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terça-feira, 30 de março de 2021

UM DIA ENCONTREI NO AEROPORTO DE BRASILIA UM GRUPO DE MÉDICOS CUBANOS CHEGANDO PARA TRABALHAR NO BRASIL

Postei no Face dia 29-03-2021 – na página dos funcionários do BB

 Destacando uma frase de abertura, citada num livro didático do final dos anos 60: "Quem nada conhece, nada ama". Frase do Filósofo Paracelso no livro Química Orgânica.

Nessa linha, sempre guiado pela Ciência, andei lendo bastante e no cardápio incluiu livros que esclarecem um pouco sobre os paises que foram ou são comunistas.

Rússia, China, Vietnã, Cuba, Venezuela (que oficialmente não é ao meu ver de forma completa). E dentro dessa linha, um dia li uma edição em espanhol de um livro escrito por dois jornalistas com uma biografia do Chavez, livro Chavez Nuestro.

Ele que foi militar paraquedista e que fez uma parte do estudo militar nos USA. Na vida militar, andou estudando humanidades como História, Sociologia e algo mais. Conhecia como poucos a alma e as dores do seu povo.

Dito isto, um dia, passando pelo aeroporto de Brasilia para acessar um voo, encontrei uma delegação de Médicos cubanos que estava chegando ao Brasil. Ajudei num olhar, dando votos de boas vindas a estes.

Para concluir meu texto, cito uma referência no livro Chavez Nuestro do qual fiz fichamento e publiquei no blog amador meu como gesto de cidadania.

Consta que pela presença marcante de médicos cubanos na Venezuela que é muito carente de tudo e abundante em petróleo, um dia o governo americano perguntou ao Chavez porque ele não dispensa os médicos cubanos.

Chavez disse que se os americanos tivessem disponíveis alguns milhares de médicos nas condições dos cubanos, que poderia pensar no caso. Daí os americanos disseram que poderiam ceder uns 100 médicos. Um fiasco. (armas eles tem de monte, mas médicos que salvam vidas, o estoque deles é zero)

  

domingo, 28 de março de 2021

O INSTITUTO OSWALDO CRUZ E A CRÔNICA DOS TEMPOS DO CIENTISTA OSWALDO CRUZ

 

O INSTITUTO OSWALDO CRUZ DÁ CRÔNICA     28-03-2021

 Dias atras, como modesto cronista, fiz uma referência ao Butantan e o elo com meus ancestrais que do interior de SP, quando fosse o caso, caçavam cobras para envio ao Instituto Butantan para elaboração de soro antiofídico que salvava e salva vidas.

Hoje para equilibrar a balança dos que viram uma mão no prato do lado paulista, vamos hoje ao lado Federal, do Oswaldo Cruz vinculado à União.

Lendo o livro Meu Pai, de autoria do pesquisador Carlos Chagas, o também pesquisador Carlos Chagas Filho, fala da famosa instituição que é um marco no sanitarismo brasileiro.

O autor cita uma passagem até pitoresca sobre o tempo que Oswaldo Cruz passou estudando na Inglaterra, terra da pontualidade. Voltando de lá, ele comandava o Instituto de Pesquisas no Rio de Janeiro, que depois passou a ter o seu nome com justiça.

O fato: Muitos trabalhadores da instituição tomavam de ida e volta para o trabalho, a barca que os levava até o destino. No retorno da tarde, ele ficava contrariado com a falta de pontualidade de uns e outros. Falta fulano! Falta ciclano...

Um dia ele determinou: A partir do dia tal, essa barca passará a sair no horário X exato. Combinado? Combinado!

No dia combinado, no fim do expediente, o Cientista senta na barca de costas para o embarque e olho no relógio. Deu a hora exata determinada ele deu o comando: Solta a barca! Os colegas dos retardatários que estavam "quase" chegando meio que reclamaram. Mais um minutinho, fulano está quase chegando. O pesquisador, com firmeza, reforça a ordem: Solta a barca. Amanhã ele chega no horário combinado. E assim foi. Deveria ser por volta de 1920.

