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sexta-feira, 8 de março de 2024

Fichamento 7/25 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

 capítulo 7/25

 

         ...”comecei minha pesquisa com militares em 1992.  Era então, o segundo antropólogo no Brasil a fazer pesquisa dentro de uma instituição militar, seguindo os passos de Celso Castro e sua pesquisa na AMAN Academia Militar de Agulhas Negras  (vinculada à Aeronáutica)

         ...”cheguei aos militares numa condição permeada por uma lógica semi-integrativa em que o outro pode ser um afim mas jamais chegar a ser um dos nossos.   Nesse sentido, o civil pode ser  considerado um amigo do Exército – alguém que pode sobretudo representar a possibilidade de concretização de uma proposta ou projeto público comum”.   (Leiner, 1997)

         O Exército tem a ECEME Escola de Comando do Estado-Maior do Exército e esta tem curso até o nível de doutorado.

         O autor obtinha sinais de que o Exército tinha o desejo de nortear um projeto nacional avalizado pelas nossas elites.

         Faziam na ECEME sucessivos Ciclos de Estado para os quais convidavam autoridades, políticos, empresários, acadêmicos etc.

         Faziam convites a “estreitamento de laços”.     Houve depois um intercâmbio maior entre a USP e a ECEME.

         Em 1997 o autor fez sua Dissertação e em seguida o Exército fechou as portas à continuação de estudos do gênero e os orientandos do autor ficaram sem a possibilidade de acesso para continuarem a linha de estudo dos militares.

         Lembrando que no mundo dos militares há a dicotomia amigo/inimigo.   No treinamento militar:   “Ordem se obedece, não se explica.”

         Na Nota de Rodapé deste livro, página 70:

         ...”Pretendo sugerir ao fim desta Tese, o projeto militar é, no fim das contas, um projeto de domesticação da sociedade, no sentido de torna-la o mais próximo possível de uma projeção de si próprio.”

         O desafio do pesquisador realizar seu trabalho no Exército, por ser colocado na condição de ...”pesquisado”, invertendo a lógica do trabalho acadêmico.

         ...”o deslocamento em relação a quem interroga e a quem responde”.

         ...”além disso...  sempre houve um oficial da Inteligência – ou S2 – escalado para ser meu interlocutor”.

         O autor cita alguns itens dos manuais militares discutidos nas “Operações Psicológicas”.  (página 75)

         Cita inclusive um manual de origem norte-americana usado aqui.

         Cenário pós atentado de 11 de setembro nos USA (Torres Gêmeas) com o colapso destas.    As Operações Psicológicas passaram a ser mais ativas na questão da guerra.

         ...”o quanto de operação psicológica é utilizado nas táticas de atração e conversão de antropólogos e seus trabalhos”.

         Durante os trabalhos o autor constatou que...  “ficava absolutamente patente a indiferença entre as disciplinas das ciências sociais, o que importava era mesmo o estreitamento de laços, muito mais do que o aproveitamento de qualquer tipo de conhecimento específico.   

         Após os anos 90, o pesquisador notou que muitos militares passaram a fazer cursos em universidades.

         O pesquisador Celso Castro relatou:    “os cadetes que ele entrevistou subiam na hierarquia e não se esqueciam dos efeitos de ter um pesquisador paisano dentro da AMAN Academia Militar de Agulhas Negras, bem como seu livro passou a ser lido dentro da caserna.   

         Nota do leitor aqui:   Há dentre as dezenove páginas deste livro dedicadas à citação bibliográfica, oito obras de autoria de Celso Castro.

 

                   Continua no capítulo 8/25

quarta-feira, 6 de março de 2024

Fichamento 6/25 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

 capítulo 6/25

 

   “Livro: Guerras Híbridas  - das Revoluções Coloridas aos Golpes – 2018)

         As redes sociais servem...  “permitem a disseminação de bombas cognitivas através de um padrão de enxame ou manada”.  (No livro citado acima).

