capítulo 11/20
         Vinicius de Moraes e seu
violão na casa de Jorge.  “À beira da
piscina, o inseparável copo de uísque ao lado, violão em punho, Vinícius
cantava”.
         Vinicius foi casado com
uma baiana e chegou a ter casa na praia de Itapuã-BA.   Tentou morar lá de forma permanente.   Fez música sobre a praia de Itapuã.
         Um dia ele, na casa de
Jorge, violão em punho, copo do lado, resolve cantar uma musiquinha para os
netinhos do casal anfitrião.    Ele canta
algo inédito e Zélia corre pra dentro e traz o gravador e grava meio na
surdina.
         Manteve essas gravações
guardadas e depois da morte de Vinícius, ela entregou a gravação à companheira
dele.   Foi assim que nos chegou a
gravação de músicas infantis como aquela 
“Lá vem o pato, pata qui patacolá...”.   
Também o clássico:   “Era uma casa
muito engraçada / não tinha teto, não tinha nada...”
         Relembrando, Vinícius foi
diplomata e serviu em Paris.   Quando ele
frequentava a praia em Itapoã-BA, a rua vizinha onde o artista plástico
Calazans Neto tinha casa era precária e nem nome tinha e ficava difícil até a
correspondência.   Pediu tantas vezes à
prefeitura para cuidar disso.  O amigo
Vinícius fez uma Petição em versos ao prefeito da cidade e logo em seguida foi
atendido.   A rua passou a ter nome e
recebeu calçamento.   O artista plástico
era procurado por turistas do Brasil e vários até do exterior.   Ficou mais fácil achar a casa com o atelier
dele.
         A petição foi feita por
Vinícius e publicada por Jorge Amado no Jornal A Tarde.    Deu resultado.
         Conceito de liberdade 
         No tempo da ditadura militar,
Vinícius de Moraes, então Diplomata em Paris, foi despedido.   O despacho do presidente General Costa e
Silva: “Afaste-se esse vagabundo”.  
Assinado – presidente Costa e Silva.
         Tempos de repressão e uma repórter
entrevistando Vinícius e provocando para levar para o campo da política.   Perguntou a ele sobre o conceito dele para
liberdade.  Ele foi irreverente:  - “Meu conceito de liberdade é fazer cocô de
porta aberta”.
         O homem forte
         Odorico Tavares era o
homem forte dos Diários Associados no estado da Bahia.   (Os Diários Associados eram tipo as
Organizações Globo...)
         A empresa do pernambucano
Assis Chateaubriand trouxe o primeiro canal de televisão para a Bahia.
         Odorico tinha em casa uma
coleção de obras de arte em óleo sobre tela de vários artistas famosos como Di
Cavalcanti e outros.   Ele frequentava a
casa de Jorge Amado.
         Sem sair do lugar
         Jorge Amado tinha dois
cães da raça inglesa Pug e um deles tinha o nome de uma personagem do livro de
Charles Dickens, de quem Jorge era fã.  
Di Cavalcanti na época tinha recebido o título de Doutor Honoris Causa
da UFBA Universidade Federal da Bahia.   
Antes, o pintor tinha sido nomeado por João Goulart para embaixador na
França.   Assumiu num dia, João Goulart
no outro dia foi cassado pelo golpe militar e Di Cavalcanti, comunista, foi
apeado do poder.   Foi embaixador por um
só dia.
         Festival de Cassações
         Perseguições políticas
pelo regime militar e cassações.  Começou
em 1964 e o AI 5 Ato Institucional de 1968 endureceu ainda mais o regime, dando
mais poderes ao presidente general.    “...dando
poderes totais ao regime militar, carta branca para cometer crimes: prender e
torturar, cassar os direitos do homem, sobretudo de cientistas, compositores,
cantores, artistas plásticos, jornalistas”.
         Dos compositores, os mais
visados foram Caetano Veloso e Chico Buarque de Holanda.    Tanto que Gilberto Gil ficou sem clima para
cantar e compor e se autoexilou na Europa.  
Nessa fase ele compôs a música: 
Aquele Abraço.    Chico Buarque
viveu no exílio na Europa e no período viveu uns anos na Itália.    Nesse tempo Roberto Carlos fez a música
para Caetano Veloso, a música Debaixo dos Caracois dos Seus Cabelos.
                   Continua no
capítulo 12/20
