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terça-feira, 30 de setembro de 2025

Cap 04/10 - fichamento do livro VIAGEM ÀS NASCENTES DO RIO SÃO FRANCISCO - autor Botânico francês SAINT-HILAIRE (1819)

    

         Para transportar os queijos mineiros na época até o RJ em balaios (cestos) no lombo de burro, colocava-se um cesto de cada lado, sendo que transportavam em média 50 queijos por cesto.  Cem queijos por burro.

         Em MG criavam muito porcos para engorda.  O toucinho de porco era muito usado na época e muito deste exportado para o RJ.  Plantavam cará e inhame que são tubérculos e que usavam na alimentação dos porcos para engorda.

         O  cesto em lombo de burro levava 45 kg de toucinho e sendo dois cestos por burro, a carga era de 90 kg.   Os burros já mais treinados nesse serviço conseguiam transportar até 120 kg de toucinho cada viagem.

         Em MG criam carneiros e tosquiam duas vezes por ano.   Usam a lã para roupa rústica dos escravos e para grosso chapéu que protege os trabalhadores no sol forte.

         Os fazendeiros quase não tinham cuidado com os carneiros.  Muitos eram predados por cães e animais selvagens.

         Em MG, as fazendas de gado ocupam bem menos escravos em relação aos garimpos de ouro e a cultura da cana de açúcar.

         Ao contrário dos donos de garimpos, os fazendeiros de gado em geral trabalham junto com seus empregados na lida com o gado.   O mesmo acontece com os filhos dos fazendeiros.   Estes no geral não recebem atenção aos estudos. 

         O pesquisador não deixa de citar o costume que ainda se usa nos dias atuais pelo interior do Brasil na forma de colocar os moirões das porteiras das fazendas.   Uma pequena inclinação no moirão que segura a porteira, faz com que esta se abra com ajuda da pessoa e ao ser solta, esta se fecha por conta da pequena inclinação.    Página 58

         Capítulo V – Viagem pela região do Rio Grande   MG

         No alto da serra, por volta dos 1.100 metros acima do nível do mar, há bastante araucárias da espécie que tem como nome comum o Pinheiro do Paraná.

         O autor cita que mais que a altitude, a temperatura baixa era a que mais se adaptava aos pinheiros.

         O pinheiro adulto tem a forma de um candelabro.   Como leitor, morando em Curitiba, mesmo na cidade é raro não ter ao menos uma araucária por quarteirão.   Tem uma no quintal ao lado da minha casa.

         Nos campos, sol e vento e faziam mal para os europeus do grupo.   O pesquisador usava guarda sol para se proteger do sol forte.   O auxiliar dele não usava e sofria com o sol.

         Estão na região de Barbacena MG.

         “Os fazendeiros, embora habituados ao clima,  sempre usam um guarda-sol quando andam a cavalo”.

         Passou pelo lugarejo de Madre de Deus.  Quase desabitado.  Os moradores só aparecem quando o padre vem rezar missa no povoado.

         Cap. VI -  Visita a São João Del Rei

         E a equipe viu e matou uma cobra urutu, que é muito venenosa.

         Em São João Del Rei o autor assiste a uma Procissão das Cinzas feita sob a iniciativa da Confraria de São Francisco.    O padre não participava da procissão há mais de dez anos porque a confraria fazia tudo do modo dela e sempre fora da sintonia com o que determinava a igreja.     Ao ponto do padre reclamar para o Bispo e não havia resultado porque os da confraria tinham força política e mantinham as coisas do jeito deles e não da igreja.

         Poucas opções de estudos na região naquela época.   Havia em Mariana-MG um Seminário que propiciava estudo de qualidade.

         O autor diz que a escravatura no Brasil força várias pessoas a agir fora da lei até pela questão dos problemas sociais.    Delitos decorrentes da vida miserável de tantas pessoas.

         O autor fala de reputação...   “O escravo não tem mais reputação do que um boi ou um cavalo e, como eles, está à margem da sociedade humana”.

         O escravo é punido até por pequenos deslizes.

