 ha de floresta”.

                            Continua no capítulo seguinte...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

CAP. 28/35 - fichamento - livro - HUMANOS DE NEGÓCIOS - Histórias de homens e mulheres que estão (re) humanizando o capitalismo - Autor: RICARDO V CUNHA - Ed. Voo - ano 2020

28/35 

         Bate papo com John Fullerton

        

         Um momento de reflexão – John voando de primeira classe para uma importante reunião de executivos do Banco JP Morgan na Ásia.    Os filhos pequenos em casa.    Ele lê a notícia de que um grande empresário americano doou boa parte da sua fortuna feita em muitas décadas de trabalho incansável.  Doou para entidades filantrópicas.

         Na reflexão, John achou que não queria trabalhar a vida toda para ficar rico.   E se pergunta:  E o propósito dessa vida, como fica?

          Ele então percebeu que seu próximo passo era mudar seus planos e deixar o mercado financeiro.

         Atuando em bancos, gerenciando, era medido pelas metas de ganho para a empresa.   “Seu senso de identidade própria e autoestima torna-se muito associado a um balanço de lucros e perdas”.   O que ele não quer mais.

         A fusão do Morgan com o banco Chase Manhattan foi o momento dele deixar o emprego.

         Sobre os termos holístico e holismo.      Termo criado em 1926 pelo general sul africano Jan Smits.    Lutou contra colonizadores.   Escreveu o livro Holism and Evolution.   Ele trocava correspondência com Einstein.

         Smuts “definiu o holismo como o princípio universal que explica a matéria, a vida e o espírito”.     Os especialistas, inclusive na medicina, são reducionistas “e deixam de enxergar o todo”.    Como resposta a isso, hoje temos a Medicina Integrativa e o crescimento da medicina oriental no ocidente.

         No campo do Ensino, tem a transversalidade, sendo ela transdisciplinar.

         É um processo que enfrenta resistências pois são 400 anos de Idade Moderna praticando o reducionismo.  Difícil mudar essa lógica.    Mais difícil ainda é mudar essa logica no mundo das finanças.

         “Porque definimos valor e sucesso com base na otimização da taxa de retorno sobre o capital”.  (o ter em detrimento do ser).

         “Minha esperança vem da experiência e dos projetos em que estou envolvido”.    “Se pensarmos filosoficamente, tudo está em uma relação simbiótica.   É assim que os sistemas vivos funcionam”.

         O obstáculo:  “Precisamos ir contra uma inércia institucional muito arraigada da economia global, que está bloqueada em um caminho insustentável”.

         Minha esperança...   em uma mudança de consciência...     Cita Sally Goerner, conselheira de Ciências do Capital Institute.   “Me disse que a única maneira de os sistemas mudarem é quando está sob pressão”.     Hoje em dia estamos com desequilíbrio inclusive do clima do planeta e há de um lado o risco e de outro a oportunidade de mudarmos de rota para o rumo da sustentabilidade.

        

 

         Outro Humano de Negócios -  Joan Melé

         A batalha contra a escravidão moderna

 

         Joan é da Catalunha na Espanha.   Em 2005, chamado para liderar a criação de operação de varejo na jurisdição espanhola, do Banco Triodos Bank de origem holandesa.   Este é um dos chamados bancos éticos.

         Joan aos 55 anos ...  “os bancos são sempre apontados como um dos poucos negócios a se beneficiar de períodos de crise econômica”.     O pai dele era professor.   O sonho dele na juventude era também ser professor.

         Começou em banco ao 18 de idade e foi pegando gosto pelo ramo e pelo contato com o público.

         Bancos e parte dos empréstimos ajudando o consumismo.   “Um banco precisa financiar projetos que criem empregos, não que gerem apenas mais consumo”.

         O Triodos Bank foi fundado na Holanda na década de 80 e é um dos que tem foco na Sustentabilidade (econômica, social e ambiental)

         No Triodos, Joan dava palestras na comunidade sobre negócios éticos.

         A crise de 2008 dos USA que se espalhou pelo mundo, afetou forte a economia da Espanha e durou até 2017.    Os bancos de lá reduziram o crédito e aumentaram a taxa de juros.  (como fazem os bancos no Brasil).