 

terça-feira, 23 de março de 2021

CAP. 22/22 (final) - Fichamento - livro - VALSA BRASILEIRA - sobre nossa economia de 2000 pra cá - Economista LAURA CARVALHO

CAP. 22/22 (final) – livro – VALSA BRASILEIRA

         Página 179 -  “Não há experiência histórica de países que tenham  conseguido desenvolver setores de alta tecnologia, por exemplo, sem o apoio do Estado”.   O Vale do Silício resultou de enorme intervenção estatal.

         “Toda tecnologia de iPhone foi financiada por Agências Públicas ligadas ao Departamento de Defesa dos USA”.    O Estado lá também subsidia pesadamente tecnologias do carro elétrico e da energia solar.

         “O problema é que a política de desenvolvimento produtivo, assim como todos os demais elementos de política econômica não deve ser moldada pelo interesse de grupos econômicos específicos, e sim por uma análise de benefícios gerados para o conjunto da sociedade.”

         “Mas o combate à corrupção tampouco deve tornar-se pretexto para uma criminalização da política em si”.

         “Em particular, a sustentabilidade ambiental deve ser o eixo central de qualquer política que busque incentivar o surgimento de novos setores e de novas tecnologias”.

         181 – Capítulo 5 – Dançando com o Diabo

         Benjamin Friedman...  “A estagnação e a prosperidade mal distribuída, ao contrário, tenderiam a fomentar a violência e o surgimento de ditaduras”.

         ... classes trabalhadoras americanas em 2016... “vinham sofrendo há mais de três décadas com os efeitos da desindustrialização, da ampliação das desigualdades e do aumento da pobreza rural no país”.

         Citando a Europa e os revezes nas conquistas da sociedade...

         “A falta de acesso à educação, à saúde, moradia e transporte de qualidade – tem sido um prato cheio para o crescimento de alternativas retrógradas”.   (inclui apostarem em governos como Trump etc.)

         No jornal brasileiro Valor Econômico em artigo de 18-07-2016, Davi Rodrik, professor de Economia Política de Harvard...   “Rodrik defende uma nova proposta econômica programática da esquerda como única saída para sanar as divisões na sociedade”.

         (relembrar que o livro é editado em 2017, portanto, antes da pandemia)

         “A leitura parece ser a de que se aproveitar da aflição das pessoas com a gravidade da crise para enfiar-lhes medidas antidemocráticas goela abaixo não terá consequências mais dramáticas no futuro”.

         “Analistas e políticos de centro-esquerda parecem obstinados em tentar convencer as pessoas do que elas deveriam querer, ao invés de viabilizar suas demandas”.

         ...”não realizar uma reforma tributária e por abandonar os investimentos públicos em prol de políticas recessivas e excludentes... é nos tirar do caminho da exceção à regra e nos colocar na espiral descendente do aumento da intolerância e do enfraquecimento da democracia”.

         “Se a tecnocracia desconectada da sociedade não é um bom caminho para enfrentar as abstenções nas urnas e os monstros em ascensão, a eleição de líderes carismáticos sem programa de governo tampouco soa como solução”.

 

                   Fim.        (fim da leitura dia 11-03-2021)


        A leitura da vez (com fichamento):    Torto Arado.    

CAP. 21/22 - fichamento - livro - VALSA BRASILEIRA - (Sobre nossa economia de 2000 pra cá) - Economista LAURA CARVALHO

CAP 21/22

         A autora sugere alternativas de arrecadação e chega a citar mais pelo lado simbólico que isso possa ter, é evitar que determinados cargos públicos tenham penduricalhos que elevam de forma exorbitante os salários num país com tantas carências.     Sugere cortes de ministérios etc.

         Orçamento – permitir que haja reserva nos orçamentos para investimentos.   Hoje tem uma PEC  (Emenda à Constituição) que engessa o orçamento.    Se deixar o orçamento engessado como está, em tempos de economia em baixa, arrecada-se menos e os cortes geralmente são em investimentos e sem investimentos, não teremos “motor” para ajudar a retomar a economia.   Atualmente estamos sofrendo pela falta desses investimentos.