 

         Próximo capítulo                  5/10 

sábado, 27 de setembro de 2025

Cap. 3/10 - fichamento do livro VIAGEM ÁS NASCENTES DO RIO SÃO FRANCISCO - autor Botânico francês SAINT-HILAIRE (1819)

 capítulo                   3/10

 

         Lugares de terra arenosa, solo pobre em nutrientes e decorrente disso, poucas árvores e de porte menor.

         Região montanhosa e de caminhos difíceis, porém o autor elogia as águas daqui da região...   “são suas águas que tem um frescor e uma pureza jamais encontradas na água que se bebe na Europa”.        ...”onde o viajante pode matar a sede com um prazer só possível de ser alcançado nos países tropicais”.

         Ele usa aparelho (altímetro) para medir a altitude do local em relação ao nível do mar e um termômetro só que na escala de Graus Réaumur.

         Está num dos trechos da vasta Serra da Mantiqueira.

         Num lugar de terra mais fértil o milho chega a produzir 200 por 1.

         Cap. IV – Os campos.  Quadro geral da Região do Rio Grande

         O autor liga áreas montanhosas com florestas e áreas planas de campo com menos obstáculo para ventos e menos árvores, como também menos cursos d´água.    Os ventos nos campos roubam a umidade do solo e as secas são mais drásticas.

         ...” a seca se torna forte nessas regiões e os ventos correm livremente.  ...duas causas que impedem a vegetação de se formar exuberante”.

         Cita os carrascais.   (Pela IA:"Carrascais" é o plural de carrascal, que se refere a um local coberto por carrascos, um tipo de arbusto espinhoso, ou a uma mata densa e espinhosa de vegetação rasteira.)

         Cita no trecho o povoado de Caeté ou Vila Nova da Rainha na região de São João Del Rei – MG.

         Cita também a comarca de Paracatu MG.     Rio das Mortes, afluente do Rio Grande.

         Entre outros, cita rios com grande potencial de navegação sendo o Rio Grande um deles.     Rio Grande, Rio Tocantins, Rio Paranaiba.

         ...”não podemos deixar de nos espantar com as imensas vantagens que a navegação fluvial poderia oferecer aos brasileiros.    Somos quase levados a crer que o criador da Natureza, ao estabelecer tantos meios de comunicação entre as diversas partes desse imenso império, quis indicar aos seus habitantes que eles se deviam manter unidos”.      ...”poderia estabelecer uma comunicação fluvial quase sem interrupção entre dois portos, de Montevideu e Pará, entre o Rio de la Plata e o Rio Tocantins.”

         O gado oriundo do RS é de maior porte do que os oriundos dos campos dos Goitacazes RJ.    Por outro lado, tem que periodicamente ser fornecido sal  para o gado ter bom desempenho.

         No Centro Oeste na época o gado ficava aos cuidados de escravos e nem sempre era tratado com cuidado.  Já no RS havia divisão de pastos, animais separados por categorias e recebiam melhor cuidado, inclusive o sal.

         O autor explica até o manejo do gado de leite no RS.   Separam as vacas dos bezerros e cedo ao tirar leite, ordenham três tetas da vaca com o bezerro amarrado ao pé da vaca e depois deixam a quarta teta para o bezerro mamar.

         “É um prazer ver, ao cair da tarde, os animaizinhos chegando aos pinotes para rever a mãe e receber a sua costumeira alimentação”.

         Era comum pelo interior o uso do fogo para queimar o capim seco e esperar a rebrota para ter o pasto renovado para o gado.

         Em 1819 um boi na região do RS era vendido por quatro mil reis que equivaliam a 25 francos.   No RJ o boi era revendido por sete mil reis.

         No sul do Brasil mesmo os criadores de gado não podem comer tanta carne bovina que é cara.   A dieta de rotina inclui feijão, carne de porco, arroz, leite, queijo e canjica.

         Na região do Rio Grande em MG onde há produção de leite abundante, se faz muito queijo para vender na região e mesmo no RJ.

         Tiram o leite e para fazer o queijo, colocam logo o coalho, mais comumente de material coagulante do trato digestivo da capivara, o mais fácil de encontrar na região.      O autor detalha todo o processo de fabricação do queijo mineiro de então, num ciclo de oito dias.   Já naquela época eram afamados os queijos mineiros.