         O banco Triodos fez o contrário nesse período:  aumentou o crédito e cortou a taxa de juros.   Foi uma avalanche de novos clientes vindos para este banco.

         O Triodos tem o pilar de ser ético e ter um critério muito claro de investimento e não investimento.   Na agricultura, só apoiam o que não usa agrotóxicos.     Ele questiona.   “Por que você permite que um banco faça coisas com seu dinheiro que você não faria?”

         Ele, ao invés de se aposentar, levou o conceito para a América Latina, “região com a maior desigualdade do mundo”.   Segundo a ONG Oxfam:  “A fortuna dos bilionários desta parte do mundo cresceu em média 21% ao ano no período de crise financeira do mundo  (2002 a 2015).    Isto é seis vezes maior que o crescimento do PIB da região (América Latina).

         Joan lançou três livros.   Um deles se chama Dinheiro e Consciência e há dois outros na mesma linha.    Criou também uma fundação com o nome Dinheiro e Consciência.

         Fim deste capítulo .    segue no próximo capítulo com o bate papo com Joan.

  

sábado, 11 de dezembro de 2021

CAP. 27/35 - fichamento - livro - HUMANOS DE NEGÓCIOS - Histórias de homens e mulheres que estão (re) humanizando o capitalismo - Autor: RODRIGO V CUNHA - Editora Voo - Ano 2020

 27/35

 Outro dos Humanos de Negócios:    JOHN FULLERTON

         Muito além de Wall Street

        

         Americano, atuava em Nova York há 18 anos no coração financeiro da cidade – em Wall Street.

         Estava transitando em NY na hora que houve os ataques de 11 de setembro de 2001 às Torres Gêmeas.     Ele viu o acontecido no momento exato.

         Na década de 1990 atuou no projeto de escolas charter nos USA.  Escolas públicas menos dependentes da burocracia e que conseguiam avanços em novas soluções mais acessíveis e criativas.

         Sobre o onze de setembro:   “Na época, eu não sabia nada sobre a crise ambiental ou sobre sistemas complexos.   Afinal, nada disso se ensina em Wall Street”.

         Após o ataque ele começou a ler livros de pensadores para entender melhor o mundo.  Leu mais de cem livros em oito anos.    A busca de entender o eu e o propósito da sua vida.

         Logo no começo da carreira, trabalhou no renomado Banco JP Morgan (1982).   Nesse tempo o presidente do referido banco foi dirigir o Banco Mundial.   John sonhou fazer uma carreira no JP Morgan e um dia atuar no Banco Mundial para ajudar o povo.

         Depois de doze anos no mercado financeiro conheceu as escolas charter, estas que chegaram a se espalhar por três continentes e ter mais de 450.000 alunos.      “O contato foi suficiente para despertar em John o interesse por alinhar capital com propósito social e ambiental”.

         A energia alternativa também chamava a atenção dele.   Por outro lado, a expansão do mundo da internet fez surgir a oportunidade para ele atuar numa fintech,  tipo de empresa de tecnologia no ramo financeiro.

         Nos anos 2000, o Banco JP Morgan foi fundido com o Banco Chase Manhattan Bank e este era o terceiro maior banco dos USA.     John se reuniu com os executivos do Chase e percebeu que para ele, era hora de deixar o emprego.

         John nasceu perto de Manhattan, filho de uma dona de casa e um publicitário.   A família teve tempos de finanças apertadas.

         Ele pediu demissão quase duas décadas depois de entrar no Banco JP Morgan.  Saiu em abril de 2001 (ano do atentado de 11 de setembro)

         Após o atentado, ele entrou com mais afinco nas leituras para tentar entender o mundo.   Dentre os livros, um de Herman Daly com todo o conceito de economia ecológica.    “Ficou marcada na memória de John a leitura de Daly...   leu a distinção idealizada pelo filósofo Aristóteles entre economia real e economia especulativa.     Especulativa, no caso, usar o dinheiro para fazer mais dinheiro.    (o que se faz no mercado financeiro).

         “O filósofo grego entendeu que havia uma diferença fundamental e considerava a segunda (o especulativo) uma atividade antinatural, ou não alinhada com a natureza”.

