- Chegou em Castro e o povo local estava em polvorosa por conta do recrutamento compulsório para a construção da estrada até Guarapuava. O severo coronel Diogo recrutando pessoas da região para abrir sem remuneração, a estrada para Guarapuava que era infestada de “índios bravios”.
- Os pais de família sumiam no mato para tentar escapar do recrutamento. Assim a vila de Castro ficou quase deserta. Muitas casas vazias.
- Capítulo IV - A cidade de Castro – Fim da viagem pelos Campos Gerais
- Castro antes se chamava Iapó, nome que faz referência a brejos.
- Em l788 Castro foi elevada a “a cidade ou arraial de Iapó”. Página 50
- Curitiba era a chamada Quinta Comarca da Província de São Paulo.
- Cita os frutos da planta cambui.
- Sobre Castro de então, “uma centena de casas em três ruas compridas.
- Sobre a igreja de Castro após o abandono do povo por conta do recrutamento forçado. “Depois que cheguei ao Brasil, vi poucas igrejas tão mal cuidadas quanto esta”.
- “Em 1820 a instrução pública era absolutamente inexistente em Castro e em todo o seu distrito”. Só passou a ter escola em 1830 ... só para meninos. Só em 1846, começou a ter escola para meninas.
- Ano de 1820 “Três ou quatro comerciantes, prostitutas e alguns artesãos constituíam praticamente toda a população de Castro”.
- Artesãos ligados a confecção ou reparo de arreios e apetrechos para cavalos de lida com gado. (seleiros)
- Castro – predomínio da pecuária e um pouco de lavoura. Milho, feijão, arroz e trigo.
- No sul de São Paulo já existia no Vale do Ribeira o povoado de Apiaí.
- Em 1839 Castro já tem cinco paróquias: Castro, Guarapuava, Belém, Jaguariaiba e Ponta Grossa.
- Em 1820, antes do recrutamento, Castro linha 5.000 habitantes entre brancos e escravos. (havia índios mas não eram computados)
- ...para 404 nascimentos num ano houve apenas 101 óbitos.
- Em Castro, se hospedou na casa do Sargento Mor José Carneiro, filho do Coronel Luciano Carneiro.
- Festa oferecida pelo anfitrião. Festa com música e danças, incluindo a chula. ... “belas modinhas... mas de um modo geral, nada é mais triste e monótono do que as cantigas populares das províncias que eu percorri”.
- O povo da atividade rural na festa declamava até poesias.
- Os chefes dos tropeiros evitam pousar perto dos povoados por causa das prostitutas. Estas deixam os peões desfalcados de dinheiro.
- Oito dias em Castro antes de seguir viagem. Segue depois até chegar à Fazenda Carambei. “carumbe” – tartaruga e “y” – rio na linguagem indígena.
- Sempre onde se hospedavam no trecho serviam refeições e chá mate.
- Numa fazenda onde se hospedou no trecho entre Castro e Curitiba, a dona da fazenda em conversa com ele perguntou se ele tinha mãe. Ela disse que uma mãe prefere ser bem pobre e ter o filho por perto do que ter riqueza e viver longe dos filhos. Ao ouvir isso, ele disse que encheu seus olhos de lágrimas.
- Após o pesquisador ouvir isso sobre mãe e filhos... “não segui os conselhos da minha bondosa hospedeira, e foi amargo o preço que paguei por isso”.
- ... na chamada Freguesia Nova, uma nova paróquia..... “o vigário se queixava da pouca vocação de seus paroquianos que não concordavam em fazer o menor sacrifício em favor da religião”.... e era a duras penas que o vigário os convencia a assistir à missa”.
- Nas outras andanças do pesquisador pelo interior do Brasil, sempre na missa ele via mais negros do que brancos. Já aqui nos campos gerais, ele via na missa mais brancos do que negros.
- Os fieis vinham a cavalo para assistir as missas. As mulheres para andar a cavalo usavam roupa especial.
- Destaca que nos campos gerais via muitas mulheres brancas bonitas.
- Cita ter passado por um lugar onde seria Palmeiras na região de Ponta Grossa.
- ...”o que me causava melancolia era a profunda solidão em que eu vivia habitualmente”.
- Fazenda Caiacanga. Pela língua indígena cai significa macaco e acanga, cabeça.