 

         Continua no                  capítulo 4/10

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Cap. 2/10 - fichamento do livro - VIAGEM ÀS NASCENTES DO RIO SÃO FRANCISCO - Autor Botânico francês SAINT-HILAIRE (ano 1819)

 capítulo 2/10

 

Capítulo II -   O caminho de Rio Preto.  A cidade de Valença e os indígenas Coroados

         O trecho de Ubá, passando por São João Del Rei e seguindo para Goiás, se chamava Caminho do Rio Preto.

         Nos postos de registro na estrada, cobrança pela passagem.  Havia preço por boi, por burro, por pessoa.   Cada um com sua tarifa estabelecida.

         Página 32 - ...”No caminho do Rio Preto encontrei poucas tropas de burros, mas em compensação vi um grande número de porcos e de bois”.  Havia os “marchantes” que eram os compradores de animais para revenda principalmente no Rio de Janeiro, a capital.

         Os marchantes pagam capatazes que comandam os tropeiros na lida com o gado na estrada afora.   Cada peão conduz cerca de vinte bois na estrada.   Marcha média de 18 km por dia.   Parada para descanso dos animais só no final de cada marcha.

         Já os que conduzem porcos, andam à pé, a passos largos, com compridas varas nas mãos para orientar o rumo dos animais.

         Cita os muito demandados ferradores de animais.   Os que colocam ferraduras em cavalos e burros para longas caminhadas.   Na época na região eram apelidados de arapongas porque as batidas do ferro candente na bigorna para tomar a forma da ferradura (eu, leitor,  já vi o processo) lembra o canto estridente da ave araponga.

         Jornada em 1819 no caso essa do pesquisador rumo a Goiás.

         O trabalho duro de fazer o gado atravessas rios a nado.  Muita gritaria e o gado tentando voltar para a margem na qual entrou na água forçado.  Depois da primeira travessia, o gado vai aprendendo e dá menos trabalho.

         Alguns engenhos no trecho, a maioria para fabricação de cachaça porque esta dá menos trabalho no processo de fabricação em relação ao açúcar.

         Para o pesquisador botânico que prefere a época dos vegetais em flor que ajuda no processo de coleta e classificação, reclama que em fevereiro está tendo pouca coleta.    A partir de agosto passa a ter mais floradas que ajudam no trabalho de coleta.

         Há cinquenta anos que os indígenas Coroados da região perderam seus territórios para os colonizadores.

         Na época, o governo decidia transformar simples povoados à categoria de cidades e isto só transtorno e custo trazia aos moradores.   O poder público trazia o aparato de justiça e burocracia e o povo tinha que pagar por isso.

         “A paz do local logo é perturbada pela chegada de um batalhão de funcionários subalternos, que tem o dom inato de provocar querelas, sem as quais parece que não sabem viver...”

         O autor cita que conheceu um velho de oitenta anos que relatou que cada vez que colocavam o aparato de justiça num povoado onde ele morava, ele se mudava para outro sem o aparato, não porque devia algo, mas de medo da justiça que sempre era contra os mais fracos.

         Página 38 -  Por outro lado ele, o pesquisador, defende a ideia de que se anda para a frente e que a justiça é necessária.     ...”e que permitir o retorno da selvageria seria ainda pior...”.

         O “estridular” do canto das cigarras e o coaxar dos sapos.

         Passou no RJ antes por Valência e depois chegou à estrada do arraial de Rio Preto, que fica na divisa entre o RJ e MG.  Divisa no alto da Serra.

         Capítulo III – Página 41

         Entrada na Província de Minas Gerais entre o RJ e MG.

         O Rio Preto é um dos afluentes do Rio Paraiba.

         Na “hospitaleira Minas Gerais” ele sentiu emoção ao voltar onde no passado já permaneceu quinze meses.

         Posto fiscal cuida de cobrar os tributos e fiscalizar se há contrabando de ouro e diamante.  Também examina as cargas para que os viajantes não carreguem correspondências que são monopólio do Correio. 

         O pesquisador não teve a bagagem revistada porque trazia documentos oficiais autorizando sua tarefa na região.