         Nisso ele estava com 40 anos de idade.   Para ele isso foi de grande impacto.    O que ele fez por duas décadas era o especulativo.

         Não gostava mais do que fazia (especulação financeira).   “E não sabia o que queria fazer”.

         (sabia o que não queria e não sabia o que queria)

         Recebeu convite para atuar na Schumacher Center for a New Economics...  dedicada, desde 1980, a visualizar os elementos de uma economia global justa e sustentável.  Nesta foi pedido a ele um relato de 20 páginas sobre a importância da Schumacher para o século 21.

         No texto, John pela primeira vez falou sobre a economia e as finanças “a partir do sistema econômico global estar falido”.    “Eu digo isso não como ambientalista ou ativista de direitos humanos, mas como ex-diretor administrativo de quase vinte anos de experiência no Banco JP Morgan e, posteriormente, como líder em fundos de hedge”.

         Eram oito anos de leitura para chegar a essa análise.   A visão holística também entra em cena.   John criou o Capital Institute – “Organização que defende a aplicação de princípios de sistemas vivos para representar a economia e as finanças”.    Economia e Finanças Regenerativas.

         “John acredita que a economia e as finanças regenerativas, apoiadas nos princípios e padrões dos sistemas vivos, e definitivamente alinhados com sabedorias tradicionais resistentes ao teste do tempo, particularmente a sabedoria indígena, guardam a chave para um futuro compartilhado próspero e ecologicamente correto”.

         Daí tentar colocar em prática um empreendimento que leva em conta   “fomentar uma ideia que não era discutida nas universidades  e escolas de negócios...”

         “Passou a documentar projetos regenerativos que se desenvolviam ao redor do mundo”.   Em 2015 John lançou o paper  (tipo de artigo científico) chamado:  “Capitalismo Regenerativo: como os princípios e padrões universais moldarão a Nova Economia”.

         John tornou-se um dos principais pensadores econômicos contemporâneos.  Ele cunhou o termo Regenerative Humans que logo o setor rebatizou como (Re) Humans, os Humanos de Negócios.

         Em 2018 o Capital Institute lançou a Iniciativa Global Regenerative Communities Network para estimular a emergência de comunidades regenerativas ao redor do mundo.

         Vários destacados financistas de Wall Street começaram a acreditar nessa ideia mesmo não concordando com tudo.    “Eles não concordam com tudo o que eu digo, mas já não pensam mais que eu sou louco”.

         John escreve artigos, tem um blog e uma Newsletter.      www.capitalinstitute.org 

         O autor deste livro pergunta a John como anda a finança pessoal dele depois desta guinada na carreira.    John responde.    “Eu não continuei a ganhar dinheiro, mas eu sou muito mais rico do que quando sai de Wall Street, em termos de senso de propósito”.

         Em seguida, no próximo capítulo, um bate papo com John.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

CAP. 26/35 - fichamento - livro - HUMANOS DE NEGÓCIOS - Histórias de homens e mulheres que estão (re) humanizando o capitalismo - Autor: RODRIGO V CUNHA - Editora Voo - ano 2020

 CAP. 26/35

         Outro Humano de Negócios:   DANIEL IZZO

         “Coragem de jogar tudo para o alto”

        

         Ele é paulistano.   Atuou por bom tempo na Johnson & Johnson.    Chegou deixar a empresa uns tempos quando atuou no Submarino que atua via internet.    Voltou em seguida para a J &J.    Atuou mais em marketing.

         No Brasil, o protetor solar da J&J Sundown responde com quase 1/3 do lucro da companhia.

         Daniel era um sucesso no mundo corporativo mas ... “nunca em encaixei bem na parte comportamental”.    Pediu demissão da J&J para ir cursar MBA no Canadá para ficar perto da namorada.   Lá ele se sintonizou com o conceito de Sustentabilidade social, econômica e ambiental.

         ...” e por projetos ligados à preservação da natureza e à distribuição de riquezas”.