- Os da equipe dele apelidaram o pesquisador de Tenente Coronel e isso acabou abrindo portas para eles nos trechos. Chegam perto do Rio Iguaçu e cita que o rio nasce perto da Serra do Mar e segue para o lado oeste indo desaguar no Rio Paraná.
- Continua no capítulo 5/12
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quinta-feira, 7 de agosto de 2025
capítulo 4/12 - fichamento do livro - VIAGEM A CURITIBA E PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA - autor - Pesquisador francês - SAINT-HILAIRE - (anos 1816-1822)
segunda-feira, 4 de agosto de 2025
Cap.3/12 - fichamento do livro - VIAGEM A CURITIBA E PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA - autor: Botânico AUGUSTE DE SAINT-HILAIRE - (anos 1816-1822)
capítulo 3 agosto de 2025
Pag. 31 das 210 - Em
Jaguariaiba (grafia da época) o autor diz que ficou na fazenda muito
recomendada, pertencente ao Coronel Luciano Carneiro. A casa que abrigou o pesquisador na fazenda
era a menos precária de toda a rota dele desde Sorocaba-SP. Por outro lado, era muito mais precária do
que a maioria das casas do interior de Minas Gerais.
Índios Coroados na região.
Numa ano de seca, matavam algumas vacas da fazenda de forma furtiva e
eram caçados por soldados mandados pelo coronel fazendeiro.
Os índios na região faziam casas coletivas. Plantavam feijão e milho.
Cita que nos campos gerais do PR a ocorrência do pequi de
haste anã. Eu, leitor, desconhecia o
pequi por aqui. Sabemos que o pequi de
porte maior é bem utilizado no Centro Oeste brasileiro.
... “em pleno sertão,
de repente me deparei com pastos
cercados por valas”. (eu, leitor, vi
isso no atual Assentamento do Contestado no município da Lapa PR). Pela citação do autor, era comum naquela
época.
O autor citando a casa onde ficou hospedado. Era uma fazenda muito bem cuidada e a sede
era de bom padrão. Casa com amplo
jardim, pomar e parreiras de uvas. Nos
pastos, capim-da-colônia, atual “colonião”.
Isso na Fazenda Caxambu.
O dono tinha estábulo para os cavalos passarem a noite. Os outros fazendeiros deixavam os cavalos
nos pastos e cada vez que iriam usá-los tinha que usar laço para o acesso aos
mesmos.
Cana do Taiti, aqui chamada de cana caiana. (Saccharum taitiense)
Na Caxambu, pomar bem cuidado, laranjas até para fazer
vinho. Horta com couve, o que era raro
na região, ter horta.
Cada fazenda onde se hospedava o dono recomendava ele para a
próxima acolhida. Um guia do grupo dele
ia na frente para ajustar o alojamento.
Agora, na fazenda do Xavier da Silva. Ele era português e cuidava bem da fazenda e
dos seus escravos. Um deles administrava
a fazenda. Os fazendeiros vizinhos não
plantavam pomar mas quando recebiam visitas, iam buscar frutas na fazenda do
Xavier da Silva.
Capítulo II - Continuação da viagem pelos Campos Gerais – a
Fazenda Fortaleza - Ainda os índios
Coroados.
Sentiu ao deixar a Fazenda Caxambu. A melhor hospedagem do trecho desde
Sorocaba, como já foi dito.
Página 38 - “O Rio Caxambu
contem muitos diamantes”.
... Agora na fazenda
do Tenente Fogaça. Bem recebido pelos
escravos mesmo o patrão não estando presente.
O autor faz uma observação sobre os escravizados ao longo da
viagem:
“Se muitas vezes os negros tem um ar melancólico, sofredor e
estúpido, e se chegam mesmo a se mostrar desonestos e imprudentes, é porque são
maltratados”.
Nove horas de caminhada por trilhas num só dia. Se não tivessem a companhia de um guia
local, teriam errado o caminho várias vezes.
Os caminhos são apenas trilhos e sempre cortados por muitos trilhos de
gado nas pastagens, confundindo os viajantes.
Nos campos gerais...
“ a gramínea vulgarmente chamada de capim frecha é a que mais ocorre na
região de Jaguariaiba.
Fazenda Caxambu, de José Felix da Silva, que é Tenente
Coronel da milícia. Famoso em São Paulo
pela riqueza e pela avareza. O
pesquisador foi bem recebido e bem tratado na fazenda nos quatro dias que lá
ficou.