         Há várias alternativas para os investimentos públicos futuros.  Uma delas é ter um espaço como metas de inflação.   Definimos uma meta com um teto.  Poderia ser assim.  Ter um teto no orçamento para investimento e um piso também.   Se for passar o teto, fazer justificativas ao Parlamento com detalhes.

         O Banco Central já tem esse espaço e metas de inflação e quando as coisas  não andam bem, eles tem que dar explicações ao Estado e ao povo.

         Poderia ser semelhante no caso dos investimentos públicos.

         171 – Juros e Inflação     (ironicamente ficou na página 171...)

         “Está mais do que na hora, portanto, de romper com o senso comum tupiniquim de que toda inflação vem do excesso de dinheiro em circulação”.    Um dos consensos é de que taxas de juro altas... contribuem para elevar a dívida pública”.     Contribui sim, mas não só ela.

         Temos forte inércia – nunca nos livramos totalmente da memória inflacionária e da indexação de contratos...

         Desde 2016 a inflação passou a cair de forma acelerada.   A inflação no caso caiu por uma combinação de fatores.  Valorização do real frente ao dólar, desemprego elevado e salários em queda e o fim dos efeitos dos choques de preços administrados dos alimentos.

         O instrumento mais à mão para controlar a inflação é a taxa de juros.

         Quando a inflação está subindo e se pretende conter essa elevação, o BACEN Banco Central sobe os juros:   isto desestimula o consumo, desestimula os investimentos privados, desaquecendo a economia.

         Demanda menor, desemprego maior, mantendo o salário e os preços sob controle.

         Geralmente no Brasil funcionam mal os mecanismos de controle da inflação, diferente do que ocorre em outros países.      “... o mercado de crédito privado de longo prazo nunca se desenvolveu no Brasil”.

         Esta é uma das razões para nossa economia ser mais refratária a responder aos mecanismos de controle de inflação.

         “A elevação dos juros funciona para evitar a desvalorização do real e controlar assim a inflação”.

         Por que o real é uma das moedas mais voláteis do mundo e temos de pagar um preço tão alto por isso?

         Ela chega a propor a retirada dos preços administrados (combustíveis, eletricidade etc) da medida de inflação para evitar que o governo represe estas tarifas como forma de segurar a inflação.

         Os bancos com a concentração deles no setor, mesmo que o governo reduza a taxa Selic, eles costumam manter suas altas taxas de juros nos empréstimos.

         Página 178 – Câmbio e Complexidade Tecnológica

         A autora cita que o Brasil como grande exportador de certas commodities  (soja, minério de ferro, petróleo etc) deixa elevado passivo ambiental e ficamos reféns das flutuações dos preços das mesmas.

         “A melhor opção parece ser, portanto, o fortalecimento do mercado interno com base nos pilares da distribuição de renda e de investimentos em estrutura física e social”.     O problema é que repetir diretrizes seguidas entre 2006 e 2010 criaria desequilíbrios.

         Nessa época se manteve a apreciação do real  (com dólar baixo) que tornava os importados mais baratos, gerando desequilíbrios cada vez maiores na nossa balança comercial  (importando cada vez mais...)

                            Continua no capítulo final 21/22   (amanhã, quarta feira)

        


segunda-feira, 22 de março de 2021

CAP. 20/22 - fichamento - livro - VALSA BRASILEIRA (sobre a economia dos anos 2000 pra cá) - Economista LAURA CARVALHO

 CAP. 20/22                leitura em março de 2021

         Página 166 – Investimentos Públicos

         Não há respaldo técnico que dê amparo a esperar que só o investimento privado possa ser “motor” para dinamizar a economia.   A ciência tem comprovado que o investimento privado tem “um caráter essencialmente induzido”...   O protagonismo em geral nesse quesito é o Estado.

         Enquanto as empresas estão com capacidade ociosa, elas não investem.   Há que ter outra fonte de dinamismo para acelerar a economia e a indústria reduz sua capacidade ociosa.    Só depois dessa fase é que ela pode optar por investir em máquinas, expansão etc.

         Sem retomada nas vendas não se pensa em investir.   Foi por isso que a Agenda da FIESP adotada pela Dilma de dar benefícios às empresas não deu resultado e só piorou as contas públicas e transferiu renda para os mais ricos.