         Tenda para abrigar viajantes em São Gabriel em MG.    Tosca, coberta com estipes (troncos) de coqueiros cortados ao meio na longitudinal, retirado o miolo e usados como telhas tipo calhas, uma com a cavidade para cima e outra para baixo como se faz com telhas de barro.

 

         Continua no capítulo                   3/10

domingo, 21 de setembro de 2025

Cap. 1/10 - fichamento do livro - VIAGEM ÁS NASCENTES DO RIO S. FRANCISCO - autor: Botânico francês SAINT-HILAIRE - (1816-1822)

 FICHAMENTO -  VIAGEM ÀS NASCENTES DO RIO SÃO FRANCISCO                         SETEMBRO 2025

 

Autor:   Auguste de Saint-Hilaire

 

         Este é o terceiro livro do mesmo autor que estou lendo e fazendo o fichamento para o Facebook e para o blog amador de resenhas.     resenhaorlando.blogspot.com.br

         No primeiro volume foi a viagem dele há dois séculos, em lombo de burro, numa expedição de coleta de material da flora brasileira.   Viagem do RJ a MG e SP.    No segundo volume, viagem de SP ao PR e SC.  Este aborda viagem às nascentes do rio São Francisco.   (período 1816-1822)

         Edição da Ed. Itatiaia – BH – 2ª.edição – 2004 – 190 p

         Comentário na orelha da capa do livro, por Vivaldo Moreira:  “Nietzsche dizia que devemos escrever com o próprio sangue”.   Diz que o autor enfrentou   ...”nestas plagas inóspitas com o propósito único de enriquecer a ciência”.

         Sobre a obra do pesquisador:   ...”hoje monumento ligado à ciência, catálogo das nossas riquezas, mapa vivo do nosso passado”.

         “Da sua leitura  saímos enriquecidos de noções úteis e forrados de esperança.”    Termina aqui o comentário da orelha do livro.

         Segue a introdução do Professor da USP Mário Guimarães Ferri

         Fala de 1975 deste sobre a obra.    “O material colecionado no Brasil por Saint-Hilaire contém um herbário composto por 30.000 exemplares abrangendo mais de 7.000 espécies de vegetais.  Destas, foram avaliadas como desconhecidas, até então, mais de 4.500 espécies”.

         Capítulo 1

         Viagem do RJ a Ubá.     O autor chegou a requisitar junto ao Rei uma autorização para visitar inclusive o Mato Grosso mas esta parte lhe foi negada.   Ele acha que é por desconfiança de Portugal por estrangeiros conhecerem as riquezas do interior menos explorado do Brasil de então.

         Em 1819, Ouro Preto MG era a capital daquela província.  Tempo do ouro em ebulição na região.    Na comitiva do pesquisador, um dos tropeiros que já tinha participado de outra expedição dele, o índio Firmiano.   No grupo, o criado Prégent e o também francês, Antoine Laroutte.

         Em 1820 era grande o movimento na estrada ligando o RJ a MG.  Naquele tempo entre as culturas de MG se destacavam o algodão e o café, este no sul de MG, cuja produção em parte já era exportada.

         No RJ no sentido de chegar na Serra, o autor vê “ belas Melastomáceas de flores roxas, que aqui são chamadas de flores-de-quaresma”.  (como leitor digo que são muito comuns na mata atlântica e uns chamam de manacá do campo).

         Entre o RJ e MG, na serra do Mar, a estrada passava no máximo pela altitude de 1.100 m acima do nível do mar e em seguida era a descida rumo a MG.    No trecho, uma plantação de marmelos dispostos em linha.   Cita também cultivo de cravos, mas não dá para saber se são flores ou cravo especiaria de uso culinário.

         O autor critica os colonizadores portugueses.  Diante da mata virgem e a necessidade de plantar lavouras em parte dela, no passado usavam derrubar a mata, atear fogo e depois cultivar.   Por outro lado, tanto tempo passado, continuaram com essa forma primitiva, mesmo havendo tanta terra já com a mata derrubada .... “privando sem necessidade as gerações futuras dos grandes sucessos que oferecem as matas; por correrem o risco de despojar as montanhas da necessária terra vegetal (o humus) e tornar seus cursos d´água menos abundantes”.

         ...”retardarem o progresso de sua própria civilização...”