Na região, há as paróquias de Castro e de Tibagi.
O autor cita a “língua geral” falada na época. Nela tyba seria ponto de comércio. (na minha terra natal da rota do tropeirismo
próxima de Sorocaba, a expressão tiba significava algo cheio, abastecido). Em tempo, sou natural de Cerquilho-SP.
Local de nome Guartela.
“Não encontrei por aqui nos campos gerais nem mosquitos, nem carrapatos
que proliferam nas regiões quentes, mas as baratas, infelizmente, são comuns
aqui...” ...”e as pulgas em
quantidade sem igual...”
Região de Guartela tinha a chamada Igreja Velha. Os Jesuitas tinham estado por lá e se foram
ao serem expulsos do Brasil.
Cita o caminho difícil pela Serra das Furnas. (há furnas ao lado de Vila Velha onde há os
monumentos naturais de arenito perto de Ponta Grossa PR)
Chegou em Castro e o povo local estava em polvorosa por
conta do recrutamento compulsório para a construção da estrada até Guarapuava.
Continua no capítulo 4/12
quinta-feira, 31 de julho de 2025
Cap.2 - fichamento do livro - VIAGEM A CURITIBA E PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA - autor - Botânico francês A. DE SAINT-HILAIRE (1816-1822)
capítulo 2
Casas no trecho Sorocaba aos Campos Gerais do Paraná: Casas com mobílias simples. O mais requintado é o arranjo das camas.
Gado manso e que se junta na hora que vem o sal para os
cochos ou mesmo colocado no chão.
Em MG o capim gordura é menos nutritivo e tem menos minerais
do que os diferentes capins nativos dos Campos Gerais do Paraná. Nestes, usam colocar sal pra o gado a cada
dois meses ou em outros casos, até quatro vezes por ano.
Comum o número de bezerros ser aproximadamente um quarto do
número de vacas. Há perda de bezerros
por doenças, roubo, ataque de predadores silvestres etc.
Como a grande maioria das gramíneas usadas nos pastos do
Brasil, o capim gordura é também de origem africana.
(1822-1826) “Marca-se
o gado com idade de dois anos e os touros são castrados para engorda aos quatro
anos e após gordos, vendidos para o abate.
O autor cita o método de castração dos bovinos na época.
Página 18 -
Castração amarrando o animal derrubado ao solo, macetam os testículos
deste, assim evitando sangramento e risco de pegar doenças ou ataque de larvas
de insetos etc.
Gado bovino e cavalos.
Cita de Jaguariaiva, a Fazenda do Coronel Luciano Carneiro que comprava
tropas de burros do RS, domava e revendia na região ou no maior entreposto do
ramo que era Sorocaba-SP.
Página 19 - Ele cita
os detalhes de como se domava cavalos na região na época.
Nos Campos Gerais era comum haver também rebanho de
carneiros nas fazendas de gado. Raro
usarem a carne dos carneiros. O uso
destacado era da lã para uso em vestimentas em região fria como esta dos C. Gerais.
O rebanho de carneiros é solto e à noite recolhido para um
cercado para evitar predadores noturnos.
Os carneiros procuram o sal mais que os bovinos. Comumente fornecem aos carneiros o sal duas
vezes por mês.
Os pastos nativos dos Campos Gerais são bonitos mas menos
floridos do que os do interior da França, terra do pesquisador.
Usam fogo para queimar o pasto mais velho e esperam a
rebrota mais verde e palatável para o rebanho.
Fazem isso em parte dos pastos para não faltar pasto para o rebanho.
Os pastos da região recebem de passagem, tropas de burros
que vem do RS na rota até Sorocaba-SP.
(Rota do Tropeirismo). Tropas
de 500 a 600 burros cada lote.
“As tropas de burros chegam em fevereiro, depois de
atravessarem o sertão de Viamão, entre Lapa e Lajes, onde perdem muito peso”.
As tropas descansam até outubro nos Campos Gerais e depois
seguem no rumo de Sorocaba. Os peões
que vieram do RS voltam para a origem e apenas uns dois seguem com outros peões
contratados na região dos Campos Gerais.
Página 21 - Mata aqui
cortada há dezoito anos, já está com exuberância próxima da original.
O trigo na região já era afetado na época pelo fungo da
ferrugem.