         167 – Muito importantes os investimentos públicos em infraestrutura enquanto pilar da política econômica.   O próprio Estado investir ou em parcerias com o privado e financiamento.

         Melhorar a infraestrutura melhora a produtividade das empresas e reduz gargalos como estradas, portos, aeroportos etc.

         Não à toa, os investimentos públicos em infraestrutura vem assumindo papel central nos programas econômicos de diversos candidatos nas eleições presidenciais ao redor do mundo.

         No caso do Brasil, ela, a infraestrutura é ainda mais justificada porque temos muita carência no setor.

         168 – No Forum Econômico Mundial em 2014 apresentaram um ranking num total de 144 países no que tange à qualidade geral da infraestrutura e ficamos na posição 120ª.   Caimos em relação a 2010 quando estávamos na posição 84ª.

         Estudo do FMI Fundo Monetário Internacional datado de 2015 mostrou que entre os países nossos competidores com renda similar, nossa infraestrutura é a pior de todas.  (ela cita as referências bibliográficas desses dados)

         O maior gargalo nosso está no setor de transportes (rodovias, ferrovias, portos e aeroportos). Já em energia elétrica, estamos acima da média em relação a esses países.

         São reflexo da queda de investimentos em infraestrutura em relação ao PIB Produto Interno Bruto:

         Nos anos 80 os investimentos eram em torno de 5,2% do PIB.  Nas duas últimas décadas, caiu para 2,5% do PIB.

         O Brasil investiu menos porque não separava as contas de investimentos das despesas correntes e assim passou a deixar como secundários os investimentos.

         Nosso setor privado tem investido pouco.   Inclusive as concessionárias que teriam que investir, investiram muito pouco.   O povo opta por tarifas menores e nesse contexto há menos compromisso com investimentos.   (inclusive em manutenção do que já tem como ferrovias etc)

         169 – Nossos transportes públicos nas cidades também precisam de melhorias.   Investimos pouco nisso e quando investimos foi mais em áreas valorizadas incluindo acesso a aeroportos e quase nada para melhorar o acesso dos trabalhadores ao emprego.

         Saneamento básico – nos falta muito.   Coleta de esgoto.   Destacamos que muitas vezes há só a coleta e se encaminha o esgoto sem tratamento para leitos de rios.   As pessoas pensam que o esgoto coletado está sendo tratado.    Então o que precisa é ter coleta e tratamento do esgoto coletado.

         Em 2007 o Brasil tinha coleta de esgoto em 42% dos domicílios.  Em 2015, foi para 50,3% o que ainda é baixo.

         A evolução do abastecimento de água potável foi menos sensível.  Em 2007 tinhamos 80,9% dos domicílios com água tratada.  Em 2015, 83,3%.

         Nas regiões Norte e Nordeste a situação é pior.   Nessas a média é de somente 16,4% do esgoto que é tratado.

         Saneamento é um setor de alto investimento e em retorno de receitas não é atrativo ao setor privado.   Por ter alta importância na saúde pública, ambiental, o governo deveria dar prioridade a tais investimentos.

                            Continua no capítulo 21/22   (um por dia)

domingo, 21 de março de 2021

CAP. 19/22 - fichamento - livro - VALSA BRASILEIRA - (sobre a econ.brasileira anos 2000 para cá) - Economista Dra LAURA CARVALHO

 CAP. 19/22                leitura em março de 2021

          Uma Nota do FMI Fundo Monetário Internacional (2017) preparada para uma reunião de líderes do G20 em Hamburgo apresentou evidências de que países com maiores índices de desigualdade tendem a ter taxas de crescimento mais baixas    e menos duradouras.

         ...tributação progressiva... Não dá para o Estado ficar apostando só no setor privado para mover a economia.    “Para tanto o governo não pode continuar apostando na boa vontade do setor privado, por meio do sistema de concessões ou de uma melhora no ambiente de negócios.  É mais garantido ligar de novo a engrenagem dos investimentos públicos em infraestrutura física (transportes, saneamento etc) e social  (saúde, educação) e ao mesmo tempo eliminar subsídios indiscriminados, na forma de desonerações tributárias, por exemplo”.