         Conversou com escravos africanos de Bengela pelo caminho.   “Mas no estado atual das coisas, no Brasil, somos forçados a passar pelo desgosto de sermos servidos por escravos...”.

         Passou pelo povoado de Ubá.

         Sobre um dos tropeiros contratados, todo cheio de manhas, que inclusive disse que só aceitou o serviço na expedição para atender um pedido do Rei.     “Gostava de conversa e contava as aventuras de todos os tropeiros do Brasil como se tivessem acontecido com ele próprio”.

         Capítulo II -   O caminho de Rio Preto.  A cidade de Valença e os indígenas Coroados

                   Continua no       capítulo 2/10

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

cap. 12/12 fichamento do livro VIAGEM A CURITIBA E PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA - Autor Botânico francês SAINT-HILAIRE (1816-1822)

 Capítulo 12/12  (final)

 

         Laguna fica ao lado de uma lagoa estreita e comprida e esta lagoa tem o nome de Laguna.    O autor cita que o lugar onde se formou o povoado tem a costa marítima muito perigosa e não teria sido uma boa escolha.

         Sobre as lavouras:    “Ali como em outros lugares do Brasil por onde eu já havia passado, todos se queixavam da ferrugem que atacava as lavouras”.

         (comumente a ferrugem é causada por um tipo específico de fungo muito difundido principalmente em regiões tropicais onde há temperatura elevada e umidade também elevada).   

         Tapii em guarani é anta.

         Uma frase carregada de poesia pelo autor na tal Praia Grande na região de Laguna SC.    “Só se via areia por toda parte, nenhuma casa, nenhum sinal da presença do homem... e sempre o ruido uniforme das ondas do mar que vinham morrer aos nossos pés”.     Praia esta perto do Morro da Laguna.

         Capítulo XVI  A Cidade de Laguna

         “A dar crédito a Gabriel Soares, foram os indígenas Tapuias que habitaram primitivamente a região onde hoje (1820) se situa Laguna”.

         No passado Laguna se chamava Alagoas.   É a mais antiga da Província de Santa Catarina.

         Fundadores construíram uma igreja dedicada a Santo Antonio dos Anjos.

         Em 1820 o distrito de Laguna contava com 9.000 habitantes.

         No interior de MG era mais comum encontrar mestiços de brancos com mulheres negras.   As brancas não arriscavam ir viver em lugares ermos e perigosos interior adentro.    Já em SC os colonizadores ficaram mais restritos ao litoral e houve bem menos miscigenação.

         Na região de Laguna entre outras culturas, se plantava o cânhamo, mas esta era vendida exclusivamente ao governo e este pagava baixo preço pelo produto.

         Laguna.   Lagoa estreita e bem comprida (30 km).   Entre os vários rios que desaguam na Laguna, o mais destacado é o Rio Tubarão.

         Em 1820 o canal natural onde a lagoa desemboca no mar era bastante rasa (aproximadamente 2 m.) e não permitia  acesso a barcos de maior porte.  No passado esse mesmo canal natural era bem mais profundo e recebia embarcações de maior calado.

         O pesquisador ainda segue de Laguna rumo a Porto Alegre, numa distância de 350 km.    (ele editou mais um livro robusto que adquiri e pretendo ler em breve).

         O autor encontrou alguns criminosos pelas andanças.  Diz que na Europa havia os atritos graves mas depois comumente as pessoas se reconciliavam.   “Os brasileiros raramente ficam com raiva uns dos outros, mas quando isso acontece eles se matam”.

         O autor recebeu visita só de pessoas que haviam sido recomendadas na estadia em Laguna.  Visitas espontâneas não apareceram.

         Capítulo XVII   Fim da Viagem pela Província de Santa Catarina

         Cita entre os pássaros, o quero-quero (Vanellus carianus).   Como leitor destaco que é muito comum hoje em dia até nos estádios de futebol de Curitiba PR essa ave.

         Passaram no caminho para Porto Alegre pela praia de Torres.   Formações de rochas beira mar que se parecem com torres vistas de longe.

         O nome da Província era Província do Rio Grande de São Pedro do Sul.

         O autor cita o europeu Hans Staden que visitou a região e fez relatos detalhados de viagem por volta do ano de 1620, portanto, 200 anos antes deste pesquisador.