O autor fala do manejo de lavouras, inclusive do tabaco (fumo). Cita as culturas do cânhamo e do linho,
plantas de fibras excelentes para fiação e tecelagem.
Clima mais frio e mais chuvoso, certas frutas como as uvas
dos campos gerais não são tão doces como as de clima mais quente e seco.
Capítulo II - página
25
Começo da viagem pelos Campos Gerais – A Fazenda Jaguariaiba.
Os índios Coroados.
Fazenda de Caxambu.
Há o Rio Jaguariaiba nesta região.
A cidade de Castro-PR.
Cita ainda no estado de SP o interior de Itararé com o rio do mesmo
nome. Rio que em certos lugares penetra
no solo em região com cavernas. O rio
volta a correr na superfície mais adiante.
A área dos distritos era enorme naquela época, há duzentos
anos.
O Rio Itararé separava os distritos de Itapeva com
Castro. Em outra direção, separava os
distritos de Itu do distrito de Curitiba.
Cita passar pelos rios Tibagi e Rio das Cinzas. (conheço ambos).
Na região de Jaguariaiva PR os campos tinham fazendas e
certos lugares de morros, havia índios selvagens. (os campos menos acidentados ficavam
ocupados pelas fazendas e os índios eram alocados para lugares mais
acidentados).
Continua no capítulo 3
sábado, 26 de julho de 2025
Cap. 1 - fichamento do livro VIAGEM A CURITIBA E PROVÍNCIA DE SANTA CATARINA - autor: Naturalista francês - AUGUSTE DE SAINT-HILAIRE
26-07-2025
Autor: Auguste de Saint-Hilaire (original de 1822)
Faz pouco tempo que li e fiz resenha de outro livro dele que
foi um grande pesquisador Naturalista com foco em Botânica. Francês, andou por várias partes do Brasil
nos tempos do lombo de burro em estradas precárias.
As viagens dele se estenderam de 1816 a 1822. O prefácio deste livro editado em 2020
numa das versões em português foi feita por um docente da USP, Mário Guimarães
Ferri, datado de 1977.
Cita a carta de Caminha na qual o escrivão de Cabral fala
dos índios e das demais riquezas do
Brasil. Cita o inhame como um dos itens
de consumo pelos indígenas daqui quando da chegada de Cabral.
Ferri cita uma série robusta de viajantes e pesquisadores que
deixaram um legado importante sobre o interior do Brasil ao longo dos séculos.
Destaca também a importância de Martius pelas viagens e
relatos. Entre estes a publicação do livro Flora Brasiliae Meridionalis editada
em Paris. Período de 1824 a 1833...
Sobre Saint-Hilaire...”O herbário aqui feito reúne 30.000 espécimes
pertencentes a mais de 7.000 espécies, das quais cerca de 4.500 eram
desconhecidas dos cientistas da sua época.
Vamos ao autor e obra em si:
Capítulo 1 -
Descrição dos Campos Gerais.
Predominância de gente branca e poucos escravos. Rebanhos bovinos numerosos. Uso de fornecimento de sal ao gado poucas
vezes por ano. Culturas de milho,
algodão, feijão, trigo, arroz, linho, fumo e frutas como banana, figos, uva,
pêssego, cerejas, maçãs, romãs, peras etc.
Solo e clima adequados a imigrantes Europeus de clima ameno.
“Esses campos constituem inegavelmente uma das mais belas
regiões que já percorri desde que cheguei na América”.
Os campos são geralmente compostos de ervas baixas e poucas
árvores. Dá para criar gado sem fazer
derrubada de mata. Em geral terras
cobertas por gramíneas dispersas.
Poucas casas na zona rural, mas estas geralmente são bem
cuidadas. Rebanhos de gado requerem
relativamente pouca mão de obra.
Cita a exuberância das araucárias nos Campos Gerais. O nosso pinheiro do Paraná que não é só
daqui, mas de regiões mais ao sul e locais de altitude.
Os pinhões das araucárias vem de longo tempo sendo
importantes na alimentação dos indígenas e depois também dos colonizadores.
Os indígenas chamavam os pinhões de “ibá” ou frutos por
excelência.
Pela utilidade da araucária o povo tem poupado a planta e só
cortam em caso de real necessidade, constata o autor.