         Voltando ao autor deste livro em estudo:  Guerra híbrida...  “ foi o casamento das ciências sociais e psicologia com a máquina militar, desde a II G. Mundial, que gerou formas de inteligência, informação e guerra psicológica que se tornaram os protoplasmas da Guerra Híbrida.”

         “Se estou correto em minha hipótese, tanto mais eficaz é a G. Híbrida quanto menos perceptível ela for”.

         A partir de 2018 que a imprensa começou a desconfiar de algo novo e procurar respostas na Ciência.  Tempos de fake News associadas a Bolsonaro e algo similar tinha acontecido no governo de Trump nos USA em 2016.

         “Caracterizava o modelo russo contemporâneo de propaganda como mangueira de fogo da falsidade... alto número de canais e mensagens e uma disseminação desavergonhada de verdades parciais ou ficções totais”.

         “A nova propaganda russa diverte, confunde e domina a audiência”.   O autor da frase é citado na bibliografia deste livro.  (página 50)

         ...” um deslocamento de confrontos diretos... para uma teoria mais baseada em Sun Tzu (autor de A Arte da Guerra -  544 aC a 496 aC), cuja ideia é maximizar os ganhos com o mínimo de enfrentamentos”.

         Na página 52 cita o articulador nessa área, o americano de direita Steve Bannon que assessorou campanha de Trump.

         O autor cita o caso de colocações nas redes sociais.    Inclui o caso do militar da reserva Carlos Alberto Pinto Silva.

         “Para ele, no fim, seria o PT que estaria causando todo o canário de anarquia no Brasil”.

         Os militares... “leem apenas fichamentos, onde excertos são tirados do contexto para servir de propósito doutrinário.    Nessa toada os militares de alta patente vão formando seus subalternos.   Reproduzem recortes como certezas entre os militares.   Não há unanimidade entre os militares nestas ações golpistas de 2014 para cá.   (base do livro é 2019).

         “... os que se colocaram contrários a isto foram rechaçados, e talvez uma maioria opere em silêncio consentindo com os primeiros”.

         O lugar do Antropólogo

a)     O início

Em publicação deste autor, de 2009, já havia uma rota de estudos dele nessa seara da guerra híbrida.  Em 2019 o autor já destaca que seu foco no tema segue há vinte e cinco anos.

         Nossa literatura na ciência política até o passado recente estudava a mesma como rotina e a inserção de militares no cenário político como algo somente afeito a golpe militar.

         O autor destaca um trabalho sobre o golpe militar de 1964 por René Daeifuss em 1986.

         Cita Oliveiros Ferreira e seu detalhado estudo sobre os militares no Brasil.

         “A instituição militar é permanente e agiu ativamente na formatação do Estado em 1891, 1934, 1946 e 1964 em diante” enquanto continuava permanente.”

         “Cabe se perguntar, inclusive, por que, pelo menos no terceiro quarto do século XX mais da metade das nações tiveram algum tipo de golpe de estado envolvendo militares  (às vezes mais de uma vez) totalizando aproximadamente 400 eventos catalogados”.  (Luttwak, 1991)

         Na página 62 do livro o autor comenta sobre alguns detalhes da afirmação de João Goulart, que depois sofreu o golpe de 1964.

         Diz que nos diversos fatos comprovados e depoimentos de autoridades do entorno de João Goulart (Jango), aí incluído Tancredo Neves, Jango não ouvia os alertas dos riscos de golpe.  Deu no que sabemos...”

 

         Continua no capítulo 7/25

segunda-feira, 4 de março de 2024

Fichamento 5/25 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER (UFSCar)

 capítulo 5/25

 

         Em abril de 2013, quando o STF publicou o acordão da Ação Penal 470 do Mensalão (documento de 8.405 páginas).   Envolveu 37 réus baseado numa excrescência jurídica – a “Teoria do Domínio do Fato”.    ...”supondo-se que haveria um conhecimento público que autorizava a sentença”.   