         Reforma Tributária

         Menos tributo para consumo e produção e mais tributo sobre a renda e o patrimônio.

         (recentemente li o livro O Capital no Século XXI do Economista francês Thomas Pikkety que recomenda esta mesma linha acima citada – tributar mais a renda e patrimônio)

         Juros mais baixos aliviariam o custo do serviço da dívida pública, as tendências de apreciação do câmbio (alta do dólar) e o aprofundamento das desigualdades sociais.

         Hoje quem dita as regras do jogo indiretamente são os financiadores das campanhas políticas e os interesses do  mercado financeiro.

         Página 162 – Entre 2002 e 2015 a carga tributária se mantinha estável em 32% do PIB Produto Interno Bruto.   Geralmente um percentual acima da média da América Latina, mas abaixo da média dos integrantes da OCDE Organização pela Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

         Se nosso povo quer saúde pública e escola pública, tem que arrecadar impostos para isso.

         Entre 30 países da OCDE, nossa carga tributária está em vigésimo lugar. Por outro lado aqui são concentrados nos impostos indiretos, que estão embutidos na produção e no consumo.   (exemplo – na gasolina, na energia elétrica, na conta de telefone etc).   Até pouco tempo atrás, não sei se continua, a paranaense Copel cobrava 29% de ICMS na nossa conta de energia.

         Aqui no Brasil estes impostos indiretos na produção e consumo somam 49,7% dos tributos e ocupamos na OCDE a segunda colocação nessa classificação.      Injusto:   O pobre e o rico pagam o mesmo encargo nas despesas do dia-a-dia.   Na gasolina, energia elétrica, telefone etc.

         “No Brasil os tributos sobre a renda, os lucros e os ganhos de capital representam apenas 18,27% da arrecadação total”.

         Se dentre os 30 países da OCDE formos colocar no ranking os países com arrecadação sobre rendas, lucros e ganhos de capital, seriamos o último colocado.  Somos o país mais injusto por esse parâmetro.

         Nos USA que são moderados ao cobrar impostos, essa modalidade arrecada quase 50% dos impostos totais.

         Dados de 2015 da Receita Federal:  0,1% dos declarantes de IR Imposto de Renda PF Pessoa Física com renda mensal de 135.000,00 pagaram uma alíquota efetiva de apenas 9,1%   (suponho que é sobre sua renda bruta, para efeito de comparação)

         Os 0,9% com renda mensal de R$.34.000,00 pagaram 12,4% de alíquota efetiva.    Ver que em termos proporcionais, conforme vai chegando aos de renda menor, em percentual, passam a pagar mais)

         Cita que nos USA a alíquota máxima é de 39,6%.   (não esclarece se é sobre a renda bruta ou já após abatimentos).   Para comparar os percentuais, eu leitor suponho que aqui também ela se refere à renda bruta.

         Ela diz que a maior distorção é a isenção de tributos dos chamados dividendos   (um tipo de lucro sobre posse de ações)

         Nos países da OCDE os dividendos são tributados em média em 24,1%

          No Brasil até 1995 havia tributação de 15% sobre os dividendos e de lá para cá (governo FHC) está isento.

         A preços de 2016, estudo de Orair e Gobetti mostram que a arrecadação com essa alíquota de 15% sobre os dividendos renderia no ano 53 bilhões de reais ao Tesouro Nacional.

         Se adotássemos a tabela progressiva poderíamos chegar a 70 bilhões por ano.  (no Imposto de renda a tabela vai até 27,5%)

         Se o Brasil elevasse a alíquota para os detentores de grandes rendimentos da PF Pessoa Física, a arrecadação anual em dividendos e IR Imposto de Renda agregariam mais 90 bilhões de reais por ano ao Tesouro.

         Se fosse ajustado um aumento de tributação nos ganhos citados e reduzida a tributação na produção e consumo (esta que afeta os mais pobres), melhoraria a condição de vida dos mais pobres e eles demandariam mais e seria positivo à economia.   Mais movimento, mais emprego, mais tributos, mais investimentos.  Ou seja, haveria um crescimento econômico mais justo e inclusivo.