Araucárias se dão bem em terrenos arenosos e isto indica que
estas terras não são tão boas para a agricultura.
Rios e riachos com pouco lodo. Leito destes com pedras e água muito
limpa. Cita os rios Tibagi e Caxambu
como lugares onde garimpavam diamantes.
Nos Campos Gerais
(Região de Ponta Grossa, Castro, Jaguariaiva etc) o clima é temperado e
nos tempos chuvosos estas são abundantes.
Diferente de MG e GO onde há longa temporada no ano que quase não chove.
Clima ameno e agradável, sem as febres frequentes dos
estados como MG e GO. Cita o Vale do
Rio Doce e do Rio São Francisco e as febres.
Aqui há mais gente que alcança idade avançada. As doenças mais comuns são bronquite, asma,
hemorroidas e as famigeradas doenças venéreas, estas comuns nas demais regiões
do Brasil visitadas.
Brancos... mais altos... “tem os cabelos castanhos e as
feições coradas, sua fisionomia traz a marca da bondade e da inteligência”.
...”as mulheres são geralmente muito bonitas,” ... Os homens geralmente a cavalo, cuidando do
gado. Aprendem desde criança a
cavalgar. Geralmente são analfabetos,
mas muito competentes na lida com o gado.
...”Encontrei por toda parte gente hospitaleira e boa, a que
não faltava inteligência, mas cujas ideias eram limitadas que na maioria das
vezes eu não conseguia conversar com as pessoas mais do que quinze minutos”.
Quando conseguem algum capital, descem para o sul e compram
tropas de burros chucros e trazem para amansar e revender na região ou em Sorocaba-SP
que é o polo comercial de burros para lida com gado, agricultura e garimpo
principalmente.
Segue no capítulo 2
quarta-feira, 23 de julho de 2025
Cap.12 (final) - fichamento do livro 8/1 A REBELIÃO DOS MANÉS - autores - PEDRO FIORI ARANTES et alli (2024)
capítulo 12 (final) 23-07-2025
Os autores citam obra do pesquisador Theodor Adorno que
descreve nos anos 50 o perfil de líderes fascistas.
“Para Adorno, o líder fascista utiliza repetidamente
técnicas... anuncia a iminência de
catástrofes... adota a mentira e a
distorção de forma planejada...
transforma a doutrina cristã em violência política...”
...
“Também resta a alternativa de que Bolsonaro não seja esse líder
poderoso e de perfil fascista, mas apenas um joguete nas mãos de militares,
pastores, do agronegócio, mercado financeiro...”
... “Quem dá o sinal da troca de líder ou de pele é a
aliança militares – pastores – empresários”.
(página 152)
Pesquisador de Harvard Steven Levitski (do livro Como as
Democracias Morrem) diz em entrevista que a ultra direita nos USA dependem mais
de Trump do que a brasileira depende de Bolsonaro.
“No Brasil há uma diversidade de forças, partidos e caciques
da direita e extrema direita que diluem o poder de Bolsonaro – Por outro
lado.... “A Ordem e o Capital seguem
ganhando com Lula, afinal, ele está lá para barrar o fascismo e manter a confiança
para os negócios, com algumas eventuais migalhas aos pobres”.
Bolsonaro... “Sua
defesa pode alegar que no dia da insurreição ele estava fora do Brasil...”
“Como já explicou o general-malandro Heleno: Um golpe para ter totalmente sucesso, precisa
de um líder principal, alguém que esteja disposto a assumir esse papel de
liderar um golpe”.
... “Na hora h,
todos os malandros recuaram e inclusive saíram do país...” ...
Os manés “estão pagando agora
pelo recuo covarde e silencioso dos líderes”.
Capítulo -
Punitivismo às Avessas
...”O sistema procura algum equilíbrio, reduzir tensões, dar
anistia em troca de governabilidade, estabilizar e pacificar.”
O sistema encara os manés...
“os manés seriam nóias, viciados em realidade paralela.”
As penas pesadas (tipo 17 anos) podem ao invés de intimidar
potenciais insurgências, deixar esse pessoal ver nos presos, mártires, assim se
opor ao STF e se manterem radicais...
“Fernanda Martins, diretora do Interlab, que monitora grupos
extremistas nas rede (web) comenta...”Após a morte de um dos presos na Papuda,
ele sendo diabético e mesmo tendo recebido os devidos cuidados médicos na
prisão, veio a falecer na fase de preso aguardando o julgamento. Para a direita ele é o primeiro “mártir” dos
insurgentes.