 

         Nessa época estava o STF com o Juiz Joaquim Barbosa no comando dessa Ação Penal.    Ele que foi alçado ao STF pelo governo do PT foi o algoz no Mensalão.  

      Curiosamente, fizeram um ponto de corte para o que chamaram de mensalão a época de início dos governos do PT e era de conhecimento público e notório que isso de repassar verba pública de forma escusa para os deputados e senadores gastarem nas campanhas era uma rotina que vinha de longe.

       Para ficar num exemplo, o presidente Fernando Henrique Cardoso que fez dois mandatos como presidente e era do PSDB, comprou o legislativo, por assim dizer, para votarem no sistema de Reeleição para cargos do executivo, o que deu a ele o direito de concorrer a um segundo mandato.   Isso tudo ficou no esquecimento porque não era a esquerda no poder e então optaram por não investigar o mensalão desse passado.

         Voltando ao então juiz Joaquim Barbosa, o autor diz:

         “Nesse sentido, Barbosa replicou uma célebre versão da história nacional, puniu os que saíram da linha, mas só aqueles que efetivamente ‘deveriam estar na linha´, e não todos”.

         O autor vê neste tudo:   ...”foi clara a ligação entre essa movimentação política e a adoção popular de um duplo ufanismo – militar e nacional – com a ideia de que somente as Forças Armadas FFAA passaram imunes à degradação do país”.

         Civis com a camiseta da CBF e militares...   “que começaram a se enxergar de fato como paladinos da salvação nacional”.

         Nesse contexto aparece o PPT power point do procurador do MPF Ministério Público Federal Deltan Dallagnol com acusações sem provas.

         Nesse tempo do mensalão, autoridades militares falavam de defesa da democracia, mas permitiam que Bolsonaro atuasse em campanha dentro dos quarteis e os militares distribuíam condecorações a juízes e promotores ligados  às investigações que denunciaram o PT.

         “Parece exagero pensar que algo tão difundido hoje em dia – a ideia que o PT é uma organização criminosa – tenha ganhado forma e substância primeiramente dentro dos quarteis”.

         ... apear Dilma etc.    ... militar..  “uma ação por procuração, seguindo a estratégia da abordagem indireta”.   (do meio militar)

         ...”colocar-se atrás do plano simplesmente foi a maneira pela qual os militares puderam operar sem serem notados”.

         Atores do golpe depois foram “destruídos” como os casos de Joaquim Barbosa (juiz que deixou o STF antes do prazo de aposentadoria compulsória), Cunha (que presidiu a Câmara Federal), Moro “murchou”.

         “Sobraram os militares intactos”.

         “A dinâmica de uma Guerra Híbrida consiste justamente em disparar algumas operações psicológicas e deixar diversos atores operarem a seu favor...”

         ...”a estratégia da ação indireta”.    (a data base deste livro é 2019)

         “Quem ganhou com o golpe que apeou Dilma foi o setor militar, não só por aparelhar o Estado, mas pelo aumento da influência no poder.”.

         A novidade é que desta vez os militares conseguiram bastante poder sem colocar tanques nas ruas.  (página 43)

         Cita Romulos Maya, articulista do Jornal GGN.   

         “De maneira muito sumária, minha suposição foi de que haveria uma aliança entre os setores da construção civil, Energia (nuclear, elétrica e óleo e gas) e o Estado.  (Numa estrutura armada pelos governos petistas) e uma oposição a ela, que envolvia lobbies internacionais e ...o setor financeiro doméstico”.

         Os que se opunham a essa aliança entre Estado com setores da Energia e da Construção Civil viam o risco do PT se perpetuar no poder como fez o México e seu partido PRI.