                   Continua no capítulo 20/22       (um por dia corrido)

        

sábado, 20 de março de 2021

CAP. 18/22 - fichamento - livro - VALSA BRASILEIRA - Economista Dra LAURA CARVALHO - (sobre a Economia Brasileira de 2000 para cá)

 CAP. 18/22

         Página 157 – Estado e Bem-Estar

         “As manifestações de junho de 2013 eclodiram reivindicando direitos ao Estado provedor”.  Fortaleceram-se com a revolta contra um Estado corrupto.  E, em alguma medida, dissiparam-se pela contradição entre os clamores por mais Estado, de um lado e sua completa rejeição, de outro.

         Afinal, que Estado merece ser demonizado?  

         Além da corrupção e a ineficiência do Estado... ela elenca mais três fatores para o Estado se desenvolver de forma democrática.

         1º acabar com o Estado opressor, um verdadeiro serial killer de assentados, indígenas, jovens negros e pobres das favelas e periferias – que lotam nossas prisões.

         2º Estado Penitenciário encarcera demais e superlota prisões.

         3º Acabar com o Estado concentrador de renda.

         Tributa muito o consumo e pouco a renda e o patrimônio e tolera a sonegação fiscal das empresas.   E paga supersalários a uma parte dos funcionários públicos.

         158 – Três pesquisadores (citados no livro) fizeram um levantamento dia 16-08-2015 numa manifestação na Avenida Paulista e os resultados: 

         97% dos manifestantes concordaram total ou parcialmente que os serviços públicos de saúde devem ser universais e 96%, que devem ser gratuitos.  

         Educação – que 98% concordam total ou parcialmente que sejam públicos e 97% que sejam gratuitos.

         Ela vê nisso um sinal de que o pacto social da Constituição de 1988 está sintonizado com as demandas atuais.

         Que as manifestações de rua de 2013 a 2015 “tem sido por melhorias nos serviços públicos universais (todos terem acesso gratuito) e não pela redução da sua prestação pelo Estado”.

         Mostra o engessamento da nossa economia:   “Se o PIB Produto Interno Bruto brasileiro crescer nos próximos 20 anos no ritmo dos anos 80 e 90, a PEC (Projeto de Emenda à Constituição) do teto de gastos, se mantida, nos levará de um percentual de gastos públicos em relação ao PIB de 40% para 25%, patamar semelhante ao verificado na pobre Burkina Faso ou no Afeganistão”.

         E se o crescimento for em taxas anuais dos anos 2000, o percentual será menor, da ordem de 19% do PIB, o que nos aproximará de países como o Camboja e Camarões.

         Repetem que a Constituição não cabe no Orçamento.    Hoje no Brasil “os que mais pagam impostos são os que tem menos condições de pagar”.    Nem discutem o tanto de juros que pagamos sobre a dívida pública.   Mas reclamam dos gastos sociais com saúde e educação.

         “A democracia caberia no nosso Orçamento público.  O que parece não caber é a nossa plutocracia (*) oligárquica.”

         * plutocracia:  exercício do poder ou do governo pelas classes mais abastadas da sociedade.

            Dois estudiosos americanos (citados no livro) em estudo de vinte anos (1975-1995) destacaram que nos USA a taxa de encarceramento costuma ser maior onde o Estado de bem-estar social é menor.

         Outro estudo de Loic Wacquant em “As prisões da Miséria” conclui:  onde há menos Estado de bem-estar social, leva à necessidade de mais estado policial e penitenciário.

         Outro estudo de 2009, o best seller The Spirit Level tabula dados de vários países ricos...   “quanto maior o nível de desigualdade, maior também é a taxa de encarceramento por habitante.  

         “Uma sociedade como a nossa, que nunca deixou de estar entre as mais desiguais do mundo”...   (Brasil)

         Página 161 – Uma Agenda Para Todos

         A agenda deve respeitar a democracia e não passar por cima de direitos de trabalhadores e minorias.     ... respeitar o meio ambiente e das minorias.   Os povos indígenas, também nos cuidados.