A turma da extrema direita que sempre criticou os defensores
dos direitos humanos, agora vem com o discurso de requerer a defesa dos
direitos humanos dos seus ativistas transgressores da lei.
Os autores alertam que essas punições pesadas à ralé da
extrema direita podem mais adiante serem usadas contra os movimentos sociais
legítimos.
...”punições severas – todas elas aptas a criminalizar e
condenar também revoltas e insurgências contra a opressão e a desigualdade
social”.
“as periferias, os sem teto, os sem-terra, os sem tudo não
querem paz, mas transformação. Quem quer
a paz total e as multidões em casa é a Ordem e o Capital.”
Os autores criticam o apoio da esquerda à lei aprovada que
se torna a nova Lei Orgânica das PMs.
Na visão destes, inclusive no aspecto político, esta lei dá mais poder
às PMs, inclusive no aspecto político e deixa as corporações mais fortes do que
no tempo da ditadura militar.
Capítulo – Emancipação Multitudinária
Os autores olhando para o futuro e supondo insurgências na
luta por direitos... “Para além do 8/1
a Ordem vê na multidão sempre uma ameaça, pois é desestabilizadora e questiona
estruturas do poder...”
Capítulo – Pós – escrito
Quando os autores estavam já para entregar o livro para a
gráfica em fevereiro de 2024, o STF, após decisão do PGR Procurador Geral da
República, Gonet, acionou a Polícia Federal para fazer buscas nos endereços dos
militares de alta patente. Então a
novidade é que os peixes graúdos começam a ser acessados pela lei.
Certos militares ou as Forças Armadas apoiando o golpe?
Múcio, o atual Ministro da Defesa diz que certos militares eram pelo golpe, mas não a
instituição militar, as Forças Armadas.
“A punição de Moraes dá margem a essa interpretação. Nela há somente a distinção entre o grupo criminoso
e as instituições militares.
“Segundo o inquérito, o comandante do Exército, General
Freire Gomes é quem estava impondo maiores limites aos golpistas”. Em registros no inquérito... “está dificultando a vida do presidente
Bolsonaro ao se colocar contra o golpe.
“É chamado de cagão pelo General Braga Neto. (há áudios provando isso)
...”Supostamente o único comandante apoiando a iniciativa
era o da Marinha, o Almirante Garnier, golpista notório elogiado nas mensagens
entre os golpistas”.
Por outro lado, no caso do Freire Gomes... “O próprio ‘legalista’ Freire Gomes era um
defensor dos acampamentos... e barrou o desmonte do aquartelamento em Brasilia”.
A ala dos endinheirados depois de ver os absurdos do governo
Bolsonaro resolve se distanciar dele e apostar em Lula com Alkmin como
vice. “Com a eleição Lula e Alkmin, a
Ordem já reconstruía uma normalidade política e de negócios a seu favor...”
...”a Pax Lulista 3.0 e seu regime de conciliação de classes
pró mercado”.
“A
aventura como pária internacional, aberração sanitária, ambientalmente
criminosa e progressivamente mafiosa, miliciana e militarista não seria
saudável aos negócios a médio prazo...”
“A
direita dita moderada, liberal, supostamente democrática, quer enfiar o gênio
de volta na lâmpada, quer fechar a caixa de Pandora que ela mesmo abriu depois
de 2014”.
O
juiz Alexandre de Moraes que tem um currículo bem conservador, acabou sendo o
baluarte da Democracia nos episódios recentes.
Pesquisa
Alfa Intel realizada entre 8 e 9/2/24
.... entre eleitores de Bolsonaro só 2 a 3% acreditam que ele planejou o
golpe. Entre os eleitores lulistas, 86%
acreditam que Bolsonaro planejou o golpe...”
“E 99% dos bolsonaristas acreditam (fevereiro/2024)
que ele está sendo perseguido injustamente”.
“Por fim, 84% dos bolsonaristas
consideram que vivemos uma ditadura, a ditadura do judiciário e 94% declaram
que continuam apoiando Bolsonaro venha o que vier”. (base fevereiro de 2024)
“São números típicos do fanatismo
messiânico ao líder populista/fascista”.