         Fim.                    10-09-2025

sábado, 13 de setembro de 2025

Cap. 11/12 - fichamento do livro VIAGEM A CURITIBA E PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA - autor Botânico francês SAINT-HILAIRE (1816 - 1822)

Capítulo 11/12

 

         Entre outros fatores, os homens da ilha (atual Florianópolis) temiam o serviço militar forçado e se dedicavam à pesca e assim a ilha ficava com mais mulheres do que homens.   Nisso a prostituição era elevada e havia muitas crianças que eram abandonadas.

         Sobre terras exauridas em decorrência de sucessivos plantios.    ...”é preciso formar esterqueiras, bem como estudar uma forma de fazer rotação de culturas”.   (plantar culturas diferentes uma em sucessão às outras).  

         ... cita recorrentes casos de disenterias na população.    “Não seria totalmente impossível que as disenterias fossem causadas pelas laranjas, que existem em abundância e são comidas pelos moradores do lugar muito antes de estarem inteiramente maduras”.

         Capítulo XIV   Permanência do autor na Cidade de Desterro

         Como foi dito, era o nome da atual Florianópolis naquela ocasião.

         “Havia o projeto de se construir um hospital militar e de devolver aos pobres o estabelecimento que lhes pertencia.   O local onde ficaria o novo hospital já estava demarcado, mas a escolha não poderia ter sido pior:   ao lado do quartel e no sopé do morro, numa baixada onde o ar não circulava livremente”.

         Visitou fábricas de potes de barro na ilha do Desterro.

         Festividades por ocasião do nascimento de Dom João VI.   No Desterro teve parada militar e festividade que incluiu dança.

         No baile da elite, umas trinta mulheres.     ...”Eu já tinha tido oportunidade de admirar o talento das senhoras de SC para a dança; admirei-as mais ainda ao ficar sabendo que elas nunca tinham tido professor de dança e haviam aprendido a dançar exercitando-se umas com as outras”.

         Capítulo VI   Viagem de Desterro a Laguna

         Na época plantavam até um pouco de café na Ilha do Desterro.

...   “As mulheres que vi à minha chegada usavam geralmente um vestido de chita e um xale de seda”.

         Cita na região a fruta silvestre chamada camarinha e que dá cachos com frutos saborosos.   Frutos da cor negra.

         Cita a palmeira anã que recebe na região o nome popular de butiá e que dá cachos de frutos saborosos.

         (há no sul um ditado que se algo foi assustador, dizem que foi de cair os butiás dos bolsos).

         Jantar na fazenda de um militar local.   O autor cita que a mulher do fazendeiro também participou da mesa do jantar, o que não é costume no interior de MG e GO por exemplo.

         As pessoas que o abrigavam, arranjavam provisões e transporte para a próxima caminhada do autor e sempre cobravam por tudo isso.   Cobravam e indicavam (e recomendavam) a equipe dele para as paradas que ainda viriam pela frente.

         O autor disse que na região de Curitiba e desta para o litoral ao Sul, o gasto da equipe dele foi dez vezes maior que no interior de MG e SP.    E além do mais, não era tempo de florada dos vegetais e assim ele pouco conseguiu de material para sua coleção e pesquisa.    Era mês de maio.

         Cita o Rio Garupava, entre outros.

         No caminho rumo a Laguna viu grupo de pessoas que estavam voltando a cavalo de uma missa no povoado.    As mulheres usavam também chapéu, só que de modelos femininos.   Isto em contraste com as mulheres do interior de MG que montadas a cavalo usavam chapéus iguais aos dos homens.

         Na caminhada para Laguna, passou pela enseada de Embituva.

         O autor cita que encontrou na região vários homens que combateram contra a França em território Francês.    Cita uma tal Vila Nova no trecho entre Desterro e Laguna.    Diz que Vila Nova fica distante 30 km de Laguna.

         Ele se refere sempre em léguas, equivalentes a 6 km cada.

         Na época as casas em Laguna eram bem próximas à igreja local.   As casas geralmente ficavam fechadas durante a semana e os donos iam cuidar das lavouras e criações na zona rural.   Vinham aos domingos para o povoado para a missa.