         Continua no capítulo 19/22            - um capítulo por dia corrido

sexta-feira, 19 de março de 2021

CAP. 17//22 - fichamento - livro - VALSA BRASILEIRA - (sobre nossa economia de 2000 para cá) - Economista Dra LAURA CARVALHO

 CAP. 17/22

         Página 150 – “A experiência brasileira... quando a redução das desigualdades salariais e o crescimento econômico retroalimentavam-se em um círculo virtuoso – que beneficiou não apenas os mais pobres como também os mais ricos – não parece ter sido suficiente para convencer boa parte da elite econômica do país de que a democracia e a inclusão social rendem bons frutos”.

         Pior.  Dilma fez as desonerações e subsídios e cumpriu à risca as exigências das elites empresariais e financeiras.  Mesmo assim fizeram o que fizeram com ela.

         As vítimas, os patos, continuaram protestando na Avenida Paulista, sendo que eles eram as vítimas do jogo dos donos do capital.

         ... “a pergunta que não quer calar:  por quê o empresariado nacional apoiou essas políticas, dando um tiro nos próprios pés?”

         151 – Paradoxo de Kalecki:  “Uma redução generalizada de salários em uma economia diminui também o mercado consumidor, reduzindo vendas e lucros”.  (e cai a arrecadação de impostos – todos perdem)

         ...”falta boa parte do empresariado nacional perceber que nada adianta ter uma fatia maior de um bolo menor”.

         152 – “George Soros, um dos maiores vencedores desse jogo no mercado financeiro, desenvolveu o conceito de reflexividade, segundo qual o mundo real é modificado pela forma como os agentes entendem a realidade”.

         O Caso da Austeridade

         “Reza a piada que os economistas só mantém alguma credibilidade porque existem os meteorologistas, mas avanços recentes da meteorologia vem nos colocando cada vez mais em maus lençóis”.

         154 – Debate público em Nova Iorque em 2015.  O vencedor de Nobel de economia Paul Kgrugman e o economista chefe do FMI Fundo Monetário Internacional Olivier Blanchard.   Tema da austeridade fiscal.  Blanchard defendeu a tese que após a crise de 2008 só austeridade fiscal não dava conta de resolver a questão da economia.   Para sair da crise ele defendia um déficit fiscal de 2% do PIB.  Era uma solução revolucionária.   Governos vários aceitaram até por ver alternativas.

         “Por sorte, diz, aceitaram o remédio certo”.     Antes em 2011, estudo econômico de grande porte por pesquisadores do FMI identificou tais episódios e chegou à conclusão nada surpreendente de que contrações fiscais são, pasmem, contracionistas da economia”.  (não deixam a economia voltar a deslanchar).

         ...” gráfico... 2012  ... “sinalizando de uma vez por todas a mudança de visão do FMI”.   Antes este era pela austeridade fiscal.

         Em 2016 os três principais economistas do FMI escreveram um artigo com o título  “Neoliberalism: Oversold?”   O artigo teve grande repercussão pelo conteúdo e também por usarem o termo neoliberalismo que era quase um palavrão quando dito em palestras.

         “Na contramão, os autores defendiam que, ao invés de estimular o crescimento, algumas políticas neoliberais teriam elevado a desigualdade, prejudicando uma expansão econômica duradoura”.

         “Uma das críticas dos autores recaia sobre as políticas voltadas para a redução do tamanho do Estado na economia: o custo da redução da dívida pública, via aumento de impostos, ou corte de gastos produtivos, poderia ser maior que o benefício”.

         156 – Estudo indica uma consolidação fiscal de 1% do PIB Produto Interno Bruto aumenta a taxa de desemprego em 0,6% no longo prazo.

         “Gastos com educação, por exemplo, são bem vindos”.

         No Brasil     ...”em meio à crise profunda e à falta total de motores de crescimento econômico, o caminho escolhido tem sido o de desmontar de vez o nosso frágil Estado de Bem-Estar Social e eliminar permanentemente a possibilidade de atuação do Estado como investidor de infraestrutura”.