Os
desafios de termos desde longa data um país com grande injustiça social ainda
continuam. Frase final do livro:
“Derrotar
(temporariamente) o bolsonarismo foi só o primeiro round. E agora? FIM. Fim da leitura em 17-07-2025
(por
motivo de viagem não pude postar antes este capítulo mais longo que fecha o
tema). Gratidão sempre aos que
prestigiam estes resumões.
quinta-feira, 17 de julho de 2025
Cap. 11/12 - fichamento do livro - 8/1 A REBELIÃO DOS MANÉS - coautores - PEDRO FIORI ARANTES et atti - ano 2024
capítulo 11 de 12 julho de 2025
“A adesão a essas narrativas às vezes produz ou alimenta uma
desconfiança em fontes de informação tradicionais e um afastamento da realidade
objetiva”.
Página 138 - Caso do
réu paranaense Mateus Lázaro, negro, evangélico, 23 anos de idade, esposa
grávida do primeiro filho. Trabalhador. Participou do 8/1 e pegou 17 anos de
cadeia. Já preso e condenado, escreveu
à esposa que a luta dele é do bem contra o mal.
Nos USA, o episódio da invasão do Congresso resultou em
penas mais brandas do que as nossas, cada país com sua legislação. O presidente Trump também está sendo
processado por aquele episódio.
Analisados e documentados os casos, os autores aqui citam as
deficiências dos advogados dos manés.
...”o que facilita o trabalho da acusação e o punitivismo da Corte. Eles perderam prazos para apresentar
documentos e os recursos foram ineptos nas argumentações, choraram em plenário,
adotaram questionamentos improdutivos”.
Um dos advogados virou piada nacional, Henry Kattwinkel, que
confundiu o livro O Príncipe, da autoria de Maquiavel com O Pequeno Príncipe de
autoria de Saint-Exupéry. (li esses
dois livros há tempos).
Esse advogado foi mais longe nas falas no STF. Chamou o governador do tempo do Império
Romano de Afonso Pilatos para se referir a Pôncio Pilatos. (página 142).
Capítulo - Generais
não cometem crimes
Título irônico em um artigo de jornal de autoria de Conrado
Hubner Mendes. (Folha de SP de 25-10-23)
General Heleno...
Já no tempo da ditadura militar, foi ajudante de ordem do General Sylvio
Frota. Eram da linha dura do regime e
contra a redemocratização.
Heleno no comando das tropas em missão da ONU no Haiti no
período 2004/2005, quando comandou a operação no bairro chamado Cité Soleil na
capital Porto Príncipe. ...”que segundo relatos, resultou na morte de
60 a 70 civis, incluindo mulheres e crianças”.
(página 144)
No relado dos militares, citam seis mortes mas investigações
baseadas em documentos da ONU mostraram que o número era muito maior. O evento foi classificado como “massacre”. Heleno no comando das tropas deu ordem para
seus soldados atirarem até nas pessoas que acudiam os feridos e tentavam
resgatar os mortos.
Esse episódio resultou no afastamento dele naquela missão da
ONU.
Nos processos sobre o 8/1, o General Heleno negou tudo o que
pode em juízo. Mesmo havendo documentos
provando em contrário às posições dele.
Na CPMI no Congresso Nacional, Heleno falou muita
barbaridade e fez inclusive defesa da ditadura militar, o que irritou muito os
congressistas.
Página 148 de 170. “As
escolas militares são fábricas de negacionismo e desinformação sobre a história
brasileira, produtora de realidades fantasiosas, subserviência aos USA...”
Se passaram quatro décadas desde o fim da ditadura militar
(1985) e até hoje não conseguimos levar os militares golpistas aos
tribunais. A impunidade gera novas
chances deles tentarem novos ataques à democracia.
Capítulo - Chegará a
hora dele?
Bolsonaro ainda no governo fez cara de paisagem para os
acampamentos em frente ao quartel de Brasília, mesmo este usando faixas pedindo
“intervenção militar com Bolsonaro no poder”.
Os autores citam uma série de potenciais crimes praticados
por Bolsonaro e que estão em fase de julgamento. (página 150)
Os
autores citam obra do pesquisador Theodor Adorno que descreve nos anos 50 o
perfil de líderes fascistas.