         Voltou depois para a J&J mas não no marketing e sim no RH Recursos Humanos.   Mas antes disso, fez um mochilão de quatro meses percorrendo Vietnã, Nepal, Tibete e Tailândia.    O desafio de viver de mochila...   “Eu percebi que podia viver desse jeito.   Aprendi muito sobre desapego de bens materiais como de relações”.

         No setor de RH da J&J não se achou e ficou muito frustrado.

         Ele, filho de um engenheiro mecânico, o primeiro engenheiro da família.   A mãe fez arquitetura na FAU Fac de Arquitetura e Urbanismo da USP.   Ela nunca exerceu essa profissão.   Bem depois de criar os filhos, ela voltou à USP e fez Direito.

         Ele, filho mais velho foi bastante cobrado nos estudos pelo pai, cuja família vivia com orçamento apertado.

         Daniel, quando estudante da FGV Faculdade Getúlio Vargas e namorando, foi buscar uma vaga de trainee e conseguiu na disputada J&J.   Em 1999 deixou esta empresa e foi para a Submarino.   A Submarino foi criada pelo GP Investimentos de propriedade de Jorge Paulo Lemann (das cervejas), Telles e Beto Sicupira.     Depois veio o estouro da bolha da internet e a redução de quadros na Submarino.     Retornou para a J&J.

         Lá adiante, atuando no departamento de RH da J&J,  já tinha estudado empreendedorismo social e não via viabilidade naquilo.

         Ele foi implantar um projeto na J&J em venda direta de produtos para a área de saúde em comunidades carentes cariocas.    No decorrer do projeto notou que já não era celebrado dentro da empresa como nos tempos de atuação na área de Marketing, na qual fez sucesso total.

         Traduziu livros de Terceiro Setor e se associou a projetos ligados à comercialização de artesanatos.   Caso do Impacto Hub.

         Em 2008 ele notou que havia desafio de gestão e formas de captar recursos para projetos sociais.   Ele afirma que viu naquela oportunidade seu novo caminho.    Diz:  “Pensei:  é isso que vou fazer da minha vida”.

         ...”apoiar negócios sociais.  Nestas, ...”simplesmente não há espaço para hesitação ou vacilo”.

         Ele criou em 2009 a Vox Capital que se tornou a primeira gestora de investimentos de impacto do Brasil.   Ele tem sócios na Vox Capital.

         Ele diz:   “...é o caminho onde dinheiro e propósito se encontram”.

         A Vox traz às Ongs os dois fatores: estrutura organizacional e de gestão.       “Hoje menos de uma década depois de fundada, a Vox contabiliza mais de cinco mil negócios analisados e investimentos em 23 com impacto em 7,2 milhões de pessoas”.

         Há entre os projetos implantados desde microcrédito no interior do Nordeste, até cartão pré pago de saúde.  Tem reconhecimento internacional.

        

         Bate papo com Daniel Izzo

         Nas perguntas, o autor lembra o quadro atual do Brasil com milhões de desempregados e desalentados. Consta que somos “o país com o maior número de casos de depressão e ansiedade do mundo...”

         Daniel diz:   ...”foi uma força enorme em mim.   Para quem está em crise e quer mudar, eu sugiro fazer uma busca dentro da alma para achar algo que te deixa apaixonado, que te mobiliza, para então ir atrás disso”.

         Alerta:   “Nossa sociedade valoriza muito o ter, a grana”.   Essa pressão da sociedade de certa forma afeta de algum grau mesmo quem empreende na área social.    Um dos projetos que ele destaca pelos resultados é o investimento no Diaspora.black, um serviço de hospedagem como o Airbnb, tudo pela internet, porém focado na cultura negra.

         Comumente no mercado há chance de investimentos para investidores que dispõem de elevado capital.   Já no caso da Diaspora.black, conseguiram formatar sistema em que a partir de R$.1.000,00  a pessoa já pode ser investidor na mesma.

         Futuro que ele vê no mundo do trabalho.   Cresce a especialização da mão de obra e cresce a dependência de quem faz as coisas básicas como consertos, reparos, preparo de alimentos etc.

         “Acredito que voltaremos para coisas mais básicas, como plantar a própria comida, fazer coisas que nos tragam mais autonomia e nos façam depender menos do dinheiro”.

         Fim deste capítulo.     Vem outros...