                   Continua no capítulo 18/22   (um por dia corrido)

quinta-feira, 18 de março de 2021

CAP. 16/22 - fichamento - livro - VALSA BRASILEIRA (sobre nossa economia de 2000 pra cá) - Economista Dra. LAURA CARVALHO

 CAP. 16/22         (livro abrange até 2017 - publicado em 2018)

         No governo Temer foi feita previsão de déficit primário nas seguintes cifras:

         159 bilhões de reais para 2017;

         159 bi para 2018

         139 bi para 2019

         65 bi para 2020

         A autora diz que déficit primário não é tão incomum em outros países, mas ela constatou que o Brasil vinha acumulando em anos recentes expressivos superávits e estranhamente o mercado não reclamou dos déficits projetados para vários anos.

         No governo Temer não se cogitava de melhorar o Orçamento tributando o capital e as altas rendas...

         Um relatório do Banco Mundial intitulado:   “Um Ajuste Justo:  Análise da eficiência e equidade do gasto público no Brasil”.

         Editado em novembro/2017 diz num trecho:    “A princípio, a redução dos gastos não é a única estratégia para restaurar o equilíbrio fiscal, mas é uma condição necessária... Certamente, há escopo para aumentar a tributação dos grupos de alta renda (por exemplo, por meio de impostos sobre a renda, patrimônio ou ganhos de capital) e reduzir a dependência de tributos indiretos que sobrecarregam os mais pobres...   Tais medidas não são discutidas em detalhe neste relatório, mas deveriam fazer parte da estratégia de ajuste fiscal”.

         Volta a autora do livro:    Um problema é “que as despesas com benefícios sociais cresciam acima do PIB ao longo das últimas décadas”.

         Mas os cortes de orçamento a partir de 2011 podem afetar as receitas fiscais nos anos seguintes.

         A Década Perdida

         No governo Temer, Brasil em recessão e há um curto período em que o PIB reagiu e cresceu 1% ao ano.   Isto por causa da soja ter um resultado muito positivo (na exportação) e nosso setor agropecuário crescer num ano 13,4%.   Ou seja, não foi por alguma política pública o resultado.

         Na recessão, Temer liberou contas inativas do FGTS, depois as contas inativas do PIS/PASEP, tudo para tentar aquecer a economia.

         Esperavam que o governo Temer traria mais confiança aos investidores e estes passassem a novos investimentos.  Não ocorreu isso.

         No período 2015/2016 nossa economia em recessão encolheu 8,2%, só tendo precedente próximo o encolhimento de 8,5% do PIB no período 1981/1983.

         “Se a economia brasileira crescer 2% ao ano a partir de 2018   (ano de publicação do livro), por exemplo, o PIB pré crise só será atingido em dezembro de 2021.    (não contava com a pandemia).

         “75% dos empregos criados em 2017 foram informais – sem carteira assinada ou por conta própria”.

         Como sair da crise.   Nos anos 2000 com o crescimento da China e a valorização das commodities (soja, minério de ferro, petróleo etc) o Brasil teve nisso um dos fatores que ajudou nossa economia de então.   Hoje esses fatos não nos favorecem tanto.

         Nos anos 2000 com a economia crescendo, abriu espaço para o Estado fazer grandes investimentos.   Nestes anos de recessão recentes, houve grandes cortes nos nossos investimentos públicos.

         A autora diz que se não houver revisão na PEC que engessa os gastos públicos, não se tem meios de fazer investimentos públicos e não temos como acelerar nossa economia.

         Item 4 – Acertando os Passos   (da Valsa da economia)

         Até 2010, o governo conseguiu manter os mais ricos na boa e com o crescimento da economia, conseguiu melhorar os salários do povo mais pobre e expandir o mercado interno.  Foi um ganha-ganha onde todos ficaram contentes e apoiaram o governo.

         Já de 2010 em diante, o cenário muda, inclusive com a queda no valor das commodities que exportamos e gera conflitos distributivos sobre a renda e o Orçamento público.

         Os serviços que se elevaram eram compensados por dólar baixo e os produtos acessíveis.  Quando o dólar subiu, achatou o poder de compra dos mais pobres e causou atrito.

                   Continua no capítulo 17/22  (um por dia corrido)