         Discussões sobre o tema por Romulus Maya e outros no blog dele ...  romulusbr.com

         “... muito na dinâmica política do que vivemos hoje foi processado no interior das redes sociais”.     “Tanto no ataque, quanto na defesa, as redes sociais viraram um campo de batalha”.

         e) – Etnografia, Guerra Híbrida e Redes Sociais

         Cita um cientista norte americano radicado na Rússia, Andrew Korybko, que escreveu o livro (um dos melhores no tema) sobre a G. Híbrida na atualidade.   “Livro: Guerras Híbridas  - das Revoluções Coloridas aos Golpes – 2018)

         As redes sociais servem...  “permitem a disseminação de bombas cognitivas através de um padrão de enxame ou manada”.  (No livro citado acima).

 

         Continua no capítulo 6/25

sábado, 2 de março de 2024

Fichamento 4/30 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER

 capítulo 4/30    (um a cada dia alternado)         março de 2024

 

         O autor deste livro vem estudando inclusive as Forças Armadas desde o Doutorado dele que data de 2001.

          ...”estou propondo que possa levar a um questionamento da ideia de que os processos políticos brasileiros, se indexados pela guerra híbrida, concentram uma agenda excessiva nas mãos de militares, ou, pior ainda, nas mãos de poucos militares que tenham esse ‘poder divino´ de manipular a realidade ao seu favor”.

         ...”nosso ‘nacionalismo CBF´ ... que foi às ruas.     “que foi o fator rua decisivo no nosso caso, pois foi com este que se derrubou Dilma e se elegeu Bolsonaro”.

         “Olavo de Carvalho, Joaquim Barbosa e a Lava-Jato:  ...”música para uma plateia militar”.    As forças conservadoras que tiraram Dilma e o PT do poder.   “Todas apontavam para uma mesma direção – o que era sólido – que bastava tirar o PT do poder – se desmanchou no ar”.    (Lula eleito...)

         Os conservadores em mais uma grande inversão, colocaram a esquerda como se fosse uma quadrilha para se justificar nas ações para apeá-la do poder.

         O governo Dilma enfraquecido e os militares agem para minar o Executivo.     ...”produziram um processo de aproximação e obtenção de hegemonia com outros setores da sociedade, destacando-se aí o Poder Judiciário.      Os militares promoviam....   “Cursos, visitas, palestras, medalhas, condecorações e toda sorte de reuniões fizeram parte desse expediente.”

         “Uma das hipóteses que sustento aqui é que todo processo da Lava-Jato casou com a preparação do terreno que os militares realizaram, mas também foi avalizada por eles”.

         “Este não foi um processo construído de uma hora para outra”.     “O anti-comunismo dos anos 1930-1970 se desdobrou em anti-petismo.”     ...”hoje se desdobra também em anti-ambientalismo, anti-onguismo, anti-identitarismo etc.

         Em 1999 o astrólogo (que se dizia filósofo) Olavo de Carvalho já era convidado para palestrar no Clube Militar.

         Olavo declara sobre a ditadura militar de 1964... “não tinha a menor vontade de inculcar uma ideologia na população”.     Olavo criticava Gramsci e suas ideias que supostamente degeneraram o governo militar no Brasil.

         Em 1992 criaram o Departamento de Cultura do Exército.    Olavo e suas ideias absurdas obteve tanto prestígio na área militar que em 1999 recebeu a Medalha do Pacificador.

         “Depois da eleição de Lula, em 2003, Olavo vai morar nos USA”.

         Olavo...  “realizou uma Operação Psicológica entre os militares”.

         Criaram três “bandeiras falsas” sobre o PT:

         1 – Que ele dividiu o Brasil numa luta de classes;

         2 – Que o PT aparelhou o Estado para realizar uma revolução gramsciana  (que seria um comunismo disfarçado)

         3 – Coloca o PT como uma organização criminosa.

         Olavo foi colocando esses absurdos no seio dos militares e a coisa virou “verdade”.  Ideias que ganharam autonomia porque entre os militares funciona assim:  “Se me disseram que disseram que disseram, então eu digo”.