         (Meus avós que eram da região de Tatui-SP citavam o fato dos agricultores ter uma “casa de assistência” na cidade para virem nos fins de semana para a missa).    Isto nos anos 1910/1920 por aí.

                   Capítulo 12/12 a seguir... 

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

Cap. 10/12 - fichamento do livro VIAGEM A CURITIBA E PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA - autor: Botânico francês SAINT-HILAIRE (1816-1822)

 Cap 10/12

 

Em torno de quarenta anos, armação que caçava até 500 baleias por temporada, foi caindo e chegava perto de 50 abates por ano.  

         “De cada baleia se retirava de 12 a 20 barris de óleo, sendo 15 em média.”  

         Barcos de caça à baleia eram de seis bancos para remadores.   Levavam arpões.    Ao saírem para pescar o capelão abençoava cada partida, inclusive porque a atividade era arriscada.

         Matavam as baleias, arrastavam elas até a armação, retiravam a gordura, ferviam para obter o óleo e o torresmo em geral ia para a queima na caldeira de derreter gordura.    O óleo produzido era colocado em barris e embarcados para venda no Rio de Janeiro. 

         A temporada da caça anual era curta, menos de dois meses.    Após retirar a gordura da baleia, largavam a carcaça apodrecendo junto à costa, deixando a região com muito mal cheiro.

         “As pessoas que se ocupavam da pesca eram lavradores muito pobres quase todos.   Ao invés, porém, de guardarem para o futuro um pouco do dinheiro ganho na curta temporada da caça e de cultivarem as suas terras nos dias de folga, eles ficavam à toa quando terminava a pesca e passavam a vida bebendo cachaça, cantando e tocando violão até que o dinheiro acabasse”.

         O autor passou de barco perto de dois fortes na Ilha que hoje é Florianópolis.  Forte da Ponta Grossa na Ilha e o de Santa Cruz no continente ao lado da ilha.

         Capítulo XIII

         A ilha de Santa Catarina – a cidade de Desterro

         Quando o pesquisador visitou a ilha ela tinha em 1820, 12.000 habitantes.

         Ressalva que o medo que as famílias tem do Estado requisitar seus filhos para o Exército, faz com que muitas famílias omitam dados para o governo.

         ...”pois num país onde é aceita a escravidão o número de escravos serve de base para medir a fortuna dos indivíduos livres”.

         O autor fez grande elogio à ilha onde hoje é Florianópolis pela beleza do lugar.   Na ilha, muitas casas de dois andares, bem construídas e vidraças nas janelas.

         Em 1820 os artigos de exportação pelo porto de Desterro eram principalmente farinha de mandioca, arroz, óleo de baleia, cal, feijão, milho, amendoim, madeira, couros, potes de barro, peixe salgado, tecidos de linho e tecidos feitos com uma mistura de cânhamo e algodão, além de melado de cana.

         O autor cita muitos sítios e chácaras perto da cidade, sempre com plantações.   Comumente a mandioca, laranja e outras culturas sem simetria, não alinhadas.

         Casas simples e bem cuidadas.  Pouca mobília.  Mesa e tamboretes para pessoa sentar.   No chão a esteira sobre a qual se faz os trabalhos domésticos de cócoras e são servidas as refeições também consumidas de cócoras.

         Todo sítio da região tem seu tear para confeccionar tecidos para uso doméstico principalmente.

         Pessoas de cabelos finos que demonstra pouca mistura com sangue indígena.

         “As mulheres mais ricas da cidade acompanham a moda do Rio de Janeiro e estas, por sua vez, acompanham a moda da França”.

         ...”Quem passa diante de suas casas ouve-as batendo o algodão; elas fiam e tecem mas de um modo geral empatam o que ganham unicamente para satisfazer o seu gosto pelas roupas bonitas”.

         Em Desterro (1820)...   “Os homens que pertencem à Guarda Nacional deixam crescer o bigode”.

         Em SC, poucos negros escravizados e os brancos fazem inclusive os trabalhos de cultivo da terra.   Diferente de MG onde a cor branca da pele dá uma certa nobreza às pessoas e estas deixam as tarefas mais duras como cuidar de lavouras aos negros escravizados.

                   Capítulo 11/12