Continua no capítulo 12 (final)
segunda-feira, 14 de julho de 2025
Cap. 10/12 - fichamento do livro - 8/1 A REBELIÃO DOS MANÉS - coautores - PEDRO FIORI ARANTES et alli - ano 2024
capítulo 10 julho de 2025
“Que mundo estranho é esse em que os reacionários são combativos
e lutam por seus ideais e os progressistas na retaguarda, estão cada vez mais
conformistas e passivos?”.
...Ӄ preciso sair das cordas ( e da retranca) retomar a
imaginação coletiva, a crítica radical e a tradição rebelde das esquerdas para
alterar o curso da história”.
Entre as referências bibliográficas, o livro em pauta cita “Os
Engenheiros do Caos” do autor Giuliano da Empoli. “como as fake News, as teorias da
conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e
influenciar”. Livro da Editora Vestígio
– 2019.
Cita também Juliano Spyer (Antropólogo) no livro O Povo de
Deus: quem são os evangélicos e por que eles importam. (eu, leitor, já andei lendo vários artigos
dele na Folha de SP e ele é uma referência no tema)
O livro do Spyer é da Editora Geração, ano 2020
Capítulo -
Epílogo - A condenação dos manés... e dos malandros?
Julgamentos no STF a partir de setembro de 2023 com o
relator Ministro Alexandre de Moraes.
Um ano após o 8/1/23, ainda não tinha sido julgado nenhum militar,
nenhum político e os mandantes/mentores/patrocinadores dos manés, dos peixes miúdos.
Em janeiro de 2024 este livro estava finalizado. Os julgamentos no STF continuaram.
Há na lista dos que serão julgados, o ex presidente Jair
Bolsonaro e dezesseis militares de alta patente, entre eles, quatro generais e
um almirante.
Algo inédito no Brasil.
“As forças armadas seriam finalmente devolvidas à caserna para não mais intervir
na vida civil e nos destinos da República?
A situação não é tão simples assim”.
(página 130 de 170)
Multidão cometendo crime.
Nossa Constituição em seu artigo 5º, XLVI .... “que a pena deve ser adequada não só ao
crime, mas também à culpabilidade do indivíduo”. (caso a caso)
Sempre cabendo ao acusador o ônus da prova contra o
indivíduo.
.... “A excitação dos
manés ao se verem participando de um ‘ato histórico’ da possível ‘tomada do
poder’, associada ao frenesi de mensagens e postagem dos extremistas em bolhas
de alheamento, tornou-se a própria armadilha para eles mesmos.”
“A vontade de noticiar o que faziam deu a corda para se
enforcarem”. (produziram as provas contra eles mesmos)
Penas pesadas. Já houve
condenação de até 17 anos de prisão. O
autor lembra aqui que no caso de homicídio no Brasil a pena básica é de 12 anos
de reclusão.
Os autores destacam que o rigor do STF ...”Também pode se
apontar a limitada capacidade do STF processar
casos penais dessa monta, como origem de instrução probatória – afinal, o STF é
sobretudo uma Corte Constitucional”.
A justificativa para as ações serem julgadas pelo STF seria
que há no contexto dos acusados, gente com foro privilegiado como políticos.
Capítulo - Alguns dos
manés condenados. Página 136
Por casualidade o primeiro bagrinho ou mané condenado é um “predestinado”
segundo o jornalista/humorista José Simão.
O réu se chama Aecio Lucio Costa Pereira. Aécio foi quem começou minar a democracia que
culminou com o impeachment da Dilma.
Lucio Costa foi o urbanista que projetou a Praça dos Três Poderes de
Brasília.
Sobre o caso do réu Aécio:
... “A gradual
radicalização ao longo de quatro anos indica uma mudança significativa no seu
sistema de pensamento e crenças, influenciado pela exposição a grupos ou mídias
que promovem teorias conspiratórias e visões extremistas”. (Esse Aécio era um funcionário público
exemplar da SABESP de SP).
“A adesão a essas narrativas muitas vezes produz ou alimenta
uma desconfiança em fontes de informação tradicionais e um afastamento da
realidade objetiva.”
Já no caso de outro réu que recebeu pena: Mateus Lazaro. Negro, evangélico, 23 de idade, casado e a
esposa esperando o primeiro filho. Um
trabalhador que a luta dele era entre o
bem e o mal... Pegou 17 anos de pena e
na prisão escreve para a esposa achando que fez o certo...
Continua no capítulo 11 de 12