         Olavo disseminando a paranoia do Foro de São Paulo.      A ESG Escola Superior de Guerra ajudou muito a disseminar estas ideias absurdas no meio militar e na sociedade.   A ESG chegou a ter painel permanente inclusive na sede da FIESP Federação das Indústrias do Estado de SP.

         (Eu, leitor, cheguei assistir palestra em café da manhã na Receita Federal de Maringá-PR por volta de 2006 com militar da Aeronáutica...)

         Em abril de 2013, quando o STF publicou o acordão da Ação Penal 470 do Mensalão (documento de 8.405 páginas).   Envolveu 37 réus baseado numa excrescência jurídica – a “Teoria do Domínio do Fato”.    ...”supondo-se que haveria um conhecimento público que autorizava a sentença”.

         Essa figura jurídica nunca tinha sido aplicada no Brasil.

 

         Continua no capítulo 5/30

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Fichamento 3/30 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER

 capítulo 3/30       

(os dois capítulos anteriores abordaram resumo do conteúdo da orelha da capa deste livro e o Prefácio) 

          Introdução

         “... os atingidos de agora – grande mídia, academia, ciência – já deram um nome para isso:  pós-verdade”.    ...”ninguém está a salvo de ser acusado de produzir a tal pós-verdade”.

         ...”E a palavra ideologia está encoberta numa cortina de fumaça; ela assumiu assim um tom de conspiração e pertence aos outros”.

         “Militares chamam isso de operações de bandeira falsa, quando o inimigo carrega a culpa que se projetou nele”.

         “A grande inversão está em todo lugar hoje.   (Na cabeça das pessoas...) :A Rede Globo se tornou uma agente do comunismo internacional”.  “O PT tem um projeto gramsciano de dominação cultural, dizia Olavo de Carvalho, o ‘não ideológico´”    “As Ongs tacam fogo na Amazonia”.  “Bolsonaro afirma que as urnas estão fraudadas”.

         “Os militares são ‘técnicos´ que ocupam despretensiosamente mais de mil cargos só no Palácio do Planalto, mais de 1/3 do total de cargos e quem aparelha o Estado é o PT...”

         “As universidades estão inteiramente infestadas de ideologia – segundo os cientistas da Terra Plana.”

         O autor pesquisando junto aos militares em 2013/2014 em São Gabriel da Cachoeira – AM.  Em 2014 pesquisa no RJ e em Brasília.

         ... “durante 2014 – que estive no RJ e em Brasília, quando oficiais  andavam perdendo a calma ao falar sobre a Comissão Nacional da Verdade”  ... o autor percebia que algo estava mudando...

         O autor já nos anos de 1992 a 1994 fazia estudos na área militar e conversava com pessoal da Escola de Comando do Estado-Maior do Exército.  ECEME.

         Lá ele teve contato com militares que faziam artigos sobre a guerra híbrida.       “... que a mencionava como parte de uma estratégia russa na Georgia e Ucrânia”.

         ...”intervenção russa na Criméia”.

         Há referências.....   “associadas a uma estratégia norte-americana de provocar revoluções coloridas no entorno caucasiano”.  

         “Foi nesse exato momento que uma primeira ficha caiu:  O movimento conhecido como as Jornadas de Junho de 2013 no Brasil tinha muitas similaridades com o movimento descrito.  

         No Brasil, referência à guerra híbrida vem de 2016 pelo Jornalista Pepe Escobar.   “No manual da guerra híbrida a percepção de uma vasta classe média não engajada é essencial para se chegar ao sucesso, de forma que esses não-engajados tornam-se, mais cedo ou mais tarde, contrários aos líderes políticos”.    O processo inclui...   “Ampliação do descontentamento por meio de propaganda e esforços políticos e psicológicos para desacreditar o Governo.”

         ...”intensificação da propaganda e preparação psicológica da população para a rebelião”.      (isto escrito pelo Jornalista Pepe Escobar em 2016...)

         ...”militares... criarem um inimigo interno e conclamando setores do Estado – basicamente Justiça e Militares – a defenderem o Brasil”.   Pag. 25

         “Um dos pontos principais deste livro foca então num tema sensível: ao contrário de uma típica guerra vinda a partir do exterior, me parece que aqui alguns militares provocaram, eles próprios, uma guerra híbrida...”

         Aqui os militares teriam distorcido o conceito de guerra híbrida  ....”para estes militares a guerra híbrida era e é realizada pelo PT (e esquerda em geral...) inclusive quando o PT era Governo.”

         Os militares praticavam a inversão.   Implementavam a guerra híbrida aqui e imputavam a mesma ao PT.

         O autor deste livro vem estudando inclusive as Forças Armadas desde o Doutorado dele que data de 2001.

 

         Continua no capítulo 4/30    (um a cada dia alternado)

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Fichamento 2/30 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER

 

Cismogênese – conceito formulado por Gregory Bateson.      “É um processo de diferenciação entre os indivíduos baseada em normas de comportamento que podem produzir tanto oposições quanto convergências a partir de uma acentuada escalada de conflitos e de suas consequentes divisões reforçadas por conflitos já existentes ou criados a partir de novos conflitos”.

         ...”constata-se no nosso meio social brasileiro...  por divisões, polarizações, oposições”.   “O que  parecia estar enraizado na guerra evangélica de conversão, nas estratégias híbridas das igrejas neopentecostais se radicularizou por toda sociedade, convergindo para a militarização da política”.

         ...”articulações estratégicas entre evangelismo e militarização na construção da política no Brasil contemporâneo”.

         “A cismogênese engendra no sujeito um processo de mutação em que uma vez capturado, o cativo torna-se soldado, passando então, a replicar, como máquina, a própria guerra, ativando memórias, apontando e criando inimigos potenciais e, sobretudo, produzindo imagens”.

         “É nesta concepção imagética que a guerra híbrida se associa à produção de autômatos, cativos capturados ‘por coisas que não existem´ mas que ganharam existência em imagens e que por serem imagens transbordam seus rastros no real...”

         Postagens na internet com certas imagens...  “e seu poder de interferência nas mentes e no comportamento das pessoas”.

         Constata que o cineasta Eisenstein usou imagens em cartazes em praça pública na Rússia reforçando, entre 1917 e 1920, a revolução comunista.   Imagens que geravam comoção social e manifestações por parte das pessoas contra as indústrias, contra o capitalismo ou o czarismo”.

         O cineasta visitou Walt Disney e trocaram ideias sobre o poder das imagens.   “Os filmes de W. Disney permitem compreender que um ratinho desenhado e animado (Mikey) pode conquistar a adoração de pessoas”.

         A imagem do Mikey se tornou algo real na mente de tantos pelo  mundo.

         ...” Walt Disney  mostra milhares de cartas recebidas, escritas por pessoas racionais (empresários, donas de casa, estudantes...) ... todas endereçadas ao Mikey.”

         “O cineasta Eisenstein volta para Moscou, definitivamente convencido do poder das imagens, do cinema, do que veio conceituar como dualidade unidade da imagem:  é mentira e é verdade ao mesmo tempo”.

         Consta isto tudo no livro Memórias Imortais editado por ele em 1987.  Sergei Eisenstein.

         Já o autor deste livro que estamos elaborando a resenha cita episódios com o ex juiz Sergio Moro e Ernesto Araujo, sendo civis, fazendo continência, que é coisa de militar.

         “Adentramos no teatro militarizado da política”.

         O devir de Bolsonaro e a guerra híbrida.   O livro permite... “reorientar  nossa perspectiva ao apontar para outras direções...   “As profecias de Foucault se cumpriram no Brasil, saímos da ordem do mito, do discurso e entramos na ordem da história, da dolorosa práxis; experimentamos como laboratório as conspirações digitais, a sociedade de vigilância e controle, a chamada guerra híbrida”.

         Combater ... tática guerreira.    “Pode ser, quem sabe, os personagens do hino da Mangueira de 2019: índios, negros e pobres”  ... o tipo dos que combateriam aqueles que nos causam mal.

         Aqui termina o prefácio do livro e agora segue a parte do autor.

         Continua no capítulo 3/30

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Fichamento 1/30 - do livro - O BRASIL NO ESPECTRO DE UMA GUERRA HÍBRIDA - autor Professor Dr Antropólogo - PIERO C. LEIRNER

 


         Editado pela Editora Alameda – ano 2020 – 330 páginas

 

         Numa viagem passando por São Carlos-SP, visitamos o autor deste livro que é Professor na UFSCar Universidade Federal de São Carlos.

         Ele vem pesquisando há décadas o tema que envolve os militares na política e assuntos correlatos.

         Já na orelha do livro se lê  ...”em curso no Brasil...  uma guerra que visa sobretudo a captura e neutralização de mentes”.

         “Suas bombas são antes de tudo informacionais, visam causar dissonâncias cognitivas e induzir pessoas a vieses comportamentais: percepção, decisão e ação passam a trabalhar a favor de quem ataca”.

         “Objetivo último... dominação do espectro total”.

         Na guerra híbrida “não há mais separação entre guerra e política...”

         “A hipótese central aqui levantada é que o Brasil foi, e é, laboratório onde este modelo foi aplicado”.       ...”o resultado que vai muito além da eleição de 2018,  é a dissonância generalizada que impera no Brasil hoje que segue um dos conceitos centrais da guerra híbrida – a cismogênese”. 

      (final do resumo da orelha do livro)

         Prefácio   -   Adeus Tocqueville!  A Guerra híbrida e os novos sentidos da democracia

         Prefácio por Marco Antonio Gonçalves – Professor Titular de Antropologia da UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

         “Ao realizar esta etnografia da guerra híbrida em tempo real, Piero Leirner se torna talvez um dos primeiros etnógrafos desse tipo de guerra”.

         “... a própria construção do conhecimento das ciências humanas, em que observamos que a maioria dos conceitos são, agora, conceitos transitórios, processuais e, portanto, sempre passíveis de serem questionados”.

         “Em resumo: cultura do híbrido”.   “O híbrido assim é um estado do ser nesta cosmologia da guerra...”

         “... engendra a potência do devir autômato, não apenas as máquinas que replicam efetivamente as fake news, mas os seres reais, estes mesmos que são capturados, domesticados, tornados exércitos pet, assim passam a ser eles próprios máquinas de guerra, replicantes, androides”.

         “Chegamos ao ano de 2019 – cenário de Blade Runner, coincidentemente ano em que o filme se passa”.

         Tempos atuais...   Havan e a estátua da liberdade.   A fachada das lojas Havan tentam imitar a Casa Branca.   Por um lado a Havan seria parte do sobrenome Hang e Van vem do sócio Vanderlei.    Por outro lado, Havan lida ao contrário seria navah, palavra em “hebraico do velho testamento... dar existência às coisas que não existem”.

         “Nada mais apropriado para significar o sentido da guerra híbrida”.

         “Sintomas mutantes de pessoas idosas, jovens, vários empresários... vestindo o verde-amarelo.”  “Milhares de pessoas, espalhadas por todo o Brasil, desempenham performances cívico-militares que culminam no empoderamento dos símbolos nacionais:  uniformes, hinos e bandeiras.”

         ...”gente desse tipo fazendo churrasco no Condomínio Vivendas da Barra no Rio de Janeiro após o assassinato da vereadora Marielle Franco, condomínio este onde morava um dos suspeitos da morte da vereadora...”

...”imaginar.... “um grupo de homens comendo carne, sorrindo e fazendo gestos das arminhas com as mãos, imagem ícone da guerra híbrida à brasileira”.


(Para se ter uma ideia do rigor em pesquisa desta obra, o autor ocupa 19 páginas em citações bibliográficas)

 

         Continua no capítulo 2/30